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domingo, 6 de julho de 2025

🙏📜 O uso político da fé: como a extrema-direita manipula a Bíblia, a família e o patriotismo para enganar o povo

 🙏📜 O uso político da fé: como a extrema-direita manipula a Bíblia, a família e o patriotismo para enganar o povo

Por Luis Moreira de Oliveira Filho

O Brasil é um país de fé profunda. A maioria da população se identifica como cristã — católica ou evangélica. A família é um valor importante. A esperança em Deus, um consolo diante da dor e das injustiças. E é justamente aí que reside o perigo: a extrema-direita brasileira descobriu que a fé pode ser manipulada como arma política, uma forma eficaz de iludir, enganar e cooptar corações e mentes.

Na manhã deste domingo, Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo e possível adversário de Lula em 2026, publicou o seguinte no X (Twitter):

“De fato, família é projeto, é plano de Deus!

‘Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês, diz o Senhor, planos de fazê-los prosperar e não de causar dano, planos de dar a vocês esperança e um futuro.’ Jeremias 29:11
Um excelente domingo em família!”

Aparentemente inofensiva, a postagem esconde um projeto ideológico perigoso. Quando figuras públicas que governam para banqueiros e grandes empresários se vestem com a túnica da fé, não é religião é estratégia.


Fé seletiva, Bíblia de conveniência

A extrema-direita brasileira não respeita a Bíblia — ela a utiliza. Cita versículos para comover, emocionar e manipular, mas ignora por completo os fundamentos evangélicos da solidariedade, da justiça social e da compaixão.

Não veremos Tarcísio, Bolsonaro, Zambelli ou outros citar:

Mateus 25:35-36: “Porque tive fome, e me deste de comer; tive sede, e me deste de beber; era estrangeiro, e me acolheste.”

Amós 5:24: “Antes corra o juízo como as águas, e a justiça como um ribeiro perene.”

Lucas 18:22: “Vende tudo o que tens, distribui aos pobres, e terás um tesouro no céu.”

A fé deles não alimenta o povo, alimenta o marketing político.

👨👩👧👦 Família: escudo ideológico para políticas excludentes

A palavra “família” é constantemente usada como escudo moral. Mas que família é essa?

A que perde filhos na favela pela violência policial?

A que passa fome com o salário mínimo corroído?

A que não tem creche, escola ou médico para cuidar dos filhos?

Tarcísio defende o “projeto de Deus para a família”, mas corta verbas da educação pública, privatiza serviços essenciais, e mantém uma política de segurança que extermina jovens negros nas periferias.

Isso não é defesa da família é hipocrisia institucionalizada.

O falso patriotismo que entrega o país

A extrema-direita também fala em “pátria”, “ordem” e “progresso”, mas governa para o capital estrangeiro. Sob o governo Bolsonaro, do qual Tarcísio foi ministro:

A Amazônia foi saqueada por garimpeiros e madeireiros ilegais.

O pré-sal foi entregue a preço de banana.

O Exército se alinhou aos interesses dos EUA no comando do Atlântico Sul.

A educação e ciência foram desmontadas em nome da “luta contra o comunismo”.

Esse é o patriotismo de araque: bandeira no peito e contrato assinado com Washington e Wall Street.

A estratégia: emoção no lugar da razão

Esse discurso não é isolado. É parte de uma estratégia comunicacional eficaz: substituir o debate racional pela comoção emocional. Cita-se a Bíblia, fala-se em “Deus, pátria e família”, mas não se explicam planos, nem se responde por atos.

A ideia é simples: enquanto o povo sente, eles governam sem prestar contas.

Conclusão: fé é sagrada, manipulação, não

Não é contra a fé que devemos nos posicionar. Pelo contrário: é em nome da verdadeira fé, da justiça e da compaixão, que precisamos denunciar os falsos profetas da política brasileira.

A fé que consola não pode ser a fé que aprisiona.

A Bíblia que guia não pode ser a Bíblia que engana.

A família que ama não pode ser a família usada como propaganda.

Cristãos, católicos e evangélicos, precisam abrir os olhos: estão usando a sua fé para manter o povo pobre, oprimido e desinformado.

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