🙏📜 O uso político da fé: como a extrema-direita manipula a Bíblia, a família e o patriotismo para enganar o povo
Por Luis Moreira de Oliveira Filho
O Brasil é um país de fé profunda. A maioria da população se
identifica como cristã — católica ou evangélica. A família é um valor
importante. A esperança em Deus, um consolo diante da dor e das injustiças. E é
justamente aí que reside o perigo: a extrema-direita brasileira descobriu que a
fé pode ser manipulada como arma política, uma forma eficaz de iludir, enganar
e cooptar corações e mentes.
Na manhã deste domingo, Tarcísio de Freitas, governador de
São Paulo e possível adversário de Lula em 2026, publicou o seguinte no X
(Twitter):
“De fato, família é projeto, é plano de Deus!
‘Porque sou eu que conheço os planos que tenho para vocês,
diz o Senhor, planos de fazê-los prosperar e não de causar dano, planos de dar
a vocês esperança e um futuro.’ Jeremias 29:11
Um excelente domingo em família!”
Aparentemente inofensiva, a postagem esconde um projeto
ideológico perigoso. Quando figuras públicas que governam para banqueiros e
grandes empresários se vestem com a túnica da fé, não é religião é
estratégia.
Fé seletiva, Bíblia de
conveniência
A extrema-direita brasileira não respeita a Bíblia — ela a
utiliza. Cita versículos para comover, emocionar e manipular, mas ignora por
completo os fundamentos evangélicos da solidariedade, da justiça social e da
compaixão.
Não veremos Tarcísio, Bolsonaro, Zambelli ou outros citar:
Mateus 25:35-36: “Porque tive fome, e me deste de comer; tive
sede, e me deste de beber; era estrangeiro, e me acolheste.”
Amós 5:24: “Antes corra o juízo como as águas, e a justiça
como um ribeiro perene.”
Lucas 18:22: “Vende tudo o que tens, distribui aos pobres, e
terás um tesouro no céu.”
A fé deles não alimenta o povo, alimenta o marketing político.
👨👩👧👦 Família: escudo ideológico para políticas excludentes
A palavra “família” é constantemente usada como escudo moral.
Mas que família é essa?
A que perde filhos na favela pela violência policial?
A que passa fome com o salário mínimo corroído?
A que não tem creche, escola ou médico para cuidar dos
filhos?
Tarcísio defende o “projeto de Deus para a família”, mas corta
verbas da educação pública, privatiza serviços essenciais, e mantém uma
política de segurança que extermina jovens negros nas periferias.
Isso não é defesa da família é hipocrisia institucionalizada.
O falso patriotismo que
entrega o país
A extrema-direita também fala em “pátria”, “ordem” e
“progresso”, mas governa para o capital estrangeiro. Sob o governo Bolsonaro,
do qual Tarcísio foi ministro:
A Amazônia foi saqueada por garimpeiros e madeireiros
ilegais.
O pré-sal foi entregue a preço de banana.
O Exército se alinhou aos interesses dos EUA no comando do
Atlântico Sul.
A educação e ciência foram desmontadas em nome da “luta
contra o comunismo”.
Esse é o patriotismo de araque: bandeira no peito e contrato
assinado com Washington e Wall Street.
A estratégia: emoção no
lugar da razão
Esse discurso não é isolado. É parte de uma estratégia
comunicacional eficaz: substituir o debate racional pela comoção emocional.
Cita-se a Bíblia, fala-se em “Deus, pátria e família”, mas não se explicam
planos, nem se responde por atos.
A ideia é simples: enquanto o povo sente, eles governam sem
prestar contas.
Conclusão: fé é
sagrada, manipulação, não
Não é contra a fé que devemos nos posicionar. Pelo contrário:
é em nome da verdadeira fé, da justiça e da compaixão, que precisamos denunciar
os falsos profetas da política brasileira.
A fé que consola não pode ser a fé que aprisiona.
A Bíblia que guia não pode ser a Bíblia que engana.
A família que ama não pode ser a família usada como
propaganda.
Cristãos, católicos e evangélicos, precisam abrir os olhos:
estão usando a sua fé para manter o povo pobre, oprimido e desinformado.
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