Enquanto os olhos do
mundo ainda estão voltados para o massacre em Gaza e as tensões crescentes na
Ucrânia, uma nova frente geopolítica se fortalece silenciosamente: a aliança
estratégica entre Irã, China e Rússia. Mais do que acordos militares, trata-se
de um possível redesenho da ordem mundial.
A recente aquisição
de caças chineses J-10C pelo Irã, somada à negociação com a Rússia por sistemas
de defesa aérea avançados, é apenas a ponta do iceberg. Por trás disso, há um
movimento mais profundo que pode abalar os alicerces da hegemonia ocidental e
da chamada “ordem unipolar” liderada pelos Estados Unidos desde o fim da Guerra
Fria.
Três potências,
um mesmo destino?
Segundo analistas
como Mark Sleboda e Danny Haiphong, Irã, China e Rússia vivem hoje uma
encruzilhada estratégica: ou fortalecem sua cooperação militar, tecnológica e
política, ou serão derrotados individualmente pelas táticas de desestabilização
do Ocidente.
A guerra de 12 dias
entre Irã e Israel foi um alerta: apesar de sua autonomia estratégica, o Irã
enfrentou sérias limitações por não contar com apoio direto de aliados de peso.
Israel, por sua vez, sofreu danos inesperados. Os ataques iranianos, segundo os
analistas, foram cirúrgicos e contaram com tecnologia de navegação por GPS
fornecida pela China, um sinal de uma cooperação mais profunda que está apenas
começando.
Tecnologia,
satélites e soberania digital
Na guerra moderna,
os mísseis precisam de precisão cirúrgica e isso depende de satélites e
inteligência artificial. A grande lição? A soberania nacional no século XXI não
se mede apenas em tanques ou soldados, mas em controle sobre redes, softwares e
informações.
O Irã precisa se
libertar das tecnologias ocidentais, tanto digitais quanto bélicas, para evitar
espionagem e sabotagem. A proposta dos analistas é ousada: que o Irã adote uma
soberania digital plena, eliminando todo software e hardware ocidental de suas
redes. Um passo assim só seria possível com o apoio técnico direto da China e
da Rússia.
Acrescento que o Brasil, também, precisa aprender
com estas lições – desenvolver os seus sistemas e abandonar todo e qualquer software
ocidental.
A ordem unipolar
está em colapso?
As derrotas do
Ocidente em guerras como Iraque, Afeganistão e Líbia revelam um padrão: os EUA
e seus aliados buscam enfraquecer países estratégicos antes de mirar a China. A
tentativa de destruir a Rússia na Ucrânia, por exemplo, seria um passo nessa
direção, que falhou.
Agora, a nova peça
no tabuleiro é o Irã. Ao endurecer sua postura com a Agência Internacional de
Energia Atômica e considerar sair do Tratado de Não Proliferação Nuclear, o
país envia um recado direto: a era da diplomacia submissa ao Ocidente chegou ao
fim.
Palestina: a peça
esquecida da geopolítica global?
No pano de fundo
dessa disputa, está a tragédia palestina. Gaza, destruída sistematicamente por
Israel com apoio logístico e político dos EUA, é retratada por Haiphong como
uma “causa perdida”. Mas seria mesmo?
A verdade é que o
destino da Palestina pode estar atrelado à capacidade do Irã de resistir e se
fortalecer, formando um verdadeiro Eixo
da Resistência com Rússia e China. Não se trata apenas de salvar uma
nação, mas de enfrentar o projeto sionista de criar a “Grande Israel” às custas
da limpeza étnica e da destruição de um povo inteiro.
O dilema
estratégico: orgulhosos ou unidos?
O Irã é uma
civilização milenar, forjada na resistência, mas também marcada por momentos de
ingenuidade diplomática, como acreditar na boa fé do Ocidente. O mesmo se aplica
à Rússia pós-soviética e à China antes da ascensão de Xi Jinping.
Hoje, dizem os
analistas, não há mais espaço para ilusões. Ou essas três potências constroem
uma aliança militar e tecnológica real,
ou serão derrotadas uma a uma, exatamente como o Ocidente deseja.
A OTAN mostrou ao
mundo como até países europeus abriram mão de sua soberania em nome de uma
segurança ilusória. Será que o Irã seguirá pelo mesmo caminho, com orgulho,
porém sozinho?
Energia como
arma: o preço da resistência
Fechar o estreito
de Ormuz, onde passa 30% do petróleo mundial, ou interromper rotas energéticas
vitais ao Ocidente seria um golpe mortal às economias americana e europeia. Esse
é o trunfo estratégico do Irã.
Com o apoio de
China e Rússia, um colapso no sistema energético global seria mais do que
possível, seria catastrófico para o Ocidente e benéfico para os cofres das
potências emergentes, com o Brasil, Rússia e países da OPEP.
Conclusão: estamos
à beira de um novo mundo?
O vídeo de Danny
Haiphong, com as duras análises de Mark Sleboda, não é um delírio
conspiratório, mas um alerta. O mundo vive o fim da ordem unipolar. Mas essa
transição não será pacífica nem automática. Exigirá decisões corajosas,
alianças reais e uma ruptura com o velho mundo, inclusive nos modos de pensar.
A pergunta que
fica: o Brasil está pronto para entender
isso? Nossa neutralidade tem limites. O xadrez geopolítico global já
mexe suas peças também aqui e as eleições de 2026 serão peças-chave para o
futuro desta nação e seu povo. Ou seremos um país soberano, ou seremos
condenados à vassalagem dos EUA.
Se o mundo está em
jogo, qual será o próximo movimento?
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