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domingo, 28 de fevereiro de 2010

O PIG está rifando "José"?

Tenho acompanhado com espanto o quadro sucessório de nosso país. A impressão é que todos estão aturdidos com as movimentações das placas tectônicas na pré-temporada da campanha eleitoral. 

Primeiro, é preciso analisar os passos que a mídia golpista e atrasada de nosso país  (Globo, Folha, Estadão, Band, Veja, Istoé, Época e assemelhadas) está dando neste primeiro semestre do ano. 

Será que a mídia cansou de fazer o jogo sujo e rasteiro do "José"? Será que estão preparando as armas para o pesado jogo eleitoral? 

Será que estão rifando o "José"?

Na verdade os "ventos do Aracati" estão bem favoráveis para a vitória de Dilma no primeiro turno das eleições de 2010. Isso me deixa preocupado de certa forma, porque o cheiro das "caneladas de José e sua mídia comprada" está no ar?

Quais são as teses agora? A do plano B? O Aécio aceitará ser chamado para a arena eleitoral? O FHC é o candidato?

A Folha de São Paulo, o general de "José" parece que liberou os colunistas amestrados para tecerem críticas mais ácidas ao "José".  O Estadão vai no mesmo caminho, apenas as Organizações Rede Globo ainda mantém certo "cuidado" com o "José".

Vejam leitores que a confusão e masturbação do ser ou não ser do lado demo-tucano é muito grande. E da mídia demo-tucana?
Este blog tem duas certezas: a primeira é que Dilma ganha as eleições em primeiro turno, segundo que Serra não será candidato porque é um covarde, principalmente se for abandonado pela velha mídia. 

Importante destacar que a segunda questão só acontecerá se o "José" perder o apoio do jogo sujo do seus generais (Folha, Globo, Estadão, Veja...), o que pode está acontecendo neste exato momento. Isso porque os ratos são os primeiros a abandonarem um navio em naufrágio.

A Rede Globo deve estar estudando as pesquisas com muito cuidado e sabe que "José" tem poucas chances e sucesso, por isso o seu silêncio recluso para análises e sua dúvida entre ser ou não ser. 

Na verdade, tudo isso pode ser uma grande jogada do PIG para segurar "José" na campanha eleitoral e não existe nada ganho e nada decidido. 

Estúpido: é o tro lo ló.

O pensamento de um Brasil soberano.

Lula rejeita pressão dos EUA sobre visita ao Irã

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta sexta-feira (26), que não tem de prestar contas sobre sua visita ao Irã, prevista para maio, "a não ser ao povo brasileiro". "Não vejo nenhum problema em eu visitar o Irã e não terei de prestar contas a ninguém, a não ser ao povo brasileiro", disse o presidente, durante visita a El Salvador.
Com a declaração, o presidente reage às pressões dos Estados Unidos para que o governo brasileiro o acompanhe na sua inadmissível política de sanções contra o Irã. O presidente havia sido questionado sobre o encontro que terá, na próxima semana em Brasília, com a secretária de Estado americano, Hillary Clinton - e se essa reunião poderia resultar numa mudança de postura do governo brasileiro em relação ao Irã.

Segundo o presidente, a relação com os Estados Unidos é de respeito à soberania dos países.
"Os Estados Unidos nunca me pediram para viajarem a qualquer país, não têm que prestar contas a mim.Eles visitam quem querem e eu visito quem eu quero, dentro do respeito soberano de cada país", disse.

"O Irã é um país de 80 milhões de habitantes, é um país que tem uma base industrial importante, é um país que o Brasil tem a exportação de mais de US$ 1 bilhão e estou indo para o Irã como vou em qualquer país do mundo. Não tem nada", completou.

Acordo

O presidente Lula disse, no entanto, que "não concordará" com o governo iraniano, caso este decida ampliar seu programa nuclear para um enriquecimento de urânio acima de 20%. "O Irã estaria aí rompendo com o tratado que é feito por todos nós, nas Nações Unidas. E eu não poderia concordar", disse Lula.

Há duas semanas o governo iraniano deu início a um processo de enriquecimento de urânio a 20%, ponto a partir do qual a criação de uma arma nuclear torna-se mais próxima. Desde então, países encabeçados pelos Estados Unidos e França, vêm defendendo uma nova rodada de sanções econômicas a Teerã.

O governo brasileiro tem declarado ser contrário à idéia, com o argumento de que a medida dificultaria o diálogo com o Irã, resultando em um maior isolamento do país. O tema deverá se discutido durante a visita de Hillary ao Brasil.

Conversa com enviado dos EUA

O tema do Irã dominou a conversa desta sexta-feira (26) do subsecretário de Estado para Assuntos Políticos norte-americano, William Burns, com o ministro de Relações Exteriores, Celso Amorim. O chanceler brasileiro reiterou que a intenção do governo brasileiro é buscar um acordo para evitar o isolamento na comunidade internacional do governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, segundo autoridades que acompanharam a reunião.

Burns e Amorim conversaram por cerca de uma hora. No encontro, o chanceler brasileiro reafirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva defende a aproximação com o Irã e o direito de Ahmadinejad de desenvolver um programa nuclear desde que para fins pacíficos. Mais uma vez Amorim indicou a disposição brasileira em atuar na interlocução do Irã com o restante da comunidade internacional.

De acordo com assessores que acompanham o assunto, Amorim reiterou que o Brasil é favorável às pesquisas na área nuclear e à não proliferação de armas. Os diplomatas informaram que não houve um pedido direto do governo do presidente Barack Obama para o Brasil mudar de posição em relação ao Irã.

A visita de Burns antecede a vinda, no próximo dia 3, da secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton. A previsão é que no segundo semestre Obama venha ao Brasil. Porém, ao deixar Washington rumo a Brasília, o subsecretário veio com a intenção de obter o apoio brasileiro em relação à aplicação de sanções contra o Irã, de acordo com informações de assessores do Departamento de Estado norte-americano.

Com agências

Que fato poderia acontecer na sucessão?

Um possível fato novo na sucessão
Informe JB
Autor(es): Vasconcelo Quadros
Jornal do Brasil - 28/02/2010

O CIENTISTA POLÍTICO David Fleischer, da UnB, acha que, se a ministra Dilma Rousseff alcançar a preferência dos eleitores nas pesquisas antes da data limite para desincompatibilização, José Serra pode optar pela reeleição ao governo de São Paulo. Essa hipótese criaria um fato novo, chacoalharia o tabuleiro de 2010 e forçaria um rearranjo nas candidaturas. “Na minha opinião, essa é a razão da relutância de Serra em assumir logo a candidatura. Um crescimento de Dilma mostraria que Lula tem o poder de transferir votos e, se isso acontecer, Serra pode ficar assustado”, avalia Fleisher. Segundo ele, o nome mais perigoso para o Palácio do Planalto seria Aécio Neves, que tem potencial para fazer um estrago na base de apoio a Dilma.

FH
Fleisher especula outra hipótese que hoje nem está no cenário: uma eventual candidatura do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele acha que FH aceitaria, sim, concorrer, mas que as chances de isso acontecer não passam de 20% quando se leva em conta todo o cenário político.

Comparação
O bombardeio contra Dilma há três semanas deu a FHC pinta de candidato. Ninguém melhor do que ele para fazer, como querem Lula e o PT, o confronto entre os dois períodos de governo.

Maioria no STJ
O presidente Lula está prestes a fazer maioria no Superior Tribunal de Justiça (STJ), instituição que virou estrela no combate à corrupção.

No dia 28 de abril aposentamse compulsoriamente Nilson Naves e Fernando Gonçalves, o ministro que mandou para a cadeia o governador José Roberto Arruda.

Com 16 ministros nomeados em seu governo até agora, Lula preencherá as duas vagas e, então, chegará a 18 das 33 cadeiras da Corte.

Novo Lula
A pose ao lado de Fidel, na Ilha, no momento em que era velado Orlando Zapata, que morreu na greve de fome, mostra o quanto Lula mudou. Em 1999, foi ele quem negociou diretamente com Fernando Henrique o fim da greve de fome dos dez sequestradores do empresário Abílio Diniz em troca do apoio do governo para que o brasileiro fosse indultado e os estrangeiros devolvidos aos seus países.

No armário
O ex-guerrilheiro João Carlos Wisnesky, conhecido por Paulo Paquetá, reconheceu o corpo do ex-comandante da Guerrilha do Araguaia, Maurício Grabóis, numa foto sem legendas divulgada em 1982. Tratase dos restos de guerrilheiros retirados de uma reserva indígena em 1996. Se estiver certo, os ossos do ex-deputado e comandante podem estar no armário da Comissão de Mortos e Desaparecidos, na Esplanada, em Brasília.

Durval de Arruda
Procuradores e policiais que comandam a Operação Caixa de Pandora apostam num acordo que faça surgir um novo Durval Barbosa na seara do governador preso José Roberto Arruda. A mesma alternativa de delação premiada seria, então, usada para retroagir a investigação do grupo do ex-governador Joaquim Roriz.

O troco
Arruda quer primeiro deixar a cadeia. Depois, fará o acerto de contas com Roriz, que considera o responsável número 1 pela tragédia que o consumiu. As autoridades acham que essa guerra será saudável para o país.

Intervenção
A negociação em torno da renúncia de Arruda é uma das peças do tabuleiro políticojurídico em que se decidirá o pedido de intervenção.

Se não renunciar, permanecerá preso, e abre caminho para a drástica decisão. Arruda foi aconselhado a fazer o único gesto honroso que lhe resta.

Em troca, preservaria os direitos políticos.

Que fato poderia acontecer na sucessão?

Um possível fato novo na sucessão
Informe JB
Autor(es): Vasconcelo Quadros
Jornal do Brasil - 28/02/2010

O CIENTISTA POLÍTICO David Fleischer, da UnB, acha que, se a ministra Dilma Rousseff alcançar a preferência dos eleitores nas pesquisas antes da data limite para desincompatibilização, José Serra pode optar pela reeleição ao governo de São Paulo. Essa hipótese criaria um fato novo, chacoalharia o tabuleiro de 2010 e forçaria um rearranjo nas candidaturas. “Na minha opinião, essa é a razão da relutância de Serra em assumir logo a candidatura. Um crescimento de Dilma mostraria que Lula tem o poder de transferir votos e, se isso acontecer, Serra pode ficar assustado”, avalia Fleisher. Segundo ele, o nome mais perigoso para o Palácio do Planalto seria Aécio Neves, que tem potencial para fazer um estrago na base de apoio a Dilma.

FH
Fleisher especula outra hipótese que hoje nem está no cenário: uma eventual candidatura do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele acha que FH aceitaria, sim, concorrer, mas que as chances de isso acontecer não passam de 20% quando se leva em conta todo o cenário político.

Comparação
O bombardeio contra Dilma há três semanas deu a FHC pinta de candidato. Ninguém melhor do que ele para fazer, como querem Lula e o PT, o confronto entre os dois períodos de governo.

Maioria no STJ
O presidente Lula está prestes a fazer maioria no Superior Tribunal de Justiça (STJ), instituição que virou estrela no combate à corrupção.

No dia 28 de abril aposentamse compulsoriamente Nilson Naves e Fernando Gonçalves, o ministro que mandou para a cadeia o governador José Roberto Arruda.

Com 16 ministros nomeados em seu governo até agora, Lula preencherá as duas vagas e, então, chegará a 18 das 33 cadeiras da Corte.

Novo Lula
A pose ao lado de Fidel, na Ilha, no momento em que era velado Orlando Zapata, que morreu na greve de fome, mostra o quanto Lula mudou. Em 1999, foi ele quem negociou diretamente com Fernando Henrique o fim da greve de fome dos dez sequestradores do empresário Abílio Diniz em troca do apoio do governo para que o brasileiro fosse indultado e os estrangeiros devolvidos aos seus países.

No armário
O ex-guerrilheiro João Carlos Wisnesky, conhecido por Paulo Paquetá, reconheceu o corpo do ex-comandante da Guerrilha do Araguaia, Maurício Grabóis, numa foto sem legendas divulgada em 1982. Tratase dos restos de guerrilheiros retirados de uma reserva indígena em 1996. Se estiver certo, os ossos do ex-deputado e comandante podem estar no armário da Comissão de Mortos e Desaparecidos, na Esplanada, em Brasília.

Durval de Arruda
Procuradores e policiais que comandam a Operação Caixa de Pandora apostam num acordo que faça surgir um novo Durval Barbosa na seara do governador preso José Roberto Arruda. A mesma alternativa de delação premiada seria, então, usada para retroagir a investigação do grupo do ex-governador Joaquim Roriz.

O troco
Arruda quer primeiro deixar a cadeia. Depois, fará o acerto de contas com Roriz, que considera o responsável número 1 pela tragédia que o consumiu. As autoridades acham que essa guerra será saudável para o país.

Intervenção
A negociação em torno da renúncia de Arruda é uma das peças do tabuleiro políticojurídico em que se decidirá o pedido de intervenção.

Se não renunciar, permanecerá preso, e abre caminho para a drástica decisão. Arruda foi aconselhado a fazer o único gesto honroso que lhe resta.

Em troca, preservaria os direitos políticos.

Só não ocorrerá plebiscito nas eleições de 2010 se elas se realizarem na Lua.

Eleições 2010: comparações inevitáveis
Autor(es): Fernando Ferro
Jornal do Brasil - 28/02/2010

Nas campanhas eleitorais só não ocorrem comparações quando elas são realizadas na Lua. A discussão sobre esse assunto pautada por setores da imprensa é, portanto, bizantina. Se mais não fosse porque quem traça a tática e a estratégia de cada candidatura é o partido e a aliança que a sustenta.

Seria, com efeito, absolutamente esquisito se a tática da candidatura do PT fosse ditada por FHC ou por alguns de seus muitos aliados nos meios de comunicação. A campanha da ministra Dilma Roussef declina gentilmente das contribuições provenientes do campo da direita, inclusive porque ela dispõe de um acervo de realizações e de elaborações mais que suficientes para a construção de um discurso sólido. Ao contrário das viúvas do Consenso de Washington, que depois da queda do muro de Wall Street ainda hoje estão ao desamparo e sujeitos a surtos de desatino.

Embora a comparação entre os governos FHC e Lula seja imensamente favorável a Lula, esse certamente não será o único tema a ser abordado pela campanha do PT e de seus aliados. É claro, no entanto, que nem FHC, nem seus aliados na imprensa dispõem de força suficiente para calar a militância do PT e dos partidos aliados sobre este ou sobre qualquer outro assunto.

Evidente que artigos e declarações de FHC contendo ataques ao governo, ao presidente Lula, à ministra Dilma, ao governo e ao PT contribuem para viabilizar nossa tática de dar à eleição um caráter plebiscitário e serve também para colocar na pauta a lembrança do desastre que foi o governo FHC. O PT agradece a contribuição involuntária de FHC. Mas não deixa de perceber que ele é secundado por velhos coronéis que proferem grosserias reveladoras de seu DNA.

Mas quem certamente fica constrangido com as intervenções de FHC é José Serra que, agora, como em 2002, não quer assumir o legado de cinzas de seu amigo e tampouco quer confronto com a imensa popularidade do presidente Lula. Isso é compreensível, pois José Serra é candidato a Presidente da República e FHC é candidato apenas a salvar sua combalida biografia.

O PT e seus aliados seguirão em frente, articulando suas alianças com outros partidos e com os movimentos sociais, debatendo projetos gerais e setoriais e mobilizando as diferentes militâncias para começar a campanha pela eleição de Dilma Presidente da República.

O PT certamente não terá dificuldade em defender o governo Lula, um governo que retomou o crescimento econômico, com inclusão social em larga escala, com inflação sob controle, expansão da oferta de emprego, eliminação da dívida externa e redução substancial da relação dívida pública/PIB.

Para cumprir esta tarefa, o PT e seus aliados contarão com a ajuda da maioria do povo brasileiro que identifica no governo Lula o responsável pela melhoria de sua qualidade de vida, na elevação de nossa auto-estima e na ampliação da projeção internacional do país, como potência emergente, pacífica, próspera e independente.

Mas o partido pode muito bem tratar de outros assuntos, dos investimentos do PAC à defesa do Bolsa Família, passando por outros programas como a ampliação do Pronaf, o Luz para Todos, o Pró-Uni, entre outros.

O PT pode debater qualquer questão da política externa de pés descalços dos tucanos à política externa independente do governo Lula. Da Copa do Mundo de 2014, às Olimpíadas do Rio de Janeiro, de 2016, sem recusar temas tão caros aos tucanos e a seus aliados como a gripe suína, ou os alagões da Vila Romana, o Katrina de José Serra.

* Deputado Federal (PT-PE), líder do partido na Câmara

Carta Maior: as placas tectônicas da disputa presidencial moveram-se no Brasil

As placas tectônicas da disputa presidencial moveram-se no Brasil neste final de fevereiro e um abalo sísmico mais forte que o do Chile atingiu a jugular da coalizão demotucana: Serra tornou-se o candidato mais rejeitado entre todos os presidenciáveis; em menos de 60 dias, sua vantagem sobre Dilma despencou de 14 pontos para apenas 4 pontos; entre o Datafolha de dezembro e o deste final de fevereiro, tucano perdeu cinco pontos; Dilma avançou cinco; uma fatia do eleitorado equivalente a 10 pontos mudou de lado na disputa e a reacomodação não favoreceu o conservadorismo nativo; temporada de inundações em SP lavou o verniz midiático que pintava Serra como estadista aos olhos da classe média; enxurrada revelou um político manhoso, tingido com o papel crepon de bom gestor, à frente de uma administração inepta, imprevidente e manipuladora. Quando o cristal se quebra sob o peso da decepção, fica difícil reverter o plano inclinado dos apoios tradicionais. O 'estado de catástrofe' está em curso no interior da coalizão demotucana.Difícil será conter as rachaduras...

Rodrigo Viana: os números do Datafolha são avassaladores.


As placas se movem e Dilma já empata com Serra
O Mundo e a América Latina, em especial, se entristecem com as notícias sobre mais um terremoto arrasador - dessa vez no Chile.

Passei o sábado numa reunião, para criar uma associação de empresários e empreendedores de comunicação de linha progressista. Dentro da sala, num hotel paulistano, vez por outra aparecia alguém com mais notícias tristes sobre o terremoto. Tecnicamente, já sabemos o que se passou: placas tectônicas se chocaram, bem perto da costa chilena, o que pode provocar também tsunamis em todo o Pacífico.

No fim da tarde, outras placas se moveram - mas dessa vez na política brasileira. Na sala onde eu estava, chegaram os números da nova pesquisa DataFolha: Dilma colou em Serra.

A "FolhaOnline", até tarde da noite, ainda escondia os detalhes da pesquisa. A idéia é forçar o povo a comprar o jornal. Ok. Gastei meus 4 reais. E tenho aqui o diário impresso.

Os números são avassaladores.

No cenário mais provável, a situação é a seguinte: Serra 32% (contra 37% em dezembro), Dilma 28% (23% em dezembro), Ciro 12% (13% em dezembro) e Marina 8% (tinha os mesmos 8% em dezembro).

A manchete do jornal destaca esse quadro: "Dilma cresce e já encosta em Serra".

Ok. Está correto.

Mas, quando digo que os números são avasaladores, refiro-me a outras variáveis. Vejamos...

1) Rejeição - Serra é agora o mais rejeitado: 25% não votariam nele de jeito nenhum, contra 19% em dezembro.

2) Voto espontâneo - Dilma está em primeiro lugar, com 10%; com os mesmos 10% aparece... Lula! Serra é apenas o terceiro, com 7%; em quarto aparece o "candidato de Lula", com 4%, em quinto está Aécio, com 1%.

Reparem que a soma de Lula/Dilma/"candidato de Lula" alcança 24%, contra 8% de Serra/Aécio.

3) Transferência de Voto - 42% dizem que votariam num candidato apoiado por Lula; 26% dizem que "talvez" votariam em quem Lula indicar; e só 22% afirmam que "não" votariam no candidato de Lula.

4) Conhecimento do candidato - Serra é conhecido por 96%, Dilma é conhecida por 86%.

Resumo da ópera: há uma avenida aberta para que Dilma siga a crescer.

À medida que ela se torne mais conhecida, a tendência é que a intenção de voto em Dilma se aproxime dos 42% - que é o total de eleitores inclinados a escolher um candidato indicado por Lula.

A "Folha" escolheu não brigar com os números. Com uma exceção: o jornal diz que "é impreciso dizer que o levantamento indica um empate estatístico". Êpa. Aí, não. Estamos, sim, diante de um "empate técnico", no limite da margem de erro.

Mas isso é detalhe. O que importa é a tendência, anotada também na simulação de segundo turno: a diferença entre Serra e Dilma desapareceu: Serra tem 45%, Dilma tem 41%. Em dezembro, a vantagem de Serra era de 15 pontos. Agora, evaporou.

Diante disso, a colunista Eliane Cantanhêde parece desesperada. Na página 2 do jornal, ela escreve o texto "Ou vai ou Racha", com destaque para a seguinte pérola: "a eleição atingiu o ponto ideal para a definição de Aécio Neves: sempre se soube, mas nunca tinha ficado tão evidente o quanto sua candidatura a vice é fundamental para a oposição".

"Ponto ideal" pra quem, cara pálida? Cantanhêde quer empurrar Aécio pro fogo. Quer que ele perca agarrado a Serra.

Vamos raciocinar friamente. Se Aécio aceitar ser vice, e Serra perder (o que parece provável, dado que a soma dos votos espontâneos nos dois fica em um terço do total de votos espontâneos para Dilma+Lula+candidato do PT), o mineiro perde junto. Se Aécio aceitar a vice, e Serra ganhar, Aécio vira sócio minoritário da vitória.

Os jornalistas serristas, depois de espalhar por aí que Aécio bate na namorada e tem hábitos pouco ortodoxos, agora querem a ajuda do mineiro para salvar Serra.

É ruim, hem!

Do jeito que a coisa vai, estaremos em breve diante do seguinte quadro: Serra segue até o fim, em queda, e aí parte para o desespero, recorrendo a dossiês e ao esgoto jornalístico contra Dilma; ou Serra desiste antes de abril, e estaremos diante da situação inimaginável de ver os tucanos implorando a FHC para concorrer, em nome da sobrevivência do partido.

Quanto a Dilma, devo lembrar como bom corinthiano, o ideal é escapulir do salto alto. A pior besteira do mundo seria acreditar no já-ganhou. Corinthianos costumam pensar assim: quando tudo parece ir bem, é sinal de que algo errado pode acontecer em breve.

Mas falando sério: Dilma precisa lembrar que a elite (incluindo boa parte da classe média urbana) segue contra ela. Especialmente no Sul e Sudeste. Os mais escolarizados apóiam Serra - isso também aparece na pesquisa.

A mídia detesta Dilma (apesar dos sinais de que Globo e Lula parecem ter conversado nas últimas semanas, em busca de uma trégua - volto a isso em outro texto...).

Jornalistas do esgoto desesperados. Demos desesperados. Tucanos desarvorados. Essa gente toda somada é capaz de muita sujeira até a eleição.

Dilma que se prepare. Com ou sem acordo com a Globo, muito chumbo virá.

P.S.: escrevi aqui, em texto anterior, que a pesquisa DataFolha incluía outras perguntas - entre elas uma sobre a influência do "Bolsa-Família" na escolha eleitoral - http://www.rodrigovianna.com.br/plenos-poderes/especialista-em-serra-datafolha-esta-em-campo. Esses números não apareceram na "Folha" deste domingo; o jornal pode ter guardado pra mais tarde, ou repassado os resultados só "a quem interessar possa". A conferir...

Leia mais »

Voto no candidato de Lula. Seja homem, seja mulher.


"Vou votar em Lula de novo, oxente"

A maior preocupação da Oposição hoje, com as pesquisas, é o alto índice de desconhecimento de Dilma. As pessoas que sabem que ela é a candidata de Lula somente agora chegaram aos 59%. Quando chegarem a 70%, ela certamente já terá ultrapassado Serra. Essa reportagem que saiu no Globo de hoje, feita em Caetés, Pernambuco, dá bem a medida do que estou falando:

Oxente, essa não é a Olga?
Em Caetés, terra de Lula, Dilma é uma desconhecida, mas todos dizem votar em quem ele indicar
Letícia Lins e Isabela Martin, foto de João Luís

CAETÉS (PE) e ALTO SANTO (CE). Pré candidata do PT à Presidência, a ministra Dilma Rousseff não descola do presidente Lula nas viagens pelo país e lidera as pesquisas no Nordeste, mas será que o povo sabe quem é ela? Em Caetés, município onde Lula nasceu e obteve seu maior percentual de votação em Pernambuco (89,497%), moradores de áreas rurais e urbanas tiveram dificuldade de identificar a ministra em uma fotografia mostrada pelo GLOBO, que abordou aleatoriamente moradores da terra do presidente. A petista foi confundida com a mãe do governador Eduardo Campos (PSB), com uma exservidora do posto de saúde e até com Marisa Letícia, mulher de Lula.
— Oxente, essa não é a Olga? A boca é igual à de Olga. Ela é de onde? Acho que é Olga mesmo...
As tentativas de identificação, carregadas de incertezas, são de Corina Guilhermina da Silva, de 78 anos, a Tia Corina, parente de Lula que ficou conhecida na campanha presidencial de 2006 por ostentar grande fotografia do então candidato à reeleição na fachada de seu casebre e ser proprietária de um sítio onde Lula brincava quando criança. Corina, que tem diabetes, teve as pernas amputadas e vive na área urbana de Caetés, cidade que era distrito de Garanhuns quando Lula era criança.
Ela confundiu Dilma Rousseff com Olga Chagas, ex-enfermeira do posto de saúde em Caetés onde Corina era atendida. Ao lado de Corina, a neta Ruth Pereira da Silva, de 20 anos, diz conhecer a mulher da foto.
— Agora esqueci o nome dela...
Ah, lembrei, é Marta Suplicy! De 45 pessoas abordadas em Caetés — entre lavradores, pequenos proprietários, pedreiros, comerciantes, ambulantes, servidores públicos — só oito identificaram a ministra, em abordagens feitas no campo, em obras, num restaurante, em um mercadinho e no meio da rua. Todos, porém, mesmo desconhecendo a ministra, disseram que vão votar nela quando apontada como a candidata do presidente.
Já o pré-candidato do PSDB, o governador paulista José Serra, é mais conhecido.
Em fotografia do mesmo tamanho da foto da ministra, foi identificado por 28 das 45 pessoas ouvidas, mas só uma confirmou que votaria nele.
Dos que sabiam quem ele é, todos lembraram seu segundo nome. No caso de Dilma, o primeiro nome é o mais lembrado e poucos citaram Rousseff.
— Vi na televisão, mas não sei quem é. Não lembro nem o nome — disse Abel Inácio da Silva, de 40 anos, morador do Sítio Várzea Comprida, o mesmo onde Lula nasceu e passou os primeiros anos.
— É bonita. É da família da senhora? — perguntou Argemiro Godoy, agricultor de 63 anos, à repórter.
Mais adiante, três lavradores que conversavam sob uma árvore no meio da caatinga, Cícero Pedro da Silva, de 55 anos, Irineu Inácio da Silva, de 64, e José Raimundo da Silva, de 49, que disseram não ser parentes de Lula, também não reconheceram Dilma.
— Tenho três televisões em casa, mas não sou chegado. Essa mulher nunca vi — disse o primeiro, morador do sítio Várzea de Dentro, onde planta milho, feijão e mandioca. Ao seu lado, Irineu não identifica a petista.
— O nome não sei, mas acho que a vi na TV — disse.
Morador do sítio Riacho das Fruteiras, Raimundo diz desconhecer a moça da foto. Indaga se é a mulher de Lula.
Mais letrada que o marido e os amigos, Diamantina da Silva, de 40 anos, mulher de Irineu, mata a charada: — Oxe, não é a mulher que está com Lula para cima e para baixo? É Dilma, que aparece com Lula na TV.
Ele quer que ela seja presidente.
Perto dali, no Sítio Várzea Comprida, Maria Aparecida Bezerra, de 48 anos, 11 filhos, também não consegue identificar Dilma. Mas seu filho, Edvaldo Bezerra, de 22, a nora Fabiana Souza Silva, de 22, e a filha Luciana Bezerra, de 18, conhecem a ministra, embora só lembrem seu primeiro nome.
No Centro de Caetés, a lavradora Maria da Silva, de 50 anos, que almoça sobras num restaurante, acha bonita a mulher da foto, mas não sabe quem é ela. Luiz Gomes, o Luiz Gordo, que bebe com amigos no estabelecimento, dá seu veredicto: — É a mãe do governador Eduardo Campos (PSB).
Ele se refere a Ana Arraes (PSB-PE), deputada federal. A mesma referência faz Diva Alves Cordeiro, de 43, proprietária de um mercadinho: — É Ana Arraes? — indaga, para completar ao receber a informação certa: — Ah, sei, é aquela menina que quer ser candidata a presidente.
Servidora pública, Lúcia Wanderley, de 52, aproxima-se curiosa. Ao ver a fotografia, afirma: — É a Dilma. Vejo sempre na TV. Onde Lula está, ela está.
No restaurante São José, José Josimário Wanderley, de 34 anos, identifica a ministra: — Dilma é antipática, não debate.
Votei em Lula quatro vezes, mas não voto nesta mulher.
Josimário e Lúcia estão entre os oito dos 45 entrevistados que disseram saber quem é Dilma Rousseff.
Ou melhor, Dilma, porque Rousseff é um nome que ninguém pronuncia no agreste pernambucano.
Mas o fato de José Serra ser mais conhecido não significa que as coisas estejam fáceis para ele na terra de Lula. De desconhecida, a ministra ganha a simpatia dos moradores quando é associada à figura do filho famoso de Caetés. Todos que a desconheciam, sem exceção, disseram que votam nela se Lula pedir.
— Aqui só dá Lula. Ele é de Deus, a vida melhorou depois dele. Tivemos educação, saúde, cisternas, luz — afirma Maria Aparecida Bezerra.
— Em quem Lula mandar, voto — completa Raimundo da Silva.
Ativista política desde os 13 anos, filiada ao PSB, Maria Emília Pessoa da Silva organizou a caravana de Caetés para prestigiar a primeira posse de Lula.
Para ela, apesar de Dilma ser desconhecida na terra do presidente, não será difícil votar nela: — O povo tem tanta confiança em Lula que não está preocupado em conhecer a ministra, porque acredita que, se ele indica, é porque ela é gente boa — diz Emília, secretária de Saúde de Caetés.
Há seis eleições em mãos de aliados de Lula, Caetés mudou muito. Antes, só tinha duas ruas calçadas. Agora quase todo o perímetro urbano é calçado.
A educação, que ficava entre as três piores de Pernambuco, está entre as dez primeiras. Na área rural não havia luz. Agora todo o município é eletrificado.
Hoje grande parte das famílias não precisa recorrer à água de barreiros em épocas de seca porque possui cisternas. Até a década passada, o município só tinha três médicos e uma parteira. Hoje o hospital de Caetés tem 26 especialistas e serviços de endoscopia e ultrassonografia. A cidade tem oito postos de saúde da família.
Caetés tem 26 mil habitantes, com 3.529 benefícios do Bolsa Família.
O desconhecimento sobre Dilma se repete em Alto Santo, no Ceará, município a 240 quilômetros de Fortaleza onde Lula teve 86,22% dos 7.937 votos válidos em 2006 (o maior percentual entre os 184 municípios cearenses).
Poucos reconhecem a ministra por foto.
Outros sabem que “ela está sempre ao lado de Lula”, mas não o seu cargo.
Quase ninguém sabe que disputa o Planalto. E, a sete meses da eleição, a fisionomia e o nome de Serra também são pouco reconhecidos. Alguns sabem que ele é governador de São Paulo, mais até que candidato a presidente.
Alguns também sabem que Dilma enfrentou batalha contra o câncer.
As enchentes que devastaram São Paulo nos primeiros meses do ano, os atrasos na conclusão de obras federais e os adjetivos como “pai dos genéricos” e “mãe do PAC”, com os quais já foram batizados Serra e Dilma não fazem a menor diferença em Alto Santo por enquanto. A maioria não sabe que eles serão candidatos. Nenhuma das pessoas ouvidas declarou-se eleitora de Serra nem apresentou motivação para isso. Já a disposição de votar na pré-candidata do PT é maior quando sabem que ela terá apoio de Lula.
— Se Serra fosse o candidato de Lula, eu votaria nele — disse o aposentado Francisco Felício dos Reis, de 76 anos, um dos poucos que reconheceram o governador. — Se eu for vivo (em outubro), voto em quem Lula apoiar.
Fanático pelo presidente, o agricultor Manoel Silva, de 57 anos, morador do Sítio Tibolo, na periferia da cidade, mantém na fachada da casa uma foto de Lula da última campanha.
— Sempre votei em Lula. Era ele perdendo e eu votando.
Se ele candidatar até um jumento, voto nele. Imagine numa mulher. Por mim o voto já está ganho. É Vilma? — pergunta.
— O nome é muito bonito.
Alto Santo, no Baixo Jaguaribe, tem economia movimentada pela agricultura, pesca, fábricas de cerâmica e confecção.
Com investimento de R$ 120,8 milhões, o governo federal está financiando uma imensa obra do PAC na cidade: a barragem do Figueiredo, que vai irrigar oito mil hectares.
A entrega está prevista para outubro.
— Nunca ouvi falar em PAC — disse o agricultor Benedito Moura da Silva, de 57 anos, enquanto apontava para o local da barragem. Eleitor de Lula, não conhecia Dilma nem sabia que ela é chamada de “mãe do PAC”. Mas, ao saber que ela é a candidata de Lula, declarou seu voto.
— Voto no candidato de Lula. Seja homem, seja mulher.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Vejam como funciona o choque de gestão demo-tucano em MG, SP, RS

PSDB e DEM usam verbas do SUS para fazer ajuste fiscal

Sem alarde e com um grupo reduzido de técnicos, coube a um pequeno e organizado órgão de terceiro escalão do Ministério da Saúde, o Departamento Nacional de Auditorias do SUS (Denasus), descobrir um recorrente crime cometido contra a saúde pública no Brasil.

Por Leandro Fortes, em Carta Capital
Em 3 dos mais desenvolvidos e ricos estados do País, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, todos governados pelo PSDB, e no Distrito Federal, durante a gestão do DEM, os recursos do SUS têm sido aplicados, ao longo dos últimos 4 anos, no mercado financeiro.

A manobra serviu aparentemente para incrementar programas estaduais de choques de gestão, como manda a cartilha liberal, e políticas de déficit zero, em detrimento do atendimento a uma população estimada em 74,8 milhões de habitantes. O Denasus listou ainda uma série de exemplos de desrespeito à Constituição Federal, a normas do Ministério da Saúde e de utilização ilegal de verbas do SUS em outras áreas de governo. Ao todo, o prejuízo gerado aos sistemas de saúde desses estados passa de 6,5 bilhões de reais, sem falar nas consequências para seus usuários, justamente os brasileiros mais pobres.

As auditorias, realizadas nos 26 estados e no DF, foram iniciadas no fim de março de 2009 e entregues ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão, em 10 de janeiro deste ano. Ao todo, cinco equipes do Denasus percorreram o País para cruzar dados contábeis e fiscais com indicadores de saúde. A intenção era saber quanto cada estado recebeu do SUS e, principalmente, o que fez com os recursos federais. Na maioria das unidades visitadas, foi constatado o não cumprimento da Emenda Constitucional nº 29, de 2000, que obriga a aplicação em saúde de 12% da receita líquida de todos os impostos estaduais. Essa legislação ainda precisa ser regulamentada.

Ao analisar as contas, os técnicos ficaram surpresos com o volume de recursos federais do SUS aplicados no mercado financeiro, de forma cumulativa, ou seja, em longos períodos. Legalmente, o gestor dos recursos é, inclusive, estimulado a fazer esse tipo de aplicação, desde que antes dos prazos de utilização da verba, coisa de, no máximo, 90 dias. Em Alagoas, governado pelo também tucano Teotônio Vilela Filho, o Denasus constatou operações semelhantes, mas sem nenhum prejuízo aos usuários do SUS.

Nos casos mais graves, foram detectadas, porém, transferências antigas de recursos manipulados, irregularmente, em contas únicas ligadas a secretarias da Fazenda. Pela legislação em vigor, cada área do SUS deve ter uma conta específica, fiscalizada pelos Conselhos Estaduais de Saúde, sob gestão da Secretaria da Saúde do estado.

O primeiro caso a ser descoberto foi o do Distrito Federal, em março de 2009, graças a uma análise preliminar nas contas do setor de farmácia básica, foco original das auditorias. No DF, havia acúmulo de recursos repassados pelo Ministério da Saúde desde 2006, ainda nas gestões dos governadores Joaquim Roriz, então do PMDB, e Maria de Lourdes Abadia, do PSDB.

No governo do DEM, em vez de investir o dinheiro do SUS no sistema de atendimento, o ex-secretário da Saúde local Augusto Carvalho aplicou tudo em Certificados de Depósitos Bancários (CDBs). Em março do ano passado, essa aplicação somava 238,4 milhões de reais. Parte desse dinheiro, segundo investiga o Ministério Público Federal, pode ter sido usada no megaesquema de corrupção que resultou no afastamento e na prisão do governador José Roberto Arruda.

Essa constatação deixou em alerta o Ministério da Saúde. As demais equipes do Denasus, até então orientadas a analisar somente as contas dos anos 2006 e 2007, passaram a vasculhar os repasses federais do SUS feitos até 2009. Nem sempre com sucesso. De acordo com os relatórios, em alguns estados como São Paulo e Minas os dados de aplicação de recursos do SUS entre 2008 e 2009 não foram disponibilizados aos auditores, embora se tenha constatado o uso do expediente nos dois primeiros anos auditados (2006-2007). Na auditoria feita nas contas mineiras, o Denasus detectou, em valores de dezembro de 2007, mais de 130 milhões de reais do SUS em aplicações financeiras.

O Rio Grande do Sul foi o último estado a ser auditado, após um adiamento de dois meses solicitado pelo secretário da Saúde da governadora tucana Yeda Crusius, Osmar Terra, do PMDB, mesmo partido do ministro Temporão. Terra alegou dificuldades para enviar os dados porque o estado enfrentava a epidemia de gripe suína.

Em agosto, quando a equipe do Denasus finalmente desembarcou em Porto Alegre, o secretário negou-se, de acordo com os auditores, a fornecer as informações. Não permitiu sequer o protocolo na Secretaria da Saúde do ofício de apresentação da equipe. A direção do órgão precisou recorrer ao Ministério Público Federal para descobrir que o governo estadual havia retido 164,7 milhões de recursos do SUS em aplicações financeiras até junho de 2009.

O dinheiro, represado nas contas do governo estadual, serviu para incrementar o programa de déficit zero da governadora, praticamente único argumento usado por ela para se contrapor à série de escândalos de corrupção que tem enfrentado nos últimos dois anos. No início de fevereiro, o Conselho Estadual de Saúde gaúcho decidiu acionar o Ministério Público Federal, o Tribunal de Contas do Estado e a Assembleia Legislativa para apurar o destino tomado pelo dinheiro do SUS desde 2006.

Ainda segundo o relatório, em 2007 o governo do Rio Grande do Sul, estado afetado atualmente por um surto de dengue, destinou apenas 0,29% dos recursos para a vigilância sanitária. Na outra ponta, incrivelmente, a vigilância epidemiológica recebeu, ao longo do mesmo ano, exatos 400 reais do Tesouro estadual. No caso da assistência farmacêutica, a situação ainda é pior: o setor não recebeu um único centavo entre 2006 e 2007, conforme apuraram os auditores do Denasus.

Com exceção do DF, onde a maioria das aplicações com dinheiro do SUS foi feita com recursos de assistência farmacêutica, a maior parte dos recursos retidos em São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul diz respeito às áreas de vigilância epidemiológica e sanitária, aí incluído o programa de combate à Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Mas também há dinheiro do SUS no mercado financeiro desses três estados que deveria ter sido utilizado em programas de gestão de saúde e capacitação de profissionais do setor.

Informado sobre o teor das auditorias do Denasus, em 15 de fevereiro, o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Francisco Batista Júnior, colocou o assunto em pauta, em Brasília, na terça-feira 23. Antes, pediu à Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, à qual o Denasus é subordinado, para repassar o teor das auditorias, em arquivo eletrônico, para todos os 48 conselheiros nacionais. Júnior quer que o Ministério da Saúde puna os gestores que investiram dinheiro do SUS no mercado financeiro de forma irregular. "Tem muita coisa errada mesmo."

No caso de São Paulo, a descoberta dos auditores desmonta um discurso muito caro ao governador José Serra, virtual candidato do PSDB à Presidência da República, que costuma vender a imagem de ter sido o mais pródigo dos ministros da Saúde do País, cargo ocupado por ele entre 1998 e 2000, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Segundo dados da auditoria do Denasus, dos 77,8 milhões de reais do SUS aplicados no mercado financeiro paulista, 39,1 milhões deveriam ter sido destinados a programas de assistência farmacêutica, 12,2 milhões a programas de gestão, 15,7 milhões à vigilância epidemiológica e 7,7 milhões ao combate a DST/Aids, entre outros programas.

Ainda em São Paulo, o Denasus constatou que os recursos federais do SUS, tanto os repassados pelo governo federal como os que tratam da Emenda nº 29, são movimentados na Conta Única do Estado, controlada pela Secretaria da Fazenda. Os valores são transferidos imediatamente para a conta, depois de depositados pelo ministério e pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS), por meio de Transferência Eletrônica de Dados (TED). "O problema da saúde pública (em São Paulo) não é falta de recursos financeiros, e, sim, de bons gerentes", registraram os auditores.

Pelos cálculos do Ministério da Saúde, o governo paulista deixou de aplicar na saúde, apenas nos dois exercícios analisados, um total de 2,1 bilhões de reais. Destes, 1 bilhão, em 2006, e 1,1 bilhão, em 2007. Apesar de tudo, Alckmin e Serra tiveram as contas aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado. O mesmo fenômeno repetiu-se nas demais unidades onde se constatou o uso de dinheiro do SUS no mercado financeiro. No mesmo período, Minas Gerais deixou de aplicar 2,2 bilhões de reais, segundo o Denasus. No Rio Grande do Sul, o prejuízo foi estimado em 2 bilhões de reais.

CartaCapital solicitou esclarecimentos às secretarias da Saúde do Distrito Federal, de São Paulo, de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul. Em Brasília, em meio a uma epidemia de dengue com mais de 1,5 mil casos confirmados no fim de fevereiro, o secretário da Saúde do DF, Joaquim Carlos Barros Neto, decidiu botar a mão no caixa. Oriundo dos quadros técnicos da secretaria, ele foi indicado em dezembro de 2009, ainda por Arruda, para assumir um cargo que ninguém mais queria na capital federal. Há 15 dias, criou uma comissão técnica para, segundo ele, garantir a destinação correta do dinheiro do SUS para as áreas originalmente definidas. "Vamos gastar esse dinheiro todo e da forma correta", afirma Barros Neto. "Não sei por que esses recursos foram colocados no mercado financeiro."

O secretário da Saúde do Rio Grande do Sul, Osmar Terra, afirma jamais ter negado atendimento ou acesso à documentação solicitada pelo Denasus. Segundo Terra, foram os técnicos do Ministério da Saúde que se recusaram a esperar o fim do combate à gripe suína no estado e se apressaram na auditoria. Mesmo assim, garante, a equipe de auditores foi recebida na Secretaria Estadual da Saúde. De acordo com ele, o valor aplicado no mercado financeiro encontrado pelos auditores, em 2009, é um "retrato do momento" e nada tem a ver com o fluxo de caixa da secretaria. Terra acusa o diretor do Denasus, Luís Bolzan, de ser militante político do PT e, por isso, usar as auditorias para fazer oposição ao governo. "Neste ano de eleição, vai ser daí para baixo", avalia.

Em nota enviada à redação, a Secretaria da Saúde de Minas Gerais afirma estar regularmente em dia com os instrumentos de planejamento do SUS. De acordo com o texto, todos os recursos investidos no setor são acompanhados e fiscalizados por controle social. A aplicação de recursos do SUS no mercado financeiro, diz a nota, é um expediente "de ordem legal e do necessário bom gerenciamento do recurso público". Lembra que os recursos de portarias e convênios federais têm a obrigatoriedade legal da aplicação no mercado financeiro dos recursos momentaneamente disponíveis.

Também por meio de uma nota, a Secretaria da Saúde de São Paulo refuta todas as afirmações constantes do relatório do Denasus. Segundo o texto, ao contrário do que dizem os auditores, o Conselho Estadual da Saúde fiscaliza e acompanha a execução orçamentária e financeira da saúde no estado por meio da Comissão de Orçamento e Finanças.

Também afirma ser a secretaria a gestora dos recursos da Saúde. Quanto ao investimento dos recursos financeiros, a secretaria alega cumprir a lei, além das recomendações do Tribunal de Contas do Estado. "As aplicações são referentes a recursos não utilizados de imediato e que ficariam parados em conta corrente bancária." A secretaria também garante ter dado acesso ao Denasus a todos os documentos disponíveis no momento da auditoria.

Fonte: Carta Capital

Desastre da pobre educação pobre de São Paulo? O que falta para o paulitsta se convencer que há um desgoverno em São Paulo?

EM SP, ALUNO SAI DA REDE PÚBLICA 3 ANOS DEFASADO
ENSINO DE SP TEM MELHORA, MAS SEGUE RUIM
Autor(es): FÁBIO TAKAHASHI e TALITA BEDINELLI DA REPORTAGEM LOCAL
Folha de S. Paulo - 27/02/2010


Os resultados do Saresp, prova de português e matemática aplicada pelo governo paulista, mostram que, na rede estadual, o desempenho dos alunos do 3º ano do ensino médio não chega ao esperado para a 8ª série. O exame avalia os estudantes da 4ª e da 8ª séries do ensino fundamental e da 3ª série do médio. Em 2009, foi registrada melhora na 4ª série: a média subiu de 180 para 190,4 em português.


Dados são do Saresp, prova de português e matemática aplicada nas escolas estaduais paulistas; aluno de 3º ano tem nível baixo até para 8ª série

Das três séries que fizeram os exames, a 4ª do ensino fundamental foi a que mais melhorou; avanço foi tímido na 8ª e inexistente no 3º ano

O desempenho dos alunos das escolas estaduais de São Paulo melhorou sutilmente no último ano, mas continua com grandes defasagens. O do 3º ano do ensino médio, por exemplo, não chega nem ao esperado para a 8ª série.
As informações, divulgadas ontem pela gestão José Serra (PSDB), estão presentes na análise do Saresp, prova de português e matemática aplicada pelo governo estadual. Os resultados visam bonificar as escolas que melhoraram e identificar as dificuldades do sistema.
Para o secretário estadual da Educação, Paulo Renato Souza, os dados mostram que políticas adotadas pela pasta melhoraram a rede, apesar "de a situação não ser satisfatória". Já coordenadores da USP e da Unicamp classificaram o resultado como "pífio" ou "tímido".
Das três séries que fizeram os exames, a 4ª do ensino fundamental foi a que mais melhorou no geral. O avanço foi mais tímido na 8ª série e inexistente no 3º ano do ensino médio.
A prova também foi aplicada para alunos das escolas particulares, mas só notas das públicas serão divulgadas. Na semana que vem, será possível saber a média de cada estadual.
Na 4ª série, a nota subiu de 180 para 190,4 em português, numa escala que vai a 500. Apesar da melhora, o nível está abaixo do ideal (200 pontos), segundo escala desenvolvida pelo movimento Todos pela Educação (que reúne pesquisadores de todo o país, alguns ligados à Secretaria da Educação).
No 3º ano do ensino médio, a nota de português ficou estável e a de matemática recuou de 273,8 para 269,4.
Como a escala de pontos é a mesma para todos estágios, é possível dizer que o desempenho dos alunos do último ano do ensino médio em matemática é inferior ao esperado para a oitava série (respectivamente 269,4 e 300 pontos). A 8ª série está no nível esperado para a 6ª.

Análises
O secretário da Educação disse ontem que 90% da melhora nos anos iniciais se deve à implantação de materiais para alunos e professores. Citou também a bonificação em dinheiro para professor cuja escola melhora.
Para Romualdo Portela de Oliveira, coordenador da pós-graduação da Faculdade de Educação da USP, os resultados são "pífios". "As variações são muito pequenas. As notas do ensino médio refletem problemas anteriores, curriculares".
Maria Marcia Malavasi, coordenadora do curso de pedagogia da Unicamp, concorda. "O ensino médio não atende a necessidade do aluno trabalhador, que já apresenta muita defasagem. Mas o ensino fundamental ainda deixa muito a desejar.
A Secretaria da Educação afirmou que irá criar curso específico para professores de matemática, disciplina em que os docentes mais apresentaram dificuldades nas avaliações recentes. Na de docentes temporários, apenas 15% foram aprovados.

Uma história que me fez chorar


Avós recuperam 101° neto sequestrado pela ditadura

Sequestrada por militares argentinos, Silvia Mónica Quintela deu à luz no cativeiro e acabou assassinada no centro clandestino de detenção Campo de Maio. Seu marido, Abel Pedro Madariaga, conseguiu sobreviver à ditadura militar e, ao voltar do exílio, incorporou-se ao movimento das Avós da Praça de Maio para procurar seu filho. Encontrou-o há poucos dias. O 101° neto encontrado chama-se Francisco Madariaga Quintela. O responsável pela "adoção" da criança sequestrada, o capitão aposentado e ex-carapintada Victor Alejandro Gallo, foi preso sexta-feira.

Página 12 (com Redação Carta Maior)
A Associação das Avós da Praça de Maio apresentou nesta terça-feira (23) numa coletiva de imprensa, todos os detalhes que permitiram recuperar o neto 101, que durante mais de trinta anos foi privado de sua identidade por seus apropriadores. Francisco Madariaga Quintela é filho de Silvia Mónica Quintela, sequestrada e assassinada no centro clandestino de detenção Campo de Maio. Seu pai, Abel Pedro Madariaga, conseguiu sobreviver e, depois de voltar do exílio, uniu-se à Associação das Avós para iniciar pessoalmente a busca de seu filho, no que constitui um caso inédito neste tipo de investigação. Enquanto isso, o responsável pela "adoção", o capitão aposentado e ex carapintada Victor Alejandro Gallo foi detido na última sexta-feira.

Silvia Quintela foi sequestrada pela ditadura militar na manhã de 17 de janeiro de 1977, em Florida, província de Buenos Aires, quando estava grávida de 4 meses. Às 9 e meia da manhã, enquanto caminhava pela rua Hipólito Yrigoyen em direção à estação de trem para encontrar-se com uma amiga, foi rodeada por três veículos. Um grupo à paisana que pertencia ao Primeiro Corpo do Exército jogou-a-a num dos Ford Falcon e levou-a para um local desconhecido. Silvia era médica e tinha nesse momento 28 anos; dedicava parte de seu tempo à militância na Juventude Peronista e a cuidar de pessoas carentes numa clínica em Beccar, em Buenos Aires. Seu companheiro, Abel Madariaga, secretário de imprensa e difusão da organização Montoneros, foi testemunha, mas conseguiu escapar. Nessa mesma tarde, outro grupo invadiu a casa da mãe de Silvia e lá a comunicaram que ela tinha sido detida.

Exilado primeiro na Suécia, em 1980, e depois no México, Madariaga regressou temporariamente a Argentina em 1983, onde entrevistou vários sobreviventes do centro clandestino de detenção Campo de Mayo. Quando regressou permanentemente, uniu-se às Avós, ocupando o cargo de secretário, para encabeçar pessoalmente a busca pelo local de detenção de sua companheira.

Testemunhas forneceram informações sobre esse local e sobre a data de nascimento de seu filho, que depois foi "adotado". Beatriz Castiglione, sobrevivente do El Campito e companheira de detenção de Silvia, junto a outras grávidas, ratificou que a viu presa no Campo de Maio e lembrou que seu pseudônimo no centro clandestino era “Maria”. Então ela já estava no seu sétimo mês de gestação.

Outro testemunho chave foi o de Juan Carlos Scapati, com quem Quintela esteve detida. Na sua declaração, Scarpati afirmou que foi atendido pela médica numa lugar chamado Las Casitas – dentro do CCD Campo de Maio -, em virtude das feridas que lhe haviam causado quando o detiveram. O mesmo testemunho assegurou que Quintela deu à luz fora da sala de partos do El Campito, quando os partos começaram a se realizar com cesárias programadas no Hospital Militar do Campo de Maio. “Pude ficar algumas horas com ele”, comentou Silvia, ao reincorporar-se no dia seguinte, já sem seu bebê e com a promessa de seus raptores de entregá-lo a sua família.

O capitão do exército aposentado e ex-carapintada Victor Alejandro Gallo foi preso na sexta-feira passada, quando tomava conhecimento do resultado dos exames de DNA. Gallo é acusado agora de apropriação ilegal de um menor de idade; ele também tinha sido condenado a dez anos de prisão, em 1997, pela Câmara Penal de San Martin. Neste caso, foi julgado culpado dos delitos de roubo qualificado, porte de arma de guerra, privação ilegal da liberdade e coação, junto a outras duas pessoas que a Justiça condenou pelo chamado Massacre de Benavidez, ocorrido em 6 de setembro de 1994.

A coletiva de imprensa em que pai e filho se apresentaram juntos pela primeira vez ocorreu nesta terça. As Avós revelaram de que modo conseguiram recuperar a identidade do neto número 101, e a rede de cumplicidades que permitiu sua apropriação.

Leia abaixo o informe das Avós sobre o encontro de Francisco:

“Buenos Aires, 23 de fevereiro de 2010

Encontramos outro neto, o filho do Secretário das Avós da Praça de Maio

As Avós da Praça de Maio queremos comunicar que encontramos outro neto que durante mais de 32 ano viveu privado de sua identidade. Francisco Madariaga Quintela é filho de Silvia Mónica Quintela e Abel Pedro Madariaga, ambos militantes da organização Montoneros. Silvia foi sequestrada em 17 de janeiro de 1977 em Florida, Província de Buenos Aires, grávida de quatro meses. Seu companheiro Abel sobreviveu e partiu para o exílio. Em 1983, de volta a Argentina, empreendeu pessoalmente a busca de seu filho e se incorporou à Associação.

Silvia nasceu em 27 de novembro de 1948, na localidade de Punta Chica, comarca de San Fernando. Estudou medicina na Universidade de Buenos Aires (UBA) e, no momento de seu sequestro, estava terminando sua residência como cirurgiã no Hospital Municipal de Tigre. Foi detida em Florida, zona norte da Grande Buenos Aires, na interseção das ruas Hipólito Yrigoyen e as vias do Ferrocarril Mitre. Militava na Montoneros. Seus companheiros a conheciam como “Maria”.

Segundo testemunhos de sobreviventes, Silvia permaneceu no Centro Clandestino de Detenção “El Campito”, no Campo de Maio, e em julho de 1977 passou por uma cesária no Hospital Militar da dita guarnição. Silvia, de 28 anos, deu a luz a um menino, a quem – como desejava com seu companheiro – chamou de Francisco.

O caso de Silvia Quintela se soma aos de Norma Tato de Casariego e Beatriz Recchia de Garcia, desaparecidas grávidas do CCD “El Campito”, que também deram a luz no Hospital Militar e cujos filhos foram apropriados por repressores. Felizmente, os três casos foram resolvidos pelas Avós e a Justiça determinou a restituição da identidade dos jovens.

Abel nasceu em 7 de fevereiro de 1951, na cidade de Panamá, província de Entre Rios. Cursou agronomia na UBA até que foi expulso, com a intervenção do exército na Universidade. E, assim como Silvia, militava na coluna norte de Montoneros. Pouco depois do sequestro de sua companheira, exilou-se na Suécia, mais tarde no México, até que regressou ao país, em 1983. Desde então, integrou-se às Avós e com os anos se tornou coordenador das equipes técnicas, sendo atualmente secretário da instituição.

A busca familiar

As avós Sara Elena de Madariaga e Ernestina “Tina” Dallasta de Quintela se dedicaram à busca de Francisco durante a ditadura. As avós, junto a suas companheiras, escreveram e se aproximaram do Ministério Público o quanto puderam, mas, como em todos os casos, lhes fecharam as portas. Em 1983, de volta do exílio, Abel empreendeu a busca pessoalmente, então se incorporou ativamente às avós e foi encarregado de desenvolver grande parte das estratégicas de difusão das Avós para convocar os jovens que, como seu filho, tivessem dúvidas sobre sua identidade.

A Busca de Francisco

Francisco se aproximou das avós em 3 de fevereiro último, com o nome de Alejandro Ramiro Gallo, dizendo que acreditava ser filho de desaparecidos. Desde há muito tempo tinha dúvidas sobre sua identidade, e por isso decidiu perguntar à mulher que dizia ser “sua mãe” se tinha informações sobre sua origem. Foi então que a senhora Inés Susana Colombo confessou que o tinham trazido do Campo de Maio e que havia a possibilidade de ele ser filho de desaparecidos.

Com essa informação, Francisco decidiu aproximar-se das Avós para começar a sua busca. O jovem se apresentou acompanhado por Colombo, que disse que seu ex-marido, chamado Victor Alejandro Gallo, era oficial da inteligência do Exército argentino e que, no ano de 1977, lhe disse que havia um bebê abandonado no Hospital Militar do Campo de Maio, ao que ela teria respondido: “como ia deixar um bebê abandonado, que o tragam “(sic).

Colombo relatou que finalmente Gallo levou o bebê para a sua casa em 10 de julho de 1977, e acrescentou que o bebê ainda tinha o cordão umbilical, o que indicava que tinha nascido havia muito poucos dias.

Tanto Francisco como Colombo indicaram que Victor Gallo dispensava um trato violento a ambos, relatando minuciosamente diversas agressões físicas e psicológicas. Gallo, que trabalhava como oficial do exército durante a última ditadura, também conta na sua história ter sido membro do batalhão 601. Já na democracia participou do roubo de uma empresa financeira, na década de 80, e de um ato criminoso, no qual assassinou a uma família, que ficou conhecido como “O Massacre de Benavidez”, pelos quais foi condenado e esteve preso. A ficha corrida desse homem traz também sua participação nos “levantes carapintadas” ocorridos nos anos 80, entre outras coisas. Atualmente, até a sua detenção na última sexta-feira, trabalhava como empresário de uma empresa de segurança privada, sendo “dono” da empresa Lince Seguridad”.

Na entrevista, Colombo assinalou que, apesar de estar divorciada e de não guardar vínculo com Gallo, antes de ir às Avós da Praça de Maio ela o chamou para que lhe dizer que “Ramiro” estava duvidando de sua identidade. Casualmente, depois disso Francisco sofreu dois incidentes que vinculou às circunstâncias de que Gallo tinha se inteirado da busca iniciada.

O relato de Francisco e de Colombo fazia com que se suspeitasse de que se tratava de um filho de desaparecidos, pelo que, de imediato solicitaram à Comissão Nacional pelo Direito à Identidade (CONADI) que lhes concedessem uma agenda para a realização do exame de DNA. No dia seguinte, 4 de fevereiro, Francisco foi ao Banco Nacional de Dados Genéticos para deixar as primeiras mostras que lhe devolveram sua verdadeira identidade.

O Encontro

Na quarta-feira, 17 de fevereiro, a juíza Sandra Arroyo, do Juizado Federal N° 1 de San Isidro, chamou a Associação para que comunicasse ao secretário da instituição que tinham encontrado seu filho. Abel não se encontrava na capital, de modo que fomos atrás dele para contar-lhe; neste mesmo dia companheiros e pessoas queridas o esperavam na sede das Avós para abraçá-lo e acompanhá-lo neste momento que ele esperou por mais de 30 anos. Enquanto isso, Francisco se encontrava com integrantes das Avós, com quem desde que se aproximou da organização esteve em contato, para contê-lo e acompanhá-lo. Nesse momento, comunicaram-lhes o resultado e Francisco quis conhecer seu pai nas Avós.

Desde então, pai e ilho não deixam de estar juntos, compensando os anos roubados de vida e emocionando a todos os que participaram dessa luta. “Não podiam”, disse Francisco quando abraçou seu pai pela primeira vez. Esse é o ensinamento que nos traz cada restituição e nos enche de energia e esperanças para encontrar a todos os que faltam”.
Tradução: Katarina Peixoto

Carta Maior 

"Quem estudar nosso país pelos arquivos do Jornal Nacional nem vai saber que houve uma ditadura militar."



O que mais a Globo esconde?

Inúmeros colegas da imprensa já deram o recado: a audiência dos Jogos Olímpicos de Inverno foi surpreendente. Quem achava que a Record ia entrar numa fria se deu mal.

O povo não é bobo. É capaz de ligar seu televisor para conhecer e se encantar com novidades. O brasileiro é curioso e tem bom gosto. Não é o estúpido que alguns barões da mídia acham.

O que me interessa discutir aqui não são as estranhas regras do curling ou do skeleton, mas as entranhas de outro jogo. O de esconde-esconde. Não aquele da infância de todos nós. Mas a brincadeira que a Globo faz com seus telespectadores.

A Velha Senhora detinha os direitos de transmissão dos Jogos de Inverno há anos. Mas o escondeu de todos nós. Pagou para não exibir. Nem deixar que outros exibissem. Encastelada no Jardim Botânico, decidiu o que uma nação gostaria ou não de acompanhar. Talvez porque nos julgue estúpidos demais.

Mas tão estúpidos que a Globo resolveu simplesmente ignorar os Jogos de Vancouver. Não deram um segundo sequer sobre esse fenômeno que tomou conta das nossas telinhas. Esconderam de novo! Em resposta ao Estadão, que no último dia 19 publicou a pergunta óbvia (por que vocês não falaram dos Jogos de Inverno?), veio a arrogância.

Descreve o jornal: “a emissora alega que não falou sobre o evento porque não viu fato ‘relevante’ (um competidor morreu em uma prova), não possui os direitos de transmissão – que foram da Globo até 2006 e agora são da Record – e porque não possui ninguém de sua equipe lá cobrindo. Opa: e a turma do Sportv?”, conclui a colunista Keila Gimenez.

Traduzindo: em 2006 foram realizados os Jogos de Inverno de Turim, na Itália. Lembra? Não, ninguém pode lembrar, só os executivos mestres globais.

A morte do atleta georgiano, no luge, foi tão irrelevante que a imprensa mundial noticiou. Sobre a turma do Sportv, eles são da Globo, estão lá, dividem a cobertura de inúmeros outros eventos, vivem usando microfone com o logotipo das duas emissoras, mas neste caso… e agências de notícias? Coitada, a Globo não deve assinar nenhuma delas.

Esse esconderijo platinado é bem amplo, nele cabe um montão de coisas. Nesse esconde-esconde, ficamos sem ver as Diretas Já. Esconderam mais de um milhão de pessoas no comício do Anhangabaú. O Lula só apareceu quando virou presidente da República. Aí não dava mais pra esconder.

Leonel Brizola e Luís Carlos Prestes não tiveram a mesma sorte. Sumiram.

Precisaram morrer para aparecer. Aí já era tarde. Só de uma coisa eu não reclamo. A Glória Maria pode continuar escondida.

A Globo, pensando bem, escondeu o quanto pode a história do Brasil. Quem estudar nosso país pelos arquivos do Jornal Nacional nem vai saber que houve uma ditadura militar.

Por isso, temos que torcer para que a concorrência aumente. Para que não haja líder absoluto, concentração de poder, esconderijos.

Aí, sim, a Velha Senhora vai ter que se esconder. De vergonha

É preciso seguir em frente Brasil, agora com Dilma

Declaraciones de Lula en La Habana

Um governador que não respeita os seus mestres deve ser reprovado.


Quando os tucanos culpam o professor pelos resultados ruins, devem estar falando deste aqui

Blog Leituras do Favre.

Com Lula Dilma avança para consolidar Brasil soberano.

Dilma empata com Serra, diz Datafolha


Pesquisa Datafolha publicada na edição de domingo da Folha, mostra que a ministra petista Dilma Rousseff (Casa Civil) cresceu cinco pontos nas pesquisas de intenção de voto de dezembro para janeiro, atingindo 28%.

No mesmo período, a taxa de intenção de voto no governador de São Paulo, José Serra (PSDB), recuou de 37% para 32%.

Com isso, a diferença entre os dois pré-candidatos recuou de 14 pontos para 4 pontos de dezembro para cá.

A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. No entanto, é impreciso dizer que o levantamento indica um empate técnico entre Serra e Dilma.

A pesquisa foi realizada entre os dias 24 e 25 de fevereiro. Foram ouvidas 2.623 pessoas com maiores de 16 anos.A pesquisa será divulgada amanhã pelo Datafolha

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

7 Anos em 7 Minutos


Quinto programa da série 7 Anos em 7 Minutos, em que ministros do governo Lula relatam as principais realizações de suas pastas nos últimos 7 anos. O ministro da Pesca e Aquicultura, Altemir Gregol.

A espera de um milagre.

Paulo Henrique Amorim: Serra achou que ia esconder os pobres debaixo do tapete do PiG (*)

Paulo Henrique Amorim:  Serra achou que ia esconder os pobres debaixo do tapete do PiG (*)

O PiG(*) não jogou o bote para evitar o afogamento do Serra no Jardim Romano 


Nassif observa que Zé Alagão não entende mais o que acontece no Brasil.

E pensou que ia governar o Brasil de 2002.

Aí, este modesto blogueiro acredita que, por um mecanismo patológico, Zé Alagão achou que tinha sido eleito em 2002 e que o Brasil congelaria, à espera dele em 2010.

O Brasil que ele herdaria do desastroso Governo do FHC estaria à espera de sua salvadora intervenção.

Voltamos ao Nassif.

Serra não percebeu que a agenda tinha mudado.

Que a questão central não era mais a estabilidade: era a desigualdade social.

Por isso, acha este modesto blogueiro, Zé Alagão foi incapaz de realizar uma única política dirigida ao combate da gritante desigualdade social de São Paulo.

Zé Alagão acreditou no que dizia.

O problema eram a política monetária e o câmbio.

O que já não fazia mais sentido em 2010.

E por que o Zé Alagão menosprezou a questão da desigualdade de renda ?

Este modesto blogueiro sugeriria ao Nassif meditar sobre o seguinte: Serra achou que poderia esconder a miséria embaixo do tapete do PiG (*).

Serra é do tempo em que bastavam três telefonemas para controlar o PiG (*).

Para o Dr Roberto, para o seu Frias, e para o Ruy Mesquita.

(O Robert(o) Civita vinha no bolo.)

Com isso, ele controlava a Globo, a Folha e o Estadão e suas agências de notícias.

E calava o Brasil.

Quer dizer, em quinze minutos ele “alinhava” o PiG (*).

O PiG (*) não vai ao Jardim Romano, a Heliópolis, a Paraisópolis, ao Itaim Paulista, a São Miguel Paulista.

O PiG (*) mal cobre a rua Augusta, da Avenida Paulista para baixo.

O Conversa Afiada sempre disse que, sem o PiG (*), esses tucanos paulistas não passavam de Resende.

A pobreza de São Paulo está nos extremos geográficos da cidade.

E a elite branca – e separatista – de São Paulo ignora os extremos, porque quem mora lá são nordestinos.

E a maioria não vota em São Paulo.

O Zé Alagão achou que controlava a miséria de São Paulo com os telefonemas e podia se concentrar na tarefa superior de assumir a Presidência devida.

Serra não governa São Paulo, como não governou a Prefeitura.

Ele é o chefe da campanha que lhe dará posse em 2010.


Veja que nessa reunião para explicar o aumento (?) de salário do funcionalismo, ele demonstra irritação, enfado, e não consegue dar uma resposta: passa as perguntas aos subordinados.

(E toma água num copo vazio … Bem que a Yvete tinha razão: falta-lhe um anabolizante.)

Ele entende é de câmbio …

Zé Alagão não tomou conhecimento do Governo Lula.

Para ele, não aconteceu nada entre 2002 e 2010.

Por isso, não tem nada a declarar sobre os assuntos que, hoje, interessam aos brasileiros.

O “engenheiro competente” não percebeu, por exemplo, que a classe “C” já é a maioria da população.

E que a classe “C” tem acesso à internet.

Ele se preparou para tomar o lugar do Fernando Henrique, quando o Google não existia.

Ele ia sentar na cadeira com os jurássicos da mídia de antanho: o Dr Roberto, o seu Frias e o Ruy.

O Robert(o) entraria de penetra.

Bye-bye Serra 2010.

Paulo Henrique Amorim


Dilma, no Congresso do PT: Vamos governar para todos e combater as desigualdades

Independência: Líderes planejam novo organismo regional, sem EUA


A 2ª Cúpula da Unidade da América Latina e do Caribe, que reúne 33 países em Cancun (Caribe mexicano), começou nesta segunda-feira (22) com uma participação histórica de líderes e com o objetivo principal de consolidar a integração regional e avançar na construção de uma nova organização multilateral do continente sem a presença dos Estados Unidos e do Canadá.
Diante de 25 chefes de Estado da região, o presidente do México, Felipe Calderón, defendeu em seu discurso de abertura avanços no "sonho" dos libertadores da América Latina de ter um continente unido, orgulhoso de suas raízes comuns.

"Não podemos permanecer desunidos e avançar no futuro com base em nossas diferenças", afirmou o presidente. Para ele, o necessário nesses momentos é se unir sem pensar no que divide os países, mas levando em conta as "amplas convergências", que são "muito maiores" que as diferenças.

Calderón lembrou que, quando todos estiveram unidos "frente a outras nações e a muitas adversidades", puderam sair adiante, enquanto quando ocorreu o contrário "perdemos todos". Segundo ele, "devemos fortalecer o diálogo político mais que nunca, para alcançar a compreensão, acertar os esquemas de cooperação. Creio que temos a história, os valores, a capacidade e a vontade política para conquistar isso"

"Acho que nosso desafio não é um assunto de esquerda ou de direita, nem de ideologia ou de doutrinas", disse Calderón, mas uma "distinção entre passado e futuro", com valores comuns de democracia, justiça e liberdade.

O presidente mexicano também falou do Haiti, a cujo presidente, René Préval, lembrou que a causa haitiana "é a causa de todos os países da região".


Nova entidade regional

A cúpula começa com o objetivo claro de criar uma nova entidade, paralela à Organização dos Estados Americanos (OEA), que inclua todos od países da região, exceto Estados Unidos e canadá. Ainda que não estejam definidos ainda detalhes desse novo organismo, sua função será gerar o diálogo em mais alto nível entre presidentes de toda a América Latina e Caribe.

Neste sentido, os chanceleres do Grupo do Rio se reuniram neste fim de semana e elaboraram uma proposta, prevendo que o mecanismo regional abordaria inclusive temas de defesa e que começaria a ser implementado a partir de 2011.

"Necessitamos de uma organização específica, um espaço nosso, americano. Por isso vim apoiar esta ideia", disse o presidente da Venezuela Hugo Chávez. Diversos líderes ressaltaram que a América Latina está "madura" o suficiente para dar este passo.

A criação do organismo, que serviria para unificar a voz da América Latina frente a outros grupos regionais, se iniciaria em junho do ano que vem em caracas, uma vez que sejam definidas a estrutura e os objetivos do mesmo. os chanceleres apresentarão nesta segunda esta ideia aos presidentes.

"Esta discussão já está avançada e falta apenas os presidentes tomarem uma decisão sobre o texto", disse o chanceler do Equador, Ricardo Patiño. para ele, os mecanismos regionais até então existentes são "experiências relativamente parciais".

Com a ausência de Honduras, que não foi convidada à cúpula por continuar fora da Organização dos Estados Americanos (OEA), os 32 países participantes também estudarão hoje e amanhã a ajuda ao Haiti, o protesto da Argentina perante o Reino Unido pela exploração de petróleo nas Malvinas, o bloquei a Cuba, entre outros assuntos.

Com Telesur