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domingo, 31 de janeiro de 2010

Por que a mídia brasileira esconde o fato político da semana que se encerra?

Por que a pesquisa Vox Populi só foi divulgada na sexta-feira?

A pesquisa Vox Popoli / TV Bandeirantes, foi registrada no TSE para poder ser divulgada na segunda-feira, e chegou a ser anunciada que seria divulgada naquele dia. Mas só foi ao ar na sexta.

Se a pesquisa fosse boa para Serra teria sido publicada na segunda, detalhada na terça, republicada na quarta, comentada na quinta e analisada na sexta, seria notícia nas revistas do fim de semana, etc...

Mas a pesquisa foi devastadora para Serra, principalmente se comparando com a pesquisa anterior de Dezembro/2009, pois em apenas 1 mês:

- A diferença entre os candidatos caiu de 22% para 7%
- Dilma tirou 15% de diferença para Serra em apenas um mês
- Dilma subiu 10% em apenas um mês
- Serra caiu 5%

Então a pesquisa foi muito ruim para Serra. Por isso ela ficou na geladeira, aguardando para ser publicada apenas na sexta-feira, quando as edições das revistas semanais já estavam fechadas, e não se fala mais nisso (lá nos canais do PIG).

A escolha de sexta-feira não é a toa. O motivo tem tudo a ver com a nota "José Serra só permite à Globo divulgar sua corrupção às sextas-feiras", que publicamos aqui em 2008.

Notícias ruins para governador tucano de São Paulo, quando torna-se impossível abafá-las, tem dia preferencial da semana para veiculação, tal qual anúncios programados.

É sempre às sextas-feiras.

O SERRAcard, com mais de uma semana de atraso, foi noticiado numa sexta-feira.

A ALSTOM também (com um mês de atraso).

Deve fazer parte do contrato entre José Serra e as TVs do PIG.

Geralmente os telejornais fazem uma matéria na sexta e, em seguida, abafa o assunto.

Muita gente na sexta-feira está mais interessada em diversão do que no noticiário sério, minimizando o impacto.

O fim de semana também cuida de esfriar o assunto. Uma notícia na segunda-feira, rende a semana inteira. As pessoas conversam no trabalho, há discursos no Congresso, pronunciamento de fulano e ciclano, etc.

Quando divulgada na sexta, até chegar a segunda-feira, já tem muito assunto novo, até mesmo os jogos de futebol no fim de semana, para esfriar o impacto.

Azenha denuncia manipulação do noticiário em ano eleitoral

Quando o repórter Rodrigo Vianna escreveu uma carta denunciando a manipulação grosseira do noticiário da TV Globo em ano eleitoral (2006), enfim ouviu-se uma voz "de dentro" da emissora, de alguem diretamente envolvido com os acontecimentos. Não foi a única.

Por Luiz Carlos Azenha, no Vi o Mundo

O Rodrigo "representou" um grupo de profissionais, alguns dos quais continuam na emissora, que não se conformaram com os métodos manipuladores de Ali Kamel, novos no sentido de serem mais sofisticados, mais difíceis de perceber, novos por envolverem não só o noticiário, mas também programas de entretenimento da emissora.

Conforme denunciou Marco Aurélio Mello, ex-editor de Economia do Jornal Nacional em São Paulo, no período eleitoral de 2006 a Globo "tirou o pé" das reportagens econômicas produzidas em São Paulo. Supostamente, elas beneficiariam o candidato Lula, já que a economia brasileira ia bem.

Por outro lado, a emissora tratou de concentrar os seus recursos econômicos e profissionais na cobertura de assuntos e escândalos que poderiam desgastar o candidato Lula, escondendo assuntos que poderiam afetar a oposição. De repente, como que caído do céu, o comentarista Alexandre Garcia passou a pontificar no programa de Ana Maria Braga, dentre outros episódios que caracterizaram a tentativa de manipulação do eleitorado.

Desde 2006, a série sobre a Revista Veja, de autoria do blogueiro Luís Nassif, demonstrou claramente como o Jornalismo da Abril foi colocado a serviço de certos interesses.

E Paulo Henrique Amorim, na tradição sarcástica do jornalismo carioca, popularizou a expressão PIG para abarcar um conjunto de ações movidas pela mídia brasileira contra interesses populares, denunciando também a relação carnal entre o PSDB e os donos dos mais importantes grupos de mídia do país, notadamente as Organizações Globo, a Abril, a Folha e o Estadão.

Os últimos dias tem sido pródigos em exemplos de que o que aconteceu em 2006 e nas "crises" subsequentes -- da epidemia de febre amarela ao caos aéreo -- está se repetindo em 2010.

Uma pesquisa do Vox Populi, demonstrando que em algumas semanas a candidata governista Dilma Rousseff subiu 9 pontos nas preferências do eleitorado, enquanto o candidato José Serra caiu 5 pontos, teve a sua divulgação adiada por uma semana pela empresa que comprou o levantamento -- a Rede Bandeirantes --, provavelmente para que a notícia, dada na noite de sexta-feira, "coincidisse" com um fim-de-semana, quando cai a leitura de jornais, a audiência de telejornais e o público dos blogs.

Na divulgação da pesquisa, a emissora não apresentou um gráfico comparativo com as pesquisas anteriores, demonstrando que a candidata governista está em ascensão, enquanto José Serra está em queda:

vox_populi.jpg

Distorções na forma e na apresentação dos dados de pesquisas eleitorais são preocupantes, uma vez que as três principais empresas pesquisadoras do país fornecem seus resultados a grupos de mídia comprometidos com o candidato Serra: Datafolha, Vox Populi (TV Bandeirantes) e Ibope. O presidente deste último, aliás, deu entrevista prevendo a vitória do candidato Serra em 2010.

Muito embora se possa atribuir à "identidade ideológica" o comportamento partidarizado de grupos de mídia que se apresentam como "neutros" na disputa eleitoral, o Jornalismo ainda nos deve uma investigação sobre se existe ou não uma ação organizada para "escolher" escândalos a serem repercutidos ou notícias a serem escondidos. Nesse sentido, o depoimento de Rodrigo Vianna e de outros profissionais da TV Globo continuam sendo únicos.

A diferença, em relação a 2006, é que agora algumas dezenas de milhares de brasileiros já estão treinados em identificar manipulações, distorções, omissões e falsidades midiáticas, um trabalho antes exclusivo de estudiosos do ramo. Trata-se, pois, de um avanço notável, cujo impacto se multiplica com a expansão do público da blogosfera.


Quando o lixo e e água se encontram de um lado, de outro uma fatia considerável do orçamento público vai para a publicidade em São Paulo.

O que todo paulista e paulistano precisa saber sobre onde Serra e Kassab investem o dinheiro público

Comentário: Desde a derrota de 2002 que Serra está em campanha para eleição presidencial. Veja que os gastos do orçamento em publicidade é muito grande, enquanto o povo está literalmente na merda. Estou agora novamente assistindo o Canal Livre, onde entrevistadores e entrevistado procuram ocultar o nome do Serra como o grande incompetente nesta história toda.

A cidade de São Paulo está parada, literalmente parada pela incompetência de 20 longos anos de alternância de governos demo-tucanos.

Até que o que entrevistado diz que os problemas de São Paulo se referem à falta de gestão pública, mas o nome demo-tucano, não aparece.

Se fosse gestão petista, certamente o nome do gestor estava aparecendo nas falas de entrevistados e entrevistadores.

Leia abaixo e tire as suas conclusões.

Sem assumir candidatura, Serra investe em publicidade e tenta nacionalizar sua gestão

Comedido no discurso e ágil na propaganda
Flávio Freire – O Globo

Por mais que evite assumir a candidatura à Presidência da República, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), não tem poupado energia — e propaganda — neste período de pré-campanha com contornos eleitorais bem definidos. Se nos últimos dois meses o tucano posou em retroescavadeira para inaugurar canteiros de obra e acelerou a entrega de apartamentos populares, a campanha tucana começou muito antes e com a indisfarçável tarefa de nacionalizar o governo paulista.

Começava o ano de 2009 quando, numa estratégia de marketing, o setor de comunicação do governo paulista decidiu apresentar aos eleitores do Acre e do Paraná o trabalho da Sabesp, estatal responsável pelo saneamento básico que atua exclusivamente em território paulista. Com o Rodoanel, um dos carros chefes do governo, o roteiro foi o mesmo, e as imagens de enormes viadutos invadiram televisores até na Paraíba. Resultado: o PT questionou o Ministério Público sobre a propaganda, que deixou de ser veiculada.

— O governador José Serra vai apostar todas as suas fichas no currículo de gestor, por isso ele lançou essa ofensiva publicitária. Ele vai querer mostrar que funciona administrativamente — analisa o cientista político Rubens Figueiredo. — O problema é que esse tipo de estratégia sempre vai dar margens para críticas da oposição.

Refratário à ideia de que deve lançar seu nome em contraponto à candidatura governista, Serra preferiu reforçar sua agenda a declarar que é o nome do PSDB na disputa. Os compromissos oficiais parecem ter inflado nos últimos dois meses. Ele mesmo disse dias atrás que pretendia trabalhar “como nunca” neste início do ano.

Alguns palanques depois, afirmou que seu governo “fez tanto que não dá para inaugurar tudo”.

Nesse compasso, o governador paulista não para de ir para a rua.

Nesta última semana, acordou cedo para despachos internos, antes de uma série de inaugurações. Anunciou a entrega de 15 novos postos do Banco do Povo (foram apenas duas agências nos três primeiros anos do governo) e ainda 325 apartamentos da CDHU em Itanhaém, no litoral paulista. Antes, Serra também esteve em Atibaia e São Bernardo do Campo, onde participou da cerimônia de entrega de chaves de moradias populares.

Os eventos são marcados por um grande aparato, muitas vezes contando até com apresentadores que distraem a plateia.

Na virada do ano, o governador paulista deu uma de suas maiores tacadas, num claro sinal de que a intenção de concorrer à Presidência não é assunto assim tão improvável.

Com investimento de R$ 50 milhões, encomendou sete peças publicitárias que enalteciam algumas de suas principais obras, como a calha do Rio Tietê, o Rodoanel e a linha 4 do Metrô.

Obra do metrô: menina dos olhos do tucano As obras do Metrô parecem a menina dos olhos do tucano. No último dia 17, Serra pôs capacete e assumiu uma retroescavadeira como símbolo da inauguração do canteiro de obras da futura estação Adolfo Pinheiro, prevista para ser entregue à população apenas em 2012.

Ainda assim, o pré-candidato tem preferido dizer que, ao contrário dos demais políticos, os tucanos são conhecidos por não fazer propaganda de suas gestões. Em evento recente, quando anunciou R$ 250 milhões para pequenas obras nas escolas estaduais, antes do início das aulas, disse que o PSDB não tem por hábito fazer propaganda de suas administrações.

— Tucano é nota 100 em matéria de esconder as coisas — dissera ele, que entregava naquele mesmo instante material escolar com o logotipo do governo paulista

Infográfico da revista Época: gastos comparativos da União, do governo Serra e da prefeitura de Kassab com publicidade 

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O sucesso do biodiesel no Brasil

Autor(es): Miguel Soldatelli Rossetto
Jornal do Brasil - 29/01/2010

Janeiro de 2010 traz uma novidade para o setor energético brasileiro: o nosso país acaba de se tornar o segundo maior produtor de biodiesel do mundo. Tudo isso em consequência da decisão do governo federal de antecipar em três anos a meta de 5% na mistura de biodiesel (B5) com o diesel mineral. Apenas no último leilão – ocorrido no Rio de Janeiro em novembro do ano passado – a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) comercializou 575 milhões de litros de biodiesel, que serão misturados e distribuídos em toda a rede nacional de postos de combustíveis, que abastecerão a frota brasileira nos primeiros três meses do ano.

Nas 53 usinas em operação no país, já foram produzidos 4,6 bilhões de litros de biodiesel, com sustentabilidade econômica e ambiental, com geração de emprego e renda tanto no campo como na cidade, pois o programa ampliou o mercado agrícola aumentando a renda de produtores – incluindo agricultores familiares e assentados da reforma agrária –, estimulou a indústria nacional de produção de equipamentos e melhorou a matriz energética brasileira com grandes ganhos ambientais.

A participação do biodiesel na matriz energética brasileira foi iniciativa do presidente Lula que encaminhou o projeto aprovado pelo Congresso Nacional em 2005. O programa sempre teve como objetivo estratégico a diversificação das matérias-primas, estimulando as vocações e os mercados agrícolas de todo o país, a construção de pólos econômicos regionais a partir das usinas de biodiesel, bem como um forte estímulo ao desenvolvimento regional e social, através da incorporação de milhares de produtores, incluindo os agricultores familiares e os assentados da reforma agrária. O resultado é que foi organizada uma nova atividade produtiva no país e entramos no século XXI com uma matriz energética mais renovável. O sucesso deste programa o torna hoje uma referência mundial na agenda de biocombustíveis.

O programa também vem estimulando uma transição do óleo de soja como matéria-prima predominante – 80% da produção de biodiesel – para uma matriz diversificada. Para isso, estão sendo feitos investimentos em tecnologia agrícola, para o desenvolvimento de novas oleaginosas e aumento de produtividade nas já conhecidas, buscando, a partir desse novo conhecimento, aproveitar, dentro de um conceito de sustentabilidade ambiental, as áreas disponíveis, em especial, no semi-árido brasileiro. Já produzimos em nossas usinas da Petrobras Biocombustível biodiesel especificado a partir do óleo de mamona e do óleo de girassol.

Para estimular a participação de milhares de agricultores, o programa brasileiro instituiu ainda o “Selo combustível social” que identifica o compromisso de empresas produtoras com a aquisição de um percentual mínimo de matéria-prima para a agricultura familiar. Para exemplificar, somente a Petrobras Biocombustível possui, neste momento, 55 mil contratos firmados com agricultores e cooperativas.

O programa brasileiro de biodiesel iniciou bem. Há um enorme trabalho a ser realizado a partir do que já foi conquistado: evitar a concentração geográfica das usinas, estimular a diversificação de matérias-primas, apostando na criação de mercados agrícolas regionais, e ampliar a presença da agricultura familiar no programa. O B5 consolida o programa brasileiro e abre enormes possibilidades de expansão dos biocombustíveis bem como da indústria oleoquímica, produzindo crescimento econômico, desenvolvimento regional e social.

Entramos em 2010 com mais petróleo e mais combustível renovável – pré-sal, biodiesel e etanol. Dispomos hoje de oferta de energia para sustentar o desenvolvimento do país e exportar excedentes. O Brasil dispõe de uma condição energética extraordinária em um período de transição mundial onde as exigências de sustentabilidade ambiental são imprescindíveis para o mundo do século XXI. A nossa vanguarda recém-conquistada neste cenário não foi por acaso. É fruto de trabalho, competência e inovação do povo brasileiro associada à seriedade e ousadia do governo federal.

Para entender melhor a incompetência demo-tucana em São Paulo



"Arrecadação de impostos em São Paulo cresceu 3,6% em 2009 atingindo R$ 23 bilhões; investimentos, porém, foram reduzidos em 18%. Só a verba para prevenção a enchentes caiu 13%."
(Estadão e o modo demotucano de arrecadar e gastar; 29-01)


Indicadores de 2009 mostram por que o mundo se enamorou do Brasil, e apontam o caminho para 2011


Melhor que a China
Brasil S.A - Antônio Machado
Correio Braziliense - 29/01/2010

Indicadores de 2009 mostram por que o mundo se enamorou do Brasil, e apontam o caminho para 2011

Já conhecidos os indicadores relevantes sobre produção, consumo, emprego e renda, constatam-se os motivos de o mundo flertar com o país: a economia atravessou praticamente incólume o ano da grande crise global, considerada a maior desde a extraordinária depressão da década de 1930. É possível até que o país tenha saído da crise com menos danos que a China, o maior fenômeno do supercrescimento.

A média de desemprego em 2009, 8,1% da população economicamente ativa (PEA), praticamente empatou com a de 2008, de 7,9%, que já havia sido a menor da série histórica da pesquisa do IBGE. Não é um dado banal. O emprego é o primeiro a sofrer nas recessões.

Nos EUA, epicentro da crise iniciada em meados de 2007 e agravada depois de setembro de 2008 pela quebra do Banco Lehman Brothers, a recessão está amainando. Mas as demissões continuam, como enchente rio abaixo em céu azul repercutindo a tromba d’água na cabeceira.

Aqui, o desemprego não só ficou estável entre um ano e outro como a criação de empregos líquidos chegou a quase 1 milhão. A taxa de desemprego não foi menor que a de 2008 por que cresceu a população que saiu do desalento e voltou a procurar emprego — tendência que deve ampliar-se este ano, segundo a consultoria LCA, e mascarar o dado de forte aumento da oferta de empregos medido sobre a PEA.

O rendimento médio habitualmente recebido registrou aumento real de 3,2%, desacelerando pouco em relação ao crescimento de 3,4% em 2008, como destaca o departamento econômico do Bradesco.

A massa salarial, como resultado do desemprego menor e rendimento salarial maior, cresceu 4% em 2009, abaixo da expansão de 7,8% em 2008, mas muito bom para um ano anunciado pelos analistas como de caos e em que as manchetes trombeteavam uma recessão terrível.

Não nesta coluna. Desde janeiro do ano passado, nadando contra a corrente, dizíamos que o pior ficara contido pela queda abrupta do crédito entre setembro e dezembro de 2008, colapsando sobretudo as exportações. As indústrias mofaram com estoques, e piscaram.

A Fazenda e o Banco Central agiram rápido. O primeiro, com as desonerações de IPI para ativar o mercado doméstico. O segundo, com ações para recompor o crédito ao consumo e o financiamento à exportação, ambos travados pela banca devido ao pânico pela quebra do Lehman Brothers. O resultado veio logo. Só tropeçaram no setor industrial as empresas que especulavam com derivativos cambiais.

Quase tudo deu certo

Alguma crise, independentemente de Wall Street ter ido à lona, se antevia no Brasil, no primeiro semestre de 2008, quando o ritmo do consumo evoluía muito acima do da produção, como agora, sem que no governo se visse cautela com a trajetória fortemente expansionista do gasto fiscal, sobretudo em aumentos salariais do funcionalismo.

Apenas do BNDES, linha de frente do investimento para expandir a oferta física de bens industriais e de serviços de infraestrutura, saíam alertas sobre tal descompasso, assim como do Banco Central — pelotão avançado da macroeconomia que age para prevenir as crises de excessos monitorando os preços. No fim deu tudo quase certo.

A vez do investimento

A crise forçou os ajustes. O BC pôde trazer a Selic ao seu menor nível desde sua criação, 8,75% ao ano, noutro forte estímulo para a vazão do crédito, e o BNDES teve ajuda do Tesouro para manter e reforçar o suporte aos investimentos privados e públicos.

Os desembolsos do BNDES, assim, bateram recorde em 2009, indo a R$ 137,4 bilhões, 49% mais que em 2008. Seu presidente, Luciano Coutinho, diz que virou a página da crise. “Agora, o que importa é o ritmo que teremos em 2010 e 2011”, diz. A taxa de investimentos sobre o PIB, segundo ele, deve ter fechado 2009 em 16,9%. Em 2010 ele projeta 18,6% do PIB, contra 21% que previa antes da crise.

E beba com moderação

A diferença entre o esforço do investimento sobre o PIB requerido para a economia crescer e criar empregos sem inflação e deficits externos, alguma coisa acima de 21% a 23% por anos a fio, e o que se terá, 18,6%, condiciona o projeto econômico do novo governo.

O movimento do consumo parece adequado, como atesta o desempenho em 2009 da cervejinha — indicador informal para a sensação de bem estar da sociedade. As vendas bateram em 7,7 bilhões de litros, 5,9% mais que em 2008. Agora, deve-se cuidar da produção geral da indústria para que o emprego e os salários continuem crescendo com estabilidade, garantia para que o consumo, que este ano dará outro salto, não capote em 2011. É o sábio conselho: beba com moderação.

De xodó a problema

E a China? De xodó dos investidores pode virar um problema. Seu plano anticíclico, da ordem de 14% do PIB, contra menos de 2% no Brasil, desembestou o crescimento num país que põe o que ganha em Tbills (títulos do Tesouro dos EUA), investe demais o que poupa e gasta pouco. Aqui é o oposto. Pequim exagerou. Assustado com os sinais de superbolhas na bolsa, com imóveis, tenta, desesperadamente, frear a economia.

Eles têm de baixar o investimento e expandir o consumo interno, o contrário da receita aviada para o Brasil: não atiçar a demanda já aquecida para que a Selic não voe como ave de mau agouro e espante o investimento. Brasil está melhor, se segurar o gasto público.

Uma leitura para a eleição plebiscitária de 2010.

VEJA E COMPARE "FHC X LULA" ABRA O OLHO E NÃO VOTE ERRADO EM 2010 TEM QUE SER "DILMA SIM".


Saiu no Economist, de Londres.

Veja o que "The Economist" publicou:

Situação do Brasil Nos tempos de FHC e Nos tempos de LULA

antes e depois.

Risco Brasil -FHC-2.700 pontos

LULA- 200 pontos

Salário Mínimo FHC- 78 dólares

LULA- 210 dólares

Dólar FHC- Rs$ 3,00

-LULA- Rs$ 1,78.

Dívida FMI FHC- Não mexeu

LULA- Pagou .

Indústria naval - FHC- Não mexeu

LULA- Reconstruiu.

Universidades Federais -FHC- Nenhuma

- LULA- 10 .

Novas

Extensões - FHC- Nenhuma

- LULA- 45

Universitárias

Escolas Técnicas FHC- Nenhuma

LULA- 214

Valores e Reservas do Tesouro Nacional

FHC- 185 Bilhões de Dólares negativos

- LULA- 160 Bilhões de Dólares positivos.

Créditos para o povo/PIB FHC- 14%

LULA -34%

Estradas de Ferro -FHC- Nenhuma

-LULA- 3 em andamento

Estradas Rodoviárias - -FHC- 90% danificadas

-LULA- 70% recuperadas

Industria - FHC- Em baixa, 20%

- LULA- Em alta, 30% Automobilística .

Crises internacionais - FHC- 4, arrasando o país

-LULA- Nenhuma, pelas reservas acumuladas

Cambio - FHC- Fixo, estourando o LULA- Flutuante: com ligeiras

Tesouro Nacional intervenções do Banco Central

Taxas de Juros SELIC - FHC- 27%

LULA- 11%

Mobilidade Social

FHC- 2 milhões de pessoas saíram da linha de pobreza.

LULA- 23 milhões de pessoas saíram da linha de pobreza

Empregos FHC- 780 mil

LULA- 11 milhões

Investimentos em - FHC- Nenhum

- LULA- 504 Bilhões de reais

infra-estrutura previstos até 2010.

Mercado internacional l-FHC- Brasil sem crédito

- LULA- Brasil reconhecido como

investimento grade e hoje todos podem ter um computador,carro,casa etc.

ELE É OU NÃO É O CARA

Obs: O MELHOR presidente dos tempos modernos do Brasil ,aliou competência com sabedoria e bondade para com o POVO sofrido, é LULA SIMMMMMMMMMMMMMMMMMM e DILMA EM 2010 para continuar o melhor governo de todos os tempos.

Enviado por e-mail pelo amigo:

JOÃO TAUIL GASPAR FILHO(JOÃO FILHO)

Os empregos que o governo Lula criou

A geração de novos empregos talvez seja um dos indicadores mais importantes, se não for o mais importante, do desempenho de um governo.
O emprego é o motor da economia, pois, de um lado, revela muito sobre como estão os setores de comércio, indústria e serviços de um país e, de outro lado, mostra que o dinheiro está chegando às mãos dos cidadãos, estimulando o consumo e fechando o ciclo virtuoso.
Em resumo, é indicador de que a economia está girando e crescendo. Emprego em alta significa investimentos públicos e privados maiores. No Brasil, representa também a reorganização do serviço público como um todo, envolvendo Saúde, Educação, Segurança e Justiça.
Não por outra razão a questão do desemprego tem sido preocupação constante no mundo, especialmente após o estouro da bolha imobiliária dos EUA, que sacramentou a maior crise econômica internacional desde 1929.
Nesta semana, em seu relatório “Tendências Mundiais do Emprego”, a OIT (Organização Internacional do Trabalho), braço das Nações Unidas, informou que o índice de desemprego na população economicamente ativa foi de 6,6% em 2009.
São 212 milhões de desempregados, um recorde desde que o estudo foi iniciado. Segundo a OIT, desde o despontar da crise, em 2007, até o ano passado, foram 34 milhões de desempregados a mais ao redor do globo.
Para 2010, a perspectiva não é animadora: estima-se em 7% a taxa de desemprego mundial, ou mais 16 milhões de pessoas.
Os dados confirmam também que o cenário brasileiro é, de fato, diferenciado. Exemplo de enfrentamento da crise econômica, o Brasil conseguiu criar novos postos de trabalho com carteira assinada em 2009, destoando do restante do planeta.
As medidas adotadas pelo governo Lula foram responsáveis por evitar o desaquecimento da economia e levar à criação de quase 1 milhão de empregos (995.110, dados do Caged).
O cenário positivo vale também para 2010. A previsão do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, é de geração de 100 mil novos empregos em janeiro e de 2 milhões até o final do ano.
A expectativa positiva se sustenta por conta dos impactos na economia local dos programas sociais, do aumento real do salário mínimo e dos benefícios da Previdência, além da reorganização dos serviços públicos.
Certamente os resultados de geração de emprego ao longo de seus dois mandatos pesaram na escolha de vários veículos de comunicação europeus e norte-americanos do presidente Lula como a personalidade de 2009.
Pesaram também na escolha de Lula para o prêmio “Personalidade Global” —o equivalente a estadista do ano— no Fórum Econômico Mundial de Davos (Suíça).
Em texto publicado na Folha de S.Paulo, sob o título “Os empregos que Lula deve”, o colunista Clóvis Rossi cobrou do governo Lula a geração dos 10 milhões de empregos prometidos durante a campanha de 2002.
Na conta de Rossi, que considera o período 2003-2007, foram gerados 8,725 milhões de novos empregos.
Na realidade, os dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) e do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) revelam que foram contratados pela CLT e como estatutários 11.752.763 novos trabalhadores em todo o país.
Desde o início do governo Lula, o número de trabalhadores em todo o Brasil cresceu 33,86%.
Esse dado revela a preocupação que o governo teve de equilibrar a economia ao mesmo tempo em que cuidava da distribuição de renda, via geração de emprego.
Porque o país precisa crescer economicamente, mas ampliando ano a ano o número de pessoas que irão fazer parte desse crescimento. Essa foi uma preocupação do governo desde seu primeiro dia de trabalho.
Mas é preciso reconhecer também a competência do governo Lula para dar esse salto. Sob o governo Lula, foram criados empregos até em ano de profunda crise internacional e sem pôr em risco o controle da inflação, a meta de superávit fiscal, o aquecimento da economia e as significativas reservas externas (US$ 250 bilhões).
O número de vagas criadas só em 2009 é 20% maior do que os 800 mil postos de trabalho criados em todo o segundo mandato do tucano Fernando Henrique Cardoso.
Há quem queira fugir dessa comparação. Mas o melhor para o Brasil é que neste ano de grandes definições façamos a comparação do governo Lula com o governo FHC, dos tucanos e de José Serra. Porque é isso que o país quer saber.

José Dirceu, 63, é advogado e ex-ministro da Casa Civil

Veja os motivos para não eleger um demo-tucano para presidência de nosso país. EUA não transfere tecnologia ao Brasil.



EMBARGO dos Estados Unidos contra Brasil = EUA não transfere tecnologia ao Brasil.

Neste sentido, um governo demo-tucano como Serra e Aécio ou outro demo-tucano qualquer é altamente perigoso para a soberania de nosso país.

Veja que se o Brasil tivesse um governo demo-tucano (aliado incondicional dos EUA) nós estaríamos na mesma condição do México - altamente dependente do "irmão do norte".

Por isso, que é importante que o cidadão se preocupe na eleição da Dilma para que possamos solidificar a nossa soberania neste mundo em grande transformação.

A elite mundial dedica a Lula, ausente, o título de "Estadista Global"

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ausente por causa de uma crise de hipertensão que o obrigou a cancelar sua participação no Fórum de Davos, foi consagrado nesta sexta-feira pela elite mundial com o título de "estadista global", um prêmio concedido pelo balanço de sua gestão, que conseguiu conciliar crescimento econômico.


Amorim recebe prêmio por Lula em Davos e lê mensagem do presidente

da Efe, em Davos

O ministro Celso Amorim (Relações Exteriores) representou nesta sexta-feira o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Amorim recebeu no lugar de Lula a distinção de Estadista Global e leu o discurso do presidente brasileiro.


Lula defendeu "reinventar o mundo e as instituições", porque está convencido de que "outro mundo é possível". Com o prêmio, os organizadores do fórum quiseram elogiar os oito anos de mandato do petista, que termina em 2010, e a liderança que teve no mundo.
Virginia Mayo/AP

Amorim recebe prêmio em Davos no lugar de Lula, que não pode participar do fórum

O presidente, que teve que permanecer no Brasil por ordens médicas, após sofrer uma crise de hipertensão, agradeceu a homenagem e a assumiu como um prêmio entregue em conjunto a seu país, que, segundo ele, mostrou ao mundo que é possível crescer e melhorar de outra maneira.

Por isso, defendeu ser criativo e reinventar o estabelecido. "É o momento de reinventar o mundo e as instituições. O mundo perdeu a capacidade de criar e sonhar, e devemos recuperá-la", afirmou.

E uma das principais formas para conseguir isso, segundo Lula, é "estabelecer regulações claras para evitar riscos absurdos que nos levem a outra crise".

Lula está convencido de que, apesar da tempestade econômica e financeira que castigou o mundo no ano passado, nada de profundo foi feito para modificar as estruturas estabelecidas, por isso fez uma chamada à ação, à mudança e à regulação.

"No ano passado, vimos onde a especulação financeira pode nos levar. Quantas crises serão necessárias para que mudemos? Quantas hecatombes têm que ocorrer para que decidamos fazer o correto?", questionou.

"Outro mundo e outro caminho são possíveis", reafirmou, usando o lema do Fórum Social Mundial, e sugeriu, com base em sua própria experiência, que "a melhor política de desenvolvimento é a luta contra a pobreza".

Lula está convencido de que o êxito do Brasil nos últimos sete anos --nos quais ele governou-- se baseia, justamente, em que ele colocou a luta contra a pobreza no centro.

"Nestes sete anos, 31 milhões de brasileiros entraram na classe média, 20 milhões saíram das categorias da pobreza, diminuímos consideravelmente os danos causados ao meio ambiente, deixamos de ser devedores para emprestar dinheiro às instituições internacionais e estamos a caminho de ser a quinta economia do mundo", disse.

"Uma casa só é forte quando é de todos", acrescentou Lula, reiterando que, segundo ele, "o Brasil foi um dos últimos países a entrar na crise e um dos primeiros a sair dela, graças a essa mesma política".

Por tudo isso, Lula insistiu em que é preciso mudar de modelo, e é preciso fazer isso rápido. "Não sou apocalíptico, pelo contrário, sou otimista, mais que nunca nosso destino está em nossas mãos", disse.

Esse otimismo, e também sua capacidade de liderança, foram elogiadas pelo ex-secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, que foi o encarregado de entregar o prêmio.

"Seu caminho de uma infância de pobreza até se tornar um estadista respeitado no mundo todo é destacável e deve inspirar a todos, porque, além disso, fez isso com sua luta contra as desigualdades de seu país e do mundo", afirmou Annan. "Sob a égide de Lula, o Brasil se transformou em um país mais próspero, mais igualitário e mais saudável." 

Inundações em São Paulo: o “Titanic” José Serra

Editorial

Inundações em São Paulo: o “Titanic” José Serra

Em 1907, alguns magnatas britânicos decidiram construir os três maiores navios do mundo. Um deles foi o Titanic. Era então o mais moderno, seguro e luxuoso transatlântico do mundo. Cinco anos depois, em 9 de abril de 1912, o Titanic zarpou para sua viagem inaugural. Durou só cindo dias: o navio colidiu com um iceberg, naufragou e mais da metade dos seus 3.000 passageiros morreram.

A história está repleta de exemplos que lembram a saga do Titanic: algo esplêndido e tido como imbatível, mas que acaba derrotado por motivo aparentemente banal.

Coisa semelhante ocorre, hoje, na política brasileira. A iminente candidatura do governador de São Paulo, José Serra (PSDB), à presidência da República, era tida até poucos meses atrás como fortíssima. Ele é apresentado pela oposição de direita e por parte da mídia burguesa como administrador competente, sério, ilustrado, bom de voto... e os números das pesquisas davam alguma sustentação para este discurso.

Davam. Agora o quadro começa a mudar. Há uma pesquisa recente do Vox Populi que pode indicar o oposto: a erosão da vantagem do tucano paulista. Até agora, só foram divulgados os dados parciais do Rio de Janeiro e de Pernambuco. No Rio, Serra (27%) está empatado com a candidata do PT, Dilma Rousseff (26%). Em Pernambuco, ele tem 23%, contra os 45% de Dilma. Segundo o jornal O Globo da quarta-feira (27), o presidente do DEM, Rodrigo Maia, passou recibo: ao ser informado sobre estes números, teria dito: “Isso é um pesadelo. Deus me livre”.

Dizem que nossos sonhos e pesadelos estão sempre relacionados a algo que nos aconteceu recentemente. Se for isso mesmo, o pesadelo que atormenta a oposição tem motivo. É só listar os últimos acontecimentos da cena política brasileira. Não há quase nenhuma notícia ruim para o governo: Lula continua muito popular, a economia vai bem, os empregos aumentaram, o salário mínimo aumentou, os programas sociais foram consolidados, nossa imagem no exterior é muito positiva e até mesmo a polêmica sobre o Plano Nacional de Direitos Humanos serviu para mostrar que dentro do governo há muita gente disposta a comprar esta briga com a direita raivosa...

Enquanto isso, sobram constrangimentos para a oposição. Entre eles o mensalão do DEM no Distrito Federal, a entrevista do senador tucano Sérgio Guerra (PE) pregando o fim do PAC, a iminente derrota da ala serrista do PMDB na disputa interna para decidir pelo apoio a Dilma; a desistência de Aécio Neves da disputa presidencial, que saiu da briga querendo distância de Serra. E, por fim, as chuvas em São Paulo, que causaram grandes problemas e provocaram, até agora, 65 mortes no estado.

Entre estes episódios, as enchentes paulistas têm potencial para causar grandes estragos para a candidatura Serra. A forma tímida, praticamente omissa, com a qual ele e seu pupilo, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), lidam com o problema das enchentes revelou a inaptidão com que o tucanato paulista conduz uma administração tacanha, despreparada para lidar com situações de crise e insensível aos problemas que atingem os mais pobres.

As tormentas paulistas nos remetem mais uma vez ao exemplo do Titanic que desapareceu nas profundezas do Atlântico Norte. A pesquisa Vox Populi ainda não foi divulgada na íntegra. Quando isso acontecer, poderá dar uma dimensão mais precisa sobre os reais estragos que ela causou no casco da candidatura tucana.

Seja como for, muita água ainda rolar por baixo da disputa eleitoral até outubro. Portanto, é cedo para cantar a vitória ou a derrota de quem quer que seja. Mas com os dados disponíveis já é possível dizer que há uma grande pedra no caminho de Serra, um "iceberg" que poderá levar a candidatura da direita ao naufrágio. Um afundamento que deve muito à própria soberba, arrogância e desprezo do tucanato pelos dramas reais da parcela mais pobre da população.

Vamos abraçar a campanha contra bases estrangeiras na América Latina


Cebrapaz lança campanha contra bases estrangeiras

Além de promover um rico debate sobre soberania e autodeterminação dos povos na América Latina, o debate promovido pelo Cebrapaz nesta quinta-feira (28/1), lançou campanha “América Latina e Caribe, uma região de paz”, pela erradicação de bases militares estrangeiras no continente.

Cartaz da campanha lançada na atividade do Cebrapaz desta quinta-feira (28/1), durante do FSM em Porto Alegre
A campanha foi lançada em conjunto com diversas entidades dos movimentos sociais após o debate “A presença militar dos Estados Unidos na América Latina”, durante o Fórum Social Mundial em Porto Alegre (RS), que se encerra hoje com a Assembléia dos Movimentos Sociais, marcada para as10h na Usina do Gasômetro.

A presidente do Cebrapaz, Socorro Gomes, abriu o debate dizendo que a América Latina está em disputa, mas que, “embora o poder do imperialismo seja imenso, também nós acumulamos vitórias”, e citou como exemplos a resistência de meio século de Cuba contra as tentativas dos Estados Unidos de derrubar o regime socialista ainda em vigor naquele país; e a capacidade do movimento popular brasileiro de ter revertido a concessão de território em Alcântara, no Maranhão, para a instalação de base militar norte-americana.

Joel Sanchez, do Equador, parabenizou povo brasileiro por completar oito anos que o Brasil logrou vitória na luta contra a implementação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Para ele, esta luta se constitui em um tripé, composto ainda pela questão da revisão das dívidas públicas e externas dos países periféricos, e da luta contra a militarização e contra a permanente ameaça de guerras. Outra vitória citada por Joel foi à saída das tropas americanas da base de Malta, no Equador. Sanchez terminou sua intervenção apontando agenda vigorosa no ano de 2010.

Golpe em Honduras continua

O debate contou ainda com a presença da hondurenha Lorena Zelaya, que destacou que o golpe de Honduras continua e agora o “presidente” de direita assumiu o poder, tal como desejado pelas “elites golpistas”, como classificou Lorena. Para a hondurenha, trata-se de “uma triste derrota para a América Latina” e completa dizendo que o desfecho do golpe em Honduras “demonstra que há uma nova estratégia onde as bases estrangeiras se apresentam não mais como opressoras, mas, como prestadoras de serviços humanitários”. Lorena relatou a luta do povo hondurenho sob repressão, e denunciou: “tudo isso cercado da brutal conivência e silêncio da mídia quanto à resistência popular”. Ao mesmo tempo, destacou a enorme solidariedade proveniente dos meios alternativos de comunicação. Lorena Zelaya revelou ainda as articulações de ex-embaixadores americanos na articulação e financiamento do golpe, estando as visitas deles a Honduras sempre justificadas como combate ao narcotráfico. Ela encerrou dizendo que os exércitos da América Latina são “irmãos entre si”, e que, mesmo com essa derrota, muita coisa mudou no amadurecimento do seu povo.

A principal liderança do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, também participou do ato, e afirmou que a Via Campesina e o MST vão levar campanha para suas assembleias populares em maio e em todas as outras atividades. Stédile propôs introduzir a questão das bases militares no referendo sobre as questões climáticas, proposto pela Coordenação latino-americana de Organizações Camponesas. A proposta é realizar este debate durante Cúpula Mundial de Movimentos Sociais sobre a Mudança Climática, que o presidente boliviano, Evo Morales, quer realizar em Cochabamba entre 19 e 22 de abril. Stédile propôs incluir também uma questão sobre a Quarta Frota neste referendo.

Cuba: tornar revolução irreversível

A representante de Cuba, Lourdes Regueiro, do Centro de Estudos da América, destacou que o processo emancipatório que está em curso na última década na América Latina está sob ameaça e ataque explícito. Mesmo Cuba tem diante de si a tarefa de tornar sua revolução irreversível, e é um desafio. Lourdes falou ainda da tensão e do desejo do povo cubano para retomar o controle do território de Guantanamo que, no governo Bush, se transformou em um campo de torturas. Sobre a campanha de desmilitarização, entende que é preciso reforçar as alianças de solidariedade e manter uma articulação “séria e monolítica”, para responder ao avanço a militarização, movimento que acontece sob o manto das “ações humanitárias”. Lourdes denunciou que estas ações humanitárias são apenas fachada para um novo avanço do controle do Império, representado pelos Estados Unidos. Para exemplificar, citou a invasão militar, e não de médicos e engenheiros, como seria necessário, no Haiti. Lourdes finalizou sua fala enfaticamente: “não podemos nos enganar, hoje são mais de 200 mil soldados americanos nas 865 bases espalhadas por todo mundo, sempre em regiões onde as riquezas minerais, aqüíferos e diversidade biológica são incontestáveis”.

O representante do MST, Joaquim, reforçou apresentou os materiais da campanha “América Latina e Caribe, uma região de paz” e convocou o conjunto dos movimentos a “colocar a campanha nas ruas”. Em apoio `a campanha falaram ainda representantes do Jubileu Sul, da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), do Encuentro Nuestra América, da CUC da Guatemala, da Assembléia Permanente dos Direitos Humanos da Argentina, do Grito dos Excluídos Continental, da Organização Caribenho dos Estudantes (Oclae), do Congresso Popular do Paraguai e, por fim, a representante da Marcha Mundial das Mulheres leu o manifesto de lançamento da campanha.

Resistência ao imperialismo

O manifesto que diz que, "diante da nova escala de agressões do imperialismo" contra "o processo de mudanças que se vive na América Latina", é necessário preparar "a mobilização para a resistência". Segundo o documento, "a invasão do Haiti depois do terremoto (do último dia 12), a reativação da IV Frota (Naval dos EUA), as iniciativas golpistas apoiadas pelos americanos em Honduras, o bloqueio a Cuba e as agressões contra Venezuela, Bolívia e outros países" revelam "as intenções imperiais" de Washington em relação à América Latina.

O paraguaio Daniel Amado, da organização La Comuna, sugeriu aos ativistas prepararem um grande mobilização em Assunção, que, em meados de agosto, abrigará o Fórum Social da América.

Socorro Gomes encerrou os trabalhos conclamando a todos e todas a tornarem a campanha “um movimento político forte e intransponível pelas forças imperialistas”. O encaminhamento final foi que a campanha contra as bases estrangeiras será promovida em todos os eventos que o Fórum Social Mundial realizar ao longo de 2010, em cerca de 30 países.

De Porto Alegre, Sônia Latge e Luana Bonone

Veja brasileiros os motivos da importância da eleição de 2010. ''Os próximos anos serão os melhores já vividos pela economia''


''Os próximos anos serão os melhores já vividos pela economia''
O Estado de S. Paulo - 29/01/2010

Ao apresentar os resultados relativos a 2009, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, destacou os investimentos da instituição programados para este ano - R$ 4,2 bilhões, 22% a mais do que o realizado no ano passado. "Do nosso ponto de vista, em termos históricos, é expressivo", afirmou ele ao Estado. Trabuco explicou que a maior parte do dinheiro será aplicada em tecnologia e na abertura de novas agências (250 ao longo do ano, em um total de investimento de aproximadamente R$ 1 bilhão).

O Bradesco anunciou grande investimento para 2010. É o maior da história do banco?

Sem dúvida, o investimento de R$ 4,2 bilhões é um dos maiores já feitos por uma empresa do setor privado brasileiro, em um único ano. Do nosso ponto de vista, em termos históricos, também é expressivo. Este valor é 22% maior que o realizado no ano passado. É preciso ressaltar que esse investimento só foi possível pelo ciclo virtuoso vivido pela economia brasileira.

Quais áreas serão fortalecidas?

Abertura de 250 novas agências de varejo, 21 agências do Prime e 30 unidades de negócio para médias empresas, além da reforma de outras tantas instalações de atendimento. Os investimentos também serão direcionados para compra e instalação de novos equipamentos, modernização tecnológica, projetos para construção de uma nova arquitetura de sistemas, treinamento intensivo dos colaboradores e fortalecimento dos modelos administrativos. O foco é a qualidade e a eficiência. Os investimentos serão distribuídos no sentido de prover a rede de atendimento de capacidade de crescimento orgânico constante, consistente e de longo prazo.

O objetivo é apoiar a expansão da instituição?

Queremos fazer mais e melhor. O foco é o aumento da nossa participação de mercado, provendo serviços de qualidade ao cliente. Achamos que os próximos anos serão os melhores já vividos pela economia brasileira, pelo aumento dos investimentos em todos os setores, criação de empregos, aumento da renda e mobilidade social. Na soma dos setores, a previsão é de investimentos superiores a R$ 1,3 trilhão nos próximos três. Temos de ser coerentes com essa conjuntura.

De que forma esse investimento vai melhorar a relação do cliente com o Bradesco?

A estratégia é crescer organicamente, abrindo agências, ampliando os pontos de contato com o cliente e também o não cliente. Ao mesmo tempo, criar nas pessoas a expectativa de que, no Bradesco, elas receberão um serviço de qualidade e um tratamento ético. O investimento tem esse sentido, é algo orientado com nossas ideias de querer fazer mais e melhor. Ao modernizarmos o parque de equipamentos, estamos nos capacitando para ser mais eficientes, e oferecer ao cliente aquilo que ele espera de nosso banco.

Qual a previsão de investimento do banco para os próximos anos?

O Brasil está vivendo a era da distribuição de riqueza, dos investimentos em infraestrutura, da Copa do Mundo, do pré-sal, das Olimpíadas, do reconhecimento mundial e a estabilidade econômica. Vamos manter nosso ritmo de investimentos de
acordo com esse cenário. Certamente iremos crescer a cada ano.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

'Na segunda-feira ele estará pronto', diz Dilma sobre Lula



'Na segunda-feira ele estará pronto', diz Dilma sobre Lula
Blog os Amigos da Presidente Dilma

"A população pode ficar tranquila, porque o presidente está bem, está descansando em casa com a dona Marisa. Na segunda-feira ele estará pronto". A declaração é da ministra Dilma Rousseff, que estava com o Presidente Lula quando ele passou mal em Recife (PE), e o acompanhou no hospital.

"O Presidente está bem, mas ele vai ter que olhar mais para a saúde. Esse negócio de dormir às 2 da manhã e chegar às 9 horas no CCBB é difícil. Sempre é bom intercalar uma semana mais pesada com uma mais leve. Temos um ritmo forte de agenda.", afirmou a ministra. Ela defendeu uma avaliação de saúde periódica, e alertou que não se deve transformar este episódio em um alerta sobre o estado de saúde do presidente.

Dilma reconhece que as agendas do Presidente são sempre pesadas e que já se chegou a brincar na Presidência que a agenda de Lula é "um verdadeiro Rally Paris-Dacar". A ministra não acredita que o presidente trabalhe mais em ano eleitoral. "Temos sempre um ritmo forte". Ela disse que o presidente ficou preocupado com o aumento da pressão, porque ela é regular e constante. "Chova ou faça sol, está sempre em 12 por 8 ou 11 por 7. Mas a pressão dele ficou muito elevada (18 por 12)" observou.

A ministra contou que mesmo sem tomar remédio, ainda ontem à noite, a pressão do presidente começou a cair para 14 por 9. Ela lembrou que em algum momento do passado o presidente já teve um pico de pressão, mas que isso não é comum. Daí o motivo da preocupação do presidente.

Dilma acredita que Lula só retornará ao trabalho na segunda-feira, embora no sábado ele tenha dois compromissos externos: participação no Forum Social, em Salvador, e a Grande Concentração de Fé da Igreja Mundial Poder de Deus, em São Bernardo do Campo. Dilma confirmou presença nesse último evento.

Ela disse que ainda despachou com o Presidente, pela manhã, no avião. Ela atribui o mal estar do presidente à rotina cansativa de trabalho dos últimos dias, com jantares e comemorações até de madrugada. "É melhor que ele fique descansando no fim de semana", afirmou a ministra.

Questionário para Marina

Blog do Emir Sader

Questionário para Marina

1. Com o acordo de Gabeira com os tucanos e demos no Rio, tua candidatura pode ser definitivamente considerada como pertencente a esse bloco de direita?

2. Quais os pontos essenciais da sua plataforma para o Brasil ou será apenas uma plataforma ecológica?

3. Considera que a ecologia pode ser o centro de uma plataforma geral para o Brasil?

4. Que tipo de política econômica seu governo teria?

5. O que aconteceria com o PAC? E com o Bolsa Familia?

6. Que modificações introduziria na política internacional do Brasil?

7. Quais seriam seus principais ministros? O de Meio Ambiente seria Zequinha Sarney, que ocupou esse cargo no governo FHC e pertence ao teu novo partido?

8. Se não passar para o segundo turno, apoiaria a Dilma ou Serra? Ou daria como tudo igual e ficaria com a abstenção?

9. Tuas posições a favor do criacionismo, contra o aborto, entre outras, de fundamento religioso, de que forma seriam implementadas em um governo em que você fosse a presidente?

10. Seria a favor do ensino religioso nas escolas públicas? Seria orientada por qual das religiões?

11. O fato de ter um grande empresário privado como vice-presidente, ao invés de alguém vinculado aos movimentos sociais, que significado tem?

Ambientalista: Represas do Alto Tietê estavam cheias antes do período das chuvas


Ambientalista: Represas do Alto Tietê estavam cheias antes do período das chuvas

por Conceição Lemes

Sábado, 23 de janeiro. De barco, esta repórter percorreu, das 11 às 15hs, cerca de 7 quilômetros do rio Tietê na região do Pantanal. Primeiro, em companhia do líder comunitário Francisco Amaro Gurgel, coordenador do Movimento em Marcha. Depois, com Pedro Guedes, da Associação dos Moradores da Vila da Paz e do Movimento Unificado dos Moradores da Várzea do Tietê.

Passamos pelo Jardim Romano, Vila Aimorés, Fazenda Biacica, Cotovelo do Pantanal, Pantanal, vilas São Martins, da Paz, das Flores e Chácara Três Meninas. Não choveu durante o trajeto. Mas a correnteza maior – inabitual nesse trecho – chamou nossa atenção.

“O nível do rio também está bem mais alto”, acrescentou o barqueiro Sérgio Silvério Ferz, que fizera o mesmo percurso 15 dias antes.

Guedes reforçou: “Realmente, o Tietê subiu. Aqui, ele costuma ser ‘manso’ mas hoje [23 de janeiro] não está nem um pouco”.

Mal sabíamos que eram primeiros os alertas de um novo infortúnio. Nas horas seguintes, o Tietê transbordou e o Pantanal inundou muito mais do que em 8 de dezembro de 2009. As águas avançaram sobre pontos até então livres de alagamentos. Entre eles, a avenida de ligação de São Paulo com Guarulhos pela Vila Any e a rua Gruta das Princesas, percorridos pela repórter no sábado anterior com Ronaldo Delfino, do Movimento de Urbanização da Legalização do Pantanal (as fotos abaixo são dele).




Ligação de São Paulo com Guarulhos pela Vila Any: em 16 de janeiro, sequinha, no dia 24...




GRuta_das_Princesas.jpg

Rua Gruta das Princesas, onde fica o Colégio estadual Flávio Augusto Rosa. A inundação do sábado, 23 de janeiro, alagou inclusive a escola.

“Saí de casa no sábado, às 2 da tarde, estava seco. Voltei às 7, com água no joelho”, conta Maria das Mercedes Cavalcanti, 55 anos, sete filhos, que mora há quatro quadras do CEU do Jardim Romano. “Liguei para cá às quatro e meia, a minha casa já estava enchendo, ela nunca inundou. A água chegou até a coxa. Hoje, ainda está no joelho.”

“Ainda está tudo cheio. Nunca vi isso. Um conhecido nosso, o ‘seo’ Antonio, acabou de sair daqui. Perdeu tudo”, lamenta Maria Lúcia Farias, esposa de Ronaldo. “No sábado, a casa dele que não tinha enchido antes ficou com mais de 1 metro de água. ‘Seo’ Antonio e a família saíram com a roupa do corpo”.

“A parte da rua onde eu moro já estava alagada desde dezembro, mas a minha casa, não. Porém, desde sábado, estamos com água em todos os cômodos. Ficamos ilhados. Tive de chamar um guincho para tirar o carro, se não estragaria”, indigna-se Gurgel. “Como é o que o governo do Estado de São Paulo deixa a comunidade nessa situação e não se manifesta?”

“Desde a madrugada de domingo, colegas ligam desesperados, com água na altura do peito”, relata Ronaldo. “Estamos sem saber o que fazer nem o que começou a acontecer a partir de sábado. Pela nossa experiência não são as chuvas. Ouvi dizer que abriram as comportas das barragens do Alto Tietê, mas ninguém nos alertou nada antes.”

“O Pantanal inundou, de novo, porque as barragens do sistema do Alto Tietê estão excessivamente cheias para o verão, e a Sabesp abriu as comportas, contribuindo para alagar ainda mais região”, denuncia o economista e ambientalista José Arraes. “É uma irresponsabilidade a Sabesp e o Daee terem deixado a cheias chegar, para começarem a descarregar água dos seus reservatórios. É um crime. É um erro tremendo de gerenciamento”

Há 13 anos as enchentes em Mogi das Cruzes, município da Grande São Paulo, levou o ambientalista a se interessar pela questão de recursos hídricos. Ajudou a solucionar o problema do seu bairro e não parou mais. Atualmente, é membro do Comitê da Bacia do Alto Tietê, do Subcomitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê e do conselho gestor da APA (Area de Proteção Ambiental) da várzea do Tietê.

Viomundo – O senhor já fez essa denúncia aos órgãos públicos?

José Arraes – Claro. Denunciamos à Sabesp e ao Daee [Departamento de Águas e Energia Elétrica], órgãos do governo do Estado de São Paulo, que as barragens do Alto Tietê estavam excessivamente cheias para o verão. Fizemos isso no final de 2009.

Viomundo – E aí?

José Arraes – Nenhuma providência foi tomada. Aliás, em 2009, duas coisas muito estranhas ocorreram no gerenciamento das barragens do Alto Tietê. No início do ano, a Sabesp e o Daee praticamente secaram o Tietê e encheram os reservatórios. Em Mogi das Cruzes, o rio ficou vários meses com apenas 20 centímetros de lâmina de água. No final do ano, as barragens estavam muito lotadas para a época. Há 13 anos acompanhamos esse processo e sabemos que o Daee e a Sabesp reservam cotas nas barragens, prevendo as cheias do verão. Em 2009, não fizeram isso. Resultado: chegamos a dezembro com a quase a totalidade das principais barragens cheias. Um absurdo!

Viomundo – Por que a Sabesp e o Daee mantiveram as barragens lotadas?

José Arraes – Eu desconfio de um destes esquemas. Primeiro: para não faltar água para a Região Metropolitana de São Paulo. Assim, pode ter havido determinação governamental para estarem na cota máxima. Segundo: a Sabesp e o Daee já estarem aumentando o volume das represas, visando aumentar a produção da Estação de Tratamento de Água Taiaçupeba de 10 metros cúbicos por segundo para 15 metros cúbicos por segundo (10m³/s para 15m³/s) . Terceira: a privatização do Sistema Produtor de Água do Alto Tietê – chamado SPAT. Hoje é um consórcio de empresas privadas que regula, administra, mantém e fornece as águas que estão represadas nessas barragens.

Viomundo – Por favor, explique melhor isso.

José Arraes – Existe um consórcio de empresas – entre elas, uma empreiteira conhecida na nossa região, a Queiroz Galvão –, que hoje gerencia as águas reservadas nas represas em uma parceria público-privada. Toda a água represada em todas as barragens do Sistema do Alto Tietê são gerenciadas por esse consórcio. Quanto mais cheias as represas, mais interessantes para o consórcio. Interesse comercial, nada mais do que isso.

Viomundo – Quer dizer que as águas das barragens do Alto Tietê estão privatizadas?

José Arraes – Sim. As empresas do consórcio fazem a conservação das barragens e a intermediação com a necessidade da Sabesp que a trata e remete para a população. Logo, para o consórcio de empresas, quanto mais cheias estiverem as barragens, mais água fornece para a Sabesp. Mais ganhos financeiros, portanto.

Viomundo – Qual das três hipóteses é a mais provável?

José Arraes – Talvez a combinação das três. Cabe ao Ministério Público investigar. O fato é que as barragens do Alto Tietê estão excessivamente cheias e as comportas estão sendo abertas, contribuindo com as inundações em toda a calha do rio até a região do Pantanal.

Viomundo – Quantas barragens há no Sistema Alto Tietê?

José Arraes – Temos cinco: Paraitinga, Biritiba-Mirim, Ponte Nova, Jundiaí e Taiaçubepa, onde existe também uma estação de tratamento de água da Sabesp. As barragens são como caixas d’água para a cidade de São Paulo.

Viomundo – Qual a capacidade de cada uma?

José Arraes – A de Paraitinga [município de Salesópolis], tem capacidade para 37 milhões de metros cúbicos, e está com 92% da sua capacidade. A de Biritiba-Mirim [no município do mesmo nome], 35 milhões de metros cúbicos, está com 94%. A de Jundiaí [fica em Mogi das Cruzes], 84 milhões de metros cúbicos e 97% de cheia. A de Ponte Nova, 300 milhões de metros cúbicos; está com 73%. A de Taiaçubepa [entre Mogi das Cruzes e Suzano] tem capacidade para 82 milhões de metros cúbicos, está com 73% de cheia.

Viomundo – Quais estão soltando água?

José Arraes – Todas. No sábado, 23 de janeiro, a de Paraitinga estava vazando 5m³/ A de Jundiaí, 2m³/s. Biritiba-Mirim, 1m³/s. Taiaçupeba, 5m³/s. A de Ponte Nova, 0,5m³/s.

Viomundo – Mas as barragens normalmente liberam água o tempo todo?

José Arraes – Liberam, mas em pouquíssimas quantidades. É para o rio não perder as suas características. Em condições normais, liberam entre 0,5m³/s a 2 ou 3m³/s, no máximo.

Viomundo – Então quanto está sendo vazado?

José Arraes – Se você somar as vazões de Paraitinga, Taiaçupeba, Jundiaí e Biritiba-Mirim, são 12m³/s. É bem maior que os 10m³/s que a Sabesp está tratando em Taiaçupeba. É uma enormidade de água. Para você ter uma dimensão do volume, você abastece toda a cidade de Mogi, que tem 400 mil habitantes, com 3m³/s.

E o mais complicado é que as barragens de Paraitinga, Biriba-Mirim, Jundiaí e Taiaçupeba vazam para rios afluentes diretos do rio Tietê. É por isso que o Pantanal está cheio. As águas vazadas já chegaram até aí. Se você libera pouca água no rio, não causa transtorno nenhum. Agora, o transtorno é liberar 5, 6, 12m³/s no rio. É água demais! Acrescida das quantidades das chuvas deste verão, piora a situação.

Viomundo – É preciso liberar as águas das barragens?

José Arraes – Agora, tem de abrir as comportas, não tem outro jeito, pois as barragens estão cheias e vão transbordar. O grande erro foi deixar as barragens acumularem tanta água antes das chuvas do verão. No momento, estão tendo de soltar muita água.

Viomundo – Ou seja, estão abrindo as comportas na época errada. Quando isso deveria ter começado?

José Arraes – O normal seria o vazamento controlado ter começado por volta de agosto, setembro, para que, agora, no verão, as barragens estivessem mais vazias para receber as águas das chuvas e não transbordar.

Viomundo – Não fizeram isso?

José Arraes – Não, não fizeram. Ou se fizeram, não foi corretamente. O fato é que as nossas barragens não poderiam chegar à época de chuvas com 90% da sua capacidade preenchida. De forma que o Pantanal provavelmente ainda vai ter muita enchente, porque as chuvas vão continuar. A Sabesp e o Daee não vão parar de vazar agora, pois há risco de essas barragens extravasarem e inundar toda a região de Mogi das Cruzes, Paraisópolis, Ferraz de Vasconcellos, Suzano, Biriti-Mirim e até São Paulo.

Viomundo – É verdade que essas barragens podem se romper se as comportas não são abertas?

José Arraes – Romper, eu não acredito. Mas poderiam extravasar, ou seja, passar por cima da barragem. Se isso acontecer, você pode perder o controle da vazão. Diferentemente de quando você abre as comportas e limita a vazão do quanto é necessário. Por isso, a nossa preocupação é também com o extravasamento dessas barragens. Elas podem encher tanto que a água começará a passar por cima dos vertedouros. Isso é perigoso. Se vier a acontecer, as águas chegariam fatalmente a São Paulo.

Viomundo – A Sabesp alega que as barragens foram mantidas cheias, por causa do risco de estiagem em 2009. Há também quem diga que não se poderia ter bola de cristal para prever as chuvas dos últimos dias.

José Arraes – Balela. A Sabesp e principalmente o Daee têm o registro das chuvas dos últimos 20, 30 anos. Todos sabem que são cíclicas. De cinco em cinco, de dez em dez anos, há um período de chuvas mais fortes. Então a Sabesp e o Daee deveriam ter se prevenido há muito mais tempo. Eu acho que não tem perdão para o que está acontecendo. É falta de gerenciamento mesmo.

Viomundo – Com que volume as barragens deveriam ter entrado na estação chuvosa?

José Arraes – Do jeito que está chovendo este ano, elas deveriam estar bem baixas. Questão de prevenção. Há cálculos matemáticos para se estabelecer esses níveis, mas eu não saberia fazê-los e te dizer quanto.

Viomundo – Será que pensaram que São Pedro fosse dar uma mãozinha para São Paulo?

José Arraes – Como poderiam aguardar a ajuda de São Pedro, se a Sabesp e o Daee sabem que chove bastante de períodos em períodos. Foi uma grande irresponsabilidade.

Viomundo – A Sabesp e o Daee só se preocuparam com o abastecimento de água e se descuidaram das enchentes?

José Arraes – Aparentemente é o que aconteceu. Lembre-se de que a água tratada gera lucro.

Viomundo – A região do Pantanal encheu, de novo, de repente, a partir do sábado no final da tarde. Para isso ter ocorrido no sábado, quando as comportas começaram a ser abertas?

José Arraes – O dia exato eu não saberia dizer, mas foi mais ou menos há 20 dias. Foi mais ou menos quando o governador José Serra noticiou que havia autorizado a abertura das comportas.

Viomundo – Demora tanto tempo para chegar aqui embaixo, na capital, na região do Pantanal?

José Arraes – Demora. Não é imediatamente. O Tietê é um rio de planície, não tem velocidade e correnteza. Tem uma vazão muito pequena. Quando são abertas as comportas, as águas demoram mais ou menos 10 a 15 dias para chegar a São Paulo, dependendo ainda do assoreamento do rio. O fato é que as comportas já estão abertas há vários dias.

Viomundo – Conversei com várias lideranças comunitárias sobre isso. Nenhuma foi comunicada da abertura das comportas. Segundo Ronaldo Delfino, do Pantanal, talvez a Defesa Civil também não tenha sido alertada, pois muitos moradores acionaram-na e não foram socorridos. Ligavam, ligavam, ligavam, só dava ocupado, “como se o telefone estivesse fora do gancho”.

José Arraes – Infelizmente, em geral, as populações não são comunicadas com antecedência. São alertadas pela televisão, mas só DEPOIS. É um erro muito grave, que pode custar vidas.

Viomundo – Pelo noticiário, as chuvas dos últimos dias são apontadas pelas autoridades como as responsáveis pela nova e maior inundação do Pantanal. O que o senhor acha?

José Arraes – As chuvas podem até ter contribuído, mas a causa mais importante dessa nova inundação é que as barragens do sistema do Alto Tietê estão vazando água. E como Tietê está assoreado, o rio extravasa, inundando a várzea.

Viomundo -- Reportagem publicada pelo Viomundo denunciou que o Tietê da barragem da Penha até o Cebolão pode ter ficado sem ser desassoreado em 2006, 2007 e 2008 (até outubro) e contribuído para as enchentes históricas de 8 de setembro e 8 de dezembro? Como está o rio acima da barragem da Penha?

José Arraes – De Biritiba-Mirim até barragem da Penha está um horror, todo assoreado. Há muitos anos não são retirados os resíduos acumulados no fundo do Tietê. São mais ou menos uns 70 quilômetros de extensão. É um Deus nos acuda tentar convencer os órgãos do governo do Estado de que é preciso desassorear o rio.

Viomundo – O que fazer agora?

José Arraes – O que o Daee e a Sabesp estão fazendo é fruto de uma irresponsabilidade total. Nós temos denunciado isso, mas a nossa voz ainda é muito incipiente. Até as autoridades do governo do Estado levarem em consideração o que dissemos mais inundações ocorrerão, mais pessoas perderão pertences, algumas até a própria vida. O único caminho que nós temos é denunciar ao Ministério Público do Estado. Se for o caso, até ao Ministério Público Federal. É, insisto, o nosso único caminho.

Veja paulistanos e paulista como funciona incompetência de Kassab e Serra.


Kassab pede a Lula que PT não explore chuvas

Esta notícia publicada hoje pela Folha (ver à seguir) é semelhante às respostas de Serra quando protestos questionam sua política, “é a culpa do PT”.

O verdadeiramente surpreendente é que aqueles que fizeram da politicagem permanente contra Marta, sua forma de atuação partidária, utilizando as enchentes, agora reclamem de serem vítimas.
Aqueles da musiquinha sobre as enchentes, toc, toc, estão preocupados pelo troco?
Aqueles que exploraram em permanência, com generoso espaço na mídia, o sofrimento de pessoas afetadas pelos alagamentos e que, pretensiosos e demagogos, afirmavam que com eles seria diferente, agora se queixam?
O PT, diferente dos demo tucanos, não faz demagogia com o sofrimento alheio. O próprio Lula se encarregou de dizer que os problemas das enchentes independem de siglas partidárias.
Mas é bom lembrar das coisas, até para que a população se vacine contra políticos inescrupulosos e demagógicos.
Vai aqui uma lembrança para que os Serras e Kassabes da vida não possam propalar sua demagogia, contando com o esquecimento da população.
No primeiro dia de sua posse como prefeito, José Serra ganhou destaque nos jornais:

Título: Serra abandona a cordialidade e critica Marta
Data Publicação: 04/01/2005
Fonte: Clipping Ministério do Planejamento

“Em seu primeiro dia útil como prefeito de São Paulo, José Serra (PSDB) inspecionou ontem o começo dos trabalhos de recuperação de dois piscinões, obras para contenção de enchentes, na Zona Leste.

Ele esqueceu a cordialidade da cerimônia de posse, no último sábado, e criticou a administração da ex-prefeita Marta Suplicy (PT) que, segundo o tucano, deixou o sistema de contenção de enchentes sem manutenção.

O prefeito tem pressa, porque fortes chuvas ameaçam São Paulo até quinta-feira: — ‘Agora, a curto prazo, é limpar na correria. Aquilo que puder ser feito vai ser feito. Depois, a médio prazo, é realmente dar condições para que eles funcionem direito. Piscinão custa muito caro. Não é possível fazer e deixar estragar. Você gastou o dinheiro e a população sofre com a enchente. Isso na minha gestão não vai acontecer. Mesmo com a recuperação emergencial que começou ontem’, Serra disse.”

Sem ir tão longe, vejam esta manchete da Agência Estado de setembro passado:
Serra culpa natureza e Kassab ataca Marta após chuvas 10/09 – 08:08 – Agência Estado.

E o mesmo Kassab pede para não fazer politicagem!

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Prefeito pede a Lula que PT não explore chuvas
CATIA SEABRA – FOLHA SP

DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) fez um apelo ao presidente Lula para que o PT não explore politicamente as enchentes. Num telefonema na noite de terça-feira, reclamou de parlamentares petistas que, segundo ele, incentivam os moradores do Jardim Pantanal a permanecer nas áreas afetadas pelas chuvas.
Kassab disse que o deputado estadual Adriano Diogo, entre outros, prejudicam os esforços de remoção, ao recomendar que os moradores recusem o auxílio de R$ 300 mensais para deixar o local.
Kassab procurou Lula a pretexto de agradecer por sua presença no aniversário de São Paulo, no dia 25.
Diogo diz defender a permanência dos moradores até que seja oferecida uma opção definitiva de moradia. “Querem tirar 10 mil famílias. Sem uma solução definitiva, eles devem ficar.”