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terça-feira, 8 de julho de 2025

💵 A Guerra do Dólar e a Rebelião dos BRICS: o fim da hegemonia americana?

Blog Olhos do Sertão

Enquanto a maioria da mídia brasileira finge que não está vendo, o mundo está em profunda transformação geopolítica e monetária. O que parecia distante está cada vez mais próximo: o declínio da hegemonia do dólar americano. E nesse cenário, os BRICS surgem como protagonistas de um novo tempo, onde o Sul Global exige respeito, soberania e voz própria.

É por isso que Trump, os banqueiros de Wall Street e os falcões do Pentágono estão em pânico. Porque sabem que, se o mundo parar de usar o dólar como moeda internacional, os Estados Unidos perderão o maior privilégio da história econômica moderna: o poder de viver de déficit financiado pelo resto do planeta.

Como os EUA transformaram o dólar em arma

A hegemonia do dólar não é obra do acaso. Ela começou a ser construída com o Acordo de Bretton Woods, um tratado internacional firmado em 1944, nos Estados Unidos, durante a Segunda Guerra Mundial.

O Acordo de Bretton Woods estabeleceu as bases do sistema monetário internacional do pós-guerra. Nele, os países concordaram que o dólar americano seria a principal moeda de reserva mundial, atrelada ao ouro (35 dólares por onça), enquanto as demais moedas teriam taxas de câmbio fixas em relação ao dólar. Foi a partir desse sistema que nasceram instituições como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial, ambas com sede e controle direto dos EUA.

Esse arranjo deu aos Estados Unidos o poder de emissão da moeda global e com ele, influência econômica e política sobre o mundo inteiro.

Contudo, na década de 1970, os EUA enfrentaram inflação, déficits e perda de reservas em ouro. Diante disso, em 1971, o presidente Richard Nixon suspendeu a conversão do dólar em ouro, encerrando o padrão-ouro e inaugurando a era do dólar fiduciário: uma moeda sem lastro, mas com valor imposto por sua dominância no comércio internacional.

O reforço da hegemonia: o pacto dos petrodólares

Para garantir a supremacia do dólar mesmo sem o ouro, os EUA fizeram um acordo estratégico com a Arábia Saudita, o maior produtor de petróleo da época. O pacto era simples:

A Arábia venderia petróleo exclusivamente em dólar, e os EUA garantiriam proteção militar e apoio político irrestrito.

Nascia assim o petrodólar, sistema que obrigou todos os países a manterem reservas em dólar para comprar energia. Isso inflou artificialmente a demanda global pela moeda americana, consolidando o dólar como símbolo de poder e ferramenta de controle geoeconômico.

Os BRICS desafiam a ordem unipolar

Agora, mais de 50 anos depois, essa engrenagem começa a falhar. China, Rússia, Brasil, Índia e África do Sul, unidos sob a sigla BRICS  e com novos integrantes como Irã, Egito e Etiópia estão abrindo novos caminhos:

Comércio bilateral em moedas locais, como o acordo Brasil-China em reais e yuans;

Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) para financiar projetos sem depender do dólar;

Proposta de moeda comum com lastro em commodities, como ouro, petróleo, grãos ou metais.

Esse movimento chama-se desdolarização  e é um dos maiores desafios à dominação americana desde a Guerra Fria.

Trump e o medo da desdolarização

A resposta de Donald Trump a esse processo escancara o desespero. Recentemente, ele declarou:

“Qualquer país que se alinhe com as políticas antiamericanas do BRICS será cobrado com uma tarifa adicional de 10%.”

Essa ameaça não é apenas econômica  é geopolítica. Ela mostra que os EUA, incapazes de conter o avanço dos BRICS por vias diplomáticas ou comerciais, partem agora para a retaliação tarifária e intimidação política. O problema é que atingem até aliados históricos, como Japão e Coreia do Sul, que já começam a questionar seu alinhamento cego com Washington.

O que está em jogo: três cenários possíveis

1.     Multipolaridade ordenada;

2.     O dólar perde espaço, mas divide protagonismo com outras moedas (yuan, euro, real, rúpia), num mundo multipolar, mais democrático e regionalizado.

3.     Colapso do dólar;

4.     Uma crise sistêmica (financeira ou militar) acelera o abandono do dólar, gerando instabilidade nos EUA, desvalorização do papel-moeda e impacto global;

5.     Reação imperial;

6.     Os EUA intensificam sanções, sabotagens, golpes e guerras híbridas para tentar manter sua supremacia, como já se viu no Oriente Médio, na Venezuela e na Ucrânia.

 E o Brasil, onde entra nisso?

O Brasil está no centro dessa disputa histórica. Ao integrar os BRICS, ao defender o multilateralismo e ao usar moedas locais no comércio internacional, o Brasil rompe com a submissão ao dólar e assume uma posição estratégica no redesenho do mundo.

Mas isso exige coragem política, soberania econômica e projeto nacional algo que os governos progressistas ensaiam, mas enfrentam resistências internas e sabotagens externas.

O povo precisa entender essa batalha

A desdolarização não é só assunto de economistas. Ela define o futuro dos nossos salários, dos nossos alimentos, das nossas escolas e da nossa soberania. Enquanto os Estados Unidos impõem tarifas e espalham o medo, os BRICS oferecem uma alternativa de mundo baseada na cooperação, não na dominação.

Como sempre digo: não há neutralidade na luta entre hegemonia e soberania. Que o povo brasileiro saiba em que lado da história quer estar. E que compreenda: enquanto dependermos do dólar, viveremos sob a chantagem do império.

Blog Olhos do Sertão

Por uma política popular, soberana e com os pés no chão do Brasil.

 

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