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domingo, 6 de julho de 2025

🌐 Por que que a China não pode permitir a derrota da Rússia (e acusa o Ocidente de hipocrisia)?

 Introdução

Em recente declaração, o chanceler chinês deixou claro: Pequim não deseja ver a Rússia sucumbir no conflito no Leste Europeu. Mais do que solidariedade histórica, o temor é que, uma vez triunfante, Estados Unidos e OTAN voltem todas as suas forças contra a China. Além disso, o representante chinês acusou o Ocidente de hipocrisia: se a China estivesse fornecendo abertamente apoio financeiro e militar à Rússia, Moscou já teria vencido há muito tempo. Este artigo analisa as motivações estratégicas dessa posição e amplia o olhar para o caso do Irã, cujo eventual colapso no Oriente Médio também é visto por Pequim e Moscou como um prelúdio de riscos diretos a eles próprios.

1. O contexto da declaração do chanceler

Guerra Rússia‑Ucrânia em curso: desde 2022, o front oriental tem alternado avanços e recuos, mas a Rússia mantém pressão constante sobre o Donbass e regiões vizinhas.

Relações sino‑russo: aprofundadas nos últimos anos, com acordos energéticos bilionários, exercícios militares conjuntos e discurso de “parceria sem limites”.

Extensão ao Oriente Médio: China e Rússia observam com atenção a guerra por procuração contra o Irã, apoiado por Teerã via Ansarollah no Iêmen, Hizbollah no Líbano e milícias pró‑xiitas no Iraque e na Síria.

2. Por que a China e a Rússia não desejam ver o Irã derrotado

Equilíbrio multipolar

Assim como a Rússia serve de contrapeso na Europa, o Irã é barreira à expansão da influência americana e israelense no Oriente Médio. Sua queda consolidaria o domínio ocidental na região.

Corredores energéticos e econômicos

Infraestruturas de gás e petróleo que conectam o Golfo Pérsico ao Cáspio e à Ásia Central dependem de rotas que passam por territórios sob controle iraniano ou de seus aliados. A instabilidade interromperia projetos da Nova Rota da Seda


Acesso a portos estratégicos

O porto de Chabahar (Irã), parceiro de operação da Índia mas sob supervisão e segurança compartilhada com Rússia e China, é ponto-chave para escoamento de mercadorias sem passar pelo Estreito de Ormuz, vital para diversificar rotas comerciais longe do controle ocidental.

Experiência de guerra por procuração

No caso do Irã, um vácuo de poder geraria um confronto direto entre EUA/OTAN e milícias aliadas a Teerã, testando táticas que, em seguida, poderiam ser empregadas no Mar da China Meridional ou no Extremo Oriente russo.

3. A crítica à “hipocrisia ocidental”

Financiamento indireto e sanções seletivas

Enquanto acusam a China de “alimentar a máquina de guerra russa” ou “financiar mísseis iranianos”, EUA e União Europeia mantêm acordos bilionários de venda de armas aos aliados do Golfo. E muitos desses armamentos acabam em mãos de combatentes anti‑xiitas.

Duplo padrão em crises globais

Defendem “ordem baseada em regras” ao condenar o Irã e a Rússia, mas apoiaram intervenções no Iraque (2003), na Líbia (2011) e na Síria (2015), quando seus interesses estratégicos assim exigiram.

Exemplo prático

Jornais ocidentais culpam a cooperação militar sino‑russa e iraniana pela desestabilização regional, mas silenciam sobre o que chamam de “venda legítima” de submarinos e aviões de combate a Arábia Saudita e Emirados Árabes, que, por sua vez, apoiam grupos rebeldes com táticas semelhantes às empregadas contra Teerã.

4. O receio de ser o “próximo alvo”

Lógica da expansão

Para Pequim e Moscou, derrotar primeiro Teerã daria ao Ocidente o ímpeto e o experimento operacional para replicar embargos e operações militares navais contra a China no Pacífico e contra a Rússia no Ártico.

Precedente histórico

A gestão pós‑2003 do Iraque sob tutela multinacional é vista como modelo de “reconstrução” sob visão ocidental — um roteiro que poderia ser aplicado ao Xinjiang ou à Sibéria oriental, caso a narrativa de “ameaça” seja bem-sucedida.

Conclusão: cenários e desafios

A declaração do chanceler chinês, estendida à análise do Irã, deixa claro que, para Pequim e Moscou, os conflitos no Leste Europeu e no Oriente Médio são capítulos interligados de uma disputa maior pela forma da ordem internacional. A queda de qualquer aliado estratégico, seja Moscou ou Teerã, seria um passo decisivo para fortalecer o domínio ocidental e abrir caminho a pressões diretas sobre a China.


Para evitar esse desfecho, China e Rússia reforçam vínculos militares, energéticos e diplomáticos com Teerã, formando um bloco capaz de resistir a sanções e intervenções e de projetar uma multipolaridade real, na qual nenhum país enfrenta sozinho o poder concentrado do Ocidente.

E você?

Como interpreta essa interdependência estratégica entre Rússia, China e Irã? A derrota de Teerã seria mesmo o prelúdio de ataques diretos a Pequim e Moscou, ou há limites geográficos e políticos a essa escalada? Participe nos comentários e ajude a iluminar esse debate crucial.

 

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