BRICS no Rio de Janeiro: da Desdolarização à Governança de Inteligência Artificial
Introdução
Entre 5 e 7 de julho de 2025, a 17ª Cúpula dos BRICS reuniu no Rio de Janeiro
lideranças de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de convidados
de Argentina, Etiópia, Emirados Árabes e outros. Sob a presidência rotativa do
Brasil, o encontro reforçou o compromisso com uma ordem mundial multipolar,
avançou na expansão do bloco e lançou iniciativas em finanças, sustentabilidade
e tecnologia.
1. Desdolarização e
Crítica ao “Dólar‑Arma”
Sergey Lavrov, chanceler da Rússia, mais uma vez denunciou o
uso político do dólar: “Ele funciona como arma de coerção” e justificou a
urgência de sistemas de liquidação alternativos.
Em resposta, os BRICS aprovaram acelerar pilotos de moeda
digital inter-bloco (BRICS Coin) e uma plataforma de liquidações multilaterais
que inclua real, yuan, rúpia, rand e outras moedas, reduzindo vulnerabilidades
a sanções unilaterais.
2. Expansão do Banco
dos BRICS sob Dilma Rousseff
Colômbia e Uzbequistão foram confirmados como novos membros
do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), elevando o alcance do banco a mais de
10 países.
Dilma, presidenta do NDB, recordou sua trajetória, da tortura política ao Palácio do Planalto e agora à governança global, para sublinhar a vocação do banco: financiar projetos de infraestrutura, energia limpa e inclusão social que efetivamente beneficiem populações locais.
3. Governança de
Inteligência Artificial
Lula da Silva presidiu a plenária sobre tecnologia e destacou
a Declaração sobre Governo da Inteligência Artificial aprovada pelos BRICS:
Novas tecnologias devem operar “dentro de um modelo justo,
inclusivo e equitativo”.
O documento prevê diretrizes para ética em IA, proteção de
dados pessoais e expansão de acesso a soluções inteligentes em saúde, educação
e agricultura.
Foi anunciado o futuro Laboratório de IA dos BRICS, que terá
rodízio de sede entre os países membros e buscará desenvolver aplicações que
aliviem desigualdades regionais.
4. Finanças Verdes e
Sustentabilidade
Fundo Florestas Tropicais para Sempre recebeu aporte adicional
de US$ 2 bilhões do NDB, com metas de conservar bacias críticas na Amazônia, no
Congo e na Taiga russa até 2030.
Linhas de crédito específicas para energia renovável,
segurança hídrica e transporte sustentável foram ampliadas para atender 30
novos projetos até 2028.
5. Multipolaridade como
Realidade Inevitável
Em diversas falas, repetiu‑se que a multipolaridade não é uma
opção ideológica, mas um curso histórico:
Putin (por videoconferência) e Lavrov afirmaram que resistir
ao ocidente unipolar é imperativo para preservar soberania.
Lula e Modi defenderam a reforma do Conselho de Segurança da
ONU, incluindo novos membros permanentes da África, Ásia e América Latina.
6. Tecnologia, Saúde e
Cultura Popular
Além da IA, firmou‑se um Centro de Cibersegurança e um Fundo
de Resposta Antiepidêmica de US$ 2 bilhões, capitalizado pelo NDB para
emergências sanitárias.
No Sambódromo, o BRICS Fest Brasil celebrou a diversidade
cultural, estreitando laços por meio de música, dança e gastronomia dos cinco
continentes representados.
Conclusão
A Cúpula dos BRICS no Brasil marcou um passo decisivo rumo a um sistema global
mais equilibrado. Da desdolarização à governança de IA, os países emergentes
alinharam-se para enfrentar os desafios do século XXI, ampliando o bloco e
fortalecendo mecanismos que promovam justiça social, inovação tecnológica e
respeito à soberania.
E você? Quais dessas iniciativas, desdolarização, expansão do
NDB, governança de IA ou fundos verdes, você considera mais transformadoras?
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