Do golpe de 2016 ao sequestro da Câmara: um fio que não se rompe
A história política recente do Brasil pode ser lida como uma linha
contínua de eventos conectados por um mesmo objetivo: o controle da opinião
pública e das instituições. Como observou o jornalista Janio de Freitas, o
golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, a operação Lava Jato, a prisão do
ex-presidente Lula e a candidatura de Jair Bolsonaro formam um conjunto
articulado. Essa articulação contou com o apoio e financiamento de institutos liberais,
empresas e até do governo dos Estados Unidos, criando o terreno fértil para o
avanço de uma agenda de retrocessos políticos, econômicos e sociais.
O golpe parlamentar de 2016 abriu caminho para a criminalização seletiva
da política e para uma ofensiva judicial e midiática sem precedentes. A Lava
Jato, hoje desmoralizada por suas ilegalidades, foi peça-chave nesse processo,
ajudando a inviabilizar a candidatura de Lula em 2018 e facilitando a ascensão
de Bolsonaro ao poder. Ao mesmo tempo, um trabalho persistente de manipulação
da opinião pública, potencializado pelas redes sociais, consolidou uma base de
extrema-direita disposta a desafiar o próprio Estado Democrático de Direito.
Os ecos dessa trajetória ressoam até hoje. No dia 8 de agosto de 2025, um
grupo de 14 deputados federais sequestrou, simbolicamente, a Câmara dos
Deputados. Ao impedir o presidente interino, Hugo Motta, de exercer suas
funções e paralisar as votações, esses parlamentares buscavam pressionar pela
anistia dos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. A manobra,
descrita por muitos como um “sequestro” do Congresso, revela o medo dessa ala
radical de ver seus aliados julgados pelo Supremo Tribunal Federal.
O episódio não é um fato isolado: ele se insere numa cadeia de acontecimentos
que, desde 2016, fragilizam as instituições e colocam em xeque o pacto
democrático. O que começou como um ataque político-midiático contra um governo
eleito se transformou numa disputa aberta pelo controle das regras do jogo e
pela impunidade de quem tenta subverter a democracia.
Se o país não romper esse fio histórico, corre o risco de ver a democracia sendo corroída não apenas por golpes declarados, mas também por ações silenciosas, articuladas e repetidas, cada uma pavimentando o caminho para a próxima.
Por fim, Bob Fernandes traz um prontuário de cada deputado e deputada, o que interessante observar no vídeo. Incrível a ficha corrida de cada deputado e deputada no roubou das emendas secretas. Por isso, estes deputados (as) querem acabar com o foro privilegiado para que possam ser jugados na primeira instância de seus estados onde têm mais chances de "jogo".
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