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sábado, 22 de abril de 2017

O Brasil saiu do Mapa da Fome das Nações Unidas, segundo a FAO, mas a elite brasileira não comemorou? Por quê?

 
O Brasil saiu do Mapa da Fome das Nações Unidas, segundo a FAO, mas a elite brasileira não comemorou? Por quê?
E você teve essa informação nos meios de comunicação tradicionais do Brasil?
Dom Herder Câmara, Betinho e Bertolt Brecht respondem com os seguintes pensamentos:
A fome dos outros condena a civilização dos que não têm fome. Dom Herder Câmara
A fome e a miséria terão que estar em todos os debates, palanques e comícios. A alma da fome é política!" – Betinho 

Para quem tem uma boa posição social, falar de comida é coisa baixa. É compreensível: eles já comeram.―Bertolt Brecht.
a política.
E por isso, concordando com Rodrigo Martins, texto publicado em Carta Capita, a fome é uma vergonha a menos para o Brasil
E pela primeira vez, o País deixa o mapa da fome das Nações Unidas, mas ninguém comemorou esse campeonato e talvez o troféu mais importante da historia de 515 anos do povo brasileiro.
O Brasil sempre foi um país da geografia da fome, como nos alertava Josué de Castro, desde a década de 1940. Mas fez um avanço extraordinário nos últimos anos, talvez o melhor progresso do mundo, e conseguiu superar o problema”, afirma Jorge Chediek, coordenador das Nações Unidas no País. “Para ter segurança alimentar, o mais importante é garantir acesso aos alimentos. Os mais pobres precisam de dinheiro para comprá-los, e os programas de transferência de renda implantados na última década tiveram grande êxito nessa tarefa”, emenda Alan Bojanic, representante da FAO no Brasil.
O Brasil nunca teve problema para produzir alimentos. A produção brasileira dá para alimentar meio mundo”, explica Daniel Balaban, diretor do Programa Mundial de Alimentos. “O problema é que os mais pobres não tinham poder de compra”. Por isso, a FAO destaca os gastos federais nos planos de segurança alimentar, que totalizaram 78 bilhões de reais em 2013. Apenas o Bolsa Família transferiu 25 bilhões de reais para 13,8 milhões de domicílios de baixa renda no ano passado.
“O desafio, agora, é universalizar a cobertura dos programas sociais”, diz Balaban. De forma residual, a fome persiste no país em comunidades de difícil acesso: indígenas, ribeirinhos, quilombolas. Além dos programas de transferência de renda, o êxito brasileiro se deve a melhora de outros indicadores, como a geração de empregos formais e a elevação do salário mínimo. A FAO destaca ainda o sucesso do Programa de Aquisição de Alimentos da Agricultura Familiar e do Programa Nacional de Alimentação Escolar, responsável pela oferta de merendas a mais de 43 milhões de crianças e adolescentes. Este último ponto é um dos principais responsáveis pela saída do Brasil do mapa da fome.
Pela nova metodologia, desde 2006 o Brasil tem menos de 5% da população subalimentada, porcentual considerado residual pelas Nações Unidas. “Mesmo países desenvolvidos, como os EUA e o Japão, têm seus bolsões de pobreza, onde a fome persiste. Não estamos dizendo que não há mais famintos no Brasil, apenas registramos que ele superou a fome estrutural”, diz a nutricionista norte-americana Anne Kepple, consultora da FAO.
Matriculado na Escola Classe 2, em Cidade Estrutural, João Pedro, de 10 anos, filho da diarista Kelly Caetano, recebe quatro refeições durante o período de estudo. “Ele chega em casa sem fome nenhuma, às vezes nem quer jantar”, comenta a mãe. “Além disso, passa o dia todo em segurança na escola”. A preocupação não é à toa. Dos 12 filhos de Kelly, três morreram assassinados.
“Há alguns anos, eu e meu marido estávamos desempregados. Faltava tudo dentro de casa, e várias vezes deixei de comer para não faltar comida aos meus filhos”, comenta Márcia Gomes de Oliveira, que tem duas filhas matriculadas na mesma escola. No período de maior dificuldade, o casal trabalhou por dois meses no lixão do bairro. “Passei muito mal, vomitava várias vezes. Quando fui ao posto de saúde, descobri que estava grávida de minha quarta filha”. Com o auxílio de programas sociais, a família conseguiu progredir. Hoje, Márcia trabalha em uma lanchonete e o marido é açougueiro. “Felizmente, não sabemos mais o que é fome há uns bons anos”.

O estudo revelou uma queda expressiva da desnutrição, mas desnuda uma prevalência muito maior de casos nas regiões Norte e Nordeste, onde o déficit de estatura ainda é identificado em 19,2% e 12,6% das crianças monitoradas, respectivamente. Coautora do estudo, Leonor Maria Pacheco Santos, professora do Departamento de Saúde Coletiva da UnB, destaca a necessidade de reforçar políticas específicas para as regiões mais vulneráveis. “O desafio é ainda maior no Norte, onde a miséria resiste em áreas de difícil acesso. Às vezes, as expedições alcançar essa população na Amazônia demoram dias.”
http://www.cartacapital.com.br/blogs/cartas-da-esplanada/uma-vergonha-a-menos-4019.html
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2014/09/16/brasil-reduz-a pobreza-extrema-em-75-diz-fao.htm

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