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segunda-feira, 30 de março de 2009

Década de 2020 deve consolidar poder dos Bric

O excelente texto - Década de 2020 deve consolidar poder dos BRIC -  da BBC de Londres é um termômetro para medir a importância dos BRICs na atual conjuntura mundial. É um texto que vale apena ler até o final.


Década de 2020 deve consolidar poder dos BRIC
Silvia Salek *


Da BBC Brasil em Londres

BBC Brasil investiga desafios de Brasil, Rússia, Índia e China para chegar a liderança econômica.

Os anos 20 deste século podem marcar a consolidação do fortalecimento de países emergentes como potências econômicas e políticas, em um mundo cada vez mais multipolar. Segundo acadêmicos e instituições de pesquisa, os chamados BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) serão peças-chave dessa nova ordem.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Imaginação Criadora

Convite à Filosofia
De Marilena Chaui
Ed. Ática, São Paulo, 2000.

Unidade 4
O conhecimento

Capítulo 4
A imaginação

Cotidiano e imaginação

Com freqüência, ouvimos frases como: “Que falta de imaginação!”, “Por favor, use a sua imaginação!”, “Cuidado! Ela tem muita imaginação!”, “Que nada! Você andou imaginando tudo isso!”, “Não comece a imaginar coisas!”, “Imagine se tivesse sido assim!”.

Essas frases são curiosas porque indicam maneiras bastante diferentes de concebermos o que seja a imaginação. Na frase: “Que falta de imaginação!”, a imaginação é tomada como algo positivo, cuja falta ou ausência é criticada. Imaginar, aqui, aparece como capacidade mais alargada para pensar, para encontrar soluções inteligentes para algum problema, para adivinhar o sentido de alguma coisa que não está muito evidente. Ela aparece, também, como algo que nós temos e que podemos ou não usar.

Já nas frases: “Cuidado! Ela tem muita imaginação!”, “Que nada! Você andou imaginando tudo isso!” ou “Não comece a imaginar coisas!”, a imaginação é tomada como risco de irrealidade, invencionice, mentira, exagero, excesso. Agora, imaginar é inventar ou exagerar, perder o pé da realidade, assumindo, portanto, um sentido bastante diverso do anterior.

Na frase: “Imagine se tivesse sido assim!”, ou em outra como “Imagine o que ele vai dizer!”, a imaginação é tomada como uma espécie de suposição sobre as coisas futuras, uma espécie de previsão ou de alerta sobre o que poderá ou poderia acontecer como conseqüência de outros acontecimentos.

Apesar de diferentes, essas frases possuem alguns elementos comuns. Em todas elas:

● positiva ou negativamente, a imaginação está referida ao inexistente. Dizer “Use sua imaginação!” significa: faça de outro modo ou invente alguma coisa. Exclamar “Que falta de imaginação!” significa: poderia ter feito muito melhor, poderia ter dito uma coisa muito mais interessante. Alertar com a frase “Cuidado! Ela tem muita imaginação!” significa: ela inventa e exagera. Supor “Imagine o que nos teria acontecido!” significa: criar a imagem de uma situação que não aconteceu;

● a imaginação aparece como algo que possui graus, isto é, pode haver falta ou excesso;

● a imaginação se apresenta como capacidade para elaborar mentalmente alguma coisa possível, algo que não existiu, mas poderia ter existido, ou que não existe, mas poderá vir a existir.

A imaginação surge, assim, como algo impreciso, situada entre dois tipos de invenção – criação inteligente e inovadora, de um lado; exagero, invencionice, mentira, de outro. No primeiro caso ela faz aparecer o que não existia ou mostra ser possível algo que não existe. No segundo caso, ela é incapaz de reproduzir o existente ou o acontecido. Com isso, nossas frases cotidianas apontam os dois principais sentidos da imaginação: criadora e reprodutora.

A imaginação na tradição filosófica

A tradição filosófica sempre deu prioridade à imaginação reprodutora, considerada como um resíduo do objeto percebido que permanece retido em nossa consciência. A imagem seria um rastro ou um vestígio deixado pela percepção.

Os empiristas, por exemplo, falam das imagens como reflexos mentais das percepções ou das impressões, cujos traços foram gravados no cérebro. Desse ponto de vista, a imagem e a lembrança difeririam apenas porque a primeira é atual enquanto a segunda é passada. A imagem seria, portanto, a reprodução presente que faço de coisas ou situações presentes.

Por exemplo, se neste momento eu fechar os olhos, posso imaginar o computador, a mesa de trabalho, os livros nas estantes, o quebra-luz, a porta, a janela. A imagem seria a coisa atual percebida quando ausente. Seria uma percepção enfraquecida, que, associada a outras, formaria as idéias no pensamento.

Os filósofos intelectualistas também consideravam a imaginação uma forma enfraquecida da percepção e, por considerarem a percepção a principal causa de nossos erros (as ilusões e deformações da realidade), também julgavam a imaginação fonte de enganos e erros. Tomando-a como meramente reprodutora, diziam, por exemplo, que a imaginação dos artistas nada mais faz do que juntar de maneira nova imagens de coisas percebidas: um cavalo alado é a junção da imagem de um cavalo percebido com a imagem de asas percebidas; uma sereia, a junção de uma imagem de mulher percebida com a imagem de um peixe percebido.

A imaginação seria, pois, diretamente reprodutora da percepção, no campo do conhecimento, e indiretamente reprodutora da percepção, no campo da fantasia.

Por isso, na tradição filosófica, costumava-se usar a palavra imaginação como sinônimo de percepção ou como um aspecto da percepção. Percebemos imagens das coisas, dizia a tradição.

A tradição, porém, enfrentava alguns problemas que não podia resolver:

● em nossa vida, não confundimos percepção e imagem. Assim, por exemplo, distinguimos perfeitamente a percepção direta de um bombardeio da imagem do que seria uma explosão atômica;

● em nossa vida, não confundimos perceber e imaginar. Assim, por exemplo, distinguimos o sonho da vigília; distinguimos um fato que vemos na rua da cena de um filme;

● em nossa vida, somos capazes de distinguir nossa percepção e a imaginação de uma outra pessoa. Assim, por exemplo, percebemos o sofrimento psíquico de alguém que está tendo alucinações, mas não somos capazes de alucinar junto com ela.

Dessa maneira, a suposição de que entre a percepção e a imaginação, entre o percebido e a imagem haveria apenas uma diferença de grau ou de intensidade (a imagem seria uma percepção fraca e a percepção seria a imagem forte) não se mantém, pois há uma diferença de natureza ou uma diferença de essência entre ambas.

A fenomenologia e a imaginação

Quando falamos em imagens, referimo-nos a coisas bastante diversas: quadros, esculturas, fotografias, filmes, reflexos num espelho ou nas águas, ficções literárias, contos, lendas e mitos, figuras de linguagem (como a metáfora e a metonímia), sonhos, devaneios, alucinações, imitações pela mímica e pela dança, sons musicais, poesia.

Uma primeira diferença entre essas imagens pode ser logo notada: algumas se referem a imagens exteriores à nossa consciência (pinturas, esculturas, fotos, filmes, mímica, etc.), outras podem ser consideradas internas ou mentais (sonhos, devaneios, alucinações, etc.), enquanto algumas são externas e internas ao mesmo tempo (no caso da ficção literária, por exemplo, a imagem é externa, pois está no livro, e é interna, pois leio palavras e com elas imagino).

No entanto, algo é comum a todas elas: oferecem-nos um análogo das próprias coisas, seja porque estão no lugar das próprias coisas, seja porque nos fazem imaginar coisas através de outras.

A segunda diferença entre as imagens decorre do tipo de análogo que cada uma delas propõe. Um análogo pode ser um símbolo (a bandeira é um símbolo da nação), uma metáfora (dizer “a primavera da vida” para referir-se à juventude), uma ilustração (a foto de alguém junto a uma notícia de jornal ou uma paisagem num livro de contos), um esquema (a planta de uma casa ou de uma máquina), um signo (vejo a luz vermelha do semáforo e ela é o signo de uma ordem: “Pare!”), um sentimento (a emoção que sinto ao ouvir uma sinfonia), um substituto (um armário transformado em navio pela criança que brinca).

Embora sejam diferentes pela natureza da analogia, as imagens novamente possuem algo em comum: raramente ou quase nunca a imagem corresponde materialmente à coisa imaginada. Por exemplo, a bandeira e a nação são materialmente diferentes, os sons da sinfonia e meus sentimentos são diferentes, a fotografia e a pessoa fotografada são materialmente diferentes, um mímico que imita uma janela ou uma locomotiva não é nem uma coisa nem outra, etc. Notamos, assim, que é próprio das imagens algo que suporíamos próprio apenas da ficção, isto é, as imagens são irreais, quando comparadas ao que é imaginado através delas. Um quadro é real enquanto quadro percebido, mas é irreal se comparado à paisagem da qual é imagem.

Apesar de irreal e, justamente por ser irreal, a imagem é dotada de um poder especial: torna presente ou presentifica algo ausente, seja porque esse algo existe e não se encontra onde estamos, seja porque é inexistente. No primeiro caso, a imagem ou o análogo é testemunha irreal de alguma coisa existente; no segundo, é a criação de uma realidade imaginária, ou seja, de algo que existe apenas em imagem ou como imagem. Nos dois casos, porém, o objeto-em-imagem é imaginário.

Consciência imaginativa

Distanciando-se da tradição, a fenomenologia fala na consciência imaginativa como uma forma de consciência diferente da percepção e da memória, tendo como ato o imaginar e como conteúdo, ou correlato, o imaginário ou o objeto-em-imagem. A imaginação é a capacidade da consciência para fazer surgir os objetos imaginários ou objetos-em-imagem.

Pela imaginação, relacionamo-nos com o ausente e com o inexistente. Perceber este livro é relacionar-se com sua presença e existência. Imaginar um livro é relacionar-se ou com a imagem do livro percebido ou com um livro ausente e inexistente, que ainda não foi escrito e é apenas o-livro-possível. Graças à imaginação, abre-se para nós o tempo futuro e o campo dos possíveis.

A percepção observa as coisas, as pessoas, as situações. Observar é jamais ter uma coisa, pessoa ou situação de uma só vez e por inteiro. A percepção observa porque alcança as coisas, as pessoas, as situações por perfis, perspectivas, faces diferentes que vão sendo articuladas umas às outras, num processo sem fim, podendo sempre enriquecer nosso conhecimento, perceber aspectos novos, ir “completando” o percebido com novos dados ou aspectos.

A imaginação, ao contrário, não observa o objeto: cada imagem põe o objeto por inteiro. O filósofo francês Sartre dá um exemplo: quando imagino uma rua ou um edifício, tenho de uma só vez a rua-em-imagem ou o edifício-em-imagem, cada um deles possui uma única face e é essa que existe em imagem. Podemos ter muitas imagens da mesma rua ou do mesmo edifício, mas cada uma delas é uma imagem distinta das outras. Uma imagem, diz Sartre, é inobservável.

Se uma pessoa apaixonada tem diante de si a pintura ou a fotografia da pessoa amada, tem a imagem dela. Ao olhá-la, não olha para as manchas coloridas, para os traços reproduzidos no papel, não presta atenção no trabalho do pintor nem do fotógrafo, mas torna presente a pessoa amada ausente. A imagem é diferente do percebido porque ela é um análogo do ausente, sua presentificação.

Em outras palavras, percebemos e imaginamos ao mesmo tempo, embora perceber e imaginar sejam diferentes. Percebo a fotografia e imagino a pessoa amada. Percebo a fisionomia da pessoa fotografada (o olhar, o sorriso, as mãos, a roupa) e imagino a sedução do olhar, a doçura do sorriso, a sutileza dos gestos, a preferência por certas roupas. São dois estados de consciência simultâneos e diferentes.

Quando Clarice Lispector descreve o inseto e o ovo, percepção e imaginação são simultâneos e diferentes. Diante do verde-corpo-superfície-traço-que-caminha (percepção do inseto), Clarice imagina como seriam o desejo e o amor das “esperanças” (pergunta sobre as glândulas do inseto cujo corpo percebido parece impossível de conter algo em seu interior porque não tem interior). O inseto percebido e o inseto imaginado são duas consciências diferentes do mesmo inseto.

Quando a criança brinca, sua imaginação desfaz a percepção: todos os objetos, todas as pessoas e todos os lugares nada têm a ver com seu sentido percebido, mas remetem a outros sentidos, criam sentidos inexistentes ou presentificam o ausente. Um armário é um navio-em-imagem, um tapete é um mar-em-imagem, um cabo de vassoura é uma espada-em-imagem, uma folha de jornal é um mapa-em-imagem, um avental preso às costas é uma capa-em-imagem. A imaginação é, assim, uma capacidade irrealizadora.

A força irrealizadora da imaginação significa, por um lado, que ela é capaz de tornar ausente o que está presente (o armário deixa de estar presente), de tornar presente o ausente (o navio torna-se presente) e criar inteiramente o inexistente (a aventura nos mares). É por isso que a imaginação tem também uma força prospectiva, isto é, consegue inventar o futuro, como na canção de John Lennon, Imagine, ou como na invenção de uma teoria científica ou de um objeto técnico. Pelo mesmo motivo, a imaginação pode criar um mundo irreal que julgamos melhor do que o nosso, a ponto de recusarmos viver neste para “viver” imaginariamente naquele, perdendo todo o contato com o real. É o que acontece, por exemplo, na loucura, quando passamos definitivamente para o “outro lado”. Mas é também o que acontece todos os dias, quando sonhamos ou entramos em devaneio.

Embora vigília e sonho sejam diferentes, a vigília pode ser sentida como intolerável e insuportável e somos arrastados pelo desejo de ficar no sonho e de, embora acordados, viver como se o sonho fosse real, porque nossa imaginação o faz real para nós. Irrealizando o mundo percebido e realizando o sonho, a imaginação pode ocupar o lugar da percepção e passamos a perceber imaginariamente.

Quando o fazemos para criar um outro mundo ao qual os outros seres humanos também podem ter acesso, a imaginação passa do sonho à obra de arte. Quando o fazemos para criar um outro mundo só nosso e ao qual ninguém mais pode ter acesso, a imaginação passa do sonho à loucura. Assim, a diferença entre sonho, arte e loucura é muito pequena e frágil: a imaginação aberta aos outros (arte) ou fechada aos outros (loucura).

As modalidades de imaginação

Partindo da diferença entre imaginação reprodutora e imaginação criadora, podemos distinguir várias modalidades de imaginação:

1. imaginação reprodutora propriamente dita, isto é, a imaginação que toma suas imagens da percepção e da memória;

2. imaginação evocadora, que presentifica o ausente por meio de imagens com forte tonalidade afetiva;

3. imaginação irrealizadora, que torna ausente o presente e nos coloca vivendo numa outra realidade que é só nossa, como no sonho, no devaneio e no brinquedo. Esta imaginação tem forte tonalidade mágica;

4. imaginação fabulosa, de caráter social ou coletivo, que cria os mitos e as lendas pelos quais uma sociedade, um grupo social ou uma comunidade imaginam sua própria origem e a origem de todas as coisas, oferecendo uma explicação para seu presente e sobretudo para a morte. Aqui, a imaginação cria imagens simbólicas para o bem e o mal, o justo e o injusto, o puro e o impuro, o belo e o feio, o mortal e o imortal, o tempo e a Natureza pela referência às divindades e aos heróis criadores; explica os males desta vida por faltas originárias cometidas pelos humanos [o pecado original, por exemplo] e promete uma vida futura feliz, após a morte. É a imaginação religiosa;

5. imaginação criadora, que inventa ou cria o novo nas artes, nas ciências, nas técnicas e na Filosofia. Aqui, combinam-se elementos afetivos, intelectuais e culturais que preparam as condições para que algo novo seja criado e que só existia, primeiro, como imagem prospectiva ou como possibilidade aberta. A imaginação criadora pede auxílio à percepção, à memória, às idéias existentes, à imaginação reprodutora e evocadora para cumprir-se como criação ou invenção.

Imaginação e teoria do conhecimento

Do ponto de vista da teoria do conhecimento, a imaginação possui duas faces: a de auxiliar precioso para o conhecimento da verdade e a de perigo imenso para o conhecimento verdadeiro.

Quando lemos relatos dos cientistas sobre suas pesquisas e investigações, com freqüência eles se referem aos momentos em que tiveram que imaginar, isto é, criar pelo pensamento a imagem total ou completa do fenômeno pesquisado para, graças a ela, orientar os detalhes e pormenores da pesquisa concreta que realizavam.

Essa imagem é negadora e antecipadora. Negadora: graças a ela, o cientista pode negar ou recusar as teorias já existentes. Antecipadora: graças a ela, o cientista pode antever o significado completo de sua própria pesquisa, mesmo que esta ainda esteja em andamento; a imaginação orienta o pensamento. O filósofo Gaston Bachelard atribui à imaginação a capacidade para encorajar o pensamento a dizer “não” a teorias existentes e propor novas.

Muitas vezes, lendo um romance ou vendo um filme, compreendemos e conhecemos muito melhor uma realidade do que se lêssemos livros científicos ou jornais. Por quê? Porque o artista, através da imaginação, capta o essencial e reúne o que estava disperso na realidade, fazendo-nos compreender o sentido profundo e invisível de alguma coisa ou de alguma situação. O artista nos mostra o inusitado, o excepcional, o exemplar ou o impossível por meio dos quais nossa realidade ganha sentido e pode ser mais bem conhecida.

Outras vezes, porém, sobretudo quando se trata da imaginação reprodutora, somos lançados no mundo dos ídolos, de que fala Francis Bacon, ou no mundo da prevenção e dos preconceitos, de que fala Descartes.

Agora surge um tecido de imagens ou um imaginário, que desvia nossa atenção da realidade, ou que serve para nos dar compensações ilusórias para as desgraças de nossas vidas ou de nossa sociedade, ou que é usado como máscara para ocultar a verdade. O imaginário reprodutor (nas ciências, na Filosofia, no cinema, na televisão, na literatura, etc.) bloqueia nosso conhecimento porque apenas reproduz nossa realidade, mas dando a ela aspectos sedutores, mágicos, embelezados, cheios de sonhos que já parecem realizados e que reforçam nosso presente como algo inquestionável e inelutável. É um imaginário de explicações feitas e acabadas, justificador do mundo tal como ele parece ser. Quando esse imaginário é social, chama-se ideologia.

Sob esse aspecto, a imaginação reprodutora se opõe à imaginação utópica. Utopia é uma palavra grega que significa: em lugar nenhum e em tempo nenhum. A imaginação utópica cria uma outra realidade para mostrar erros, desgraças, infâmias, angústias, opressões e violências da realidade presente e para despertar, em nossa imaginação, o desejo de mudança. Assim, enquanto o imaginário reprodutor procura abafar o desejo de transformação, o imaginário utópico procura criar esse desejo em nós. Pela invenção de uma outra sociedade que não existe em lugar nenhum e em tempo nenhum, a utopia nos ajuda a conhecer a realidade presente e buscar sua transformação.

Em outras palavras, o imaginário reprodutor opera com ilusões, enquanto a imaginação criadora e a imaginação utópica operam com a invenção do novo e da mudança, graças ao conhecimento crítico do presente.

quinta-feira, 19 de março de 2009


Inicio este post com um forte pensamento de Roberto Malvezzi de que precisamos de um projeto de Brasil. Este Brasil, caracterizado por Celso Furtado como uma construção interrompida, precisa de um novo projeto. E não é de um projeto qualquer. É de um Projeto de Nação, um projeto de desenvolvimento nacional sustentado e sustentável, tal que contemple os interesses de todos os brasileiros, indistintamente, sem prevalências de quaisquer naturezas.

Todavia, há que se dar prioridade para aqueles que até hoje têm sido privados de uma participação plena e digna na vida nacional como a maioria do povo brasileiro, motivo pelo qual este blog irá mostrar as mudanças que estão acontecendo nesta "Terra Severina", mas que está encontrando aos poucos os seus caminhos de vida mais digna pela própria convivência no semi-árido.

Historicamente as nossas famílias tiveram que deixar suas terras, suas culturas e seus familiares para viver em outros lugares distantes, isso porque aqui colocaram cercas até nos rios e nas lagoas. O semi-árido, a despeito de suas características geofísicas, não era e nunca foi o principal problema de sobrevivência, mas sim um sistema de exploração que abortava a vida do sertanejo e colocava-o em situação de extrema pobreza.

O caminho era ir – ser retirantes - como a própria família do presidente Lula, morrendo de fome, de sede e de angústia, vai para São Paulo trabalhar nas mais difíceis condições de vida, pelo menos lá não se morre de sede, pode-se morrer de fome e das condições de vida e de trabalho. Lá, o nordestino luta até o fim como em sua terra.

O baixinho sem pescoço, ao lado da mãe é o presidente Lula

A despeito de toda a sorte e das mais imagináveis situações de vida, do abandono do pai, as condições de trabalho, a luta sindical durante o período militar, este tornou-se o Filho do Brasil, filho que reconhecendo o valor de sua Terra e de suas origens retorna à casa como presidente e um bom filho.

Este conhecedor profundo de Brasil retorna com políticas públicas de valorização do sertanejo que este blog pretende explorar com fatos e relatos dos próprios sertanejos. Aqui as políticas públicas podem fazer a redenção do sertão.

Os pensamentos de Roberto Malvezzi vêm ao encontro dos meus e dos objetivos deste blog. Perdemos décadas de políticas públicas ineficientes e incompetentes. As nossas elites que governaram este país nestes quinhentos anos não tiveram um projeto de Brasil e nem de nação. Até hoje mandam os seus filhotes conhecerem a Europa, os EUA, mas estes se desenvolvem sem conhecer a nação onde nasceram. São parias de uma pátria que os acolheu, deu amor através de sua cultura e natureza, mas crescem sem amor e sem sentimento de nação.
Em 2002 fui fazer um curso sobre meio ambiente ministrado por um professor paulista e ele me confessou até de certa forma “ingênua” que ficou surpreendido pela quantidade árvores e de pássaros. em nossa Caatinga. Ele revela como outros conhecer muito pouco sobre Brasil e seus riquíssimos Biomas. Deixa-se levar pelo poder ideológico e das formas estereotipadas das informações divulgadas sobre o semi-árido – sertão. Eu disse: professor, com ou outros paulistas que chegam aqui, você ficou “desequilibrado”. Ele ficou meio errado, mas não podia deixar de chamá-lo atenção pela sua ignorância de Brasil.

Em seu livro “O Sertão Aqui se Despeja no Mar”, o engenheiro e Geógrafo e Professor Caio Lóssio Botelho escreve que a palavra sertão deriva de desertão, cobrindo todo o Ceará e grande parte dos Estados do Nordeste.

O professor vai dissecando sobre as características do nordeste, citando o Ceará, onde se denomina a estação chuvosa de inverno e a estação seca de verão. Este fato se deve ao desconhecimento pelos portugueses da Meteorologia e Climatologia equatorial, em razão de que na Península Ibérica o período corresponde à estação do inverno (frio) e o período seco ao verão (calor).

O Semi-árido brasileiro, também chamado de Sertão - cenário geográfico onde ocorrem as secas - abrange os seguintes estados: Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e o Vale do Jequitinhonha, no norte de Minas Gerais. Estima-se nele uma população de cerca de 20 milhões de pessoas das quais, no exacerbar de uma seca, 10 milhões passam sede e fome. É uma região de elevadas temperaturas (média de 26º C), onde o regime pluvial é bastante irregular.

A cobertura vegetal do Semi-Árido é a caatinga. No período chuvoso ela fica verde e florida. Abriga uma das maiores biodiversidades brasileiras de insetos, inclusive a abelha, o que a torna muito favorável para a produção de mel.
O Ceará está se tornando um dos maiores exportadores de mel do Brasil, inclusive compro mel de comunidades que trabalham a terra de forma sustentável, caso da comunidade de Lagoa dos Cavalhos. São experiências que estão mudando a vida do sertanejo, mas por falta de compromisso de entendimento de Brasil nossas elites deram às costas aos sertanejos durante séculos.

Entretanto, no período normal de estiagem, ela hiberna, fica seca, adquire uma aparência parda; daí o nome caatinga, expressão indígena que quer dizer “mata branca”. Mas não está morta. Quando a chuva retorna, acontece uma espécie de ressurreição: o que parecia morto ressuscita; o que estava seco volta a ser verde. Parece que a vida brota do nada.

Na verdade, o Semi-Árido tem apenas duas estações: a das chuvas e a sem chuvas. Assim, historicamente, as expressões “inverno e verão” têm um sentido tradicional, mas técnica e cientificamente é uma denominação errônea, visto que aqui inexiste a estação fria (inverno) e o verão (calor), estações típicas das zonas temperadas.

A seca não é a falta absoluta de água, mas sim a sua má distribuição no tempo e no espaço. Isso porque durante o ano chove dois ou três meses, ficando o restante do ano sem chuvas.

No momento a caatinga já saiu de sua hibernação e o verde conta dos campos e das matas. Os buchos das lagoas e rios estão tomando água e a passarada faz uma festa linda no sertão. Mesmo no período seco é preciso entender quão lindo e majestoso é o nosso sertão.

A título de esclarecimento o professor Caio Lóssio escreve que países como Alemanha (670 mm) e Franca (690 mm) têm uma mídia pluvial inferior à média histórica do Ceará (750 mm) e não tem o chamado fenômeno da seca.

Características principais do semi-árido nordestino:

A região são aproveita 8% das chuvas caídas, pois 92% das precipitações pluviais são absorvidas pela evaporação, evapotranspiração e infiltração, tendo em vista a nossa equatorialidade;

No nordeste semi-árido equatorial só temos uma fonte de água (as chuvas), enquanto que as outras regiões semi-áridas da Terra possuem 4 fontes como chuva, granizo, neve e geada;

O Ceará é a região mais atingida pela seca porque aqui o sertão se despeja no mar, em virtude de aqui inexistir a zona da mata e do agreste;

A seca é normalidade na zona equatorial semi-árida do Nordeste brasileiro;

Sendo a vegetação um espelho do clima, o semi-árido em questão apresenta respectivamente a última (seridó) e penúltima (caatinga) formas biofísicas antes do aparecimento do deserto;

A agricultura no semi-árido é mais uma questão uma questão sociológica do que econômica, pois a economia primária é grande absorvedora de mão-de-obra. Esta questão se refere porque historicamente existe no semi-árido a concentração de Terra e de água nas mãos de poucos. Os poucos açudes e lagoas estavam concentrados nas mãos dos coronéis que também controlavam o Estado por aqui;

Por estas características, entende-se que a presença do Estado era através dos coronéis que tinha no que é hoje os DEMOS-TUCANOS, os mais legítimos representantes e que pouco a pouco estão sendo exterminados aqui no semi-árido. Como vermes e todo o tipo de parasitas, nao encontrando mais substrato para viverem e se reproduzirem o seu modus de vivência, vão embora a procura de outros substratos, encontrando em São Paulo, do conservadorimo paulista o ideal de reproduzirem Vida, Morte e Severina por 500 longos no semi-árido equatorial nordestino.

Bem, por enquanto paro aqui, mas as discussões sobre o Brasil e o sertão nordestino continuam e temos uma longa caminhada para mostrar que se Deus tinha uma terra prometida para os Hebreus que emana leite e mel, errou de lugar e de direção geográfica e trouxe para a nossa região.

Certamente ele errou as coordenadas geográficas, porque é aqui no semi-árido a Terra prometida, mas a elite colocou tudo a perder e transformou isso em campo de concentração de aniquilamento do sertanejo, onde o Diabo e Deus pelejam na terra do sol.

Júlio José Chiavenato, em As Lutas do Povo Brasileiro escrevendo sobre Conselheiro afirma que este é o mais caluniado na história brasileira, assim como o Presidente Lula chamado de analfabeto, corrupto e todo o tipo de sorte pela elite através de seus meios de comunicação.

Nas reflexões sobre Conselheiro, continua Chiaventato, a terra é o próprio inferno, terra de cão, por isso ele sempre vence e a elite sempre teve o leite e o mel. A batalha tem que ser ganha trazendo o céu para a terra. Aqui será o Céu, na terra. Então venceremos Satanás e o presidente Lula tem trabalhado para trazer o céu para a terra semi-árida nordestina.

REFERÊNCIAS
Defesa do Nordeste Semi-Árido Equatorial (Sertão). Cássio Lóssio Botelho
Malvezzi, Roberto Semi-árido - uma visão holística. – Brasília: Confea, 2007. 140p. – (Pensar Brasil) 1.Semi-árido brasileiro. I. Título. II. Série
CHIAVENATO, Júlio José. As Lutas do Povo Brasileiro.

segunda-feira, 16 de março de 2009

The Economist reconhece equívoco nas privatizações da era FHC

Caríssimos,

Reproduzo abaixo um texto para discussão do colega professor Remo. Realmente é para perceber que os neobobos estão sem discurso. Quero imaginar como os DEMOS-TUCANOS vão defender a privataria nas eleições de 2010. Vejam o texto abaixo.

Resolvi deixar o deleite do professor Remo com esta situação. Realmente a questão é cômica, se não fosse trágica para os DEMOS-TUCANOS.

Abraços.

Luís Moreira

Escreve o professor Remo M. B. Bastos

Impressionante.....tou de queixo caído !!!.....rss...nunca pensei que fosse ler isso num jornal considerado a bíblia do CAPETAlismo!!! Rsss.....como é doce o sabor da vingnça....kkkkkk.....brincadeirinha, amigos....rssss.

Parodiando o "grande" ex-governador cearense, Gonzaga Mota: "Como a Economia é dinâmica",......rsssss


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The Economist reconhece equívoco nas privatizações da era FHC
10/03/09 - 15:26
Matéria da revista inglesa The Economist publicada na semana passada reconhece o equívoco de um dos principais pilares do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB): a venda indiscriminada de empresas e bancos estatais. No texto, a publicação afirma que até há pouco tempo no Brasil, acreditava-se que um fatores prejudiciais à economia brasileira seria a influência estatal no setor financeiro. Segundo a revista, entretanto, esse controle estatal é o que dá hoje ao País uma situação favorável perante os demais países e, diante da crise mundial, confere uma “situação favorável incomum ao Brasil".
A matéria se refere à manutenção da gestão estatal, por parte do governo Luiz Inácio Lula da Silva, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), instituições financeiras líderes de empréstimos para empresas e que FHC tentou, sem sucesso, privatizar.
"Outros países estão tentando descobrir como alavancar bancos e direcionar o crédito para as necessidades identificadas. Isso é algo que o Brasil faz, inclusive quando não era 'moda'. Nos bancos privados, as exigências de depósitos e garantias para financiamentos os impediram de correr os riscos financeiros que acabaram por derrubar bancos na Europa e nos Estados Unidos. Até agora, o crédito do Brasil foi 'mordiscado', mas não 'triturado', destacou o texto.
A matéria também sustenta que, na comparação com seu passado recente e na comparação com outros países, a economia do Brasil está em boa forma. "O FMI prevê que somente os países em desenvolvimento na Ásia, África e Oriente Médio terão melhores resultados em 2009. Em comparação com o contexto anterior, no qual o Brasil sofria uma parada cardíaca a cada estresse de outras economias, isso é impressionante", diz o texto.
O texto aponta ainda que as razões para a melhoria do crescimento do País estão fortemente atreladas à melhoria do nível da dívida do setor público, que foi um ponto fraco e agora se mantém abaixo dos 40% do PIB, e a outros fatores. "Os empréstimos em moeda estrangeira foram trocados principalmente por títulos em reais. Além disso, o País acumulou US$ 200 milhões em reservas internacionais para defender o real; seu déficit em conta corrente é pequeno e, o mais importante, a crise não está aumentando a inflação. Isso permite que o Banco Central reduza a taxa básica de juros da economia, permitindo um custo mais barato para a dívida pública. É a primeira vez que o Brasil adota uma política monetária anticíclica", afirma o texto.
O Brasil tem fôlego para enfrentar a crise mundial por conta da resistência contra a onda de privatização que aconteceu na América Latina. "Conseguimos, no Brasil, sustentar com oposição, e com ajuda da reação da sociedade, esse processo de liquidação do patrimônio público. Agora se descobriu, no auge da crise, que é preciso a presença do Estado e estão todos tentando estatizar bancos falidos. Ou seja, transferir recursos públicos para a iniciativa privada", afirmou.
Segundo ele, a privatização de empresas de energia e de telecomunicações no governo FHC teve consequências desastrosas. "Hoje nos deparamos com as maiores tarifas de energia elétrica do mundo e temos problemas com altas tarifas da comunicação por celular. Foram justamente as duas áreas privatizadas pelo governo anterior. O governo Lula conseguiu evitar a tragédia maior que teria sido a dilapidação da estrutura pública do Brasil".

abraços,
Remo M. Brito Bastos
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O regime sócio-político econômico cubano tem seus defeitos, muito embora a maioria deles causados pelo covarde embargo econômico estadunidense que já dura mais de 50 anos. Todavia, esses defeitos precisam ser analisados com honestidade, parcimônia e isenção sob a perspectiva histórica que os originou, pois a evolução dos processos sócio-econômicos pelos quais passou a sociedade cubana e das decisões a que foi obrigado a tomar o governo revolucionário para manter a soberania, a independência de sua nação e a dignidade de seu povo, até hoje, pode explicar com bastante consistência a natureza heterodoxa do regime político que ainda tem sido necessário viger em Cuba. Remo Brito Bastos
"Não nego a necessidade objetiva do estímulo material, mas sou contrário a utilizá-lo como alavanca impulsora fundamental, porque ele corrompe e [...] termina por impor sua própria força às relações entre os homens. No momento em que for necessário, estarei disposto a entregar a minha vida pela liberdade de qualquer um dos países da América Latina, sem pedir nada a ninguém..." Ernesto "Che" Guevara
No trajeto do aeroporto de Havana ao centro da cidade há um "outdoor" com o retrato de uma criança sorrindo e a frase: "Esta noite 200 milhões de crianças dormirão nas ruas do mundo. Nenhuma delas é cubana." Algum outro país do Continente pode usar um cartaz como este à sua porta de entrada? Algum outro país do Continente pode usar um cartaz como este à sua porta de entrada?

sexta-feira, 13 de março de 2009

Plano B do PIG.

Caríssimos, a análise abaixo do Nassif é muito lúcida e nos mostra que a ficha deste grande jornalista que considerava Serra um grande gestor caiu. E caiu mais cedo que imaginava.
O Serra não tem luz própria, depende da Folha, da Globo, da Veja para atacar o governo de um lado, de outro apresentá-lo como o grande salvador da pátria. Na verdade ele é uma grande mentira.
Agora leitores, não se iludam, o plano B do PIG é Aécio e este pode aparecer nestas eleições da mesma forma como o Collor em 1989.
Se montar a chapa PMDB, DEM, PSDB E PPS e outros adesistas de última hora vai dar trabalho, mas ainda sim, creio que Dilma vença no primeiro turno.

Vamos a análise de Nassif que está abaixo.

Enquanto o Globo transforma desejos em fatos, os fatos conspiram contra os desejos da sua direção - e o jornal ignora.

No Estadão de hoje, duas notícias sobre a sucessão:
1. O PMDB de Minas Gerais aclamou Aécio Neves e quer que seja o candidato do partido a 2010.
2. O DEM, através de Rodrigo Maia, ameaça desembarcar da canoa de Serra.
Clique aqui.
Sem negar que já apoiou abertamente Serra, o presidente nacional do DEM, ˜deputado Rodrigo Maia (RJ), recuou. “A realidade que eu tinha naquele momento era uma, a que eu tenho hoje é outra. O governador Aécio Neves é de fato candidato a presidente da República”, afirmou, negando ter simplesmente mudado de ideia. “Não é que eu mudei de ideia, quem mudou de ideia foi o Aécio.”
Alguma surpresa? Só para quem analisa o jogo político como torcedor.
Assim como na economia, há uma defasagem entre os eventos políticos e as consequências. Assim como na economia, os movimentos de opinião pública são como ondas. Determinados candidatos sobem, atingem o seu pico, não tem consistência, seus fundamentos não são considerados sólidos, e entra-se na curva descendente. A arte da política - e do jornalismo - consiste em prever esses movimentos. Serra, que sempre teve muitas virtudes, sempre foi um amador para esse tipo de análise. E não existem partidos como melhor ˜feeling” para esses movimentos que o PMDB e, principalmente, o DEM.
Os erros fatais
Serra começou a cavar o buraco em que se meteu muito antes, quando emergiu das eleições para governador. Esperava-se que surgisse o estadista - que durante os anos 90 era apenas uma promessa - com visão desenvolvimentista, amplo trânsito em círculos de centro-esquerda de diversos partidos, movimentos sociais.
O que se viu foi um político sem rumo, quase um dependente emocional sendo conduzido pela mão pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Não faltaram alertas que FHC não representava mais nada, que era como um chupim que se agarra ao tronco da árvore. Não adiantou. Seja pela dependência emocional, seja pelo fato de FHC ter-lhe legado o apoio da mídia - especialmente da Editora Abril e O Globo (a Folha foi uma conquista pessoal de Serra e os Frias lhe serão eternamente gratos, como são até hoje ao ex-presidente Sarney) - o governador mudou. Tornou-se o alter ego de FHC.
Indecisões crônicas
À medida que não tinha mais o álibi de não ter vôo próprio - afinal, agora era o governador do maior estado brasileiro - tornaram-se mais explícitas duas características negativas.
A primeira, a da indecisão, do receio de entrar em divididas, de expor suas idéias e desagradar novos e antigos aliados. O intelectual corajoso, na política não passa de um formulador inibido. Não teve coragem de criticar o modelo econômico quando as coisas pareciam estar a favor do mercadismo. Era o momento de ter-se firmado corajosamente, para colher os frutos quando a crise chegasse. Amarelou, ficou com receio de tirar o discurso de seus aliados - Lucia Hipólito, Jabor, Mirian, Veja. Os bravos passam anos atacando qualquer ação próativa do Estado e, agora, o seu campeão resolve dizer o que pensa, que a ação de Estado não pode ser vista com esse dogmatismo superficial?
A segunda, da truculência. Enquanto Serra tentava passar a imagem do político equilibrado, pronto a colaborar com outros poderes, a tropa de choque de Serra expunha-se de maneira totalmente imprudente, jogando o governador no centro da maior roubada política dos últimos dez anos: a conspiração contra a Operação Satiagraha, conduzida pelo inspetor Roberto “Clouseau” Civita e seu exército de trapalhões.
Com isso, holofotes em cheio sobre Marcelo Itagyba, trazendo de volta as informações sobre suas ligações com Serra na época do Lunus e na montagem da operação - uma armação da Polícia Federal com a TV Globo de Ali Kamel.
Quem são os atores convocados para as tramas da Veja? Itagyba, Jungman, Jarbas, todos homens de Serra. Quem ataca os adversários de Serra com as baixarias mais expressivas da história da grande imprensa brasileira? Mauro Chaves, homem de confiança de Serra (um episódio baixo apenas). Reinaldo Azevedo, de confiança de Serra.
Intelectuais, pensadores, progressistas que poderiam estar junto com Serra só se manifestam quando provocados pelos jornais. Antes Serra tinha um exército pequeno e apaixonado por suas ideias. Sobrou o que? Um bando de iludidos que constatou que as tais idéias eram apenas para consumo interno e para tertúlias com as macarronadas de Gianotti.
Os conflitos
Some-se a isso o fato de não ter conseguido administrar conflitos básicos e fundamentais, como a greve da Polícia Civil e da USP. Além de ter confirmado as lendas que o cercavam, de permanentemente pedir cabeça de jornalistas.
Reforçou a marca política da truculência e não conseguiu definir uma marca como gestor. Pergunte a qualquer pessoa - do motorista de táxi ao intelectual - qual a marca do governo Serra e ninguém saberá.
Havia o Serra que defendia os recursos públicos com unhas e dentes. Foi substituído pelo Serra que despeja publicidade da Sabesp em rede nacional e inunda horários nobres, como os do Jornal Nacional, com propagandas de trens. Ou o Serra que celebra inúmeros contratos com a Editora Abril, em troca de apoio.
Próximos passos
O jogo está apenas começando. Quem tem intuição para perceber os rumos do vento já percebeu que, nos próximos meses, Serra desce aceleradamente; Aécio sobe. E agora? Um novo caso Lunus?
Se o movimento tornar-se muito forte, a mídia poderá embarcar na candidatura Aécio. O ponto central da grande mídia será apoiar um candidato que iniba, através de leis e regulamentos, a entrada de novos competidores em um mercado cartelizado. Quem é o homem de Aécio no PMDB? O homem da mídia: Hélio Costa.
Não se surpreenda se Aécio tornar-se a grande esperança branca da mídia e do DEM.
Será a disputa do desenvolvimentismo e da gestão.

quinta-feira, 12 de março de 2009

VEJA COMO A COMO A DITABRANDA DOS FRIAS ATUA

Frei Tito, uma Paixão.


Quando secar o rio de minha infância,
Secará toda dor.
(Tito de Alencar Lima)
por Frei Betto
A 10 de agosto completa trinta anos da trágica morte de Frei Tito de Alencar Lima, em L'Arbresle, no Sul da França. Em sua dor gravou-se o que de mais hediondo produziu o militarismo brasileiro e, nele, reflete-se a venerável indignação de quantos acreditam na política como expressão coletiva de princípios éticos.

Esta é DILMA do Brasil.


Caríssimos, parece que a Dilma já tem na ponta da língua de como tratar os hipócritas DEMOS-TUCANOS e parece que eles não terão como fugir do PLEBISCITO de 2010.

Se a Dilma partir assim na campanha eleitoral, comparando com números e fatos, será vitória no primeiro turno.

Vejam o texto abaixo

Dilma Rousseff bate forte na oposição

A ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) bateu forte na proposta da oposição de instalação de um “gabinete de crise”. Segundo ela, esse modo de pensar é resultado de quem “não segurou a barra e teve apagão” - numa referência à gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, comandado pelos opositores de hoje: PSDB e DEM, antigo PFL.

“Essa é a visão do apagão. Havia uma crise de energia elétrica no Brasil e fizeram um gabinete de crise. Agora, querem reproduzir isso, mas hoje o Brasil inteiro tem que se voltar para o combate à crise" disse a ministra, depois de uma reunião na sede da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em Brasília. Nenhum “gabinete de crise” vai substituir o esforço coletivo do governo e da sociedade. De fato, é proposta de quem não segurou a barra ao provocar o apagão.

Leia mais aqui

MULHER CORAGEM

Vera Magalhães


Caríssimos leitores de Olhos do Sertão. Estive ausente pelo acúmulo de tanto trabalho e peço que me compreenda. Tenho o compromisso de atualizar este blog diariamente com textos novos sobre o nosso Brasil.


Não poderia de deixar de o Dia Internacional da Mulher. Ano passado tive a oportunidade de ler e pesquisar sobre Vera Sílvia Magalhães, que aos 21 anos foi a única mulher a participar do seqüestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick.

LEIA BLOGS. DIGA NÃO À MANIPULAÇÃO DA GLOBO

terça-feira, 3 de março de 2009

TUDO SOB CONTROLE DO PIG EM SÃO PAULO

Caríssimos, o texto abaixo de Vi o Mundo - Azenha é assombroso. É de quem estava dentro da TV Globo e conhecer as profundezas do jornalismo de esgoto que a TV Globo faz. e

Enquanto isso TV Globo recebe quase 8 milhoes dos cofres paulistas para fazer propaganda de Serra em todo o território do Brasil. Grupo Abril recebe quase milhões de Serra como forma de agradecimento pelos bons trabalho que a Veja faz para os DEMOS-TUCANOS-SERRA.

E agora Serra coloca quase 300 milhões no orçamento para campanha de sua imagem. Enquanto o PIG (FOLHA, TV GLOBO, ESTADÃO, VEJA, BAND) faz o trabalho sujo de atacar o governo Lula e o PT de um lado, de outro tenta preservar a imagem do Serra.

POR QUE A ÍNDIA NOS FASCINA?

POR QUE A ÍNDIA NOS FACINA? – (Época 563) - Se é livre o opinar, a mim não seduz minimamente! Há similaridades com alguns dos nossos costumes, mas, intolerância à parte, deslumbra-me o meu País. Também temos rios que nos fascinam e onde nos banhamos, lavamos roupas, fazemos xixi e até expelimos excrementos, mas nada comparável ao que a TV nos mostra. Temos ruelas fétidas em bairros esquecidos pelo poder público, como temos palácios suntuosos e castas, em especial em Brasília; temos indigentes aos milhões, mas não me encantam estranhos hábitos: o processo de escolha da companheira; os bigodes e cabelos monstros em caras empoadas; as facas atravessadas em braços etc. O que importamos por deslumbre nos é imposto num constante processo de alienação e assim padecemos de submissão cultural a outros povos. Até quando?
Hildeberto AQUINO
Russas (CE)
Art.5º - IX - da Constituição: "É LIVRE a EXPRESSÃO da atividade INTELECTUAL, ARTÍSTICA, CIENTÍFICA e de COMUNICAÇÃO, INDEPENDENTE de CENSURA ou LICENÇA." Exerçamos os nossos direitos!J. Hildeberto J. de AQUINO Licenciado e Corretor de Imóveis

"O BRASIL ESTÁ NO CAMINHO CERTO"



Caríssimos, uma excelente entrevista na Isto É com Noam ChomsKy Na Isto É.
Ponto imporantes:

Capitalismo só existe nos países pobres que é imposto a força, principalmente pelo poder ideológico. Poder ideológico, que inclusive comeu o FHC. O FHC que acreditou que o Estado mínimo, as privatizações, o combate ao "Elefante Branco - Estado Brasileiro" iria modernizar o Brasil.
Outro ponto: o Brasil tem um papel central na integração regional, pois é o país mais rico e poderoso da região. O presidente Lula tem tomado uma posição muito boa, garantindo que países que os EUA tentam arruinar, principalmente a Bolívia e a Venezuela, estejam integrados ao sistema.

Vejam que O PIG-DEMO-TUCANO tenta a todo instante convencer os brasileiros que a Venezuela é um estado comandado por terroristas. A campanha é para favorecer o plano dos EUA-COLÔMBIA.

ATÉ ONDE VAI O PODER DE CONVENCIMENTO DA MÍDIA?

Caríssimos um bom texto sobre o "poder de convencimento" da mídia.
Enviado pelo professor Reno

40 anos atrás, o mundo estava empesteado de fumaça de cigarro. Não tenho nada contra cigarro, mas vou falar do fato de que há 30, 40 anos, o mundo inteiro fumava. No filme Casablanca, há momentos em que parece que a película do filme está com defeito. Não se enxerga quase nada. Mas não é um defeito da película, é que não se enxerga quase nada mesmo. Os dois protagonistas principais estão num bar mal iluminado, bebendo, fumando, soltando uma baforada atrás da outra. Quase não se enxerga os atores. É fumaça o tempo todo. Foi a época em que quase o mundo todo passou a fumar. Quem disse que o ser humano seria um fumante? Se Hollywood não tivesse existido, não existiria, no mundo, esta epidemia de fumantes. É esse o poder da mídia.

Mudança do clima de adesão
Outro exemplo. Durante os anos mais duros da ditadura militar, entre 1969 e 1973, qual era o poder da mídia? Eu digo que quase absoluto. Vivia-se o poder absoluto, total, das forças armadas, o poder dos torturadores que assassinavam os militantes de esquerda. Em 69, 70, 71, centenas de militantes contra a ditadura, entre os quais eu, tentávamos dizer aos companheiros com os quais trabalhávamos nas fábricas que estávamos numa ditadura, que havia mortos, presos, assassinados, torturados. Mas ninguém nos ouvia, ninguém se interessava. Quem é que conseguia anestesiar totalmente o povo naquele momento? Era o clima de oba-oba, do sonho do tal "Brasil Grande" embalado com as musiquinhas Para a frente Brasil, Brasil, eu te amo ou o Hino da Seleção (e quem não gosta da seleção?).

Rádios e TVs tocavam essas músicas constantemente. Além disso, havia todas as propagandas feitas no cinema, e mais ainda pela TV e Rádio Globo, dizendo que estava tudo às mil maravilhas, que o Brasil estava perfeito. E o povo ficava tranqüilo. Tranqüilo porque, economicamente, era a época do chamado milagre econômico, era uma época de muito emprego. Eu, que na época era ferramenteiro, me lembro que arrumava emprego até por telefone. Os salários eram arrochados, mas era fácil arrumar emprego. Então, o marido arranjava emprego para a mulher e o filho, de 13, 14 anos. Havia uma propaganda de que o Brasil era uma maravilha, mesmo com a ditadura, as mortes, as torturas. Nesse ponto, o poder da mídia, o poder da propaganda, era quase absoluto, na minha visão.
Só que existem fatos na História que relativizam esse poder absoluto da propaganda, da mídia. A crise do petróleo, em 1973, por exemplo, mudou o olhar do povo brasileiro. Em 74, 75, o tal milagre começou a fazer água, começou a se esvaziar e aquele clima de adesão à ditadura mudou completamente. A OAB, que em 64 invocava o golpe, já em 75, em São Paulo, no Largo São Francisco, lê o famoso "Manifesto pela Volta do Estado de Direito", isto é, pelo fim da ditadura. Estava mudando o clima de adesão à ditadura. Mas esse clima não mudaria se não tivesse estourado a chamada crise do petróleo.
A bomba de Saddam Hussein
Em 2006, toda a mídia, sem assumir, porque sempre faz questão de aparecer como imparcial, apoiou o candidato Alckmin. A única exceção foi a revista CartaCapital, que assumiu seu apoio ao candidato Lula. Então por que o candidato de toda a mídia não ganhou, se ela é tão poderosa quanto penso? Não ganhou porque há fatos históricos que relativizam o seu poder.
Houve o fato concreto de que para muitos, através de programas como o Bolsa Escola, o Bolsa Família e o aumento do poder de compra do salário mínimo, a vida teve uma pequena melhora. O povo do Bolsa Escola, o povo que começou a comer e a ganhar um pouco mais, acabou votando no Lula. Essa mídia foi derrotada pelos fatos, como aconteceu na ditadura. O poder da propaganda foi relativizado e anulado pelos fatos históricos. Isso prova que o poder da mídia, embora muito grande, não é absoluto.
Há um fato que prova que o poder da mídia é enorme e capaz de enganar milhões e bilhões de pessoas. Estamos em 2003. Os Estados Unidos resolvem invadir, bombardear, acabar, destruir e matar 300, 400 mil pessoas no Iraque.
O mundo todo "bebeu" as notícias das agências norte-americanas e apoiou a invasão do Iraque. Claro que nem todo mundo apoiou. Houve manifestações de mais de um milhão de pessoas – na Alemanha, na Espanha, na Itália, na Inglaterra. Aqui, no Brasil, conseguimos juntar cerca de 500 pessoas contra o bombardeio, contra a destruição do Iraque. Mas o grosso do mundo estava com Bush. Ou melhor, com a CNN, com a Fox e companhia.
Tenho uma irmã na Itália. Liguei para ela num domingo, um pouco antes de estourar a guerra, no final de fevereiro de 2003. Perguntei como estava a situação lá. Ela respondeu: "Ih, tá difícil." "Mas o que aconteceu? Tem algum problema?" "Não, está muito ruim." "Mas quem se machucou, quem morreu? Você está doente?" "Não. Saddam Hussein", respondeu ela. Minha irmã estava lá com um medo terrível de Saddam Hussein. Ainda não havia estourado a invasão americana. Eu, pelo telefone, tentei tranqüilizá-la: "Que Saddam Hussein, que nada." "É, mas ele tem bomba." "Que bomba, que nada", eu insistia. "Tem, sim. Tem bomba atômica, química e bacteriológica. Nós vimos tudo na TV. Aí no Brasil não viram, não?" "E você acreditou?"
"O elefante é o Estado"
Saddam Hussein não tinha bomba atômica, nem bomba química, nem bomba bacteriológica. Quem criou Saddam Hussein? Quem realmente criou o Saddam Hussein foi Bush para poder invadir o Iraque. Bom, mas minha irmã não sabia nada disso, nem meus irmãos, nem os cunhados, nem os concunhados. Eles não sabiam disso e achavam que o Bush iria lá para implantar a democracia. Isso por quê? É o poder da mídia, quase, quase absoluto.
Querem outro exemplo desse poder quase absoluto da mídia? Estamos, aqui no Brasil, na época das privatizações, de 1990 a 1999. Aconteceram quase todas as grandes privatizações: CSN, Telebrás, Vale do Rio Doce. A Vale do Rio Doce foi vendida por 3 bilhões e 400 mil reais. Sabem quanto o atual presidente da Vale disse que valia a empresa? 100 milhões. Isso é mentira, valia muito mais. Só o depósito de ouro de Eldorado dos Carajás valia 150 bilhões de dólares. Mas ele disse que valia 100 milhões, e ela foi vendida por 3 bilhões e 400. E o povo? O povo estava anestesiado por dez anos de Boris Casoy, Alexandre Garcia, William Bonner e Arnaldo Jabor, que repetiam cem vezes por dia que tudo o que é público não funciona, tudo o que é do Estado não funciona, que se deve privatizar etc. E quem fez essa operação de lavagem cerebral das pessoas? A mídia. Este é o seu poder.
Imaginem o que significa a Globo mostrar uma manifestação na Avenida Paulista, em frente à Fiesp, paga pelos empresários, de 3.000 metalúrgicos de São Paulo que arrastavam um elefante de quatro metros de altura. Era uma das tantas manifestações da Força Sindical a favor do projeto neoliberal. Vem o repórter da Globo e pergunta ao chefe da Força: "O que é esse elefante?" E o paladino da Fiesp, Luiz Antônio Medeiros, responde tranqüilamente: "Esse elefante é o Estado brasileiro." "Como assim?" O Estado brasileiro é um paquiderme, é ineficiente, não funciona. Nada que é estatal funciona. Esse é o Estado. Olha aqui esse elefante. É igualzinho."
Como se ganham corações e mentes?
E assim, o povo brasileiro, em 96, 97, 98 estava a favor da privatização, tenho certeza absoluta. Eu diria que 90% era a favor, sim, da privatização, por causa de um sistema de propaganda, de chantagem, de ameaça de perder o emprego e de mil outras artimanhas. Boris Casoy mostrava todo dia casos de ineficiência do Estado e repetia, com ar muito sério: "Isso é uma vergonha". Depois vinha o Alexandre Garcia, apavorando o povo, dizendo que era preciso salvar o Brasil, isto é, precisava privatizar tudo. A privatização passou a ser uma idéia hegemônica. Isso é o poder da mídia.
Como se constrói a hegemonia? Como se garante a hegemonia? Essa é uma questão importante para o Conselho Federal de Psicologia. Esse é o tema central desta Mesa: Mídia e Psicologia.
Como é que se consegue ganhar o coração, a mente de milhões de pessoas, numa determinada direção política? Isso é hegemonia: a direção política da sociedade. Na visão de Gramsci, o conceito de hegemonia é mais amplo que só direção política. Para Gramsci, hegemonia implica a direção cultural e moral da sociedade, ou seja, é uma visão de mundo, uma perspectiva de mundo e uma ação conseqüente, uma nova prática cultural e moral.
Na sociedade de hoje, a direção moral e cultural é dada pelo neoliberalismo. Essa visão exerce, desde a década de 1980, um domínio quase absoluto sobre a vida e a visão das pessoas. A hegemonia político-ideológica no Brasil, na França, na Itália, na Inglaterra, nos Estados Unidos etc. é do neoliberalismo. E como é que eles garantem essa hegemonia? Qual é o papel da psicologia? Como é que eles conseguem que psicologicamente as pessoas aceitem isso? Como se ganha o coração e a mente das pessoas?
Instrumentos para conseguir a hegemonia
Na minha visão, é por meio da mídia. Esse é o grande instrumento. Gramsci afirma que a hegemonia tem duas bases: o consenso e a força. O consenso é a coesão dos pensamentos, das vontades. A força é a força de leis, a força do exército, a força da Justiça e isso tudo implica coerção. A hegemonia se garante por consenso, que é ganhar o coração e a mente das pessoas e, com a força, com instituições capazes de fazer com que aquela conquista, aquela vitória, aquela visão, se consolida, se estrutura e vira poder.
E como se consegue isso? Por meio dos instrumentos, "aparelhos" como são chamados por Gramsci. E o grande aparelho do convencimento, hoje, é a mídia.
Nós, evidentemente, que não somos neoliberais, queremos outra hegemonia. Como vamos conseguir? Como vamos fazer uma disputa contra-hegemônica na sociedade? Como vamos travar isso? Não se trata de fazer uma revolução armada. Essa, hoje, é uma discussão estéril. Nós temos que ganhar milhões de cabeças, temos que ganhar os corações das pessoas, e através de aparelhos privados de hegemonia. Depois, a revolução seguirá seu rumo.
O que é um jornal? Temos, por exemplo, o jornal dos trabalhadores da Universidade, que é um aparelho privado de hegemonia. O que é uma estação de rádio? O que é um programa de televisão? Um aparelho privado de hegemonia, privado, porque não é público, nem estatal. Não é que estes garantam a hegemonia. Eles são instrumentos para se conseguir a hegemonia.
Quem constrói o consenso
Queria dar outros exemplos de hegemonia ligados à comunicação.
Aqui no Rio de Janeiro, na Barra da Tijuca, na entrada do New York City Center, que tem a famosa Estátua da Liberdade. Essa é só o "tira-gosto" inicial do que existe lá dentro. Tudo, lá, está escrito na língua do país da tal estátua. Quando se procura pipoca, o que se acha? Pop corn. Aquela Estátua da Liberdade é um aparelho privado de hegemonia. Liberdade é viver nos Estados Unidos, vamos embora para Miami! Morte ao Iraque e ao Saddam Hussein! Em Santa Catarina, há uma fábrica de tecidos, a Havan, em cujo pátio há uma Estátua da Liberdade de 25 metros: o mesmo na fábrica do mesmo nome em Curitiba. Sim, 25 metros de estátua no pátio de uma fábrica. O que tem a ver? Está lá, um gigantesco "aparelho" da hegemonia norte-americana.
E o Big Brother, minha gente, é o que? Quem é que tem aqui uma filha com idade entre 14 e 18 anos? O que vocês dizem para essas filhas? Que têm que estudar, têm que trabalhar, têm que ser dignas, têm que ter personalidade, não é isso? E o que diz o Big Brother? Como é que se ganha a vida? É só tirar a roupa. Para quê estudar? Que besteira, fazer faculdade! Para quê? É só abrir as pernas, e pronto. A querida filhinha que em casa assiste ao Big Brother, qual lição recebe da Globo? O que esta babá eletrônica manda dizer está claro: "Que besteira é essa de estudar, trabalhar? Olha a Siri, como se deu bem! Está pelada em todas as revistas. É isso que dá futuro!"
Esse é o poder da mídia. Coisa que não existia 100 anos atrás, quando a influência sobre as novas gerações era determinada pela família, pela escola, pelas igrejas e pelos partidos. Hoje, quem constrói o consenso é a mídia. É assim que se constrói a hegemonia.
O acampamento do MST
Em fevereiro de 2007, fui escalado para assistir a novela Páginas da Vida. É uma loucura aquilo lá. Na véspera, no Rio de Janeiro, havia morrido aquele menino, o João Hélio. Foi um ato bárbaro. O que aconteceu? O crime aconteceu no dia 6 de fevereiro. No dia 8, a Globo mostrou na novela três freiras sentadas, conversando e tomando café. Aí chega uma freira toda assustada, com o jornal – obviamente, O Globo – e diz: "Irmãs, olhem. Aconteceu uma coisa muito bárbara. Uma barbárie." Ela abre o jornal e fica mais de um minuto mostrando a manchete principal do jornal: "Barbárie contra a infância". Aí, as freiras se ajoelham, rezam um pai-nosso contra aquele ato de barbárie. Soube que milhares de pessoas se ajoelharam e rezaram junto com as freirinhas. Nada contra rezar o "pai-nosso". Mas, pergunto, para que foi colocada aquela cena com as freirinhas rezando? Porque a Globo está na campanha pela redução da idade penal e pela pena de morte. Essa é a disputa ideológica.
E quando uns jovens da sociedade "bem" de Brasília resolveram se divertir e puseram fogo no índio Galdino? Era o Dia do Índio. Aquele índio pataxó, que era da Bahia, o que fazia lá em Brasília, dormindo debaixo do ponto de ônibus? Passam quatro rapazes, todos brancos, claro, filhos de desembargador, de juiz, promotor, deputado, todos bem nascidos, bem criados, e dizem: "Olha, um mendigo. O que vamos fazer com ele? Vamos comprar álcool." Saíram para comprar álcool. Quer dizer, não foi um instinto. Eles foram comprar álcool para queimar o índio. Foram lá, cobriram-no de álcool e o incendiaram. O Globo colocou alguma manchete tipo a do João Helio? A Globo colocou quantas freirinhas rezando o pai-nosso? Nenhuma. E quando a polícia mata uns 30 moradores no Complexo do Alemão? E os 21 moradores de Queimados, que foram chacinados para vingar um policial morto pelo tráfico? Dessas 21 pessoas, duas tinham alguma passagem pela polícia. Normal. Em qualquer lugar, sobre 21, há duas pessoas que já tiveram alguma passagem pela polícia. E O Globo colocou "barbárie" na sua manchete? E as freirinhas? Se para João Helio foram três, para os 21 de Queimados deveriam ser 21 X 3 = 63. Sim, na novela das 8, deveriam aparecer 63 freirinhas rezando o pai-nosso e a Ave Maria. Mas não apareceram. Por quê?
Um último exemplo: a novela Senhora do Destino. Último capítulo. 58 milhões de brasileiros iriam assistir. E eu tive que ser um deles. Sentei, pronto para analisar; inteligentemente, peguei papel, caneta, pronto para observar tudo. Assisti ao capítulo e não achei nada de estranho. Nada de especial. Só não entendia o porquê de se mostrar um acampamento do MST. Se eu não entendi, 56 dos 58 milhões que assistiram também não entenderam nada. Aquele último capítulo é fatal para dar a idéia de que o MST é um bando de violentos, assassinos, matadores, vagabundos, um lugar ideal para se fazer um seqüestro.
Logo em seguida, o comparsa da Nazaré queria o resgate da menina; então, ela pega um pedaço de pau, bate na cabeça do comparsa que queria o dinheiro do resgate e ele morre. Onde foi que ele morreu? No acampamento do MST.
Assim, tranquilamente. É isso mesmo, o lugar ideal para se levar uma pessoa seqüestrada é lá, no acampamento do MST. Lugar ideal para matar alguém a pauladas é lá, no MST. Ótimo capítulo. Um final assistido por 58 milhões de pessoas para dizer que o MST é violento! Isso é a mídia empresarial. Isso é a mídia comercial. É assim que ela condiciona corações e mentes.Produções de subjetividade: a força da comunicação
Por Vito Giannotti em 23/2/2009

domingo, 1 de março de 2009

COMO O PIG PLANTA NOTICÍAS PARA MANIPULAR O POVO.


Caríssimos,  há uma explicação bem didática de como o PIG (TV GLOBO, FOLHA, ESTADÃO, VEJA, BAND) planta factóides para criar problemas para o governo Lula e aliados.

A Veja levanta a bola para a Folha e depois a TV Globo através do jornal nacional tenta fazer o gol, ou seja manipular você. Eles querem convencer leitor de Olhos do Sertão que o candidato deles em 2014 é um santo que vai salvar o Brasil do governo "corrupto e incompetente" do presidente Lula.

O PIG trabalha como quadrilha organizada da informação para manipular o brasileiro. Você leitor tenha muito cuidado quando tiver em frente do jornal nacional. Para este mídia abestada eles têm a verdade, daí jogar o MST como uma quadrilha e assassinos e a UDR como convento de freiras.

PLEBISCITO EM 2010

Do texto abaixo os marqueteiros esqueceram de dizer coisas mais importantes e triviais.


Primeiro: o PT é um partido de passa e tem penetração na sociedade brasileira.

A DILMA VAI GANHAR NO PRIMEIRO TURNO

Vocês votam na parceria Lula e Dilma?

Caríssimos, desde o ano passado que eu escrevia pela blogosfera que o candidato do PT e do Lula , no caso agora candidata DILMA, ganharia a eleição no primeiro turno. Isso eu nunca duvidei.
O Josias DEMO-TUCANO da Folha gostava de dizer que o PT não tinha candidato e chamava de poste todo o candidato que se apresentasse do PT.

MANIFESTAÇÃO CONTRA A DITABRANDA

Serra com cão de guarda da Veja - Reinaldo

VAmos participação desta manifestação de cidadania e em defesa da DEMOCRACIA.

A parceria FOLHA, SERRA, GLOBO quer destruir a democracia neste país. Se o Serra, apenas governador já faz este estrago, imagina presidente. Se a Folha respaldada pelo Serra faz esta asneira, imagina o Serra com a caneta na mão.

Mr. Gates e Mr. da Silva

Caríssimos, reproduzo abaixo para conhecimentos de todos o texto Mr. Gates e Mr. Da Silva. Um texto de 2002, mas muito atual pela questão da discussão sobre o uso do sofware livre. Só para ter uma idéia o Banco do Brasil fez uma economia de oito milhões trocando o Office pelo BrOffice.

AS OPÇÕES DOS DEMO-TUCANOS

Caríssimos, lembro-me em leitura pela mídia, após a posse de Lula em 2003, alguns dos problemas que FHC deixou para o governo Lula.

Em uma situação fala que o governo DEMO-TUCANO tinha gasto quase 14 bilhões de dólares em produtos e serviços da Microsof.


O governo DEMO-TUCANO tinha planos para colocar até o ano de 2000 cem mil computadores nas escolas, mas só conseguiu colocar até 2002 apenas cinquenta e quatro mil.

Segundo estudos na época se o governo DEMO-TUCANO tivesse optado pelo software livre teria, com a mesma quantidade de recursos investidos no PROINFO, comprado 400.000 COMPÚTADORESI. Isso mesmo leitores que voces leram. Veja quanta diferença.

Bem o governo Lula assumiu e logo em seguida começaram os estudos pelo uso do software livre. Hoje o sofware livre é realidade no Brasil e já balançou as estruturas da Microsof, tendo esta inclusive baixar os preços dos seus serviços e produtos e se adaptar a esta realidade.

Por conta disso, da redução de impostos, o computador se popularizou no Brasil e o sofware livre é uma realidade em todo o Brasil, principalmente nas escolas públicas de todo o país.

Agora veja que contradição, o governo DEMO-TUCANO, ignorando os avanços do sofware livre e adquirindo produtos caros da Microsoft.

Vamos ver um post em LUIS NASSIF


Atualizado

Estava consultando o programa de venda de computadores para professores, promovido pela Secretaria de Educação de São Paulo, a partir do link passado pela Mara (clique aqui) no post abaixo.

O que me chamou a atenção foi a Secretaria estar oferecendo computadores para professores, com financiamento, e ter incluído o programa Office, da Microsoft.

Na gestão Paulo Renato de Souza, no MEC, uma coluna minha, na Folha, impediu a consumação de uma compra de Office para as Universidades federais, promovida pela notória TBA, de Brasília. Na época, competidores ofereciam ou programas similares a um custo irrisório (a Lotus oferecia o Smartoffice, mais o Notes por 4 reais por cabeça) ou gratuito (caso do OpenOffice, da Sun).

Os representantes do MEC chegaram a discutir com os reitores, para pressioná-los a aceitar a oferta do MEC, de incluir os Office em um contrato-guarda-chuva celebrado com a TBA. Cada Office sairia por mais de R$ 200,00, um absurdo para compras maciças.
No caso da Secretaria da Educação, pode-se discutir se vale o Windows em lugar do Linux. Mas pagar pelo Office não tem a menor justificativa. Além disso, o Windows que vem no pacote da Secretaria da Educação é o inacreditável Home Vista, que exigiu que o computador tivesse 2 GB de memória RAM. Leia mais »

GLOBO E SERRA TUDO A VER.

Você aposta nesta parceria para o futuro do Brasil?

Caríssimos, a estratégia de José Serra está bem clara para a pré-campanha. Oficialmente um cara sorridente, tipo Lulinha Paz e Amor. Sai aquele caneludo entra o paz e amor, "aliado do Lula", não fala mal, mas também não fala de bem, isso por detrás das câmeras.

O SILÊNCIO DOS MORTOS

TABOZA - É um personagem da tv diario, Nas Garras da Patrulha, no Ceara, é um bebado hilário em forma de boneco.
Caríssimos, desde o dia 25 de fevereiro não temos mais o sinal via satélite para transmissão da TV Diário. A TV Diário é tipo caso de sucesso que incomodou muita gente (TV Globo), porque tinha programas que falavam a língua do nordestino.


Não quero aqui questionar a qualidade da programação, mas a violência imposta aos cearenses como eu, não ter mais acesso ao canal da TV Diário em minha parabólica. Isso é um atentado ao meu poder de escolher e aqui em casa já decidi que o sinal da TV Globo não entra mais, pelos menos em nosso poder de escolher.


Eles não entendem que a audiência está caindo, entre outros fatores porque estamos criando uma geração que prefere a Internet do que assistir programas de televisão.


As crianças e jovens, que a daqui a pouco serão pessoas adultas, são criaturas que preferem trocar idéias através dos programas de relacionamentos, do tipo orkut e similares espalhados pela Internet.


Elas não têm mais tempo de ficar em frente à televisão. A televisão está com os dias contados e daqui a pouco os anunciantes estarão migrando também para a Internet.


Portanto, critico veemente o silêncio dos mortos, principalmente do jornal O Povo do qual sou assinante, mas talvez daqui a alguns dias ex-assinante.


A TV Globo tenta fechar os buracos da perda de audiência de suas novelas, como no caso da TV Diário, mas isso é inútil porque os tempos da transformação da informação e comunicação são irreversíveis.


A verdade é que a Internet está comendo a Televisão pelas beiradas.
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OS RASTREDORES
EM VI O MUNDO
Por Luís Moreira