Multidisciplinaridade, interdisciplianridade e transdisciplinaridade, onde começa e termina cada uma?
A
diferença é que na interdisciplinaridade, busca-se a interação e a
cooperação entre disciplinas. Nessa linha de pensamento, Daniel
José da Silva destaca que o modelo “interdisciplinar” está no sujeito
que percebe uma realidade construída pelas disciplinas no processo de
formação e unicidade do conhecimento pelos pesquisadores.
Busca-se dessa
forma, através da visão desse paradigma, a superação da fragmentação do
saber sobre a realidade a ser pesquisada. Na visão interdisciplinar
ocorre interações entre as disciplinas e os envolvidos nos processos
educativos, com troca de dados, informações, métodos para a produção de
um conhecimento integrado sobre determinado problema.
O
objetivo deste modelo é superar a fragmentação do conhecimento, de onde
se buscar a formação do sujeito interdisciplinar, capaz de pesquisar a
multicausalidade de um problema. Concordando com o autor em referência,
o resultado final de um trabalho interdisciplinar é a formação
interdisciplinar do sujeito, a partir de trocas intersubjetivas, ou
seja, a relação entre o pesquisador e o objeto de estudo.
Já
na visão multidisciplinar, o objeto de estudo pode ser estudado por
disciplinas diferentes ao mesmo tempo, que que ocorra uma interação,
trocas ou sobreposição dos seus saberes do problema proposto, o que se
reverbera para o pensamento do autor do texto em análise que o mesmo
afirma que multidisciplinaridade é um sistema de um só nível e de
objetivos múltiplos, sem nenhuma cooperação.
Para
Almeida Filho, 1997 citado por Fernando Cardona em
“Transdisciplinaridade, Interdisciplinaridade e Multidisciplinaridade,” a
ideia mais correta para a visão de multidisciplinaridade é a visão de
justaposição (uma disciplina está ao lado da outra, mas fronteiras
determinadas e sem cooperação ou interação), onde cada contribui dentro
do seu saber para o estudo do problema proposto. Ainda, segundo o autor,
cada professor cooperará com a pesquisa sobre o objeto de estudo e na
sua visão; uma pesquisa sobre diversas perspectivas e ângulos, mas sem
existir um rompimento entre as fronteiras das disciplinas.
Quanto
à visão de transdisciplinaridade, a visão mais próxima para se perceber
a multicausalidade dos problemas ambientais, sociais, econômicos,
políticos que é a visão globalizante dos fenômenos estudados e de onde
não se percebe fronteiras entre os saberes das disciplinas. Por exemplo,
a questão da seca no seminário brasileiro é mais do que uma questão
natural, do clima ou da geografia, é uma questão social, política e
econômica. A seca, por exemplo, é uma criação natural, o semiárido à uma
questão natural, mas a climatologia mais a meteorologia apenas apontam
maiores possibilidade de chuvas irregulares em um espaço concentrado de
tempo, mas a pobreza, a miséria são criações humanas dentro de espaços
territoriais estigmatizados pelo paradigma do abandono e da eliminação,
revelando-se as contradições humanas em uma terra que promete e dá “lei e
mel”, apesar desse paradigma do abandono e da miséria.
E
o que seria a transdisciplinaridade na visão dos autores em
referências? Para Daniel Silva, a transdisciplinaridade aponta o
pensamento reducionista do problema estudado de um lado, de outro aponta
possibilidades para que homens e mulheres possam compreender o mundo
para melhorá-lo, sendo a prórpria transdisciplinaridade um instrumento
de religação das pessoas entre si, com outras e com a natureza por todas
elas e que busca a finalidade comum aos sistemas a partir de objetivos
múltiplos.
Para
Cardona (2010) a transdisciplinaridade foi proposta por Piaget em 1970 é
uma visão que aponta que as fronteiras entre as disciplinas são
inexistentes, ou seja, nessa visão é impossível apontar onde começa e
termina uma disciplina.
A
título de conclusão das reflexões sobre as visões aqui desenvolvidas,
percebe-se que ainda estamos presos a um olhar reducionista dos
problemas do nosso tempo. E com a incapacidade de desenvolver o
pensamento complexo de Edgar Morrin, é que ficou tão fácil manipular
pessoas com informações descontextualizadas. Por fim, o referido faz uma
interessante citação em (Theofilo, 2000) quando o mesmo afirma de forma
muita clara sobre transdisciplinaridade: "a transdisciplinaridade como
uma forma de ser, saber e abordar, atravessando as fronteiras
epistemológicas de cada ciência, praticando o diálogo dos saberes sem
perder de vista a diversidade e a preservação da vida no planeta,
construindo um texto contextualizado e personalizado de leitura de
fenômenos"
Os
problemas de nosso tempo têm várias causas (multicausalidade) e para
tentar entendê-lo é preciso desenvolver o pensamento complexo. Segundo
Cardona (2010), o indivíduo do terceiro milênio está exposto a problemas
cada vez mais complexos que estão interligados da sociedade humana.
CARDONA, Fernando. Transdisciplinaridade, Interdisciplinaridade e Multidisciplinaridade. Disponível em http://pessoal.utfpr.edu.br/sant/arquivos/Transdisciplinaridade.pdf. 2010. Acessado em 17.10.2012, às 23horas.
SILVA,
Daniel José. O paradigma transdisciplinar: uma perspectiva metodológica
para a pesquisa ambiental. Disponível em < font
color="#33339b">http://solarpresencial.virtual.ufc.br/arquivos/curso/1131/o_paradigma_transdisciplinar.pdf
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