Mário Schenberg: o físico
nordestino que pensou o átomo e sonhou a soberania
Este é um convite para
redescobrir Mário Schenberg, um dos maiores físicos teóricos do Brasil, um
pensador crítico e um militante comprometido com a ciência e a soberania
nacional.
Menos de 1% dos
brasileiros conhece seu nome, mesmo tendo Schenberg sido respeitado
Nascido em Recife,
Pernambuco, em 2 de julho de 1914, viveu no Nordeste parte de sua formação e
manteve uma forte identidade regional, o que, em seu texto, justificava
chamá-lo carinhosamente de “físico cearense”. Porém, formalmente, Schultz
apontava o Recife como seu local natal.
Um gênio da física e da causa nacional
Filho de imigrantes
judeus russos, Schenberg estudou no Recife, depois no Rio e em São Paulo,
chegando a trabalhar com nomes como Niels Bohr e George Gamow na Europa e
Estados Unidos. De volta ao Brasil, tornou-se professor da USP, formador de
gerações e protagonista da consolidação da física teórica brasileira.
Seu trabalho sobre o
colapso gravitacional de estrelas massivas, o limite Schönberg‑Chandrasekhar é referência até hoje na astrofísica. E o batismo do processo Urca, com Gamow,
ficou famoso pela analogia provocativa entre o desaparecimento da energia e o
dinheiro nos cassinos.
Mas sua mente ia além dos
céus: Schenberg acreditava que a ciência precisava estar a serviço do povo e da
soberania nacional.
Copiar ou criar? A
desconfiança americana
Nos anos 1950 e 60, o
Brasil avançava em energia nuclear. E os EUA, como detentores da bomba,
observaram esse avanço com atenção e apreensão.
Schenberg, com seu
domínio da física nuclear, logo entrou no radar da diplomacia e da Inteligência
americana, que temia não tanto a cópia de tecnologia, mas a autonomia de um
país periférico com cérebros próprios.
O papel de Schenberg no
projeto científico brasileiro
Foi membro influente no
CNPq, professor da USP, articulador do Conselho da FAPESP e mentor político de
carreiras científicas. Presidiu a Sociedade Brasileira de Física entre 1979 e
1981
Militante do PCB, foi
eleito deputado estadual por São Paulo na Constituinte de 1947, defendendo
políticas de ciência aberta e democrática. Cassado pela repressão no início da
Guerra Fria, permaneceu ativo intelectual e politicamente.
Por que sua história foi
silenciada?
E, sobretudo, era um
pensador livre, algo raro e perigoso nas repúblicas tuteladas.
O Nordeste que pensa o
Brasil
Schenberg se encaixa numa
linhagem de nordestinos que ousaram pensar a nação além da dependência: Celso
Furtado, Josué de Castro, Paulo Freire, Patativa do Assaré...O sertão nunca
foi só resistência. Foi criação, intelecto, projeto coletivo.
Resgatar Schenberg é
reafirmar a soberania
Quando hoje o Brasil
recua de projetos estratégicos, do nuclear ao aeroespacial, do satélite à
inteligência artificial, lembrar de Schenberg é ato político.
A história oculta do
Brasil que ousou dominar o átomo e incomodou potências
Poucos brasileiros
conhecem o nome Mário Schenberg.
Menos ainda sabem que ele
foi um dos maiores físicos teóricos do século XX, respeitado por Einstein,
Fermi e Gamow e que nasceu em Fortaleza, Ceará, em 1914.
Mas há uma razão para
esse apagamento.
Schenberg não apenas
pensava o átomo. Ele pensava o Brasil.
E nenhum país submisso
tolera por muito tempo os seus gênios soberanos.
Um gênio da física e do
Brasil
Filho de imigrantes judeus,
Schenberg brilhou ainda jovem. Estudou matemática e engenharia em Recife e no
Rio. Depois, foi para a Europa, onde conviveu com Niels Bohr e outros pioneiros
da física nuclear. De volta ao Brasil, tornou-se professor da USP, mentor de
gerações de físicos e pilar do desenvolvimento científico brasileiro.
Seu trabalho sobre o
colapso gravitacional de estrelas massivas é usado até hoje na astrofísica. Mas
sua mente ia além dos céus: ele entendia que a ciência precisava servir ao povo
e à soberania nacional.
Copiar ou criar? A
suspeita americana
Nos anos 1950 e 60, o
Brasil começava a se aventurar na energia nuclear. E os EUA, já detentores da
bomba atômica, passaram a desconfiar do rápido avanço brasileiro.
Schenberg, com sua
formação internacional e domínio da física nuclear, logo virou alvo de
suspeitas.
Autoridades e cientistas
norte-americanos insinuavam que o Brasil sob liderança intelectual de Schenberg
e técnica de militares como o Almirante Othon teria “copiado” tecnologia
dos EUA.
Na verdade, o que
incomodava era outra coisa:
Um país do Sul global,
com cérebros próprios, ousava romper o monopólio do átomo.
O papel de Schenberg no
desenvolvimento nuclear brasileiro
Schenberg foi fundamental
na formação de pesquisadores, na formulação de políticas científicas e no
pensamento estratégico sobre o uso pacífico e autônomo da energia nuclear.
Foi presidente do CNPq,
articulador do projeto de um reator brasileiro e defensor da integração entre
ciência, desenvolvimento e soberania.
Era crítico do
entreguismo e da dependência tecnológica. Defendia que o Brasil investisse na
ciência como pilar da independência nacional.
Por que sua história foi
silenciada?
Porque Schenberg era
incômodo:
Era comunista num tempo
de caça às bruxas.
Era cientista num país
que glorifica militares, mas persegue o pensamento.
Era cearense, nordestino,
e de esquerda, num país que centraliza poder no Sudeste e no capital
estrangeiro.
E, sobretudo, era um
pensador livre, algo raro, e perigoso, nas repúblicas tuteladas.
O Nordeste que pensa o
mundo
Mário Schenberg faz parte
de uma linhagem de nordestinos que pensaram o Brasil para além da dependência.
Junto a Celso Furtado,
Josué de Castro, Patativa do Assaré, Paulo Freire e tantos outros, ele nos
mostra que o sertão é também um centro de inteligência, não só de resistência.
Resgatar Schenberg é
resgatar o Brasil que ousou pensar por conta própria
Hoje, quando o país é
pressionado a desistir de seus projetos estratégicos do nuclear ao
aeroespacial, do satélite à inteligência artificial, lembrar de Schenberg é um ato de afirmação.
O futuro só será nosso se
formos capazes de entender, valorizar e proteger os cérebros que já o
vislumbraram.
Leia, pesquise e compartilhe a história de Mário Schenberg, o físico cearense que não apenas compreendeu o átomo, mas entendeu que o verdadeiro poder está em quem domina o conhecimento, e não se ajoelha para o império.
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