A guerra na Ucrânia, que desde 2022 vem consumindo recursos, atenção e tempo da Rússia, parece caminhar para uma inflexão estratégica. Não apenas pelo desgaste de mais de dois anos de combates, mas por algo ainda mais grave: o surgimento iminente de um novo teatro de guerra mais complexo e potencialmente catastrófico, envolvendo Israel, Azerbaijão, Turquia e, por extensão, a OTAN, os EUA e a Europa.
📍 Um novo epicentro de instabilidade: o Cáucaso e o Oriente
Médio
A aliança crescente entre Israel e Azerbaijão vem gerando
inquietações no Irã e na Rússia. O Azerbaijão, apoiado por tecnologia militar israelense e por uma aproximação com a
Turquia, tem aumentado sua influência no Cáucaso, uma
região que a Rússia considera estratégica.
Ao mesmo tempo, a
escalada dos conflitos envolvendo Israel e seus vizinhos
(como Hezbollah, Irã e a questão palestina) sugere a abertura de um novo front, com riscos reais de
alastramento para Líbano, Síria, Irã e até Armênia —
esta última tradicional aliada da Rússia.
🎯 A armadilha geopolítica
Com os EUA e a OTAN
comprometidos em prolongar a guerra na Ucrânia,
a Rússia se vê presa em um esforço de contenção no Ocidente, enquanto o flanco sul e leste se reconfigura perigosamente.
·
A Turquia, membro da OTAN,
joga duplo: flerta com Moscou em energia e gás, mas apoia militarmente o Azerbaijão e se posiciona como
potência emergente no mundo turcomano-muçulmano.
·
Israel, embora
aliado dos EUA, também age com autonomia agressiva e está em rota de colisão com
Irã, Hezbollah, Síria — todos
aliados indiretos ou diretos da Rússia.
·
O Azerbaijão,
empoderado pelo gás, pelo petróleo e pelos drones, surge como uma peça-chave
nas mãos do Ocidente para pressionar o entorno russo.
O tempo russo está se esgotando?
Putin sabe que não
pode manter indefinidamente suas forças
presas no Donbass enquanto o mundo arde em outras regiões. Encerrar a guerra na Ucrânia com alguma vitória política ou militar se
tornou uma urgência estratégica.
O novo conflito que
se anuncia, mais amplo, mais religioso, mais instável, ameaça se transformar em um vórtice capaz de atrair múltiplos atores
globais. A Europa, já exaurida
economicamente, talvez não suporte outro choque de
instabilidade. E os EUA, divididos internamente, enfrentam o dilema de
continuar financiando guerras em nome da “ordem liberal internacional” enquanto
seu próprio sistema político desmorona.
📌 Conclusão
A Rússia está na
encruzilhada. Ou define rapidamente a questão ucraniana,
com um acordo de congelamento ou vitória local, ou será arrastada para um novo teatro de guerra onde as variáveis são
mais caóticas, as alianças mais voláteis e os riscos infinitamente maiores.
Talvez, como dizia
Clausewitz, “a guerra é a continuação da política por outros meios”. Mas, no
cenário atual, parece que a política foi sequestrada pela
guerra permanente — e o mundo caminha sonâmbulo para um novo abismo.
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