A entrega de uma placa de acrílico por João Doria, empresário, ex-governador de São Paulo e figura emblemática da tecnocracia neoliberal é simbólica. Não se trata de uma simples homenagem, mas de um rito de consagração da hegemonia econômica sobre a política.
Em um Brasil marcado por
desigualdades abissais, celebrar Hugo
Barreto como "herói" nacional é exaltar os interesses do andar de
cima, dos que nunca precisaram do SUS, do salário mínimo ou de uma
política de cotas.
Burguesia, Centrão e governo Tarcísio: a trindade do capital
O evento reúne três segmentos que,
sob diferentes estratégias, convergem na defesa do status quo econômico:
- A burguesia empresarial que financia campanhas e exige
isenções;
- O Centrão, bloco fisiológico que vende apoio político em troca
de verbas e cargos;
- O governo Tarcísio, braço paulista do bolsonarismo e da extrema
direita liberal, com forte alinhamento ao agronegócio e ao mercado
financeiro.
Esse pacto entre elites
econômicas, políticas e ideológicas revela que, para esses grupos, o verdadeiro “herói” é quem protege o
capital, não quem protege o povo.
Uma batalha simbólica: os heróis de um Brasil dividido
Enquanto o campo popular
homenageia líderes sociais, educadores,
ambientalistas, quilombolas e defensores da democracia, o campo
neoliberal canoniza gestores de fundos,
CEOs e articuladores do ajuste fiscal.
Esse gesto de Doria é a antítese
do Brasil de Brizola, de Lula operário, de Paulo Freire, de Zumbi, de Chico
Mendes e de tantas outras figuras que dedicaram suas vidas à redistribuição de poder, renda e dignidade.
Em qual Brasil queremos viver?
O gesto de Doria, apesar de
discreto e limitado à elite, é altamente
pedagógico: mostra quem são os heróis de cada projeto de país. E essa
pedagogia do capital precisa ser desmascarada:
- Hugo é herói de qual Brasil?
O da Faria Lima ou o do sertão nordestino?
- O herói é quem corta
direitos para salvar o mercado?
- Ou quem enfrenta o mercado
para garantir dignidade ao povo?
Conclusão: um acrílico que não esconde a verdade
A placa de acrílico pode brilhar
nas mãos dos poderosos, mas não apaga
as contradições que crescem na base da sociedade. Que este gesto sirva
como alerta para as forças progressistas: a burguesia não recua, ela homenageia os seus e finca posições.
Cabe ao campo popular reagir, ocupar o debate público e reafirmar:
O
verdadeiro herói é quem defende o povo.
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