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terça-feira, 1 de julho de 2025

A placa de acrílico e o pedestal da elite

A entrega de uma placa de acrílico por João Doria, empresário, ex-governador de São Paulo e figura emblemática da tecnocracia neoliberal é simbólica. Não se trata de uma simples homenagem, mas de um rito de consagração da hegemonia econômica sobre a política.

Em um Brasil marcado por desigualdades abissais, celebrar Hugo Barreto como "herói" nacional é exaltar os interesses do andar de cima, dos que nunca precisaram do SUS, do salário mínimo ou de uma política de cotas.

Burguesia, Centrão e governo Tarcísio: a trindade do capital

O evento reúne três segmentos que, sob diferentes estratégias, convergem na defesa do status quo econômico:

  • A burguesia empresarial que financia campanhas e exige isenções;
  • O Centrão, bloco fisiológico que vende apoio político em troca de verbas e cargos;
  • O governo Tarcísio, braço paulista do bolsonarismo e da extrema direita liberal, com forte alinhamento ao agronegócio e ao mercado financeiro.

Esse pacto entre elites econômicas, políticas e ideológicas revela que, para esses grupos, o verdadeiro “herói” é quem protege o capital, não quem protege o povo.

Uma batalha simbólica: os heróis de um Brasil dividido


Enquanto o campo popular homenageia líderes sociais, educadores, ambientalistas, quilombolas e defensores da democracia, o campo neoliberal canoniza gestores de fundos, CEOs e articuladores do ajuste fiscal.

Esse gesto de Doria é a antítese do Brasil de Brizola, de Lula operário, de Paulo Freire, de Zumbi, de Chico Mendes e de tantas outras figuras que dedicaram suas vidas à redistribuição de poder, renda e dignidade.

Em qual Brasil queremos viver?

O gesto de Doria, apesar de discreto e limitado à elite, é altamente pedagógico: mostra quem são os heróis de cada projeto de país. E essa pedagogia do capital precisa ser desmascarada:

  • Hugo é herói de qual Brasil? O da Faria Lima ou o do sertão nordestino?
  • O herói é quem corta direitos para salvar o mercado?
  • Ou quem enfrenta o mercado para garantir dignidade ao povo?

Conclusão: um acrílico que não esconde a verdade

A placa de acrílico pode brilhar nas mãos dos poderosos, mas não apaga as contradições que crescem na base da sociedade. Que este gesto sirva como alerta para as forças progressistas: a burguesia não recua, ela homenageia os seus e finca posições. Cabe ao campo popular reagir, ocupar o debate público e reafirmar:

O verdadeiro herói é quem defende o povo.

 

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