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quinta-feira, 10 de julho de 2025

🧢 O Boné da Vergonha: Tarcísio, Trump-Bolsonaro e a servidão voluntária

O boné da vergonha e da servidão voluntária 

Na cena, um gesto: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, posa sorridente com o boné vermelho de Donald Trump, o infame “Make America Great Again”. Mas aquele boné diz mais do que parece. Ele não está apenas vestindo um adereço: está assumindo, com orgulho, o papel de capacho ideológico.

A foto fala. E grita.

Enquanto Trump impõe tarifas sobre produtos brasileiros, entre eles o etanol brasileiro, justamente um dos principais produtos da indústria paulista, Tarcísio sorri, bate continência e diz que é uma “grande oportunidade”. São Paulo, maior exportador para os EUA e maior produtor de etanol do país, é agora sabotado por um de seus próprios governadores.

Ele não está do lado de São Paulo. Está do lado de Washington, do bolsonarismo, da Faria Lima e dos interesses rentistas internacionais.

E para piorar: depois do escândalo, apagou a foto do boné de seu Instagram. Que recibo!

 A personalidade múltipla de um governador

“Tenho duas caras. A cada dia acordo com uma personalidade diferente”, disse ele, em tom de piada. Mas a frase é reveladora.

Um dia elogia Trump, no outro elogia Lula. Um dia diz que tarifas americanas são boas para SP, no outro lamenta a desindustrialização. Esse jogo de cena revela mais que confusão: revela conveniência. Revela cálculo. Ou pior: revela subserviência.

Tarcísio governa com o manual de um vassalo: agrada os senhores da vez e torce para que o povo aceite. Mas o povo vê. O povo sente.

Quando a política externa vira submissão

Enquanto outros países protegem seus mercados, fortalecem suas cadeias produtivas e buscam autonomia, temos um governador que elogia a imposição de barreiras contra sua própria economia. Isso não é pragmatismo. Isso é servidão.

E não uma servidão imposta. É uma servidão escolhida.

Étienne de La Boétie explica

No século XVI, o pensador francês Étienne de La Boétie escreveu o Discurso da Servidão Voluntária, onde perguntava: “Por que os povos aceitam ser governados por tiranos, se poderiam, com um simples ato de vontade, recusar o jugo?”

A resposta? O hábito. A manipulação. A ilusão.

Tarcísio representa essa escolha. Ele não é obrigado a se curvar. Ele se curva porque quer. Porque acredita que ajoelhar-se diante de Trump de Bolsonaro e dos assemelhados da extrema-direita internacional e nacional é estratégico. Porque aprendeu que agradar poderosos vale mais que defender o povo.

Mas São Paulo não precisa de bajuladores. Precisa de estadistas. Precisa de quem defenda sua economia, sua gente e sua soberania.

 São Paulo não é colônia. O Brasil não é quintal.

Contra a servidão voluntária, afirmamos a liberdade crítica.

Contra o boné do império, defendemos o chapéu de palha da dignidade.

Aqui no Nordeste, o povo produziu e segue produzindo sua existência com o chapéu de palha tecido das folhas das nossas majestosas carnaubeiras. É ele que protege o rosto do lavrador, da rendeira, do vaqueiro e da mestra da cultura popular. É ele que representa o trabalho, a sabedoria e a dignidade do povo do sertão.

E não produzimos apenas a nossa existência.

Produzimos também a soberania de nosso povo sobre as nossas riquezas, nossas culturas e nossas formas de vida, onde natureza e cultura estão entrelaçadas. É nesse entrelaçamento que reside a verdadeira dignidade: não em servir ao império, mas em cultivar a terra, a memória e o futuro com os próprios pés fincados no chão do Brasil.

Por isso, recusamos o boné da submissão e reafirmamos o chapéu da dignidade.

O Brasil não precisa se ajoelhar para ser grande. Ele precisa se levantar.

 

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