Melhor parar de brigar com os fatos
Um sexto da população brasileira subiu na escala social, entre 2003 e 2008, ou seja, no governo Lula. Foram 32 milhões de pessoas que passaram a fazer parte das classes A, B e C. A conclusão é da insuspeita Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Desse conjunto, quase dois terços deixaram para trás as classes D e E. Em números absolutos, cerca de 20 milhões de brasileiros saíram das faixas mais pobres. As classes D e E, com o movimento, encolheram, no período, acima de 40%.
Quem diz tudo isso é o economista Marcelo Néri, coordenador do Centro de Políticas Sociais da FGV. Néri é um dos maiores especialistas brasileiros na organização e análise dos microdados fornecidos pelos levantamentos sócio-demográficos, em especial dos censos e das pesquisas por amostras, do tipo das PNADs. Não consta que alguma vez, na sua já longa e bem sucedida carreira de pesquisador, tenha se preocupado com possíveis ”usos eleitorais” de seus achados técnicos.
De acordo com os resultados obtidos por Néri, só em 2008, cerca de 4 milhões de pessoas saíram da classe E. A classe C, classificada como “classe média”, incorporou, no ano, cinco milhões de brasileiros. Também em 2008, 1,7 milhão ascenderam às classes A e B.
No período analisado, a renda per capita média, em termos reais (já descontados a inflação e o crescimento da população), cresceu 5,26%. Três fatores principais explicam o ocorrido, segundo Néri. O primeiro é o aumento da renda em razão dos programas sociais. Depois vem a parcela da renda da Previdência vinculada ao salário mínimo. E, na seqüência, os aumentos na própria renda do trabalho.
Pelos critérios da FGV, fazem parte da classe E todos apresentam renda domiciliar mensal inferior a R$ 768 (média individual de a R$ 232), enquanto a classe D é formada por pessoas com renda domiciliar entre R$ 768 e R$ 1.114. A classe C engloba os que somam renda domiciliar entre R$ 1.115 e R$ 4.806, enquanto a classe AB reúne aqueles com renda domiciliar acima de R$ 4.806. Para quem se espanta com esses valores, não custa lembrar que o mais pobre dos 10% mais ricos, no Brasil, tem rendimento mensal pouco superior a mil reais.
Depois, tem quem brigue com os fatos e não entenda a popularidade de Lula.
Comentário de um leitor do blog José Paulo Kupfer em Crônicas da Economia Brasileira.
Jorge disse: 21/09/2009 às 23:20 - Se Lula não tem nada a ver com esses resultados, ou esses resultados não existem, ou quando existem são obra do governo anterior, ou da grande prosperidade mundial, então:
Explique o motivo de Bill Clinton ter feito um grande governo, onde os EUA só conheciam prosperidade, enquanto aqui o Brasil só conhecia crises, miséria e muitas outras tragédias, com fhc? Por outro lado Bush recebeu um país em ordem e crescendo, e mesmo com o período de prosperidade mundial, levou os EUA a uma grande crise e o mundo junto.
Não podemos esquecer que o Brasil fazia parte de um grupo composto também por México e Argentina, eram irmãos siameses, enfrentavam crises parecidas, não tinham autonomia, e seguiam planos impostos pelo FMI. Sendo que hoje o Brasil entrou para os BRICs, prospera e tem reconhecimento mundial. Enquanto México e Argentina continuam enfrentado dificuldades econômicas. E principalmente, porque México e Argentina não estão entre BRICs?
Ao meu ver não é o momento que faz o governo, e sim o governo que faz o momento. E nesse ponto não adianta brigar com os fatos, Lula faz um bom governo, pois recebeu um país quebrado. Em 2002 o Brasil não tinha reservas, tinha miséria, dividas, desemprego, inflação e juros em alta, inclusive existia a possibilidade de pedir moratória e afundarmos em mais uma crise. Espero que o próximo governo consiga seguir o mesmo caminho, pois construir é difícil, mais destruir é fácil, é só olhar para os EUA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário