O que há por trás da nova radicalização de setores
bolsonaristas no Brasil? Para além dos ataques ao STF, das bravatas golpistas e
do discurso anticomunista reciclado, cresce entre agentes da inteligência
brasileira a suspeita de que esses movimentos não sejam apenas “orgânicos”, mas
parte de um roteiro ensaiado por interesses externos, com participação da Casa
Branca, da CIA e grandes corporações transnacionais. O alvo? Os minérios
estratégicos do Brasil.
Lítio, nióbio, grafeno, terras raras, insumos essenciais para a indústria do futuro têm colocado o Brasil novamente no centro das disputas geopolíticas. E isso não é novidade. A pilhagem das riquezas nacionais ganhou novo impulso a partir de 2013, quando, sob o disfarce de revolta popular, as Jornadas de Junho abriram caminho para uma ofensiva antidemocrática, jurídico-midiática e empresarial que mudaria o rumo do país.
À época, o Brasil era a sétima economia do mundo, com pleno
emprego, salários valorizados e Dilma Rousseff com mais de 70% de aprovação.
Mesmo assim, as manifestações rapidamente foram capturadas por interesses
difusos e articuladas por grupos ligados a think tanks estrangeiros e ao
aparato conservador nacional. A Lava Jato, com apoio da grande imprensa e
setores do Judiciário, passou a atuar como ponta de lança de um projeto de
destruição do Estado nacional e criminalização das esquerdas.
O golpe parlamentar de 2016, com Michel Temer, Aécio Neves, José Serra e os partidos PSDB, PMDB e Centrão à frente, consolidou esse projeto. Um de seus atos mais simbólicos e gravíssimos foi a aprovação, no Senado, do fim da obrigatoriedade de participação da Petrobras no pré-sal, em fevereiro daquele ano, antes mesmo da consumação do impeachment. Veja o vídeo acima.
A medida,
conduzida por José Serra, atendeu diretamente aos interesses das Sete Irmãs do
petróleo, as maiores petroleiras do mundo, lideradas por conglomerados dos EUA
e Europa.
Essa entrega teve consequências irreversíveis. O Brasil, que
havia descoberto uma das maiores reservas energéticas do planeta, perdeu o
controle sobre ela sem qualquer guerra, sem invasão militar, apenas com
articulação institucional e submissão da elite política local.
A eleição de Jair Bolsonaro, em 2018, completou o ciclo:
desmonte da soberania ambiental, ataques à ciência, desindustrialização,
privatizações a toque de caixa e submissão absoluta aos interesses dos EUA.
Agora, o foco desloca-se para novas fronteiras estratégicas: os minérios do
século XXI.
Segundo reportagem recente da Revista Fórum, o encarregado de
negócios dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, se reuniu com empresários do setor
de mineração para discutir o acesso americano ao lítio e ao nióbio brasileiros,
insinuando usá-los como barganha em negociações tarifárias. Ao mesmo tempo,
figuras como Eduardo Bolsonaro intensificam o discurso radical, atacam
instituições e inflamam as bases digitais com pautas de desestabilização.
Essas ações, segundo fontes da ABIN, podem estar ligadas a um
novo ciclo de desestabilização política orquestrada externamente, desta vez,
com foco nos minerais que movem a tecnologia global. O Brasil seria, novamente,
laboratório de guerra híbrida, com fake news, lawfare, manipulação digital e
ataques à soberania.
O governo Lula tenta reconstruir o país sob os escombros da
destruição. Reaproxima-se da China, dos BRICS, do Sul Global. Mas o caminho é
estreito: enfrenta sabotagens internas e chantagens externas em todas as
frentes.
Recuperar a memória é fundamental. A narrativa da pilhagem não começou agora. Ela vem de longe, mas ganhou nova roupagem. As Revoluções Coloridas, o golpe de 2016, a prisão política de Lula, a entrega do pré-sal, a eleição de Bolsonaro e a atual corrida por lítio, nióbio e grafeno são capítulos de uma mesma história.
Não se trata apenas de defender a democracia. Trata-se de defender o Brasil enquanto nação soberana. Porque a crise que vivemos não é só política ou econômica. É uma crise de projeto. E, sobretudo, de soberania.
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