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quinta-feira, 24 de julho de 2025

Do Pré-Sal ao Lítio: o Brasil na mira da pilhagem geopolítica

 
Brasil na mira da pilhagem geopolítica

O que há por trás da nova radicalização de setores bolsonaristas no Brasil? Para além dos ataques ao STF, das bravatas golpistas e do discurso anticomunista reciclado, cresce entre agentes da inteligência brasileira a suspeita de que esses movimentos não sejam apenas “orgânicos”, mas parte de um roteiro ensaiado por interesses externos, com participação da Casa Branca, da CIA e grandes corporações transnacionais. O alvo? Os minérios estratégicos do Brasil.

Lítio, nióbio, grafeno, terras raras, insumos essenciais para a indústria do futuro  têm colocado o Brasil novamente no centro das disputas geopolíticas. E isso não é novidade. A pilhagem das riquezas nacionais ganhou novo impulso a partir de 2013, quando, sob o disfarce de revolta popular, as Jornadas de Junho abriram caminho para uma ofensiva antidemocrática, jurídico-midiática e empresarial que mudaria o rumo do país.

À época, o Brasil era a sétima economia do mundo, com pleno emprego, salários valorizados e Dilma Rousseff com mais de 70% de aprovação. Mesmo assim, as manifestações rapidamente foram capturadas por interesses difusos e articuladas por grupos ligados a think tanks estrangeiros e ao aparato conservador nacional. A Lava Jato, com apoio da grande imprensa e setores do Judiciário, passou a atuar como ponta de lança de um projeto de destruição do Estado nacional e criminalização das esquerdas.

O golpe parlamentar de 2016, com Michel Temer, Aécio Neves, José Serra e os partidos PSDB, PMDB e Centrão à frente, consolidou esse projeto. Um de seus atos mais simbólicos e gravíssimos foi a aprovação, no Senado, do fim da obrigatoriedade de participação da Petrobras no pré-sal, em fevereiro daquele ano, antes mesmo da consumação do impeachment. Veja o vídeo acima. 

 A medida, conduzida por José Serra, atendeu diretamente aos interesses das Sete Irmãs do petróleo, as maiores petroleiras do mundo, lideradas por conglomerados dos EUA e Europa.

Essa entrega teve consequências irreversíveis. O Brasil, que havia descoberto uma das maiores reservas energéticas do planeta, perdeu o controle sobre ela sem qualquer guerra, sem invasão militar, apenas com articulação institucional e submissão da elite política local.

A eleição de Jair Bolsonaro, em 2018, completou o ciclo: desmonte da soberania ambiental, ataques à ciência, desindustrialização, privatizações a toque de caixa e submissão absoluta aos interesses dos EUA. Agora, o foco desloca-se para novas fronteiras estratégicas: os minérios do século XXI.

Segundo reportagem recente da Revista Fórum, o encarregado de negócios dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, se reuniu com empresários do setor de mineração para discutir o acesso americano ao lítio e ao nióbio brasileiros, insinuando usá-los como barganha em negociações tarifárias. Ao mesmo tempo, figuras como Eduardo Bolsonaro intensificam o discurso radical, atacam instituições e inflamam as bases digitais com pautas de desestabilização.

Essas ações, segundo fontes da ABIN, podem estar ligadas a um novo ciclo de desestabilização política orquestrada externamente, desta vez, com foco nos minerais que movem a tecnologia global. O Brasil seria, novamente, laboratório de guerra híbrida, com fake news, lawfare, manipulação digital e ataques à soberania.

O governo Lula tenta reconstruir o país sob os escombros da destruição. Reaproxima-se da China, dos BRICS, do Sul Global. Mas o caminho é estreito: enfrenta sabotagens internas e chantagens externas em todas as frentes.

Recuperar a memória é fundamental. A narrativa da pilhagem não começou agora. Ela vem de longe, mas ganhou nova roupagem. As Revoluções Coloridas, o golpe de 2016, a prisão política de Lula, a entrega do pré-sal, a eleição de Bolsonaro e a atual corrida por lítio, nióbio e grafeno são capítulos de uma mesma história.

Não se trata apenas de defender a democracia. Trata-se de defender o Brasil enquanto nação soberana. Porque a crise que vivemos não é só política ou econômica. É uma crise de projeto. E, sobretudo, de soberania.

 

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