Bem meus leitores de Olhos do Sertão, a verdade é que mídia não suporta viver muito tempo na masturbação da crise. De vez em quando o PIG preica soltar uma matéria reconhecendo os feitos do governo Lula.
Veja abaixo uma matéria do ESTADÃO. ''PT recuperou era Vargas; Lula é um Getúlio há tempos''
Luiz Werneck Vianna: cientista político do Iuperj; Força vem de prestígio e de instrumentos como BNDES e Petrobrás, que ajudarão a amenizar efeito da crise, diz Werneck
Mesmo com a crise econômica, mecanismos do Estado brasileiro, como o BNDES e a Petrobrás, darão fôlego ao governo e reforçarão o potencial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na tentativa de fazer a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, sua sucessora. A análise é do cientista político Luiz Werneck Vianna, do Instituto Universitário de Pesquisas do Estado do Rio de Janeiro (Iuperj). O pesquisador vê no discurso otimista de Lula e na sua proximidade dos pobres os motivos para a sua popularidade. "O PT recuperou a era Vargas. O Lula é um Getúlio. Há muito tempo", diz. "Getúlio não elegeu Dutra?" Ele alerta, porém, que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), é "um osso duríssimo de roer".
Estamos diante de uma conjuntura política nova, com a crise econômica. O que isso aponta para 2010?
Estamos diante de uma catástrofe, não há como recusar isso. Milhões de pessoas desempregadas, diminuição da riqueza mundial... Agora, aqui na periferia, no mundo emergente, isso que ocorreu era o desejado. De que se trata hoje? De regular. Regular o sistema financeiro mundial, cada sistema nacional. Com o tema da regulação, a presença da política.
O neoliberalismo está fora das alternativas políticas?
Creio que está fora. O que não quer dizer que as concepções de extremação da presença política na economia retornem.
Para o Brasil o que isso aponta?
Acho que estamos muito bem equipados, por motivos históricos determinados. A presença do público, aqui, sempre foi muito forte. Mesmo os anos de desmonte, das tentativas de desmonte da chamada era Vargas, ficaram na superfície, não foram aprofundadas. Começou com Collor, seguiu com Fernando Henrique, de algum modo continuou com Lula, mas a tradição da presença do público na sociedade brasileira foi preservada. E além do mais, a crise financeira nos anos 90 fez com que criássemos antídotos, que agora estão se demonstrando extremamente eficazes. Temos um mercado interno que cresce, não precisa de muito para crescer, porque uma boa parte dele está situado na base da pirâmide. O Bolsa-Família intensifica o consumo, o aumento do salário mínimo intensifica o consumo... O fato é que não vendemos nem o Banco do Brasil nem o BNDES. E temos a Petrobrás. E tem um presidente que ganhou a confiança da população. Que, no meio dessa crise, se comporta no sentido de inspirar segurança, confiança. E está comprometido com a defesa do emprego e a sua ampliação.
Como o PMDB, à frente do Senado e Câmara, pode agir na sucessão?
Ele é parte dessa história boa.
Mas ele não é associado ao atraso?
Eu sei. Aliás, o atraso é questão altamente sensível e estratégica na sociedade. Em linguagem fácil, rápida, quem tentou romper com ele perdeu.
Por exemplo?
Collor. Fernando Henrique não tentou. Lula não tentou. A questão aqui é quem dirige o atraso. Se o atraso assume a direção, aí, realmente, não há o que fazer. Mas desde Vargas ele não assume. O PMDB é uma força política regional, fisiológica, tudo isso que se diz é um pouco verdadeiro e às vezes muito exagerado. Mas o PMDB é uma escora na defesa dessa tradição do público na sociedade brasileira. Possivelmente, não teríamos essas instituições que hoje estão nos defendendo se o PMDB não fosse um personagem tão presente na vida republicana recente. Agora, ao lado disso, o PMDB é um partido muito difícil de administrar. Mas não está postulando a Presidência até agora.
Por que um partido grande como o PMDB não lança candidato?
O PMDB deixou de ser um partido nacional. Os seus líderes são regionais, como o Geddel (ministro da Integração).
Mas tem um potencial enorme de influir na sucessão e no governo...
Aumentou. Mas é o que dá um partido como o PT ir ao governo e não realizar o seu programa. Teve de se aliar aos outros para realizar um programa descoberto no meio do caminho. O programa do primeiro mandato não era esse que está sendo realizado. O PT recuperou a era Vargas. O Lula é um Getúlio. Há muito tempo.
Está cada vez mais popular...
Getúlio também foi, não?
O que dá lastro a isso?
A ida ao social, como Getúlio foi, aos pobres, aos sindicatos, a maneira apaixonada através da qual Lula faz isso. É claro que ninguém atendeu melhor aos empresários e às finanças que ele. Mas não tirou de um lado para dar para o outro. Deu para os dois lados.
A popularidade dele é, digamos assim, "transmissível"?
Ah, é. De certo modo, é.
Dilma, então, é candidata forte?
É. Getúlio não elegeu Dutra? Agora, Serra é um osso duríssimo de roer.
Na sua avaliação, qual vai ser o peso do presidente na sucessão?
Do jeito que ele está se comportando, se o navio tiver de afundar, ele quer morrer que nem um almirante batavo: afundar com o navio. Mas o navio não vai afundar. Vai sofrer abalos, talvez severos. Mas, volto à minha argumentação: temos algumas defesas. E nosso mercado interno pode nos segurar.
Então, o presidente Lula será um ator importante em 2010?
Ah, certamente.
Decisivo?
Não sei se ele garante a vitória do seu candidato ou candidata. O outro lado é muito forte e vem de um Estado muito poderoso. Se Serra conseguir fechar São Paulo... O risco para Serra é Minas escapulir.
A briga, que já rachou a bancada tucana, pode prejudicar Serra?
Pode. A candidatura Aécio-PMDB não existe.
Como fica o PT?
O PT se programou por 20 anos. Teve contratempos. Ficou sem candidato, está inventando a Dilma. Candidato inventado, que nunca passou pelo teste das urnas, é candidato com dificuldades. Como a Dilma vai se comportar, provocada por jornalistas? Não se sabe. Não tem treino.
Isso não torna a participação de Lula ainda mais fundamental?
Sem dúvida. Ela, por si só, nunca teve perfil para isso, nunca se pensou. Mas é o projeto "desde garotinho" do Serra.
Mas em qual quadro?
Está todo mundo chamando atenção para o PMDB. Mas, e PT e PSDB, que estão cada vez mais parecidos e cada vez mais rivais? O enigma é: por que não se aproximam mais?
Por causa da briga em São Paulo?
O Lula já se desprendeu disso. Aliás, se desprendeu do PT. O presidente governa o partido. Agora, com relações cada vez mais doces com o governador de São Paulo.
Quem é:
Luiz Werneck Viana
Formado em Ciências Sociais e Direito. Mestre em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), é atualmente pesquisador da instituição
É, também, doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP)
Tem pós-doutorado pela Università Degli Studi di Milano, U.D.S.M., Itália
Clique aqui para ler mais.
Estamos diante de uma conjuntura política nova, com a crise econômica. O que isso aponta para 2010?
Estamos diante de uma catástrofe, não há como recusar isso. Milhões de pessoas desempregadas, diminuição da riqueza mundial... Agora, aqui na periferia, no mundo emergente, isso que ocorreu era o desejado. De que se trata hoje? De regular. Regular o sistema financeiro mundial, cada sistema nacional. Com o tema da regulação, a presença da política.
O neoliberalismo está fora das alternativas políticas?
Creio que está fora. O que não quer dizer que as concepções de extremação da presença política na economia retornem.
Para o Brasil o que isso aponta?
Acho que estamos muito bem equipados, por motivos históricos determinados. A presença do público, aqui, sempre foi muito forte. Mesmo os anos de desmonte, das tentativas de desmonte da chamada era Vargas, ficaram na superfície, não foram aprofundadas. Começou com Collor, seguiu com Fernando Henrique, de algum modo continuou com Lula, mas a tradição da presença do público na sociedade brasileira foi preservada. E além do mais, a crise financeira nos anos 90 fez com que criássemos antídotos, que agora estão se demonstrando extremamente eficazes. Temos um mercado interno que cresce, não precisa de muito para crescer, porque uma boa parte dele está situado na base da pirâmide. O Bolsa-Família intensifica o consumo, o aumento do salário mínimo intensifica o consumo... O fato é que não vendemos nem o Banco do Brasil nem o BNDES. E temos a Petrobrás. E tem um presidente que ganhou a confiança da população. Que, no meio dessa crise, se comporta no sentido de inspirar segurança, confiança. E está comprometido com a defesa do emprego e a sua ampliação.
Como o PMDB, à frente do Senado e Câmara, pode agir na sucessão?
Ele é parte dessa história boa.
Mas ele não é associado ao atraso?
Eu sei. Aliás, o atraso é questão altamente sensível e estratégica na sociedade. Em linguagem fácil, rápida, quem tentou romper com ele perdeu.
Por exemplo?
Collor. Fernando Henrique não tentou. Lula não tentou. A questão aqui é quem dirige o atraso. Se o atraso assume a direção, aí, realmente, não há o que fazer. Mas desde Vargas ele não assume. O PMDB é uma força política regional, fisiológica, tudo isso que se diz é um pouco verdadeiro e às vezes muito exagerado. Mas o PMDB é uma escora na defesa dessa tradição do público na sociedade brasileira. Possivelmente, não teríamos essas instituições que hoje estão nos defendendo se o PMDB não fosse um personagem tão presente na vida republicana recente. Agora, ao lado disso, o PMDB é um partido muito difícil de administrar. Mas não está postulando a Presidência até agora.
Por que um partido grande como o PMDB não lança candidato?
O PMDB deixou de ser um partido nacional. Os seus líderes são regionais, como o Geddel (ministro da Integração).
Mas tem um potencial enorme de influir na sucessão e no governo...
Aumentou. Mas é o que dá um partido como o PT ir ao governo e não realizar o seu programa. Teve de se aliar aos outros para realizar um programa descoberto no meio do caminho. O programa do primeiro mandato não era esse que está sendo realizado. O PT recuperou a era Vargas. O Lula é um Getúlio. Há muito tempo.
Está cada vez mais popular...
Getúlio também foi, não?
O que dá lastro a isso?
A ida ao social, como Getúlio foi, aos pobres, aos sindicatos, a maneira apaixonada através da qual Lula faz isso. É claro que ninguém atendeu melhor aos empresários e às finanças que ele. Mas não tirou de um lado para dar para o outro. Deu para os dois lados.
A popularidade dele é, digamos assim, "transmissível"?
Ah, é. De certo modo, é.
Dilma, então, é candidata forte?
É. Getúlio não elegeu Dutra? Agora, Serra é um osso duríssimo de roer.
Na sua avaliação, qual vai ser o peso do presidente na sucessão?
Do jeito que ele está se comportando, se o navio tiver de afundar, ele quer morrer que nem um almirante batavo: afundar com o navio. Mas o navio não vai afundar. Vai sofrer abalos, talvez severos. Mas, volto à minha argumentação: temos algumas defesas. E nosso mercado interno pode nos segurar.
Então, o presidente Lula será um ator importante em 2010?
Ah, certamente.
Decisivo?
Não sei se ele garante a vitória do seu candidato ou candidata. O outro lado é muito forte e vem de um Estado muito poderoso. Se Serra conseguir fechar São Paulo... O risco para Serra é Minas escapulir.
A briga, que já rachou a bancada tucana, pode prejudicar Serra?
Pode. A candidatura Aécio-PMDB não existe.
Como fica o PT?
O PT se programou por 20 anos. Teve contratempos. Ficou sem candidato, está inventando a Dilma. Candidato inventado, que nunca passou pelo teste das urnas, é candidato com dificuldades. Como a Dilma vai se comportar, provocada por jornalistas? Não se sabe. Não tem treino.
Isso não torna a participação de Lula ainda mais fundamental?
Sem dúvida. Ela, por si só, nunca teve perfil para isso, nunca se pensou. Mas é o projeto "desde garotinho" do Serra.
Mas em qual quadro?
Está todo mundo chamando atenção para o PMDB. Mas, e PT e PSDB, que estão cada vez mais parecidos e cada vez mais rivais? O enigma é: por que não se aproximam mais?
Por causa da briga em São Paulo?
O Lula já se desprendeu disso. Aliás, se desprendeu do PT. O presidente governa o partido. Agora, com relações cada vez mais doces com o governador de São Paulo.
Quem é:
Luiz Werneck Viana
Formado em Ciências Sociais e Direito. Mestre em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj), é atualmente pesquisador da instituição
É, também, doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP)
Tem pós-doutorado pela Università Degli Studi di Milano, U.D.S.M., Itália
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