Caríssimos os problemas de nosso país carecem de imaginação Sociológica para buscar o fio da meada dos problemas de nosso tempo. Além do mais, como a elite irradiou de forma ideológica que o país não tem futuro é muito fácil dizer que não presta. De que é este país não é sério como disse um ex-presidente francês. E por aí vai, somos país do futebol, do carnaval e de mulheres nuas (estereótipo que tem o mundo sobre o Brasil)
Esta leitura simplista nunca nos deixou de fato compreender este país e nem a própria elite quis fazê-lo de tão preocupada de olhar para os EUA e EUROPA. Foi assim, por séculos. Fomos desprezados pela própria elite branca e perversa.
Perdemos décadas e hoje estou vivo para testemunhar as transformações que estão ocorrendo neste país. O nordeste já não é o patinho feio do país. O povo tem agora mais esperança e confiança no seu país e no seu governo. Não temos agora somente futuro, temos o presente sendo construído.
O mundo hoje olha para o Brasil com respeito e temos solidificada a nossa soberania. Já estamos entre as dez economias do planeta com perspectivas de, em poucos anos, estar entre as sete e nos finais dos anos trinta estar entre as cincos maiores economias do planeta.
O futuro? O futuro é aqui. Enquanto o mundo está se desmanchando em crise, as políticas públicas de promoção social, a valorização do salário mínimo criou uma classe C que segura um mercado interno crescente e promissor.
Realmente o futuro é aqui e a mídia golpista está falando para as paredes quando tenta psicologicamente afetar os ânimos dos brasileiros. Realmente eles não entendem de Brasil porque como diz o Lula: eles têm mentes colonizadas por americanos e europeus. Preferem gastar os seus reais nestes países, do que conhecer o Brasil que tem biomas dinâmicos e complexos e únicos do planeta com a sua cultura diversificada nas diversas regiões do país.
É imperativo entender que as mudanças que ocorrem no mundo são tão complexas que são necessárias mudar as nossas formas de encarar o próprio mundo. Isso porque somos colocados diante desafios que carecem de um pensamento melhor elaborado para utilizar a informação, dentre um emaranhado de outras informações para poder gerar o poder decisório.
Precisamos da imaginação sociológica que é a percepção de fatores que se interligam para realizar efeito e causas na construção de problemas que impactam a sobrevivência das organizações. Esta imaginação sociológica permite uma melhor compreensão dos problemas de nossa contemporaneidade, imaginação que a nossa elite perversa nunca teve para construir uma verdadeira nação.
A imaginação sociológica possibilita ao homem compreender o cenário atual e seus significados imbricados em rede nas diversas áreas do conhecimento, possibilitando-o intervenções mais conscientes como profissionais, de outro lado tirar o véu de concepções errôneas sobre os problemas sociais que tendem naturalmente os homens a acharem.
As concepções que o semi-árido não tinha solução, de que o nordeste era um atraso no Brasil, de que o sertanejo era gente de quinta categoria. De que era incabível transferir recursos do tesouro nacional para criar os bolsões de miséria da seca.
Era complicado pensar em soluções de convivência com o semi-árido? Era possível criar políticas públicas para potencializar as oportunidades em nosso semi-árido?
Por exemplo: aqui na minha região de solo aluvião: temos bastante vento, solo rico, água no subsolo. Qual é a solução? Investir em cata-ventos com mais tecnologia e o governo entra com financiamento para construção de pomares.
Meu Deus falta compromisso e seriedade aos nossos governantes. Temos um solo rico em aluvião, sendo destruído pelas cerâmicas. A nossa vocação é para construção de pomares porque temos terra para isso. Falta ao gestor público municipal um maior conhecimento do potencial do semi-árido para criar políticas públicas de oportunidades aos sertanejos.
Podemos ser um grande centro produtor de frutas. O que falta? Imaginação sociológica e de pesquisa. Também penso, será o homem incapaz de atuar dentro nesta sopa de problemas, de turbulência, incertezas, instabilidades, de fluxos dinâmicos e contínuos de informação em rede? Parece que sim e a crises ambiental e financeira têm mostrado isso.
Terá o homem que inventar a si, desnudando-se de seus valoreis, de seus modelos de pensamentos, em face da complexidade de entender o que está acontecendo no mundo? Talvez.
Será, então, a ciência uma das possibilidades de conhecermos o mundo? Pedrinho Guareschi, em Sociologia Crítica faz uma bela reflexão sobre definição ideológica de realidade. (p. 120).
Diz o autor: nós sempre formos ensinados, desde que começamos a ouvir, a ver, que realidade é o que está aí, o que nós vemos, o que nós podemos apalpar, o que existe. Nós formamos uma idéia de realidade a partir do que está presente, a partir do que existe agora.
Podemos, então perguntar: Mas realidade é isso? Realidade não é também o que será? O que é possível não faz parte também da realidade? Mas o que implica aceitar como verdade e realidade o que está aí, o positivo? Em poucas palavras, isso implica em fechar o caminho à transformação, à mudança; melhor, isso significa trancar a esperança.!
Quando identificamos o verdadeiro e o real com o que está aí, automaticamente somos levados a pensar e aceitar o que o que está aí é o bom, é o melhor, deve continuar, deve ser assim sempre, não é bom que mude.
Nós fechamos a janela ao futuro, ao possível. Perdemos o ímpeto da criação e da renovação do mundo, da sociedade, das coisas. Estas reflexões de Guareschi estão relacionadas ao paradigma da complexidade e o pensamento sistêmico das coisas. Na verdade, a crise deste século é a crise de percepção.
A árvore é apenas uma árvore, como o poste é um poste na rua de uma cidade e o menino de rua é apenas um menino abandonado. As pessoas não conseguem fazer relação das causas e efeitos e os fatores que estão relacionados aos problemas.
A crise ambiental e também a crise financeira demonstram a incapacidade do homem de perceber as conexões ocultas, ou o medo de enxergar a nova realidade do mundo. Estes questionamentos são importantes para entender o mundo e atuar nele com mais consciência, embora isso exija dos seres humanos um conhecimento da complexidade.
É possível atingir a totalidade do conhecimento utilizando-se somente da racionalidade científica? Creio que não, mesmo porque o conhecimento científico representa uma forma de ver o mundo e tende a ser hegemônico e impor aos outros conhecimentos.
O ser humano sempre produziu conhecimento a partir da experimentação, da observação dos fenômenos físicos, naturais e biológicos.
Na verdade, as grandes descobertas e invenções do homem foram realizadas através da observação dos fenômenos da natureza pelo homem e de certa forma este conhecimento é utilizado como instrumento de dominação ou transformação.
Nesta linha de pensamento é importante discutir conhecimento experimental do conhecimento científico, mesmo porque nas descobertas e resignificações da natureza, o homem produz um tipo de conhecimento chamado empírico ou experimental.
Já o conhecimento científico é resultado da investigação científica através de métodos (método cientifica). É este que estamos buscando no mundo, posto que estamos aqui sempre na linha entre o senso comum, mesmo porque somos seres historicamente construídos, e o conhecimento sistematizado pela humanidade, ambos extremamente importantes para as pessoas.
O modelo hegemônico de pensamento tende a segregar a epistemologia curiosa de pessoas comuns com a epistemologia científica. Além do mais, entendo eu, concordando com Paulo Freire, a leitura de mundo precede a leitura da palavra.
Em outras palavras, a epistemologia curiosa precede a epistemologia científica, o que para Paulo Freire, a imposição de conhecimento científico implica a imposição de ideologias consubstanciadas com o etnocentrismo, isso porque as pessoas, os trabalhadores e outras classes de organização com menos saberes científicos, são seres histórico-culturalmente construídos, da mesma forma que o conhecimento científico é uma manifestação cultural.
Para Fernandes, a epistemologia científica tem elaborações bem significativas e que são elos para o conhecimento sistematizado e não o pensamento de ruptura que alguns pensam haver em relação ao senso comum.
Neste contexto, FREIRE, coloca, por exemplo, que os camponeses não são vasilhas vazias em que os especialistas vão depositando conhecimento, mas sujeitos do processo de capacitação.
A afirmação de Fernandes se reverbera para o pensamento de Paulo Freire quando afirma que nós sabemos e ignoramos alguma coisa e que não podemos fazer uma ruptura entre a epistemologia curiosa e a epistemologia científica.
Isso porque Fernandes afirma que: “coube ao pensamento racional sistemático seja ordenar e dar expressão lógica às elaborações realmente significativas do conhecimento do senso comum, seja estender os critérios de explicação secular do mundo a objetos e a temas que não caem dentro dos limites da reflexão prática”. Fernandes (1977, p.14).
Portanto, esta discussão é muito importante porque há um intricado de fatores que são o amálgama dos problemas e desafios enfrentados pelos administradores contemporâneos. Na administração, por incrível que pareça as empresas entram em processo de desorganização porque os administradores não conseguem perceber outra realidade. Estamos de certa forma, presos aos nossos valores e a esta realidade.
Vejo por exemplo com espanto a esperança de colunistas e políticos na torcida para que EUROPA, EUA e Japão possam salvar este modelo neoliberal que está exaurido, como se não existisse a possibilidade de se criar outra realidade. Por exemplo, entendo que um dos fatores de sucesso do presidente Obama é a percepção deste momento maravilhoso, embora complexo, deste processo transformador de não mais precisar de intermediários entre ele e seus eleitores, para realizar comunicação e transmitir informação.
O poder da informação e da comunicação está, em primeiro momento, na imaginação e criação, segundos depois nos dedos em cliques que, executando o poder da criação, enviam mensagens para diversos endereços simultaneamente.
O mundo não esta ali, ele está aqui. Estende a mão e toque-o. É o mundo a um clique de nossa criação. A mídia? Somos nós e vamos desenvolver ou e irrigar a semente da criação.
È imperativo afirmar que poucos ainda perceberam o poder que as novas mídias conferiram ao mais simples dos mortais. Tudo está próximo ou distante neste mundo em transformação, mas o que vai definir ou redefinir estes conceitos de presencialidade ou distância é a imaginação e a criação que cada ser humano.
É o poder de desenvolver a aplicação das novas mídias em suas vidas. O poder e o saber estão em uma linha imaginária e depende da capacidade de pensar e criar.
E toda esta complexidade se reverbera para o profissional de administração que precisa desenvolver uma formação complexa, de imaginação sociológica e formação generalista por um lado, por outro buscar a especialidade em uma das diversas áreas de atuação da administração, o que nos faz professores e alunos de administração, ter uma responsabilidade e compromissos para sermos melhores aprendizes atuando em incertezas.
Segundo GIDDENS, é trabalho da sociologia investigar as conexões entre o que a sociedade faz de nós e o que fazemos de nós mesmos. Diz ainda o autor: nossas atividades tanto estruturam e modelam o mundo social ao nosso redor como, ao mesmo tempo, são estruturadas por esse mundo social.
Portanto, a sociologia tem a possibilidade de possibilitar aos homens e administradores um melhor entendimento dos fatores sociais-políticos-econômicos que poderão vir influenciar as organizações.
Aqui no semi-árido falta ainda aos gestores públicos – prefeitos, o melhor entendimento das oportunidades que cada pedaço do semi-árido pode oferecer. É verdade que uma parte do território cearense é cristalino, mas aqui moramos em solo de aluvião é que pouco aproveitado. Temos água no subsolo, temos vento bastante e temos terras cercadas improdutivas, temos o Banco do Nordeste com recursos para financiamento ao pequeno produtor. O que falta? Falta imaginação e criação aos nossos governantes.
O FHC, a despeito de seus estudos sociológicos nunca teve imaginação de BRASIL. Nunca entendeu este país. Conheceu os grandes mestres da sociologia, é talvez capaz de citar importantes argumentações da sociologia, mas não conhece o povo e nem tem compromisso com o povo e com o Brasil. Ele não entende de Brasil porque tem mente colonizada.
De outro lado, entendo que a sociologia pode incentivar o administrador a buscar um conhecimento mais apurado do mundo, percebendo que questões simples podem ter uma amplitude maior do se poderia pensar ou perceber em primeiro momento. REFERÊNCIAS FREIRE, PAULO. Ação Cultural para a Liberdade. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1982
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