Rose & Cia indiciados, mas o alvo é Lula
Em tempos de futebolização da
política é necessário, mais do que nunca, separar o que é fato, o que é
informação e o que é opinião. Fato é que a Polícia Federal indiciou
Rosemary Noronha. Indiciou Rose & Cia. Rose era a chefe de gabinete
da Representação da Presidência da República em São Paulo. Por indicação
de Lula, de quem Rose é próxima. E isso é um fato.
Rose, em resumo, está sendo acusada de tráfico de influência e
corrupção passiva. A Polícia Federal fez seu trabalho e o processo vai
andar. Quem for condenado, paga, quem for inocente, não paga; ainda que,
como é habitual, não paga mas carregando manchetes na história e nas
costas. E ponto final.
A partir disso, vamos a outras informações. O ex-presidente Lula faz
reuniões rotineiras de avaliação de conjuntura com seus assessores. Uma
reunião, essa informal, nessa segunda-feira, 26, abordou aspectos
políticos também desse último caso, a Operação Porto Seguro.
Em maio, Lula teve rumoroso encontro com o ministro Gilmar Mendes, do
Supremo Tribunal Federal. Na avaliação daquele barulho todo, Lula
entendeu haver exagero de quem percebia ali uma ação política para
desgastá-lo. Desgastá-lo porque ele é a pedra no caminho dos que
pretendam, na política ou não, enfrentar a presidente Dilma.
Passados seis meses do episódio com Gilmar Mendes, o ex-presidente
tem avaliação diferente do que tinha à época. Lula, assim como a maioria
de seu grupo de assessores, entende que há, sim, uma articulação
política que busca desgastá-lo.
Lembremos sempre que isso, outros fatos à parte, é informação.
Escândalos políticos produzem desdobramentos políticos. E levam a
informações e análises das ações e das contra-reações.
Disso tratamos aqui: das razões, informações e opiniões. De uns e de outros.
À parte articulações percebidas por Lula e os seus, há fatos
objetivos que levam, que permitem ações de enfrentamento e busca de
desgaste político; fatos objetivos como os desse episódio de agora, o de
Rose & Cia.
Lula e os seus, por seu lado, entendem que qualquer informação, em
qualquer episódio, seja grave ou banal, será sempre usada nessa
guerrilha de desgaste. E sempre com providencial barulho.
Há quem estranhe a ação da Polícia Federal. Não há porque estranhar.
No segundo governo Lula, recordemos, a polícia chegou a investigar Vavá,
o irmão do presidente.
A Polícia Federal não é um ente uno e indivisível que obedece a todo e
qualquer comando. E a PF, felizmente, tem autonomia já há alguns anos;
como nunca teve antes.
Para lembrar. Na Operação Satiagraha a polícia se dividiu. Uma banda
atuou para prender o banqueiro Daniel Dantas. Outra porção trabalhou
contra. Na Operação Porto Seguro, a polícia agiu por entender que
existem provas para agir.
Isso é um fato. Claro, objetivo, com documentos e gravações. Assim
como há outro fato, fato político, e dele temos tratado aqui nos últimos
meses. Aconteça o que acontecer, com Rose ou sem Rose, Lula é e seguirá
sendo o grande alvo. Porque Lula é a pedra no caminho. E isso também é
um fato.
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