"PCC reduziu criminalidade na periferia", diz canadense que estuda violência em São Paulo
Julianna Granjeia
Do UOL, em São Paulo
Baixos salários, falta de investimento, de funcionário especializado e de reconhecimento do trabalho são os problemas apontados pelo pesquisador canadense Graham Denyer Willis para a crise na segurança pública que atinge o Estado de São Paulo.
Willis veio ao país em 1996 fazer um intercâmbio e desde então acompanha a questão da criminalidade.
Em 2005, ficou intrigado com o resultado do referendo sobre armas de fogo e resolveu pesquisar o motivo de a maioria dos brasileiros ser contra a proibição da venda mesmo com o alto índice de homicídio no pais.
Do UOL, em São Paulo
Baixos salários, falta de investimento, de funcionário especializado e de reconhecimento do trabalho são os problemas apontados pelo pesquisador canadense Graham Denyer Willis para a crise na segurança pública que atinge o Estado de São Paulo.
Willis veio ao país em 1996 fazer um intercâmbio e desde então acompanha a questão da criminalidade.
Em 2005, ficou intrigado com o resultado do referendo sobre armas de fogo e resolveu pesquisar o motivo de a maioria dos brasileiros ser contra a proibição da venda mesmo com o alto índice de homicídio no pais.
Foi quando ele descobriu o PCC (Primeiro Comando da Capital) --facção criminosa que atua nos principais presídios do pais-- e aprofundou sua pesquisa, que deve virar um livro após a conclusão.
Para o especialista, a facção é responsável pela queda nos índices de criminalidade em algumas regiões da capital paulista. "Os moradores falaram que, quando o PCC chegou, [os criminosos] estabeleceram uma ordem forte do que pode ser feito e do que não pode ser feito dentro da comunidade", declarou Willis.
O canadense é candidato a pós-doutorado em estudos e planejamento urbano no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), pesquisador visitante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e pesquisador sênior do Instituto Igarapé.
Logo após os ataques do PCC de 2006, Willis passou cerca de quatro
meses morando em uma das comunidades dominadas pela facção em São Paulo.
O bairro não será divulgado por motivos de segurança, já que o
pesquisador ainda não concluiu seu trabalho.
"Foi ficando perigoso passar muito tempo na comunidade, perguntando coisas, falando com as pessoas, e resolvi entender o outro lado. Como a polícia interagia com essas comunidades e como era o impacto do PCC no trabalho da polícia", afirmou Willis.
Neste ano, o canadense começou a acompanhar o trabalho dos policiais em uma delegacia de São Paulo, que ele também prefere não divulgar para não atrapalhar seu relacionamento com os policiais.
A pesquisa ganhou destaque após a publicação, no dia 1º dezembro, do artigo "O que está matando a polícia brasileira?" do jornal americano "The New York Times".
Em entrevista ao UOL, Willis conta que ficou muito impressionado com as condições de trabalho da polícia paulistana e com a falta de confiança da população nos policiais.
UOL - O que você observou pesquisando o PCC?
Willis - O que foi interessante é que foi logo depois dos ataques do PCC em 2006, mas a pesquisa também foi feita na época em que o governo dizia que a queda de homicídios era devida ao trabalho da polícia. Foi uma queda grande, de 75%. Mas na visão da periferia não era nada disso. Até 2002, mais ou menos, quem estava morrendo era jovem entre 15 e 29 anos. Chegou um ponto, em 2003, 2004, que o PCC chegou de fato nas ruas e fez uma união entre os grupos menores armados que estavam na periferia.
Os moradores falaram que, quando o PCC chegou, [os criminosos] estabeleceram uma ordem forte do que pode ser feito e do que não pode ser feito dentro da comunidade E que se acontecesse alguma coisa tinham que falar com eles. Um sistema de lei e ordem bem diferente. São as regras que estão no estatuto. Já tem dois estatutos, um bem recente. Aí na comunidade não era só quem estava batizado, mas quem morava na comunidade que também não podia desobedecer as regras do PCC. E eles falam que antes era muito pior, [havia] briga entre policia e bandido, morria muito gente. Não podiam sair na rua à noite. Depois que chegou o PCC, estabeleceu essa ordem. Todo mundo sabe que se desobedecer vai ser julgado, sabe o que vai acontecer. Violar mulher, por exemplo, todo mundo sabe que é um crime muito grave e que o cara vai desaparecer ou vai morrer. Então, a taxa de homicídio nesses bairros caíram muito por causa disso. Na visão da periferia, nas comunidades onde o PCC controla, o PCC tem muito a ver com a queda dos homicídios, desde 2003, 2004. O Gabriel [de Santis] Feltran escreveu um livro ["Fronteiras de Tensão"] muito importante sobre isso.
Se você ver os dados de 1999, por exemplo, as comunidades que tinham mais problema com violência, são as que hoje estão dominadas pelo PCC, como Sapopemba, Jardim Angela, Cidade Tirandentes, Capão Redondo, Campo Limpo. Depois do PCC, a taxa [de criminalidade] nessas comunidades caiu muito.
Quando você resolveu pesquisar a polícia?
A relação entre cidadão e a policia no Brasil sempre foi muito difícil porque tem a história muito profunda de que essa policia estava nas ruas durante a ditadura. E não tinha quase ninguém pesquisando a policia, para acompanhar, para saber qual é a realidade da rua, dos policiais que ganham um salário muito baixo, que moram na periferia. Eu conheci vários policiais que falavam que moravam em Sapopemba, em Campo Limpo, nesses lugares onde estão o PCC. Aí eu fiquei muito surpreso porque, então, o cara sabe quem manda na comunidade. E quando acontece alguma coisa nesses lugares, os moradores não avisam os policiais que moram lá, porque o PCC não vai gostar e vai ser resolvido com eles. Fiquei impressionado. Como esse policial faz, então, se ele tem que morar nessa comunidade, totalmente desmoralizado, ninguém quer saber quem ele é e, se souber, não vai gostar dele? Como ele faz o seu trabalho? Achei um problema muito grande e quis pesquisar melhor. Fui atrás de entender melhor.
Sobre falta de estrutura para o trabalho da polícia, você chegou a constatar alguma coisa?
O policial da rua, o investigador, o soldado ou o cabo têm uma realidade diferente da dos [policiais] mais altos, de quem manda. É muito difícil que os policiais que mandam, que fazem política, que estão mais ligados ao governador, saibam bem qual é a realidade da rua. Essas pessoas nunca moraram em uma favela, nunca viveram em uma condição de ganhar R$ 600, em que ele teve que trabalhar em mais três, quatro, bicos para poder pagar a escola da filha. Então fica difícil até porque o policial que está na rua nunca vai chegar ao ponto de ser chefe. (...) O que ainda é pior dentro da Polícia Militar. A instituição militar não tem espaço para a criatividade, para diálogo, não pode falar com seu superior, você é subordinado totalmente. As suas ideias não importam, são as ideias de quem mandam que são importantes. Só que quem manda não conhece bem a realidade das ruas.
O que mais você observou de dificuldade no trabalho dos policiais?
Salário é difícil, recurso é muito difícil. Por exemplo, tem muita gente falando sobre o trabalho de investigação hoje em dia, falta muito perito. Só em casos mais importantes, como homicídio, é que vai perito. Em casos gerais, dificilmente perito vai. A investigação precisa de muito mais recurso porque um caso não vai ser resolvido sem investigação.
Você chegou a pesquisar o valor ideal para o salário de um policial?
Não. Foi mais conversas com policiais. O salário do policial [soldado da PM em São Paulo] é de R$ 2.000 e pouco [com as gratificações], só que o cara tem que trabalhar em dois bicos em que, às vezes, pagam mais do que isso. Para sustentar mesmo família, viver em condições dignas, ele tem que ganhar mais ou menos o triplo do salário. Então, é uma situação muito difícil.
Isso seria uma das causas para a corrupção policial?
Em geral, fala-se isso. Por exemplo, esse policial que ganha R$ 2.000, que vai atrás do crime organizado e que de repente pega um cara que tem muito dinheiro na mão, com R$ 5.000 no bolso. Esse policial, que ganha muito mal, fica numa situação difícil porque ele sabe que pode pegar, pode levar, e vai ser muito difícil alguém ir atrás dele. O cara pode até ter muito moral, falar que é honesto, mas com o tempo é muito difícil não entrar na onda porque esse cara não consegue sair da comunidade onde foi criado, que é onde tem esses criminosos mais poderosos. Claro que ele quer sair, mas fica difícil.
O que você observou do papel do Estado durante essas situações críticas?
No meu entender, o policial de baixo escalão fala que não faz parte do Estado. Ele tem esse sentimento de que quem manda está em outro sistema totalmente diferente do dele. Ele fala "o Estado faz isso, que manda" como se ele não fizesse parte daquilo, como se a polícia não fizesse parte desse Estado que manda. Ele se sente deslocado de quem está falando como deve ser e como vai melhorar.
Do que você pesquisou até agora, o que precisa ser feito para melhorar o sistema de segurança do Estado?
A questão do salário é muito importante, mas não é o ponto central. Outra coisa, é que o policial em geral tem que ser valorizado dentro das suas próprias comunidades. Por exemplo, seria muito bom chegar a um ponto em que o morador reconheça que o policial mora do seu lado e que se houver algum problema, ele pode procurar o policial, que ele vai entender, vai encaminhar para o lugar certo, alguém de confiança. Tem que fortalecer muito mais a investigação, para apurar os casos, desenvolver bem melhor do que o que está sendo feito agora. Tanto casos de homicídios, como de outros. A demora é muito grande para investigar, tem casos em que a pericia nem chega ao local do crime. Para fazer um laudo, demora mais de um mês. Então, é muito difícil. Em geral, a polícia tem que ser mais valorizada e receber mais investimento. Ficou desse jeito agora porque a população não confia na policia e tem razões históricas pra isso. A política acabou se afastando da polícia também. É mais fácil contratar segurança privada do que confiar na polícia. É importante que a política lá em cima tente reformar a visão da policia em geral. Tentar mudar a ideia de que policial é corrupto ou violento ou os dois para a que o policial está trabalhando para melhorar a sociedade e está do lado do cidadão. E que não precisa ser um policial violento, e sim um policial investigativo. Tem que valorizar uma polícia que seja mais proativa do que reativa.
Do início da sua pesquisa até o momento, você percebeu alguma mudança nas ações do Estado? Alguma melhora?
Já melhorou um pouco. A corregedoria, por exemplo, foi para a Secretaria de Segurança Pública em vez de ser da Polícia Civil. Teve algumas mudanças estruturais dentro da instituição que foram importantes. Mas você vê que essas mudanças só acontecem depois de algum caso polêmico. Os ataques de 2006, por exemplo, o caso daquela escrivã despida à força, tem esses casos polêmicos que saem na mídia e o Estado acaba reagindo e faz alguma coisa. Os avanços foram por causa disso, em vez de investimento, é reação. Tem que ser mais proativo do que reativo.
"Foi ficando perigoso passar muito tempo na comunidade, perguntando coisas, falando com as pessoas, e resolvi entender o outro lado. Como a polícia interagia com essas comunidades e como era o impacto do PCC no trabalho da polícia", afirmou Willis.
Neste ano, o canadense começou a acompanhar o trabalho dos policiais em uma delegacia de São Paulo, que ele também prefere não divulgar para não atrapalhar seu relacionamento com os policiais.
A pesquisa ganhou destaque após a publicação, no dia 1º dezembro, do artigo "O que está matando a polícia brasileira?" do jornal americano "The New York Times".
Em entrevista ao UOL, Willis conta que ficou muito impressionado com as condições de trabalho da polícia paulistana e com a falta de confiança da população nos policiais.
UOL - O que você observou pesquisando o PCC?
Willis - O que foi interessante é que foi logo depois dos ataques do PCC em 2006, mas a pesquisa também foi feita na época em que o governo dizia que a queda de homicídios era devida ao trabalho da polícia. Foi uma queda grande, de 75%. Mas na visão da periferia não era nada disso. Até 2002, mais ou menos, quem estava morrendo era jovem entre 15 e 29 anos. Chegou um ponto, em 2003, 2004, que o PCC chegou de fato nas ruas e fez uma união entre os grupos menores armados que estavam na periferia.
Os moradores falaram que, quando o PCC chegou, [os criminosos] estabeleceram uma ordem forte do que pode ser feito e do que não pode ser feito dentro da comunidade E que se acontecesse alguma coisa tinham que falar com eles. Um sistema de lei e ordem bem diferente. São as regras que estão no estatuto. Já tem dois estatutos, um bem recente. Aí na comunidade não era só quem estava batizado, mas quem morava na comunidade que também não podia desobedecer as regras do PCC. E eles falam que antes era muito pior, [havia] briga entre policia e bandido, morria muito gente. Não podiam sair na rua à noite. Depois que chegou o PCC, estabeleceu essa ordem. Todo mundo sabe que se desobedecer vai ser julgado, sabe o que vai acontecer. Violar mulher, por exemplo, todo mundo sabe que é um crime muito grave e que o cara vai desaparecer ou vai morrer. Então, a taxa de homicídio nesses bairros caíram muito por causa disso. Na visão da periferia, nas comunidades onde o PCC controla, o PCC tem muito a ver com a queda dos homicídios, desde 2003, 2004. O Gabriel [de Santis] Feltran escreveu um livro ["Fronteiras de Tensão"] muito importante sobre isso.
Se você ver os dados de 1999, por exemplo, as comunidades que tinham mais problema com violência, são as que hoje estão dominadas pelo PCC, como Sapopemba, Jardim Angela, Cidade Tirandentes, Capão Redondo, Campo Limpo. Depois do PCC, a taxa [de criminalidade] nessas comunidades caiu muito.
Quando você resolveu pesquisar a polícia?
A relação entre cidadão e a policia no Brasil sempre foi muito difícil porque tem a história muito profunda de que essa policia estava nas ruas durante a ditadura. E não tinha quase ninguém pesquisando a policia, para acompanhar, para saber qual é a realidade da rua, dos policiais que ganham um salário muito baixo, que moram na periferia. Eu conheci vários policiais que falavam que moravam em Sapopemba, em Campo Limpo, nesses lugares onde estão o PCC. Aí eu fiquei muito surpreso porque, então, o cara sabe quem manda na comunidade. E quando acontece alguma coisa nesses lugares, os moradores não avisam os policiais que moram lá, porque o PCC não vai gostar e vai ser resolvido com eles. Fiquei impressionado. Como esse policial faz, então, se ele tem que morar nessa comunidade, totalmente desmoralizado, ninguém quer saber quem ele é e, se souber, não vai gostar dele? Como ele faz o seu trabalho? Achei um problema muito grande e quis pesquisar melhor. Fui atrás de entender melhor.
Sobre falta de estrutura para o trabalho da polícia, você chegou a constatar alguma coisa?
O policial da rua, o investigador, o soldado ou o cabo têm uma realidade diferente da dos [policiais] mais altos, de quem manda. É muito difícil que os policiais que mandam, que fazem política, que estão mais ligados ao governador, saibam bem qual é a realidade da rua. Essas pessoas nunca moraram em uma favela, nunca viveram em uma condição de ganhar R$ 600, em que ele teve que trabalhar em mais três, quatro, bicos para poder pagar a escola da filha. Então fica difícil até porque o policial que está na rua nunca vai chegar ao ponto de ser chefe. (...) O que ainda é pior dentro da Polícia Militar. A instituição militar não tem espaço para a criatividade, para diálogo, não pode falar com seu superior, você é subordinado totalmente. As suas ideias não importam, são as ideias de quem mandam que são importantes. Só que quem manda não conhece bem a realidade das ruas.
O que mais você observou de dificuldade no trabalho dos policiais?
Salário é difícil, recurso é muito difícil. Por exemplo, tem muita gente falando sobre o trabalho de investigação hoje em dia, falta muito perito. Só em casos mais importantes, como homicídio, é que vai perito. Em casos gerais, dificilmente perito vai. A investigação precisa de muito mais recurso porque um caso não vai ser resolvido sem investigação.
Você chegou a pesquisar o valor ideal para o salário de um policial?
Não. Foi mais conversas com policiais. O salário do policial [soldado da PM em São Paulo] é de R$ 2.000 e pouco [com as gratificações], só que o cara tem que trabalhar em dois bicos em que, às vezes, pagam mais do que isso. Para sustentar mesmo família, viver em condições dignas, ele tem que ganhar mais ou menos o triplo do salário. Então, é uma situação muito difícil.
Isso seria uma das causas para a corrupção policial?
Em geral, fala-se isso. Por exemplo, esse policial que ganha R$ 2.000, que vai atrás do crime organizado e que de repente pega um cara que tem muito dinheiro na mão, com R$ 5.000 no bolso. Esse policial, que ganha muito mal, fica numa situação difícil porque ele sabe que pode pegar, pode levar, e vai ser muito difícil alguém ir atrás dele. O cara pode até ter muito moral, falar que é honesto, mas com o tempo é muito difícil não entrar na onda porque esse cara não consegue sair da comunidade onde foi criado, que é onde tem esses criminosos mais poderosos. Claro que ele quer sair, mas fica difícil.
O que você observou do papel do Estado durante essas situações críticas?
No meu entender, o policial de baixo escalão fala que não faz parte do Estado. Ele tem esse sentimento de que quem manda está em outro sistema totalmente diferente do dele. Ele fala "o Estado faz isso, que manda" como se ele não fizesse parte daquilo, como se a polícia não fizesse parte desse Estado que manda. Ele se sente deslocado de quem está falando como deve ser e como vai melhorar.
Do que você pesquisou até agora, o que precisa ser feito para melhorar o sistema de segurança do Estado?
A questão do salário é muito importante, mas não é o ponto central. Outra coisa, é que o policial em geral tem que ser valorizado dentro das suas próprias comunidades. Por exemplo, seria muito bom chegar a um ponto em que o morador reconheça que o policial mora do seu lado e que se houver algum problema, ele pode procurar o policial, que ele vai entender, vai encaminhar para o lugar certo, alguém de confiança. Tem que fortalecer muito mais a investigação, para apurar os casos, desenvolver bem melhor do que o que está sendo feito agora. Tanto casos de homicídios, como de outros. A demora é muito grande para investigar, tem casos em que a pericia nem chega ao local do crime. Para fazer um laudo, demora mais de um mês. Então, é muito difícil. Em geral, a polícia tem que ser mais valorizada e receber mais investimento. Ficou desse jeito agora porque a população não confia na policia e tem razões históricas pra isso. A política acabou se afastando da polícia também. É mais fácil contratar segurança privada do que confiar na polícia. É importante que a política lá em cima tente reformar a visão da policia em geral. Tentar mudar a ideia de que policial é corrupto ou violento ou os dois para a que o policial está trabalhando para melhorar a sociedade e está do lado do cidadão. E que não precisa ser um policial violento, e sim um policial investigativo. Tem que valorizar uma polícia que seja mais proativa do que reativa.
Do início da sua pesquisa até o momento, você percebeu alguma mudança nas ações do Estado? Alguma melhora?
Já melhorou um pouco. A corregedoria, por exemplo, foi para a Secretaria de Segurança Pública em vez de ser da Polícia Civil. Teve algumas mudanças estruturais dentro da instituição que foram importantes. Mas você vê que essas mudanças só acontecem depois de algum caso polêmico. Os ataques de 2006, por exemplo, o caso daquela escrivã despida à força, tem esses casos polêmicos que saem na mídia e o Estado acaba reagindo e faz alguma coisa. Os avanços foram por causa disso, em vez de investimento, é reação. Tem que ser mais proativo do que reativo.
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