Por Altamiro Borges
Em decisão proferida nesta sexta-feira (14), o juiz federal Horacio
Alfonso declarou que os dois artigos da Ley de Medios questionados na
Justiça pelo principal império midiático da Argentina, o Grupo Clarín,
são constitucionais e devem entrar em vigor. Para Martin Sabatella,
dirigente da Autoridade Federal de Serviços de Comunicação Audiovisual
(AFSCA), a decisão é histórica e representa uma importante vitória dos
que lutam pela verdadeira liberdade de expressão no país vizinho.
"Estamos muito contentes, a justiça foi feita”.
Para Martin Sabatella, "foi uma barbaridade que uma
lei da democracia tenha sido freada durante três anos por pressões das
corporações. A nossa democracia necessita da aplicação integral desta
lei”. Ele também reafirmou que "estávamos absolutamente convencidos da
constitucionalidade da lei e o juiz ratificou isso... Hoje, mais do que
nunca, todos devem entender que ninguém pode estar por fora da lei. Hoje
é um dia para a democracia e para a liberdade”.
O Grupo Clarín, que ergueu o seu império durante a sanguinária ditadura militar da Argentina, já anunciou que vai recorrer contra a decisão. A máfia midiática insiste em afirmar que os artigos 45 (que fixa os limites de concentração de licenças) e o 161 (que determina o prazo de um ano para se desfazer do excesso de concessões) são inconstitucionais. A margem de manobra do monopólio, porém, agora ficou mais reduzida. Ele insistirá no falso discurso sobre a "liberdade de expressão" - que, na verdade, é a defesa da liberdade dos monopólios.
Na sua choradeira, o Grupo Clarín contará com o apoio dos barões da
mídia da América Latina, reunidos no antro golpista da Sociedade
Interamericana de Imprensa (SIP). Editoriais e comentários ácidos também
serão difundidos nos jornalões, revistonas e emissoras de rádio e tevê
do Brasil. Mas, de concreto, o monopólio midiático da Argentina
precisará estudar as formas para desconcentrar o conglomerado.
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