Por
Davis Sena Filho —
Blog Palavra
Livre
Primeiro, a imprensa de mercado
resolveu taxar o caso do “mensalão” como o “maior escândalo de corrupção da
história do Brasil”. O que é uma mentira, sobremaneira. Escândalos de corrupção
como o do Banestado, do bicheiro Carlinhos Cachoeira e, sobretudo, o da
Privataria Tucana são, por si só, muito maiores, no que diz respeito ao volume
de dinheiro desviado, bem como o número de pessoas consideradas importantes na
sociedade, tanto na esfera pública quanto na privada.
Os porta-vozes do PSDB, os barões da
imprensa, assumiram, de fato, a oposição ao Governo trabalhista e perceberam
que, por intermédio do “mensalão” — o do PT — teriam um trunfo para usar como
instrumento para combater politicamente o PT e principalmente o ex-presidente
Lula e por isso, desde 2005, nunca arrefeceram um milímetro sequer sobre o caso,
o que, inquestionavelmente, serviu de manchetes no decorrer de sete
anos.
Afinal é o único trunfo da direita
brasileira, que, concomitantemente, “esqueceu-se” do mensalão original — o do
PSDB —, da famosa lista de Furnas e do banqueiro Daniel Dantas, aquele que foi
preso duas vezes e por duas vezes beneficiado com dois habeas corpus concedidos, em 48 horas,
pelo condestável juiz Gilmar Mendes. Um recorde mundial que deveria ser
reconhecido pelo Guinnes
Book.
Contudo, a questão não é essa. O que
está, realmente, em jogo é a eleição de 2014 e para isso a direita, os
conservadores precisam, antes de tudo, enlamear os nomes de políticos ou de
autoridades do PT, como, por exemplo, personalidades históricas do partido, a
exemplo de José Dirceu e José Genoíno, pessoas que militam no campo da esquerda
e que participaram da luta armada, bem como cooperaram, efetivamente, com a luta
política, nas últimas três décadas, para que o maior líder político e
trabalhista deste País e reconhecido internacionalmente conquistasse a cadeira
da Presidência da República.
A direita não tem voto suficiente para
vencer as próximas eleições presidenciais. Não tem como, por causa dos altos
índices de aprovação da presidenta Dilma Rousseff e do mentor de sua
candidatura, o ex-presidente Lula, que, em um processo raro de acontecer na
política, transferiu dezenas de milhões de votos para a candidata do trabalhismo, palavra esta que, desde os
tempos de Getúlio Vargas, causa mal-estar, urticárias e extrema irritação
àqueles que, sobremaneira, sabem que os trabalhistas tem voto, pois
historicamente apresentam ao povo e colocam em prática seu programa de Governo e
projeto de País, coisa que a direita reacionária, rancorosa, violenta,
preconceituosa e elitista nunca teve, não tem e jamais terá. Porque a direita é
o que é, como o escorpião sempre vai ser escorpião. Ponto.
Entretanto, o que mais me chamou a
atenção nesse processo draconiano é que no julgamento do “mensalão” a imprensa
corporativa e privada deixou claro que seu alvo, mais do que o ex-ministro José
Dirceu, é o presidente Lula. Os sintomas sobre o que afirmo são evidentes, e,
sem sombra de dúvida, efetivou-se nos jornais conservadores no caso dos irmãos
Vieira e da Rosemary Noronha, funcionários de terceiro escalão e que cometeram
malfeitos para amealharem vantagens monetárias e até mesmo, ridiculamente, ser
agraciada, no caso de Rosemary, com bilhetes para ter acesso, gratuitamente, a
shows.
Os barões da imprensa e seus asseclas
que fazem o papel da oposição partidária (PSDB, DEM e PPS) superdimensionaram
esses acontecimentos com a finalidade de atingir o único líder brasileiro de
prestígio internacional e que está com os braços cansados de tanto receber de
entidades, de órgãos diversos, de universidades e, sobretudo, dos governos
troféus, comendas e homenagens por sua atuação como presidente de República, que
efetivou ações que revolucionaram o Brasil em todos os sentidos e segmentos da
sociedade e da economia. Os números e índices econômicos e sociais estão aí para
quem duvida ou simplesmente quer saber. Basta acessar o sítio do Ministério da
Fazenda e de todas as estatais que estão envolvidas com o desenvolvimento do
Brasil. Ponto.
A direita é esperta e não dá ponto sem
nó. De forma alguma. Afinal, os donos dos meios de produção e seus
representantes no Governo, no Congresso, no Judiciário e a imprensa burguesa
dominaram o poder central a maior parte do tempo nesses cinco séculos de
história do Brasil. Para fazer o contraponto aos trabalhistas, esses setores
apostam na escandalização do processo político, bem como em sua criminalização,
enquanto o Judiciário fica a cargo, obviamente, da judicialização.
Além disso, a imprensa historicamente
golpista se encarrega de dar voz a esses segmentos de poder, bem como
desqualificar os a política e os políticos que são eleitos pela população.
Certamente, existem políticos corruptos. Todo segmento social os têm, inclusive
a imprensa, como ficou evidente no caso do bicheiro Carlinhos Cachoeira, que, na
verdade, atuava como editor e pauteiro da “Época” e principalmente da “Veja”,
que tiveram seus editores-chefes, em Brasília, gravados pela Polícia Federal,
que considerou que tais jornalistas estavam envolvidos com malfeitos e até mesmo
com as sucessivas tentativas de derrubar mandatários.
Autoridades
eleitas como o governador do DF, Agnelo Queiroz. Cachoeira, seus espiões e os
editores das revistas boicotaram ou sabotaram o Governo trabalhista de Dilma
Rosusseff, que demitiu ministros sem culpa no cartório, a exemplo do ministro
dos Esportes, Orlando Silva. Uma sucessão de crimes, conforme a PF e a CPMI do
Cachoeira, que não deu em nada, porque o deputado petista, Odair Cunha,
amarelou, colocou o saco na viola e todos os envolvidos com os supostos crimes,
inclusive o governador tucano de Goiás, Marconi Perillo, correram para abraçar a
galera. Tudo como dantes no quartel de Abrantes.
Todavia,
a verdade é que os tucanos estão divididos, mas os ex-presidente tucano,
Fernando Henrique Cardoso, lançou o senador Aécio Neves à Presidência. FHC — o
Neoliberal — vendeu o Brasil, mas sabe que vencer Dilma Rousseff vai ser muito
difícil. Para isso, ele entendeu que antecipar a corrida presidencial é
necessário porque Aécio Neves é desconhecido da maioria da população. Além do
mais, Fernando Henrique e os barões da imprensa paulista sabem muito bem que
apesar do estardalhaço das manchetes sobre o “mensalão” o PT não deixou de
conquistar as principais prefeituras do País, inclusive a de São
Paulo.
Mais
do que isso, os petistas vão governar um número maior de cidadãos brasileiros. A
direita sabe disso, apenas não publica e não mostra na televisão. Por isso, a
tentativa de popularizar o nome de Aécio Neves, pessoa mais conhecida por suas
peripécias de playboy do que
propriamente por ser um político preocupado com o desenvolvimento do Brasil e do
povo brasileiro. O PSDB, a direita em geral e a imprensa de mercado se recusam a
pensar o Brasil. A verdade é que essa gente se preocupa mesmo com seus
interesses pecuniários e em manter o status quo garantido pelo establishment a ferro e a fogo, até
mesmo pela força das armas, como ocorre nas invasões dos países ricos nas terras
dos países pobres.
O
trabalhista Lula, tal qual à direita, sabe também como a banda toca nesses pagos
tropicais. Por isso, o fundador da CUT e do PT acenou com a reedição das
Caravanas da Cidadania. Todos nós sabemos e também compreendemos — se não formos
tão reacionários no diz respeito à verdade e à realidade —, que para enfrentar
campanha sistemática tão insidiosa e repetidas vezes infame do sistema midiático
capitalista é necessário fazer o contraponto, ou seja, estabelecer parâmetros
para que se possa enfrentar a propaganda negativa irradiada pela direita
herdeira da escravidão. E a propaganda em prol de Lula, de Dilma e do PT e
exatamente as realizações e as conquistas de seus governos democráticos e
republicanos, que jamais, em hipótese alguma, mandaram as forças de segurança
bater nos trabalhadores, organizados ou não. Ponto.
E
como fazer com que as informações sobre as realizações dos governos trabalhistas
cheguem as ouvidos e aos olhos do povo? Por intermédio de propaganda
governamental no próprio sistema midiático privado, bem como pelas Caravanas da
Cidadania, que permitirão que o presidente Lula fale diretamente com a
população, de município em município e, dessa maneira, explicar o que está a
acontecer no âmbito de Brasília onde o PT e o Governo trabalhista e próprio Lula
travam uma luta sem trégua levada à cabo pelos órgãos estatais e privados de
supremacia e hegemonia retratados no STF, na PGR e na imprensa alienígena, que
nunca teve, não tem e nunca terá compromisso com o Brasil e seu
povo.
É
assim, meu caro, que a banda toca. Lula compreende o que está a acontecer neste
País. Quem conhece a história do Brasil também sabe o que está a acontecer e o
que tem de fazer para impedir a concretização de um golpe de estado de direita.
Afinal, conhecemos a história do grande presidente trabalhista João Goular, que
quando anunciou as reformas de base sacramentou, inclusive, a sua morte, porque
somente permitiram que ele entrasse no Brasil dentro de um caixão, no ano de
1976.
CARAVANAS DA CIDADANIA: CONTATO COM O POVO E EXPLICAR OS FATOS. |
Sobre
Getúlio, não é necessário comentar, afinal todos sabemos o que a direita
entreguista e golpista fez com o estadista gaúcho que é o criador do Brasil
moderno. Que leia a história quem duvida. Todavia, ressalto que não seria de bom
alvitre ler a história do Brasil por intermédio das cabeças “pensantes” dos
golpistas de direita aboletados no Instituto Millenium. Seria, digamos, um
contrassenso; na verdade uma inenarrável estupidez.
A
direita está desesperada, e o desespero leva à violência e à quebra da
legalidade constitucional e da estabilidade institucional. E é exatamente isto
que os conservadores desejam e querem. Só que o Brasil não é Honduras ou o
Paraguai. Lula sabe disso, bem como a sociedade civil organizada que o apoia.
Realidade que Jango e Getúlio não vivenciaram, infelizmente. A esquerda tem de
reagir. O PT também. O estado democrático de direito não comporta arroubos
anticonstitucionais. Os juízes do STF e o procurador-geral da República têm de
serem eleitos e com mandatos de oitos anos, como os senadores. “A burguesia
fede. A burguesia quer ficar rica. Enquanto houver burguesia, não haverá
alegria” (Cazuza). É isso aí.
Nenhum comentário:
Postar um comentário