O preço do imobilismo
Em artigo exclusivo para o 247, Eduardo Guimarães,
do Blog da Cidadania, denuncia a covardia da sociedade brasileira
diante da escalada autoritária promovida por meios de comunicação, Poder
Judiciário e oposição; Lula e Dilma são os alvos mais visíveis, mas
todos estão em risco quando poucos se levantam contra o golpismo que
está em marcha
Por Eduardo Guimarães, exclusivo para o Brasil 247
A cada dia diminui a margem de manobra para reagir ao
avanço dessa direita latina cuja bocarra de presas afiadas e baba
raivosa há muito entortou pelo uso crônico do mais escancarado golpismo.
E é sob essa reflexão que, a convite do Brasil 247, escrevo este artigo
exclusivamente para aquele que vem se revelando um dos espaços de
notícias e debates políticos mais dinâmicos da internet.
Vimos assistindo, impassíveis, a um tribunal de exceção se
instalar e condenar políticos sem provas enquanto parte daquela Corte
se desmanchava em discursos politizados – ou politiqueiros – com o
objetivo escancarado de criminalizar um partido político, deixando no ar
a impressão de que a qualquer momento pediriam que fosse colocado na
ilegalidade.
Dia após dia, vemos o maior líder político do país – e um
dos maiores do mundo –, o qual deixou seu governo de oito anos com
aprovação vibrante da quase totalidade dos brasileiros, ser tratado pela
grande imprensa como se fosse um criminoso condenado, com insultos
pesados – não críticas, insultos – sendo publicadas por grandes meios de
comunicação como se fossem receitas de bolo.
Em São Paulo, a direita midiática, encastelada no governo
do Estado há quase 20 anos, monta um exército ensandecido que sai
executando bandidos à vista de todos, praticamente institucionalizando a
pena de morte no Brasil, e os criminosos decidem reagir. Eclode, então,
uma guerra civil em que a população tomba como pinos de boliche
enquanto o Estado mais rico da Federação mergulha em um virtual Estado
de Sítio. E ninguém diz um A.
Por diferença de 1 voto, o Supremo Tribunal Federal manda a
Constituição Federal para o inferno e invade as prerrogativas do Poder
Legislativo. E essa maioria precária daquela Corte que comete esse feito
se dá ao desfrute de fazer ameaças de prisão ao presidente da Câmara
dos Deputados ao melhor estilo de qualquer republiqueta ditatorial
bananeira.
O governo federal anuncia uma medida cujo benefício para a
sociedade ninguém de posse de suas faculdades mentais negaria, a
redução da conta de luz para consumidores residenciais e empresas, e
essa medida é sabotada pela oposição midiática, onerando em centenas de
milhões de reais os cofres públicos. E ninguém faz nada contra essa
agressão à sociedade.
Poderia ficar escrevendo uma lauda após a outra sem parar,
mas nada do que estou dizendo é novidade para alguém. Nem, tampouco, o
fato de que partidos, sindicatos, movimentos sociais e autoridades que
se propõem a ser a voz da sociedade violam esse dever e se calam,
calando, assim, a todos os que neles acreditaram quando esperaram, um
dia, que fossem a sua voz.
Então você, reacionário distraído, perguntará como é que
me arvoro em porta-voz da sociedade. Não me arvoro coisa nenhuma, a
sociedade vem sendo sondada e os resultados dessas sondagens mostram que
ela está desaprovando o processo totalitário que a cúpula do Judiciário
e a mídia estão conduzindo de braços dados.
Ou você não se lembra de que, sob fogo cerrado, o PT, no
processo eleitoral de 2012, tornou-se o partido que mais recebeu votos
no Brasil?
Ou você não se lembra de que, há menos de uma semana, dois
dos quatro maiores institutos de pesquisa de opinião do país mostraram
que Lula, o alvo principal dessa artilharia, enquanto é tratado pela
mídia como criminoso condenado continua sendo apoiado por uma parcela
esmagadoramente majoritária da sociedade que ignora escancaradamente a
artilharia midiática?
Ou você não se lembra de que nessas mesmas pesquisas, em
contraste com o aumento da popularidade de Lula, de Dilma e,
consequentemente, do PT, o nível de desconfiança na imprensa disparou?
Eis por que, leitor, afirmo que a sociedade está indignada
com mídia, oposição e Judiciário por conta do que essas forças hoje
discricionárias estão perpetrando contra a democracia. E o que é que a
sociedade recebe dos que prometeram representá-la? Deram vazão à sua
voz? Não, acovardaram-se miseravelmente. E o pior é que não pagarão
sozinhos um preço desse imobilismo que terá que ser pago.
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