“Marina mudou de lado e quer estado máximo só para banqueiro”
O Escrevinhador
Todas as falas de Marina indicam que ela mudou de lado. E por oportunismo, muda de opinião a qualquer momento em relação a qualquer compromisso que tenha assumido anteriormente. A gente não sabe qual é a palavra de Marina que vale.
por Vagner Freitas, presidente Nacional da CUT
A
proposta da presidente Dilma Rousseff para o Brasil é clara e há doze
anos segue firme e inabalável, apesar das críticas do mercado,
banqueiros e especuladores. Dilma prioriza geração de emprego,
distribuição de renda, desenvolvimento com justiça social e melhoria de
vida para a sociedade.
Já Marina Silva (na foto, ao lado de sua coordenadora de programa de governo, a banqueira Neca Detúbal – Itaú),
que virou candidata à sucessão presidencial pelo PSB, defende o estado
mínimo – mínimo para a classe trabalhadora, claro. Pelas suas ligações
com os 5% mais ricos do País, com certeza para eles o estado será
máximo.
Esse é o conceito torto de sociedade de Marina. Para ela, não há
diferença entre um empresário e um trabalhador. A candidata ignora que
existem classes sociais com interesses distintos e incompatíveis Falou
em um debate que Neca Setubal, herdeira do Itaú, é tão elite quanto
Chico Mendes. Diz que existem apenas pessoas boas e pessoas más. Age
como se fosse ungida pelo poder divino para fazer essa escolha abstrata e
irracional.
É importante lembrar sempre que, mesmo sendo governos de coalizão, as
gestões do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma abriram as portas
para o empoderamento da classe trabalhadora. Por meio do diálogo,
negociação e pressão para obrigar o Congresso Nacional aprovar as
propostas de interesse da classe trabalhadora, conquistamos avanços
históricos.
Entre tantos avanços, conquistamos a política de valorização do
salário mínimo, a correção da tabela do Imposto de Renda, geração de
mais de 20 milhões de empregos, instituição do sistema de inclusão
previdenciária para trabalhadores de baixa renda, Vale Cultura,
adicional de periculosidade para os vigilantes, isenção de IR até o
limite de R$ 6 mil a PLR, aprovação da Emenda Constitucional que estende
aos empregados domésticos os mesmos direitos dos trabalhadores urbanos e
da que expropria propriedades urbanas e rurais onde for encontrado
trabalho escravo ou análogo a escravidão – só essas leis e a ampliação
da fiscalização garantiram a formalização de milhões de empregos e
contribuíram para a melhoria na distribuição da renda.
São conquistas que os conservadores de
parte da mídia e do empresariado não engolem e há doze anos tentam
barrar ou impedir que continuem. A judicialização da política é parte
ativa desta tática de desconstrução, de desqualificação, atacando o
direito de greve, a liberdade sindical, entre tantas outras ações.
Querem enfraquecer a nossa luta pela transformação social.
Mas a população tem entendido que o projeto político de Lula e Dilma é
correto. É como disse Dilma terça-feira no ABC, “o que nos diferencia
dos outros candidatos é que nós colocamos as pessoas no centro das
nossas preocupações. Temos compromisso com a criação de melhores
oportunidades de trabalho e emprego. Eles propõem medidas de arrocho
salarial”.
O fato de Marina ter entrado na campanha aliada aos conservadores
representa para a direita raivosa a possibilidade de acabar com
conquistas e ampliação de direitos. Essa direita não engole as
conquistas dos/as trabalhadores/as e da sociedade. Até agora, vejam só,
não suportam o fato de podermos andar no mesmo avião que eles. Querem de
qualquer jeito ter no Palácio do Planalto a mais legítima representante
do conservadorismo brasileiro que escolheu como coordenadora do seu
programa de governo a amiga, herdeira do Itaú, um dos bancos que mais
demitem trabalhadores no País.
Todas as falas de Marina indicam que ela mudou de lado. E por
oportunismo, muda de opinião a qualquer momento em relação a qualquer
compromisso que tenha assumido anteriormente. A gente não sabe qual é a
palavra de Marina que vale.
Ela disse em um debate que não iria explorar o pré-sal. Isso
significa que não vai gerar empregos de qualidade, não vai aumentar os
investimentos em saúde e educação. Foi bombardeada pelos trabalhadores e
dias depois voltou atrás desdizendo o que havia afirmado em rede
nacional.
Marina é contra os direitos individuais pelos quais tanto brigamos
para conquistar. Em menos de 24 horas ela se comprometeu com a
comunidade LGBTs – apoiar institucionalmente o casamento homoafetivo e
combater a homofobia – e voltou atrás, substituindo o texto do seu
programa de governo ao ser criticada no Twitter pelo pastor Silas
Malafaia.
O programa de governo de Marina prevê um Estado menor, a redução do
papel dos bancos públicos - o que significa menos financiamento, juros
altos, uma participação maior dos bancos privados na economia. O que ela
pretende, dar poder ao banco Itaú que a apóia e financia?
Marina defende a autonomia do Banco Central em mais um gesto que
atende apenas os interesses dos banqueiros que teriam, neste caso, um
poder paralelo com víeis conservador extremamente prejudicial à classe
trabalhadora.
Marina é a favor da terceirização e precarização do trabalho, como está escrito na página 75 do seu programa de governo: “…terceirização
de atividades leva a maior especialização produtiva,a maior divisão do
trabalho e, consequentemente, a maior produtividade das empresas… .”
Marina é a maior representante da turma da negação da política,
tática conservadora para afastar das decisões, da briga política, a
sociedade civil organizada que luta por um país mais justo e
igualitário. Ela não se importa com os partidos, com a política
organizada pela sociedade, com o coletivo. Isso é despolitização que
coloca em risco a democracia. A sociedade tem de ser viva, ativa,
participante. Não admitimos que ninguém apenas mande e decida pela
gente. Não precisamos de messianismo.
A candidata não tem absolutamente nada de novo, já foi vereadora,
deputada estadual e senadora pelo PT, já disputou e perdeu a eleição
presidencial de 2010 pelo PV, tentou criar um partido – Rede
Sustentabilidade -, não conseguiu, se filiou ao PSB e virou vice de
Eduardo Campos, morto tragicamente em um acidente aéreo no meio da
campanha. Ela nega o seu passado político e social.
O que é novo em Marina? Com certeza não é o programa de governo que
até os analistas do Citi consideraram “economicamente conservador e
socialmente liberal” e, o pior, favorável aos bancos privados e a
concessionárias de infraestrutura, mas negativo para a indústria.
Quem representa o novo na política é Dilma, que abriu as portas do
Palácio do Planalto, liderou o diálogo social e enfrentou os
conservadores propondo mais participação popular dos movimentos sociais e
sindical, ampliou as políticas públicas criadas por Lula e acabou com a
fome e a miséria. Ninguém fez nem faz isso no mundo.
Novo é gerar 21 milhões de empregos, garantir aumento real de mais de
70% no salário mínimo, retirar mais de 36 milhões de pessoas da miséria
e promover 42 milhões de pessoas à classe média – com inflação dentro
da meta, dívida pública em queda, reservas internacionais sólidas e
crescente protagonismo no cenário mundial.
Novo é combater as desigualdades regionais no Brasil, invertendo a
lógica dos conservadores, descentralizando e ampliando investimentos em
regiões como o Norte e o Nordeste, que receberam mais de R$ 125 bilhões
de reais, aumentaram o acesso à saúde e a educação, geraram mais de 130
mil empregos e cresceram a ritmo chinês durante vários anos.
Novo é o projeto de governo democrático e popular que nós vamos
manter no Palácio do Planalto. Vamos reeleger Dilma para ampliar as
conquistas para a classe trabalhadora e para a sociedade e consolidar a
democracia brasileira.
Sem aventuras, sem bancos no comando da economia, sem interferências de entidades internacionais nos rumos do Brasil.
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