Criança Esperança, a "Bolsa Globo"
O programa de caridade é uma contradição diante da
ferrenha oposição da organização a programas como o Bolsa Família. Por
Nirlando Beirão- Carta Capital.
por Nirlando Beirão
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publicado
05/09/2014 19:31
Estevam Avelari / Globo
A campanha Criança Esperança chegou
ao fim, mas você, se não o fez, ainda pode doar um dinheirinho para
esse frenético jamboree de caridade midiática que – a Globo apregoa –
beneficiará 48 mil crianças e adolescentes de todo o País.
A cada ano, a emissora dos irmãos Marinho – não confundir
com as irmãs Marinho – convoca sua constelação de estrelas para,
saltitantes, sorridentes, atiçarem as sensibilidades coronárias da
relutante nação canarinho. A solidariedade via tevê produz um espetáculo
convincente, tem o atributo de adormecer até avareza de banqueiro.
Não interessa à Globo se
perguntar se é coerente promover um show beneficente, logo ela que,
escorada nos califas do neoliberalismo, combate ferozmente iniciativas
como o Bolsa Família, com o duvidoso argumento de que socorrer os
miseráveis é condená-los ao perpétuo estado de miséria. Mania da Globo
essa de querer ser monopolista em tudo, até no quesito solidariedade humana.
Dois fortíssimos candidatos aproveitaram o
Criança Esperança para disputar o Oscar da hipocrisia filantrópica. O
Faustão, que fez de seu auditório um palanque da pior política de
botequim e anda iradíssimo com o paternalismo bolivariano do PT, sacou
do microfone para dizer que o Criança Esperança é uma beleza. Correndo
por fora, assumiu a condição de campeão do farisaismo o esponjoso Ney
Matogrosso, aquele que disse à tevê de Portugal que as nordestinas
engravidam freneticamente para usufruir dos benefícios da “bolsa
miséria” da Dilma.
Ney subiu ao palco pela causa. Não
parecia preocupado com o risco, por ele tão veemente denunciado, de que,
agora com a Bolsa Globo, o Brasil venha a se converter num gigantesco
berçário de indigentes.
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