Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:
Marina
Silva vem alardeando que sua candidatura simboliza algo que chama de
“nova política”. A despeito de tal proposição, o fato é que não pode
haver uma política nova. Pode haver, sim, uma política melhor, que não
seja feita à base de acordos espúrios com gente que não presta, mas não
há o que inovar na política.
Os mecanismos da política derivam dos ditames da democracia. Político busca maioria entre os votantes, busca maioria nas casas legislativas e, para obter tais maiorias, faz acordos com outros políticos. E é só. Não há como fugir desse modelo, ao menos na democracia.
Quando Marina fala em “nova política”, portanto, o que se pode depreender é que pretende inovar dentro do modelo que a política impõe. Inovar como? Um bom começo, como foi dito acima, seria o “novo político” não se aliar a gente que tem a palavra picareta gravada na testa.
E, sim: por estranho que pareça há muita gente que tem a palavra picareta gravada na testa.
Recentemente, a candidata a presidente Marina Silva deu uma pequena amostra do que é a “nova política” que prega: alterou, na marra, ponto de seu programa de governo que apoiava a união civil entre pessoas do mesmo Sexo.
Quem a obrigou a agir assim foi um sujeito chamado Silas Malafaia, um pastor pentecostal carioca que se tornou muito rico e influente através da exploração da fé. Em 2013, reportagem da revista norte-americana Forbes disse que o patrimônio dele é estimado em 150 milhões de dólares.
Pelo Twitter, Malafaia ameaçou retirar o apoio à candidatura de Marina caso o programa de governo dela condescendesse com quem ele considera seu pior inimigo: o movimento em defesa dos direitos dos homossexuais. Com quatro tuítes, o “pastor” conseguiu que a candidata da “nova política” se vergasse.
Malafaia, na mesma rede social, comemorou a vitória.
Em seguida, pregou que os gays abandonados por Marina Silva votem em Dilma Rousseff
Como Marina não pediu aos que abandonou que não fizessem isso, subentende-se que aprova a sugestão do aliado.
Mas quem é Silas Malafaia? Há um vídeo curto no You Tube que, pela eloquência, dispensa maiores considerações. O “pastor” oferece ao seu rebanho uma fórmula para alcançar não o Reino do Céu, mas a “prosperidade” econômica. Ele chama isso de “teologia da prosperidade”.
Diz Malafaia:
– Preste bastante atenção: eu quero desafiar você. Na igreja-sede e nas filiais, durante todo esse ano – é você que vai fazer conforme você quiser fazer -, num envelope especial, você vai oferecer um aluguel seu. Você vai pegar [o aluguel] de um mês. Aí você vai dizer: “pastor, eu estou desempregado. Fiz um biscate e recebi 300 reais”. Ótimo. Então, a tua semente vai ser 90 reais, para um ano. Entendeu? Você vai pegar 30 por cento… Você está empregado. Você ganha 600 reais e vai dizer “Olha, pastor, eu estou vivendo aqui na casa do meu pai”. Ok. 30 reais. De abril a dezembro, você tem 180 reais para você plantar, esses 180 reais. Vai ser a sua semente para que você tenha uma casa.
Uau! Precisa dizer mais?
Agora que já sabemos quem é Silas Malafaia, temos que perguntar: que importância poderia vir a ter esse sujeito se Marina Silva se elegesse presidente da República? Sim, porque se ela o atende tão rapidamente quando faz seus pedidos – como fez no caso dos homossexuais –, não seria lícito especular que ele poderia se tornar ministro desse eventual governo?
Marina poderia criar para ele o Ministério dos Costumes, que trataria de evitar “homossexualismo”, “casamento gay” e, quem sabe, formas heterodoxas de fornicação. Imagine só, leitor:
Ministério dos Costumes adverte: sexo só para procriação. Está proibido, também, fazer sexo oral, anal, de quatro, de ladinho e até canguru perneta. É permitida a posição “papai e mamãe” desde que a luz seja mantida apagada e o dízimo esteja pago. Em dia.
Brincadeiras à parte, o temor reverencial que Malafaia inspira em Marina deixa claro que em um temido governo dela esse sujeito teria muito poder. Tornar-se-ia ministro? E que outras ordens daria à então presidente da República? Nem é bom pensar…
Dirão que “pastores” como esse se relacionam com governos tucanos, petistas etc. É verdade. Esse é um dos preços da política. Qualquer líder político tem que levar em conta a representatividade que até alguém como esse Malafaia tem. Afinal, ele não obriga seus trouxas… Ou melhor, não obriga seus fiéis a lhe darem o pouco dinheiro que têm.
Como se viu no caso dos homossexuais, a obediência de Marina a esse tipinho é praticamente instantânea. Não demandou nem uma reuniãozinha. Malafaia mandou por Twitter e foi obedecido instantaneamente. Chegou a hora, pois, de Marina explicar em que consiste sua “nova política”. Aliás, passou da hora.
Os mecanismos da política derivam dos ditames da democracia. Político busca maioria entre os votantes, busca maioria nas casas legislativas e, para obter tais maiorias, faz acordos com outros políticos. E é só. Não há como fugir desse modelo, ao menos na democracia.
Quando Marina fala em “nova política”, portanto, o que se pode depreender é que pretende inovar dentro do modelo que a política impõe. Inovar como? Um bom começo, como foi dito acima, seria o “novo político” não se aliar a gente que tem a palavra picareta gravada na testa.
E, sim: por estranho que pareça há muita gente que tem a palavra picareta gravada na testa.
Recentemente, a candidata a presidente Marina Silva deu uma pequena amostra do que é a “nova política” que prega: alterou, na marra, ponto de seu programa de governo que apoiava a união civil entre pessoas do mesmo Sexo.
Quem a obrigou a agir assim foi um sujeito chamado Silas Malafaia, um pastor pentecostal carioca que se tornou muito rico e influente através da exploração da fé. Em 2013, reportagem da revista norte-americana Forbes disse que o patrimônio dele é estimado em 150 milhões de dólares.
Pelo Twitter, Malafaia ameaçou retirar o apoio à candidatura de Marina caso o programa de governo dela condescendesse com quem ele considera seu pior inimigo: o movimento em defesa dos direitos dos homossexuais. Com quatro tuítes, o “pastor” conseguiu que a candidata da “nova política” se vergasse.
Malafaia, na mesma rede social, comemorou a vitória.
Em seguida, pregou que os gays abandonados por Marina Silva votem em Dilma Rousseff
Como Marina não pediu aos que abandonou que não fizessem isso, subentende-se que aprova a sugestão do aliado.
Mas quem é Silas Malafaia? Há um vídeo curto no You Tube que, pela eloquência, dispensa maiores considerações. O “pastor” oferece ao seu rebanho uma fórmula para alcançar não o Reino do Céu, mas a “prosperidade” econômica. Ele chama isso de “teologia da prosperidade”.
Diz Malafaia:
– Preste bastante atenção: eu quero desafiar você. Na igreja-sede e nas filiais, durante todo esse ano – é você que vai fazer conforme você quiser fazer -, num envelope especial, você vai oferecer um aluguel seu. Você vai pegar [o aluguel] de um mês. Aí você vai dizer: “pastor, eu estou desempregado. Fiz um biscate e recebi 300 reais”. Ótimo. Então, a tua semente vai ser 90 reais, para um ano. Entendeu? Você vai pegar 30 por cento… Você está empregado. Você ganha 600 reais e vai dizer “Olha, pastor, eu estou vivendo aqui na casa do meu pai”. Ok. 30 reais. De abril a dezembro, você tem 180 reais para você plantar, esses 180 reais. Vai ser a sua semente para que você tenha uma casa.
Uau! Precisa dizer mais?
Agora que já sabemos quem é Silas Malafaia, temos que perguntar: que importância poderia vir a ter esse sujeito se Marina Silva se elegesse presidente da República? Sim, porque se ela o atende tão rapidamente quando faz seus pedidos – como fez no caso dos homossexuais –, não seria lícito especular que ele poderia se tornar ministro desse eventual governo?
Marina poderia criar para ele o Ministério dos Costumes, que trataria de evitar “homossexualismo”, “casamento gay” e, quem sabe, formas heterodoxas de fornicação. Imagine só, leitor:
Ministério dos Costumes adverte: sexo só para procriação. Está proibido, também, fazer sexo oral, anal, de quatro, de ladinho e até canguru perneta. É permitida a posição “papai e mamãe” desde que a luz seja mantida apagada e o dízimo esteja pago. Em dia.
Brincadeiras à parte, o temor reverencial que Malafaia inspira em Marina deixa claro que em um temido governo dela esse sujeito teria muito poder. Tornar-se-ia ministro? E que outras ordens daria à então presidente da República? Nem é bom pensar…
Dirão que “pastores” como esse se relacionam com governos tucanos, petistas etc. É verdade. Esse é um dos preços da política. Qualquer líder político tem que levar em conta a representatividade que até alguém como esse Malafaia tem. Afinal, ele não obriga seus trouxas… Ou melhor, não obriga seus fiéis a lhe darem o pouco dinheiro que têm.
Como se viu no caso dos homossexuais, a obediência de Marina a esse tipinho é praticamente instantânea. Não demandou nem uma reuniãozinha. Malafaia mandou por Twitter e foi obedecido instantaneamente. Chegou a hora, pois, de Marina explicar em que consiste sua “nova política”. Aliás, passou da hora.
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