Clube Militar apoia Marina; 2 dias antes ela disse ser contra rever Lei da Anistia
publicado em 5 de setembro de 2014 às 13:03
Da Redação - VioMundo.
O Clube Militar do Rio de Janeiro divulgou uma nota (abaixo, na
íntegra) de apoio a Marina Silva, candidata do PSB à presidência da
República.
Formado por oficiais da reserva conservadores, a nota do Clube
Militar afirma que Marina é uma “esperança de algo novo e diferente,
que rompa com a tradição negativa representada pelos atuais homens
públicos”. O texto é assinado por Clovis Purper Bandeira, editor de
Opinião do Clube Militar
Nota do Clube Militar
UM FIO DE ESPERANÇA
As surpresas que o destino nos reserva são assustadoras. Tudo corre
num determinado sentido quando, de repente, um acontecimento totalmente
inesperado muda nossa história, nossa vida.
O terrível acidente aéreo que, no meio de agosto (sempre agosto)
ceifou a vida do Senador Eduardo Campos, candidato à Presidência da
República, bem como as da tripulação e de assessores que o acompanhavam,
mudou em duas semanas todo o panorama e as previsões para as eleições
de outubro, em nível federal e estadual.
Subitamente elevada à condição de presidenciável, a até então
candidata a Vice Presidente, Marina da Silva, foi talvez a pessoa
diretamente mais atingida pelas consequências da tragédia.
Tendo obtido 20 milhões de votos nas últimas eleições presidenciais,
em 2010, Marina despontou como um fenômeno eleitoral, séria pretendente
ao cargo nas próximas eleições.
Para conseguir ser apontada como candidata, procurou fundar um
partido próprio, a Rede de Sustentabilidade, ou simplesmente Rede. No
entanto, a burocracia – e os problemas reais ou criados pelos cartórios
para o reconhecimento de centenas de milhares de firmas necessárias para
a criação de um partido – terminaram por impedir que o mesmo viesse à
luz no prazo legal para permitir o registro de seus candidatos.
Assim, sem uma sigla que a apresentasse, Marina teve que se contentar
em aderir ao PSB, que já apontara Eduardo Campos como candidato a
Presidente da República. Ela teve, então, que limitar-se à Vice
Presidência.
A morte do cabeça da chapa do PSB a menos de dois meses das eleições
determinou sua substituição por Marina, que imediatamente decolou nas
pesquisas de intenção de votos.
Atualmente, já empata com Dilma Roussef no primeiro turno e vence folgadamente por dez pontos percentuais no segundo turno.
Na verdade, a nova candidata incorporou o desejo vago de mudanças que
levou o povo às ruas em junho do ano passado. Que tipo de mudança, isso
já é outro problema.
Não tendo ainda sido atacada pelos demais candidatos – pois sua
candidatura não foi, inicialmente, percebida como grande ameaça – navega
em mar calmo e vento muito favorável, enquanto o tempo, cada vez mais
curto, corre a seu favor.
Sua figura messiânica, suas declarações vagas, suas promessas
iniciais muito generosas, mas fora do alcance do cofre nacional, acenam
com uma “nova política” misteriosa, mistura de propostas esquerdistas e
ambientalistas, entre as quais maior participação direta, governar com
pessoas e não com partidos, participação direta popular no governo, por
meio de plebiscitos e consultas populares (cheiro de bolivarianismo),
criação de conselhos do povo (cheiro dos sovietes petistas), orçamento
participativo etc.
Cálculos preliminares orçam suas promessas – entre as quais 10% do
orçamento para a saúde, outros 10% para a educação, aumento da bolsa
esmola, do efetivo da Polícia Federal – em quase 100 bilhões de reais
por ano, cuja origem não é esclarecida.
Seu calcanhar de Aquiles é o fraco apoio político, pois na verdade
não tem o apoio firme de nenhum partido. Seus apoiadores são aqueles
interessados em pegar carona em sua súbita popularidade, sem nenhum
compromisso com a realidade política durante seu possível governo.
Mas uma excelente candidata não será, necessariamente, uma excelente Presidente.
No governo, terá que descer das nuvens “sonháticas” onde flutua e
lutar na arena do dia a dia da Praça dos Três Poderes, enfrentando as
feras insaciáveis que fazem as leis, sempre cobrando algum preço
político por seu apoio.
Na verdade, os políticos temem o populismo de suas propostas e os
desvios que promete adotar, para evitar o isolamento de seu governo
pelos partidos, percebendo uma ameaça de autoritarismo na ideia de
governar sem os mesmos. Será real isso ou será apenas uma ameaça para
angariar apoios mais fortes dos partidos, que seriam enfraquecidos com
um governo mais populista?
Dona de um discurso inatacável, é a favor de tudo que é bom e contra tudo que é ruim. Como, aliás, todos os candidatos.
Ser uma incógnita camaleônica é uma vantagem, pois o que é conhecido da política e dos políticos é rejeitado pelos eleitores.
A esperança de algo novo e diferente, que rompa com a tradição
negativa representada pelos atuais homens públicos, parece impulsionar a
subida de Marina nas pesquisas eleitorais.
A desilusão popular procura o novo. As mudanças podem ser para melhor
ou para pior, desde que interrompam a malfadada corruptocracia
instalada no poder pelo lulopetismo.
Como está não pode continuar. Há expectativa de que novos rumos e
novos governantes tragam melhores dias e maior esperança para os
eleitores desiludidos.
É um fio de esperança, mas parece que as pessoas a ele se agarram com fé, apostando no futuro para esquecer o presente.
Gen Clovis Purper Bandeira – Editor de Opinião do Clube Militar
PS do Viomundo: A divulgação da nota ocorre dois
dias após Marina Silva, candidata do PSB à Presidência da República,
declarar, em entrevista ao G1, que
é contra a revisão da Lei da Anistia, tal como os militares defendem. A
revisão permitiria a prisão e condenação de militares que torturaram e
mataram presos políticos durante a ditadura militar no Brasil.
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