Estou compartilhando excelente texto sobre mudanças. Assim como Marina, milhares estão mudando de opinião. E se você ler este texto até o final, tenho certeza que também mudará de opinião.
Gustavo Castañon afasta-se do PSB: Marina Silva, a candidata da mudança, está em liquidação
publicado em 8 de setembro de 2014 às 18:58
por Gustavo Castañon, especial para o Viomundo
Há um sentimento de mudança no ar. 12 anos de
governo do PT desgastaram o partido na opinião pública. É natural. As
contradições inevitáveis do exercício do poder, a relação com um
congresso fisiológico, os interesses contrariados, os acordos inerentes à
democracia, os escândalos. É mesmo surpreendente que chegue ao cabo
desse período ainda como o partido de um quarto dos brasileiros e tendo o
voto de metade deles.
Nesse cenário, surge a candidatura de Marina
Silva, que encarna, sem sombra de dúvidas, a mudança, como provarei com
os links abaixo. A começar pela mudança do cenário eleitoral. Depois de
um suspeito desastre de avião (que alguns acreditam se tratar de assassinato), Marina assumiu o lugar de Eduardo Campos como a candidata do PSB à presidência.
O compromisso de Marina com a mudança não é recente. Ele já se deixava sentir quando ela mudou de religião há poucos anos, abandonando o catolicismo de opção pelos pobres e abraçando o fundamentalismo da Assembleia de Deus, que tem entre seus quadros Silas Malafaia eMarcos Feliciano, e acredita que discursos inflamados e emissões vocais desordenadas são manifestações do próprio Espírito de Deus.
Depois Marina mais uma vez mudou quando saiu do
PT por ter sido preterida na disputa interna do partido pela candidatura
à presidência. Desde então ela iniciou um processo de mudança de
crenças políticas que a tornou uma opção para os grandes meios de
comunicação, os bancos e a classe média alta.
Primeiro mudou-se para o PV, ganhou apoio do
Itaú, finalmente concorreu à presidência, perdeu, mas não desanimou.
Tentou mudar o então partido assumindo-lhe o controle, mas como não
conseguiu, mudou de novo e tentou criar a Rede. Também não conseguiu
apoio suficiente para criar um novo partido,e então mudou-se, de novo, para o PSB.
A ecologista aproveitou a mudança e mudou-se para um apartamento em São Paulo, de um fazendeiro do DEM.
Num golpe de
sorte, também mudou de ideia na última hora e não embarcou com Eduardo
no jato que o matou. Logo depois da tragédia, Marina mudou do papel de
vice para o de viúva, declarando ter sido consolada da morte de Campos pela própria esposa dele. Com a má repercussão da declaração, ela mudou de postura e apareceu sorridente em seu velório posando para fotos ao lado de seu caixão.
E a mudança não parou mais. Mudou o CNPJ da campanha para não ser responsabilizada pelas irregularidades do jato fantasma de sua campanha nem indenizar as famílias atingidas pela tragédia. A pacifista mudou seu compromisso da “Rede” que proibia os candidatos pela legenda de receber doações de indústrias de agrotóxicos, de armas e de bebidas,
e compôs chapa com o deputado federal Beto Albuquerque, político
integrante da “bancada da bala”, financiada pela indústria bélica. Ele
também é financiado por fabricantes de bebidas e agrotóxicos.
E mais mudança veio com um programa de governo que contrariava toda a sua história.
Prometeu ao Brasil a volta da gestão econômica do PSDB. Mudou a sua posição contrária à independência do Banco Central para garantir o apoio dos bancos brasileiros.
Mais do que isso, prometeu mudar a legislação trabalhista promovendo a terceirização em massa, e prometeu acabar com a obrigatoriedade de função social de parte do crédito bancário,enterrando o crédito imobiliário. Mas isso não era mudança suficiente. Depois de quatro tuítes de Silas Malafaia mudou a mudança do programa e se declarou contra o casamento gay.
Depois de um editorial do Globo, também mudou a sua posição sobre o pré-sal, que prometera abandonar, e depois, mudou a posição sobre a energia nuclear. Depois de uma vida de batalha contra os transgênicos, Marina, pressionada pelo agronegócio, também mudou e afirmou que sua posição histórica era uma “lenda”.
Mudou também sobre a transparência política. O ministro Palocci caiu por não revelar os nomes das empresas que contrataram seus serviços antes do governo. Mas ela hoje, candidata, se nega a dizer a origem de 1.6 milhões de seus rendimentos, e declarou um patrimônio de somente 135 mil reais ao TSE. Uma senadora da República.
Finalmente, há três dias Marina mudou sua opinião sobre a tortura, que antes considerava crime imprescritível, e passou a ser contrária a revisão da lei de anistia.
Na semana passada, ganhou o apoio do Clube Militar. Marina muda tanto que acabou por declarar seu programa de governo todo em processo de revisão.
Isso é realmente novo na política. Ela é a primeira candidata da
história do Brasil que descumpre seu programa de governo antes de chegar
ao poder.
Por tudo isso, não
restam dúvidas que Marina é a candidata da mudança. Ela muda sem parar.
Essa é sua “Nova Política”, uma mudança nova a cada dia. Não é possível
acompanhar a labilidade de seu caráter ou de sua mente. Ou ela mente.
Não importa. O que importa é que Marina representa a mudança, a mudança
de um Brasil aberto e tolerante para um Brasil refém da intolerância
fundamentalista, de um Brasil voltado para sanar sua dívida com seu povo
pobre para um Brasil escravo de seus bancos, de um Brasil democrático
para um Brasil mergulhado em crise institucional.
Por isso eu mudei
também. Entrego essa semana meu pedido de desfiliação do PSB e cerro
fileiras contra essa terrível mudança que ameaça nosso país. Não é
possível submeter o Brasil a essa catástrofe. Marina Silva é uma alma em
liquidação. Por um bom acordo eleitoral vende qualquer convicção. Mas
aproveitem logo. Essa promoção é por tempo limitado.
Gustavo Castañon é filiado ao PSB desde 2001. Doutor em
Psicologia e professor de Filosofia na Universidade Federal de Juiz de
Fora.
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