FHC aposta no cinismo porque sabe que é blindado pela Rede Globo, Veja, Folha, Estadão e seus crimes lesa-pátria continuarão impunes. Nas entrevistas que dá para os jornalistas da referida mídia, nunca é questionado pela compra da reeleição e pelos escândalos de corrupção em seu governo que foram muitos.
FHC sabe jamais será julgado ou condenado pela compra da reeleição que a valores de hoje custou aos cofres brasileiros a bagatela de 32 milhões de reais. E sabe que sua blindagem irá com ele ao túmulo. E lá no túmulo sua blindagem não o salvará de ser comido pelos vermes.
FHC sobe o tom, diz que Lula é “mago do ilusionismo” e que hegemonia petista ameaça democracia - Viomundo.
Sinais alarmantes
Finalmente se fez justiça no caso do mensalão. Escrevo sem júbilo: é
triste ver na cadeia gente que em outras épocas lutou com
desprendimento. Eles estão presos ao lado de outros que se dedicaram a
encher os bolsos ou a pagar suas campanhas à custa do dinheiro público.
Mais melancólico ainda é ver pessoas que outrora se jogavam por ideais –
mesmo que controversos – erguerem os punhos como se vivessem uma
situação revolucionária, no mesmo instante em que juram fidelidade à
Constituição.
Onde está a revolução? Gesticulam como se fossem Lenines que
receberam dinheiro sujo, mas o usaram para construir a “nova sociedade”.
Nada disso: apenas ajudaram a cimentar um bloco de forças que vive da
mercantilização da política e do uso do Estado para se perpetuar no
poder. De pouco serve a encenação farsesca, a não ser para confortar
quem a faz e enganar seus seguidores mais crédulos.
Basta de tanto engodo. A condenação pelos crimes do mensalão deu-se
em plena vigência do Estado de Direito, num momento em que o Executivo é
exercido pelo Partido dos Trabalhadores (PT), cujo governo indicou a
maioria dos ministros do Supremo.
Não houve desrespeito às garantias legais dos réus e ao devido
processo legal. Então, por que a encenação? O significado é claro:
eleições à vista. É preciso mentir, autoenganar-se e repetir o mantra.
Não por acaso, a direção do PT amplifica a encenação e Lula diz que a
melhor resposta à condenação dos mensaleiros é reeleger Dilma Rousseff…
Tem sido sempre assim, desde a apropriação das políticas de proteção
social até a ideia esdrúxula de que a estabilização da economia se deveu
ao governo do PT. Esqueceram as palavras iradas que disseram contra o
que hoje gabam e as múltiplas ações que moveram no Supremo para derrubar
as medidas saneadoras. O que conta é a manutenção do poder.
Em toada semelhante, o mago do ilusionismo fez coro. Aliás, neste
caso, quem sabe, um lapso verbal expressou sinceridade. “Estamos
juntos”, disse Lula. Assumiu meio de raspão sua fatia de
responsabilidade, ao menos em relação a companheiros a quem deve muito. E
ao País, o que dizer?
Reitero, escrevo tudo isso com melancolia, não só porque não me apraz
ver gente na cadeia, embora reconheça a legalidade e a necessidade da
decisão, mas principalmente porque tanto as ações que levaram a tão
infeliz desfecho como a cortina de mentiras que alimenta a aura de
heroicidade fazem parte de amplo processo de alienação que envolve a
sociedade brasileira.
São muitos os responsáveis por ela, não só os petistas. Poucos têm
tido a compreensão do alcance destruidor dos procedimentos que permitem
reproduzir o bloco de poder hegemônico; são menos numerosos ainda os que
têm tido a coragem de gritar contra essas práticas. É enorme o arco de
alianças políticas no Congresso cujos membros se beneficiam por
pertencerem à “base aliada” de apoio ao governo.
Calam-se diante do mensalão e das demais transgressões, como se o
“hegemonismo petista” que os mantém fosse compatível com a democracia.
Que dizer, então, da parte da elite empresarial que se ceva dos
empréstimos públicos e emudece diante dos malfeitos do petismo e de seus
acólitos? Ou da outrora combativa liderança sindical, hoje acomodada
nas benesses do poder?
Nada há de novo no que escrevo. Muitos sabem que o rei está nu e
poucos bradam. Daí a descrença sobre a elite política reinante na
opinião pública mais esclarecida. Quando alguém dá o nome aos bois,
como, no caso, o ministro Joaquim Barbosa, que estruturou o processo e
desnudou a corrupção, teme-se que, ao deixar a presidência do STF, a
onda moralizante dê marcha à ré. É evidente, pois, a descrença nas
instituições. A tal ponto que se crê mais nas pessoas, sem perceber que
por esse caminho voltaremos aos salvadores da Pátria. São sinais
alarmantes.
Os seguidores do lulopetismo, por serem crédulos, talvez sejam menos
responsáveis pela situação a que chegamos do que os cínicos, os
medrosos, os oportunistas, as elites interesseiras que fingem não ver o
que está à vista de todos. Que dizer, então, das práticas políticas? Não
dá mais!
Estamos a ver as manobras preparatórias para mais uma campanha
eleitoral sob o signo do embuste. A candidata oficial, pela posição que
ocupa, tem cada ato multiplicado pelos meios de comunicação. Como o
exercício do poder se confundiu, na prática, com a campanha eleitoral,
entramos já em período de disputa. Disputa desigual, na qual só um lado
fala e as oposições, mesmo que berrem, não encontram eco. E sejamos
francos: estamos berrando pouco.
É preciso dizer com coragem, simplicidade e de modo direto, como
fizeram alguns ministros do Supremo, que a democracia não se compagina
com a corrupção nem com as distorções que levam ao favorecimento dos
amigos. Não estamos diante de um quadro eleitoral normal.
A hegemonia de um partido que não consegue deslindar-se de crenças
salvacionistas e autoritárias, o acovardamento de outros e a impotência
das oposições estão permitindo a montagem de um sistema de poder que, se
duradouro, acarretará riscos de regressão irreversível.
Escudado nos cofres públicos, o governo do PT abusa do crédito fácil
que agrada não só aos consumidores, mas, em volume muito maior, aos
audaciosos que montam suas estratégias empresariais nas facilidades
dadas aos amigos do rei. A infiltração dos órgãos de Estado pela
militância ávida e por oportunistas que querem beneficiar-se do Estado
distorce as práticas republicanas.
Tudo isso é arquissabido. Falta dar um basta aos desmandos, processo
que, numa democracia, só tem um caminho: as urnas. É preciso desfazer na
consciência popular, com sinceridade e clareza, o manto de ilusões com
que o lulopetismo vendeu seu peixe. Com a palavra as oposições e quem
mais tenha consciência dos perigos que corremos.
* SOCIÓLOGO, FOI PRESIDENTE DA REPÚBLICA
PS do Viomundo: O artigo poderia ter sido escrito por aquele Eduardo Frei que decidiu aderir ao golpe contra Allende.
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