Agora, entende-se os motivos que levaram a Bandeirantes, através do jornalista Ricardo Boechat e jornalistas desse grupo empresarial, a uma sistemática campanha de desinformação ao povo paulistano sobre a proposta de aumento do IPTU - progressivo.
Progressivo porque quem tem mais renda e mais imóveis deveria pagar mais ao município paulistano. Haddad, na entrevista aos blogueiros afirmou: “recebi um telefonema de um dono de muitos
meios de comunicação dizendo que não daria trégua à prefeitura e que
colocaria todos seus veículos contra o IPTU progressivo. Isso não me foi
contado. Isso foi dito”, relata, durante uma conversa com jornalistas,
realizada ontem (16) à noite na sede da administração municipal.
O
prefeito não revelou o nome do barão midiático que declarou guerra
abertamente. Segundo o site Conversa Afiada, o empresário seria Johnny Saad, dono do Grupo Bandeirantes e "proprietário de muitos imóveis urbanos em São Paulo".
Era muito estranho o comportamento da Bandeirantes através do seu serviçal atacar sistematicamente uma proposta que visa fazer justiça social no município de São Paulo. Cobrar mais tributos de quem pode pagar mais.
entrevista - RBA
Com IPTU, Haddad descobre lado obscuro dos 'donos da cidade'
Prefeito relata declaração de guerra feita por dono de um grupo de comunicação por causa da cobrança progressiva do imposto
Prefeito relata declaração de guerra feita por dono
de um grupo de comunicação por causa da cobrança progressiva do imposto
Wilson Dias/ ABr
'Recebi um telefonema de um dono de muitos meios de comunicação dizendo que não daria trégua à prefeitura'
São Paulo – Fernando
Haddad não precisou chegar ao fim de seu primeiro ano de mandato à
frente da maior cidade do país para concluir que nem só de boas
intenções e competência técnica se faz uma gestão. Queira ou não, o
prefeito petista de São Paulo tem de conviver com estratégias jogadas em
cenas obscuras protagonizadas por aqueles que se consideram donos de
São Paulo.
“Recebi um telefonema de um dono de muitos
meios de comunicação dizendo que não daria trégua à prefeitura e que
colocaria todos seus veículos contra o IPTU progressivo. Isso não me foi
contado. Isso foi dito”, relata, durante uma conversa com jornalistas,
realizada ontem (16) à noite na sede da administração municipal. O
prefeito não revelou o nome do barão midiático que declarou guerra
abertamente. Segundo o site Conversa Afiada, o empresário seria Johnny Saad, dono do Grupo Bandeirantes e "proprietário de muitos imóveis urbanos em São Paulo".
Questionado se já não sabia que seria
assim, dado o histórico de governos do PT no Palácio do Planalto e na
própria prefeitura, Haddad parece indicar que conhecia o problema, mas
desconhecia seu tamanho, e admite a necessidade de repensar sua política
de comunicação para evitar distorções.
O caso do IPTU resume bem o problema. Após
quatro anos sem reajuste, o prefeito conseguiu aprovar na Câmara
Municipal um projeto de lei para aplicar um aumento maior nos bairros
mais valorizados, e baixar o valor do tributo em regiões que gozam de
menor infraestrutura urbana. Mas a medida se tornou impopular devido à
dificuldade da gestão de explicar justamente isso à população e à
resistência de parte da mídia tradicional, que, em parceria com a Fiesp e
o PSDB, conseguiu que o Tribunal de Justiça concedesse liminar
congelando a aplicação dos novos níveis de cobrança.
A gestão promete apresentar recurso à
decisão. “Quando discute IPTU progressivo, cobrando mais de quem pode
mais, cobrando menos de quem pode menos, você está discutindo a fonte de
financiamento de um Estado de bem-estar social que ainda está muito no
começo no Brasil. Tem muito para avançar”, defende o prefeito, que
parece manter uma característica que ajudou a levá-lo ao cargo: a
clareza de ideias, a intenção de enxergar os macroproblemas a partir das
microsituações, a transferência das ideias do acadêmico ao mundo da
execução política e a consciência de que, na macropolítica, a filosofia
de gestão é um espaço demarcado de disputa de projetos.
“Está em discussão no Brasil o modelo de
Estado que nós queremos. Queremos o Estado mínimo, acreditando que o
mercado vai resolver os problemas da população mais pobre, ou queremos
um Estado com protagonismo, que tenha condições de dar resposta às
questões sociais?”
Questionado se não gosta de fazer
política, como se tem ouvido em bastidores até no meio petista, ele
afirma que apenas vê sentido em que as pessoas se dediquem a algo
voltado ao interesse comum, visão que tem de ser resgatada no país. Na
conversa, Haddad volta a cravar que não tem problemas em sacrificar sua
reeleição e reitera que entende a política como uma prática voltada à
construção de soluções para o cidadão. Considera que o fundamental é
pensar projetos de longo prazo e garantir a máxima execução possível nos
quatro anos a que tem direito, sem que se deva preocupar se as futuras
administrações darão sequência a isso ou não.
Ao traçar um balanço da gestão, Haddad
parece satisfeito com aquilo que prometeu pouco mais de um ano atrás:
Bilhete Único Mensal e eficiência no transporte público, Arco do Futuro,
revisão do Plano Diretor Estratégico, melhoria dos serviços de saúde.
Se terá tempo para fazer tudo, não sabe, mas entende que uma região da
cidade estará transformada rapidamente. “A zona leste vai mudar. Vou dar
alguns exemplos. Ficando pronto o Rodoanel Leste, os caminhões saem da
Jacu-Pêssego. A Jacu-Pêssego, juntando com o polo de Itaquera, é a zona
incentivada da prefeitura. O que queremos é geração de emprego. Você vai
ver uma grande transformação física. Conglomerados econômicos, dois ou
três, vão investir ali para geração de emprego. Talvez tenhamos uns 100
mil empregos.”
A principal fonte de preocupação do
petista continua a ser a mesma, e nada indica que será outra quando
encerrar o mandato: a baixa capacidade de investimento da prefeitura de
São Paulo. R$ 18 bilhões de pagamento de precatórios, R$ 55 bilhões de
dívida, R$ 2 bilhões a menos graças ao congelamento da tarifa de
transporte público e R$ 1 bilhão da decisão judicial do IPTU somam um
montante muito superior ao orçamento anual de R$ 40 bilhões. A esperança
reside agora no sinal verde do Ministério da Fazenda para que o Senado
vote a renegociação da dívida de estados e municípios com a União, o
que, espera, virá até fevereiro.
Na conversa, o prefeito afirmou ainda que a
mudança de modelo de gestão das subprefeituras entra agora numa segunda
etapa. Neste primeiro ano de mandato, Haddad apostou na
desmilitarização das estruturas, legado de Gilberto Kassab (PSD). Agora,
com a eleição dos integrantes dos conselhos participativos municipais, o
petista imagina ser possível aproximar representantes populares eleitos
da administração da cidade.
Confira aqui trechos da entrevista conduzida por Eduardo Maretti, da RBA, Renato Rovai, da revista Fórum, Maria Inês Nassif, da Carta Maior, Paulo Henrique Amorim, do Conversa Afiada, e Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania.
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