Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:
Serra sai de fininho da campanha do "eu sozinho"
O título até rimou, mas é o melhor resumo da ópera bufa protagonizada nos últimos meses pelo ex-pré-candidato José Serra, do PSDB. Não poderia ter sido mais melancólico o anúncio da sua desistência num texto de módicas sete linhas publicado em seu Facebook, às 19h56 desta segunda-feira, que reproduzo abaixo, tal como foi escrito:
"Para esclarecer a amigos que têm me perguntado:
Como a maioria dos dirigentes do partido acha conveniente formalizar o quanto antes o nome de Aécio Neves para concorrer à Presidência da República, devem fazê-lo sem demora. Agradeço a todos aqueles que têm manifestado o desejo, pessoalmente ou por intermédio de pesquisas, de que eu concorra novamente".
Pouco depois, ele entrou em contato com o portal UOL para desmentir a informação já publicada em todos os meios eletrônicos. Como assim?
Se ele sugere que o partido "formalize o quanto antes o nome de Aécio Neves", é porque está tirando o time de campo, por absoluta falta de apoio, tanto dentro como fora do PSDB.
Demorou para cair a ficha de Serra, que passou meses vagando pelo país a bordo de uma campanha do "eu sozinho", sem ter a seu lado nenhuma liderança importante do PSDB, apenas para falar mal do governo, e agora resolveu sair de fininho da disputa, embora ainda queira deixar uma porta aberta.
Nas pesquisas por ele citadas, o ex-governador de São Paulo, que foi duas vezes derrotado ao tentar a Presidência da República, fazendo lembrar a "Viúva Porcina", lendária personagem de Regina Duarte, aquela "que foi sem nunca ter sido", Serra levava uma pequena vantagem sobre Aécio, mas os seus índices de rejeição eram tão altos que inviabilizavam a candidatura.
Foi isso, a meu ver, mais do que tudo, que levou Serra a colocar sua mensagem no Facebook, um dia antes de Aécio Neves apresentar as diretrizes do seu futuro programa de governo (ver matéria "Aécio lança projeto para eleição 2014" aqui no R7).
Com isso, o ex-pré-candidato acabou roubando espaço do seu adversário tucano no noticiário dos jornais, no mesmo momento em que se tornou público o rompimento de Aécio com seu marqueteiro, o antropólogo Renato Pereira.
O que era para ser uma terça-feira festiva do PSDB, com o objetivo de colocar o bloco de Aécio Neves nas ruas, acabou ofuscada, mais uma vez, por problemas internos do partido e da candidatura.
Para completar, o antigo aliado Roberto Freire, do PPS, do alto dos seus 16 segundos de TV e meia dúzia de deputados, resolveu oficializar o apoio do seu partido a Eduardo Campos, do PSB, que disputa uma vaga com o tucano no segundo turno, com o pragmático argumento de que é "mais fácil ganhar com Campos do que com Aécio".
Como Freire, fiel seguidor de José Serra, não rasga dinheiro e gosta de surfar numa boa onda, é bom Aécio se precaver. O único objetivo de Serra daqui para a frente pode ser o de atazanar a vida dele, dando o troco pela falta de apoio do mineiro às suas campanhas presidenciais.
Desta forma, a nove meses e meio das eleições de 2014, o PSDB ainda não conseguiu fechar aliança com nenhum outro partido. Agora é esperar pelas próximas pesquisas para se saber se era mesmo a sombra de Serra que atrapalhava a campanha de Aécio ou se desta vez os tucanos correm o risco, pela primeira vez nos últimos 20 anos, de ficarem fora do segundo turno por falta de um candidato competitivo.
Fernando Henrique Cardoso, que ganhou duas vezes de Lula no primeiro turno, patrono da candidatura de Aécio, deve ter ficado feliz com a decisão de Serra - se é que ela foi mesmo para valer.
Para quem já chegou a registrar em cartório a garantia de que não seria candidato a governador, durante sua campanha a prefeito de São Paulo, na década passada, e acabou sendo, tudo é possível. Só não se deve esperar um entusiasmado apoio de José Serra a Aécio Neves. Aí também já seria pedir demais.
Serra sai de fininho da campanha do "eu sozinho"
O título até rimou, mas é o melhor resumo da ópera bufa protagonizada nos últimos meses pelo ex-pré-candidato José Serra, do PSDB. Não poderia ter sido mais melancólico o anúncio da sua desistência num texto de módicas sete linhas publicado em seu Facebook, às 19h56 desta segunda-feira, que reproduzo abaixo, tal como foi escrito:
"Para esclarecer a amigos que têm me perguntado:
Como a maioria dos dirigentes do partido acha conveniente formalizar o quanto antes o nome de Aécio Neves para concorrer à Presidência da República, devem fazê-lo sem demora. Agradeço a todos aqueles que têm manifestado o desejo, pessoalmente ou por intermédio de pesquisas, de que eu concorra novamente".
Pouco depois, ele entrou em contato com o portal UOL para desmentir a informação já publicada em todos os meios eletrônicos. Como assim?
Se ele sugere que o partido "formalize o quanto antes o nome de Aécio Neves", é porque está tirando o time de campo, por absoluta falta de apoio, tanto dentro como fora do PSDB.
Demorou para cair a ficha de Serra, que passou meses vagando pelo país a bordo de uma campanha do "eu sozinho", sem ter a seu lado nenhuma liderança importante do PSDB, apenas para falar mal do governo, e agora resolveu sair de fininho da disputa, embora ainda queira deixar uma porta aberta.
Nas pesquisas por ele citadas, o ex-governador de São Paulo, que foi duas vezes derrotado ao tentar a Presidência da República, fazendo lembrar a "Viúva Porcina", lendária personagem de Regina Duarte, aquela "que foi sem nunca ter sido", Serra levava uma pequena vantagem sobre Aécio, mas os seus índices de rejeição eram tão altos que inviabilizavam a candidatura.
Foi isso, a meu ver, mais do que tudo, que levou Serra a colocar sua mensagem no Facebook, um dia antes de Aécio Neves apresentar as diretrizes do seu futuro programa de governo (ver matéria "Aécio lança projeto para eleição 2014" aqui no R7).
Com isso, o ex-pré-candidato acabou roubando espaço do seu adversário tucano no noticiário dos jornais, no mesmo momento em que se tornou público o rompimento de Aécio com seu marqueteiro, o antropólogo Renato Pereira.
O que era para ser uma terça-feira festiva do PSDB, com o objetivo de colocar o bloco de Aécio Neves nas ruas, acabou ofuscada, mais uma vez, por problemas internos do partido e da candidatura.
Para completar, o antigo aliado Roberto Freire, do PPS, do alto dos seus 16 segundos de TV e meia dúzia de deputados, resolveu oficializar o apoio do seu partido a Eduardo Campos, do PSB, que disputa uma vaga com o tucano no segundo turno, com o pragmático argumento de que é "mais fácil ganhar com Campos do que com Aécio".
Como Freire, fiel seguidor de José Serra, não rasga dinheiro e gosta de surfar numa boa onda, é bom Aécio se precaver. O único objetivo de Serra daqui para a frente pode ser o de atazanar a vida dele, dando o troco pela falta de apoio do mineiro às suas campanhas presidenciais.
Desta forma, a nove meses e meio das eleições de 2014, o PSDB ainda não conseguiu fechar aliança com nenhum outro partido. Agora é esperar pelas próximas pesquisas para se saber se era mesmo a sombra de Serra que atrapalhava a campanha de Aécio ou se desta vez os tucanos correm o risco, pela primeira vez nos últimos 20 anos, de ficarem fora do segundo turno por falta de um candidato competitivo.
Fernando Henrique Cardoso, que ganhou duas vezes de Lula no primeiro turno, patrono da candidatura de Aécio, deve ter ficado feliz com a decisão de Serra - se é que ela foi mesmo para valer.
Para quem já chegou a registrar em cartório a garantia de que não seria candidato a governador, durante sua campanha a prefeito de São Paulo, na década passada, e acabou sendo, tudo é possível. Só não se deve esperar um entusiasmado apoio de José Serra a Aécio Neves. Aí também já seria pedir demais.
Altamiro Borges
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