A região da América Latina e Caribe deu mais um passo decisivo para a ampliação e consolidação da sua integração regional, com a realização na Venezuela, nas últimas terça e quarta-feira (17 e 18), da segunda reunião extraordinária de cúpula da Aliança Bolivariana dos Povos de Nossa América (Alba), em conjunto com a Petrocaribe, mecanismo de integração energética dos países banhados pelo Mar das Caraíbas.
O saldo principal do encontro foi a criação de uma Zona Econômica Exclusiva Alba – Petrocaribe e a projeção de novos mecanismos integradores com o fortalecimento de liames econômicos e comerciais mais sólidos e duradouros com o Mercado Comum do Sul (Mercosul). Os 20 países reunidos em Caracas recomendaram a extensão do projeto aos países do Mercosul. O presidente da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro, comentou a respeito que um bloco deste tipo somaria 23 países da América Latina e Caribe, com 408 milhões de habitantes sobre uma superfície de 13 milhões e 260 mil quilômetros quadrados e um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 3,887 trilhões, o que representaria a quarta economia do planeta.
Uma particularidade: o bloco disporia da primeira reserva petrolífera do mundo, a quarta de gás natural, além de abundantes recursos minerais, marítimos e hídricos.
Por isso, o mandatário comemorou a realização da cúpula Alba – Petrocaribe como “um dia de Bolívar e Chávez”, aludindo aos dois grandes patriotas venezuelanos que vislumbraram, cada um em seu tempo, o valor da união de povos soberanos.
Efetivamente, em que pese problemas estruturais herdados de um passado recente no qual predominavam na região relações de tipo neocolonialista a partir da opressão e dominação exercidas pelos Estados Unidos, os países da América Latina vão desbravando os caminhos da independência comercial, econômica, política e diplomática.
Graças às transformações em curso na região desde que Hugo Chávez foi eleito pela primeira vez em 1998 e as sucessivas vitórias eleitorais de forças progressistas em diferentes países, foi sendo criado um grande polo da integração, composto pela Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), a União de Nações Sul-americanas (Unasul), o Mercado Comum do Sul (Mercosul) e a Alba, esta última criada pela iniciativa pessoal do líder histórico da Revolução Cubana, Fidel Castro, e pelo comandante da Revolução Bolivariana venezuelana, Hugo Chávez.
Tudo isso, somado à derrota do projeto neocolonialista e anexionista da criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca), liderado pelos Estados Unidos, constitui contundente derrota geopolítica desse imperialismo, que perdeu parte considerável da influência que exercia na região. Isto assinala o ocaso das doutrinas pan-americanistas que preconizavam a sempiterna dominação do imperialismo estadunidense sobre as nações e povos da região. Surge em seu lugar um novo tipo de pan-americanismo – o das nações e povos independentes e soberanos – resultando na criação de ponderável força no quadro geopolítico mundial a impulsionar a criação de novas correlações de forças.
A região da América Latina e Caribe constitui na atualidade um dos polos mais dinâmicos da luta anti-imperialista, com o desenvolvimento de processos políticos avançados, num ciclo de governos progressistas e de esquerda. A integração comercial e econômica da região, orientada por princípios da solidariedade e unidade entre povos e nações soberanos, é parte constitutiva deste processo e contribui para a transformação dos países da região em nações fortes com progresso social.
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