Pizzolato diz em nota que está na Itália e apelará por novo julgamento
Viomundo
Ex-diretor do Banco do Brasil foi um dos 12 condenados no mensalão a ter mandado de prisão expedido pelo STF na sexta
16 de novembro de 2013 | 11h 08
Atualizado às 12h09.
RIO - Henrique Pizzolato, ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil,
condenado a 12 anos e sete meses de prisão no escândalo do mensalão,
fugiu para a Itália. Carta assinada por ele, que será distribuída neste
sábado, 16, por seu advogado, ele diz que, aproveitando a dupla
cidadania, vai apelar para um novo julgamento italiano. Na sexta-feira,
15, o Supremo Tribunal Federal expediu mandado de prisão contra ele e
mais 11 condenados no mensalão.
“Por não vislumbrar a mínima chance de ter julgamento afastado de
motivações político-eleitorais, com nítido caráter de exceção, decidi
consciente e voluntariamente fazer valer meu legítimo direito de
liberdade para ter um novo julgamento, na Itália, em um tribunal que não
se submete às imposições da mídia empresarial, como está consagrado no
tratado de extradição Brasil e Itália”, diz Pizzolato na carta.
Segundo apurou o Broadcast Político, Pizzolato teria fugido do país
por terra, por Pedro Juan Caballero, no Paraguai, há 45 dias.
A Polícia Federal informou que o ex-diretor do Banco do Brasil ainda
não é considerado oficialmente foragido. Segundo o delegado de plantão
na PF do Rio de Janeiro, Marcelo Nogueira, o Brasil deverá entrar com um
pedido formal de extradição junto àquele país e aguardar todo o trâmite
legal. Na avaliação pessoal do delegado, haveria grandes chances de o
governo italiano negar o pedido em função do processo do ex-ativista
italiano Cesare Battisti, cujo pedido de extradição foi negado pelo
Brasil.
[Conceição Lemes deu a Pizzolato a oportunidade de se defender. Veja aqui]
*****
Minha vida foi moldada pelo princípio da solidariedade que aprendi
muito jovem quando convivi com os franciscanos e essa base sólida sempre
norteou meus caminhos.
Nos últimos anos, minha vida foi devassada e não existe nenhuma
contradição em tudo o que declarei seja em juízo ou nos eventos públicos
que estão disponíveis na internet.
Em meados de 2012, exercendo meu livre direito de ir e vir, eu me
encontrava no exterior acompanhando parente enfermo quando fui, mais uma
vez, desrespeitado por setores da imprensa.
Após a condenação decidida em agosto, retornei ao Brasil para votar
nas eleições municipais e tinha a convicção de que no recurso eu teria
êxito, pois existe farta documentação a comprovar minha inocência.
Qualquer pessoa que leia os documentos existentes no processo constata o que afirmo.
Mesmo com intensa divulgação pela imprensa alternativa – aqui destaco as diversas edições da revista Retrato do Brasil –
e por toda a internet, foi como se não existissem tais documentos, pois
ficou evidente que a base de toda a ação penal tem como pilar, ou viga
mestra, exatamente o dinheiro da empresa privada Visanet. Fui necessário
para que o enredo fizesse sentido.
A mentira do “dinheiro público” para condenar… todos. Réus, partido, ideias, ideologia.
Minha decepção com a conduta agressiva daquele que deveria pugnar
pela mais exemplar isenção, é hoje motivo de repulsa por todos que
passaram a conhecer o impedimento que preconiza a Corte Interamericana
de Direitos Humanos ao estabelecer a vedação de que um mesmo juiz atue
em todas as fases de um processo, a investigação, a aceitação e o
julgamento, posto a influência negativa que contamina a postura daquele
que julgará.
Sem esquecer o legítimo direito moderno de qualquer cidadão em ter
garantido o recurso a uma corte diferente, o que me foi inapelavalmente
negado.
Até desmembraram em inquéritos paralelos, sigilosos, para encobrir
documentos, laudos e perícias que comprovam minha inocência, o que
impediu minha defesa de atuar na plenitude das garantias
constitucionais. E o cúmulo foi utilizarem contra mim um testemunho
inidôneo.
Por não vislumbrar a minha chance de ter um julgamento afastado de
motivações político-eleitorais, com nítido caráter de exceção, decidi
consciente e voluntariamente, fazer valer meu legítimo direito de
liberdade para ter um novo julgamento, na Itália, em um Tribunal que não
se submete às imposições da mídia empresarial, como está consagrado no
tratado de extradição Brasil e Itália.
Agradeço com muita emoção a todos e todas que se empenharam com
enorme sentimento de solidariedade cívica na defesa de minha inocência,
motivados em garantir o estado democrático de direito que a mim foi
sumariamente negado.
Henrique Pizzolato
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