A Focco Tecnologia, empresa de ex-diretores da Companhia Paulista de
Trens Metropolitanos (CPTM) suspeitos de envolvimento com o cartel
metroferroviário em São Paulo, foi a segunda maior doadora da campanha do vereador tucano Mário Covas Neto, o Zuzinha, em 2012.
A consultoria também deu dinheiro, em menores quantidades, a outros
políticos do PSDB na campanha de 2010, que hoje estão no primeiro
escalão do governo Geraldo Alckmin (PSDB): o secretário estadual de Meio
Ambiente e deputado estadual licenciado Bruno Covas e o secretário
estadual de Energia e deputado federal licenciado, José Aníbal.
Sócios da empresa, os ex-diretores da CPTM João Roberto Zaniboni e
Ademir Venâncio de Araújo foram indiciados pela Polícia Federal sob
suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro, formação de cartel e crime
financeiro. Zaniboni foi condenado pela Justiça da Suíça por lavagem de
dinheiro.
A Focco já recebeu R$ 32,9 milhões do governo paulista entre 2010 e 2013 por
serviços de consultoria. Ela assinou contratos para "supervisão de
projetos" com CPTM, Metrô, Agência Reguladora de Transportes do Estado
(Artesp), Secretaria de Transportes Metropolitanos e Empresa
Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU).
A PF aponta Zaniboni e Araújo como "intermediários no pagamento de
propinas" para beneficiar cartel no sistema metroferroviário suspeito de
atuar nos governos tucanos de Mário Covas, Geraldo Alckmin e José
Serra.
Zuzinha e Bruno Covas são, respectivamente, filho e neto do
ex-governador Mário Covas. Este era o governador em 1998, ano em que a
multinacional alemã Siemens sustenta ter começado a operar o cartel no
setor metroferroviário do Estado. Covas morreu em 2001, foi sucedido
pelo então vice, Alckmin, atual governador, que terminou o seu mandato.
A Focco doou R$ 50 mil para Zuzinha em 2012, ano da primeira campanha do
filho de Covas. Era a segunda maior doadora do total de R$ 904,7 mil
que o vereador declarou ter recebido. Ele ficou em oitavo lugar nas
eleições, com 61 mil votos, e assim conquistou uma das 55 cadeiras do
Legislativo municipal.
Em 2010, a consultoria de Zaniboni e Araújo já havia doado para as
campanhas do sobrinho de Zuzinha, Bruno Covas, e de José Aníbal. Bruno
acabaria se tornando o deputado estadual mais votado, com 239.150 votos.
Ele contou com uma doação de R$ 2 mil, e Aníbal com uma de R$ 4 mil.
O atual secretário de Energia do Estado ainda recebeu uma doação de R$ 2
mil do consultor Arthur Teixeira, apontado pelo Ministério Público como
lobista do cartel. Aníbal foi eleito como o 19.º deputado federal mais
bem votado, com 170.957 votos.
Desligamento. Zaniboni e Araújo, sócios da Focco, foram os primeiros
agentes públicos a serem indiciados pela Polícia Federal no inquérito
que investiga o cartel dos trens - há outros indiciamentos envolvendo o
cartel, mas no setor de energia.
Zaniboni foi diretor de Operações e Manutenção da CPTM entre 1999 e
2003, e Araújo foi diretor de Obras e Engenharia da estatal entre 1999 e
2001. Zaniboni se tornou sócio da Focco em 2008, quando já estava fora
da estatal do governo tucano. Após ter seu nome envolvido com o
escândalo do cartel, em agosto deste ano, ele deixou a sociedade com
Araújo.As informações são do jornal O Estado de São Paulo
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