OS MÉDICOS E O MONSTRO
A transformação de José Genoino em um monstro amoral não tem sido apenas
um exercício diário de sabujice da mídia, arquiteta de um noticiário
no qual primeiro foram corrompidos os fatos para, em seguida,
corromper-se a verdade em si.
Trata-se, como se percebe agora, de um método em que a mídia, embora
seja fundamental para o sucesso da empreitada, funciona basicamente como
suporte para uma ação judicial escrachadamente partidarizada, sob o
comando do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Joaquim
Barbosa.
Genoino, como antes o foi José Dirceu, é vítima de um sistemático
processo de demonização que teve seu ápice em 15 de novembro, quando
Barbosa o fez entrar em um avião da Polícia Federal, em São Paulo, para
ser exposto como atração de circo na capital federal.
Quadro histórico do PT, ex-guerrilheiro do Araguaia, deputado respeitado
por cinco mandatos no Congresso Nacional, José Genoino é portador de
uma grave cardiopatia, doença que, de certa forma, limitou a celebração
midiática em torno de sua desgraça pessoal.
Reduzir Genoino a emblema do chamada “mensalão” pode até ser um bom
negócio para o discurso udenista bancado pela mídia em favor da
oposição. Matá-lo, contudo, provocaria uma perigosa inversão de
expectativa.
Não por acaso, ensaiou-se repentinamente um coro de colunistas a repetir
a ladainha de que, apesar do monstro que é, o petista deveria ter um
tratamento humano.
Mas, claro, nem tanto.
A primeira ação de Joaquim Barbosa para evitar a reumanização de Genoino
foi garantir a troca do juiz Ademar Vasconcelos, da Vara de Execuções
Penais de Brasília, responsável pelo caso da Ação Penal 470, por Bruno
André Silva Ribeiro.
O novo juiz é filho do ex-deputado distrital e
membro da executiva do PSDB no Distrito Federal Raimundo Ribeiro, braço
direito do ex-governador José Roberto Arruda, protagonista do chamado
“mensalão do DEM”.
A mãe do juiz, Luci Rosane Ribeiro, militante virtual do PSDB, costuma
lotar as redes sociais com posts antipetistas. Em um deles, sobre uma
foto de Joaquim Barbosa, escreveu: “Eu me matando para julgar o mensalão
e você vota no PT? Francamente!”.
Bem instruído, o juiz Bruno Ribeiro fixou nada menos que 12
condicionantes para Genoino cumprir pena em casa, logo após ele ter
recebido alta hospitalar, na manhã do dia 24 de novembro, depois de
sentir-se mal na cela em que o enfiaram no presídio da Papuda. Ribeiro,
entre outras ações, proibiu o deputado de deixar a residência, a não ser
para atendimento médico, de conceder entrevistas ou fazer manifestações
à mídia em geral, o que incluiria, na avaliação de advogados, redes
sociais, como Twitter e Facebook.
Antes de destruir Genoino, portanto, era preciso também calá-lo.
O passo seguinte desse processo foi o de garantir que o laudo médico
encomendado por Joaquim Barbosa abrisse as brechas necessárias para
levar Genoíno de volta ao cárcere. De tal forma a dar continuidade ao
espetáculo mórbido que, imagina o ministro, irá entronizá-lo como
justiceiro histórico da República.
A junta escolhida pelo STF para essa missão, formada por médicos da
velha guarda acadêmica e empresários do setor privado de saúde, é uma
mistura de militância antipetista nas redes sociais com ressentidos com o
programa Mais Médicos do governo federal.
Quem descobriu tudo isso foi o jornalista Miguel do Rosário, titular do
site “O Cafezinho”, que você pode ler no link:
http://migre.me/gMVlu
Ou seja, basicamente, Barbosa contou em sua cruzada com um grupo sem
nenhuma isenção, previamente impedido profissional e moralmente de
julgar a saúde de José Genoíno, ou de qualquer pessoa do PT.
Um grupo nitidamente montado para dar continuidade ao processo de
desconstrução da imagem e da história de um grande brasileiro.
E nós, do PT, não vamos ficar calados diante disso.
#forçagenoino
Nenhum comentário:
Postar um comentário