Pescado do Novo Jornal
Enquanto a sociedade aguarda uma resposta das autoridades, apresentando os verdadeiros responsáveis pelo tráfico de 450 quilos de cocaína utilizando o helicóptero da família Perrella, as autoridades do Poder Judiciário estadual e federal do Espírito Santo recusam-se a assumir suas funções, utilizando justificativas que não convencem.
Exemplo? Segundo fontes do TRF, o juiz federal do Espírito Santo ao receber o processo transferido pelo juiz estadual solicitou parecer do Ministério Público, indagando se o caso não seria da “Justiça Militar” sob a alegação de que o crime “ocorreu dentro de uma aeronave”.
Evidente que o crime não ocorreu dentro da aeronave, mas sim se
utilizando de uma aeronave. Juristas que acompanham o caso afirmam que
esta apreensão não é um fato novo, pois nos últimos anos a maioria do
tráfico de drogas tem utilizado aeronaves.
Embora guardada a sete chaves, Novojornal teve acesso agora à tarde a movimentação do processo 0010730-56.2013.4.02.5001,
que passou a tramitar a partir desta sexta-feira (29) na Justiça
Federal capixaba, demonstrando ser verdadeira a informação de nossas
fontes sobre o despacho do Juiz Federal. A versão corrente é que nenhum
magistrado quer assumir o feito devido aos envolvidos.
Em Belo Horizonte, a imprensa ficou assustada com a novidade
ocorrida no depoimento do deputado Gustavo Perrella, uma vez que por
norma, nem mesmo os carros de delegados e agentes da PF passam pela
portaria sem parar e identificar-se. Gustavo Perrella no depoimento
prestado na última quinta-feira (28), dentro de um carro de vidros
escurecidos passou junto com seu advogado direto pelo portão, dando a
impressão que o mesmo teria sido aberto com a antecedência necessária
para facilitar o ocorrido.
Opinião unânime dos jornalistas que estão cobrindo as ações da
Polícia Federal na apuração da apreensão do Helicóptero, pertencente à
empresa da família Perrella, que estava transportando 450 quilos de
cocaína, é que o comportamento que vem sendo adotado não é comum.
Normalmente os delegados evitam emitir juízo de valor e antecipar
conclusões investigatórias, o que não vem ocorrendo. Primeiro foi à
informação transmitida mesmo antes de ser feito a perícia nos celulares
apreendidos, assim como no GPS da aeronave sobre a ausência de suspeita
de envolvimento do deputado Gustavo Perrella, agora o mesmo delegado
apressou-se em informar à imprensa que a fazenda onde foi apreendida a
aeronave não pertencia a um laranja ligado a “família Perrella”.
O comportamento vem passando a impressão de que existe uma
tentativa em ir pouco a pouco esvaziando o caso. O piloto, co-piloto e
demais personagens flagrados descarregando o helicóptero tiveram nesta
sexta suas prisões em flagrante revertidas para prisões preventivas pelo
juiz estadual de Afonso Cláudio ao encaminhar o processo para o TRF.
Gustavo Perrella prestou depoimento na tarde dessa quinta-feira
(28) na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Belo Horizonte.
Ele foi convocado para dar explicações em inquérito aberto para
investigar a apreensão dos 443 Kg de cocaína em seu helicóptero.
O deputado chegou atrasado e, para evitar mais constrangimento, seu
advogado tentou que ele fosse interrogado fora da delegacia, mas a PF
não autorizou.
Além dele, a irmã, sócia da empresa registrada como dona da
aeronave, prestou depoimento. O outro sócio, André Costa, primo de
Perrella, será ouvido em Divinópolis (MG).
Após sair da PF, o deputado não deu entrevistas. Já Kakay, por sua
vez, disse que Perrella respondeu a todas as perguntas, e voltou a
afirmar que o deputado foi enganado pelo piloto do helicóptero.
O senador Zezé Perrella (PDT-MG) também usou verba indenizatória do
Senado para abastecer a aeronave apreendida no fim de semana passado
com 443 quilos de cocaína. Desde que o pedetista assumiu a vaga de
Itamar Franco (PDMB-MG), morto em julho de 2011, a Casa desembolsou mais
de R$ 104 mil com verba indenizatória para custear notas de
abastecimentos apresentadas pelo gabinete de Perrella, sendo que parte
desta verba foi destinada ao combustível do helicóptero Robinson R-66.
A maior concentração de gastos ocorreu em 2012, ano eleitoral.
Neste período, o Senado desembolsou R$ 55 mil com abastecimento para
Zezé Perrella. Este tipo de gasto chegou a R$ 38 mil em 2011 e, até
outubro deste ano, a Casa reembolsou o senador em outros R$ 11 mil com
combustíveis.
O helicóptero apreendido por meio de operação conjunta da Polícia
Militar (PM) do Espírito Santo e da Polícia Federal está registrado em
nome da Limeira Agropecuária e Participações Ltda, fundada por Zezé
Perrella e posteriormente transferida para seus filhos, o deputado
estadual Gustavo Perrella (SDD), de Minas Gerais, e Carolina Perrella,
além do sobrinho André Almeida Costa. A aeronave é a única da família.
Apesar dos gastos com o abastecimento do helicóptero, feito
principalmente na Pampulha Abastecimento de Aeronaves Ltda, o Senado
ainda desembolsou R$ 58 mil reais de verba indenizatória para o
ressarcimento de notas de passagens aéreas apresentadas por Zezé
Perrella desde que ele assumiu o cargo.
Segundo a assessoria do senador, todos os gastos feitos pelo Senado
com abastecimento da aeronave, que ainda está apreendida, foram
relativos ao uso do helicóptero para atividade parlamentar. A reportagem
tentou falar com Zezé Perrella, mas ele não atendeu nenhum dos
celulares.
O Ministério Público de Minas Gerais abriu inquérito para
investigar o uso de verba da Assembleia Legislativa do estado para o
custeio de combustível do helicóptero do deputado Gustavo Perrella
(SDD-MG), filho do senador e ex-presidente do Cruzeiro, Zezé Perrella. A
aeronave foi apreendida no último domingo pela Polícia Federal (PF)
após pousar em uma casa no Espírito Santo com quase meia tonelada de
pasta de cocaína.
O MP vai averiguar se o deputado usava o helicóptero, registrado
como um bem de sua empresa, para fins particulares. Gustavo Perrella tem
direito, como deputado estadual, a R$ 20mil de verba indenizatória. E
parte dela foi destinada para financiar o combustível. Segundo o MP, se
Perrella não provar que a aeronave foi usada para o mandato, o deputado
será denunciado por improbidade administrativa.
“O ônus é dele, do deputado. É ele que tem que provar que está
certo” disse Eduardo Nepomuceno, da Promotoria de Defesa do Patrimônio
Público de Belo Horizonte.
Perrellla diz que o combustível serviu apenas para o mandato
parlamentar. O deputado alega que visitava as bases eleitorais em Minais
Gerais com a aeronave.
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