Os coxinhas não estão gostando nada disso.
Segundo a projeção do governo, esse
exército de médicos será responsável pelo atendimento de quase 46
milhões de pessoas no primeiro semestre de 2014 --média de 3.500
pacientes por médico.A meta do governo federal de espalhar 13 mil
profissionais em postos de saúde de todo o país no ano que vem fará o
programa Mais Médicos "superar" o alcance do Bolsa Família em 14
Estados.
Já o Bolsa Família, programa criado em 2003, alcança cerca de 49,1 milhões de pessoas (ou 13,6 mi de famílias).
Tabulada pela Folha, a diferente distribuição regional dos
médicos e dos beneficiados pelo programa de transferência de renda expõe
a liderança do Mais Médicos no número de atendidos: 14 Estados, contra
12 e o Distrito Federal pelo Bolsa Família.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, 3,8 milhões de pacientes devem ser
atendidos pelo programa em 2014, ante 1,5 milhão de beneficiados pelo
Bolsa Família.
Essa vantagem do programa de médicos se repete em Estados como São Paulo, Minas e Santa Catarina.
Já na Bahia, 6,3 milhões de pobres e miseráveis recebem o repasse do
Bolsa Família. Já o teto do Mais Médicos no ano que vem no Estado é
estimado em 4 milhões de pessoas.
VITRINE SOCIAL
O Mais Médicos, com profissionais nas periferias das capitais e no
interior do país, é a principal aposta de vitrine social para a campanha
de reeleição de Dilma em 2014.
Não é possível fazer esse cruzamento, mas, pelo público-alvo de ambos os
programas, é possível estimar que muitos dos pacientes do Mais Médicos
sejam também beneficiários do Bolsa Família.
Para especialistas ouvidos pela Folha, o Mais Médicos terá
impacto eleitoral positivo na candidatura à reeleição de Dilma, mas é
difícil comparar o alcance do programa em relação ao Bolsa Família.
Segundo o cientista político e colunista da Folha André Singer,
da USP, chama a atenção a abrangência de potenciais pacientes, mas é
difícil comparar com o efeito eleitoral do Bolsa Família.
"[O Mais Médicos] é importante, mas não tem impacto tão direto, geral e permanente quanto o Bolsa Família."
"Um cidadão, que é o eleitor, pode ir mais ao médico, ficar mais ou
menos doente. O Bolsa, não: cada uma dessas famílias recebe o dinheiro
todo mês", afirma o ex-secretário de Imprensa de Lula.
Enquanto Singer considera que o Mais Médicos deve, em algum grau, render
dividendos à imagem de Dilma em 2014, Ricardo Ismael, cientista
político da PUC-Rio, diz que os louros com o programa já foram colhidos.
Ele se refere à queda de popularidade com a onda de protestos de junho e
a consequente retomada, que coincidiu com o início da implementação do
Mais Médicos.
Para Ismael, como o Mais Médicos obteve aceitação popular, a estratégia
da oposição ao PT será a de explorar os outros problemas da saúde
pública que as famílias carentes bem conhecem.
"Nessas localidades falta leito em hospital, laboratório, remédio. Logo,
a população atendida pelo médico sabe que irá se deparar com fila de
espera para cirurgia, com demora em exames", diz.
Já para o cientista político Rudá Ricci, diretor-geral do Instituto
Cultiva, o Mais Médicos será tanto ou mais capaz de angariar votos para
Dilma como o Bolsa Família.
"O impacto deve ser ainda maior quando o programa for executado em
massa, porque essa saúde pública é a atual crítica popular", afirma.Uol.
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