A máfia dos fiscais quer pegar Haddad
E não se limitaram aos protestos contra o genocídio dos guaranis das missões jesuítas pelos bandeirantes paulistas..
Francisco, o Papa jesuíta, está com um problema: como enfrentar a máfia calabresa – a Ndrangheta – sem ser assassinado por ela.
Fernando Haddad, o prefeito de São Paulo, está com um problema
parecido: como enfrentar a máfia dos fiscais sem ser assassinado pela
imprensa provinciana paulista
O Papa está em campanha contra a corrupção, dentro e fora do
Vaticano. Segundo o jornal italiano Il Fatto Quotidiano, o procurador
Nicola Gratteri declarou que isso pode afetar as relações da igreja
local com os “boss” da Calábria. “Não sei se o crime organizado está em
condições de fazer alguma coisa, mas certamente está pensando nisso”,
afirmou o procurador.
O prefeito criou a Controladoria Geral do Município de São Paulo
assim que tomou posse, consciente de que não governaria a cidade sem ser
vítima nem acusado de corrupção.
A corrupção é endêmica em São Paulo. A velha estrutura corrupta
malufista – que por sua vez foi herdada de administrações anteriores à
ditadura – nunca foi desmontada.
A recém criada Controladoria foi um espanto de eficiência para os
padrões brasileiros. Em poucos meses desbaratou e prendeu uma quadrilha
de fiscais e funcionários de alto escalão que roubaram 500 milhões do
fisco municipal.
Se a Controladoria não foi um espanto de eficiência, a quadrilha foi um espanto de desdém da justiça e cara de pau.
Para a grande – grande? – imprensa paulista, porém nada disso é importante. A “notícia” é outra.
A notícia é que o secretário de Governo da prefeitura foi acusado por
um dos bandidos de ter recebido doação deles para sua campanha a
vereador.
Não importa que os membros da quadrilha estivessem sob o comando
direto do secretário de Finanças nomeado por José Serra e mantido por
Gilberto Kassab.
Por que?
Por que bater no PT dá dinheiro. Para os jornais e TVs, é claro. E se
o PT perder, eles vão ter de volta suas polpudas verbas publicitárias.
Não pensem que o PT não é generoso com eles. É. Mas eles querem sempre mais.
O PT é a Geni. Ela foi feita pra apanhar, ela é boa de cuspir.
Não importa que a Geni acerte. Aliás, a Geni não pode acertar. Quando
acerta, eles dizem que está errado. Quando erra, eles dizem que foi
pior. O mensalão não foi nada além disso.
Nem Haddad nem Francisco foram os primeiros a enfrentar a máfia. Elliot Ness já perseguia Al Capone nos EUA nos anos 30.
Os procuradores antimafia sicilianos Giovanni Falcone e Paolo
Borsellino – criadores da operação e da expressão Mãos Limpas – voaram
pelos ares em pedacinhos.
Se fossem prefeitos de São Paulo, Falcone, Borsellino, Ness e até mesmo o papa já teriam sido acusados de corruptos.
Se um Zepelin trazendo Al Capone, Don Corleone ou toda a Ndrangheta
aportasse na praça da Sé, as manchetes do dia seguinte exigiriam:
“Vai com ele vai Geni, você pode nos salvar, você vai nos redimir
Você dá pra qualquer um, bendita Geni”
Você dá pra qualquer um, bendita Geni”
Vivemos num mundo em que o marketing substituiu a política.
Um mundo de imagens.
Um mundo de narcisistas.
Ganha quem produzir o melhor espetáculo.
A melhor versão.
O melhor cenário.
A melhor trilha sonora
É o que estamos assistindo.
O roteiro, porém, não passa de uma reprise. É o Vale a Pena Ver de Novo.
A exumação e a homenagem a Jango Goulart mostrou os capítulos originais.
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