Condenado à prisão em regime semiaberto, mas
detido em regime fechado por decisão unilateral - e também ilegal - de
Joaquim Barbosa, o ex-presidente do Partido dos Trabalhadores, José
Genoino, desabafa; "Estamos presos em regime fechado, sendo que fui
condenado ao semiaberto. Isso é uma grande e grave arbitrariedade, mais
uma na farsa surreal que é todo esse processo, no qual fui condenado sem
qualquer prova, sem um indício sequer. Sou preso politico e estou muito
doente. Se morrer aqui, o povo livre deste pais que ajudamos a
construir saberá apontar os meus algozes", disse ele
O presidente do Supremo Tribunal Federal,
Joaquim Barbosa, pode ter criado um sério problema político ao tomar a
decisão absolutamente ilegal de mandar prender em regime fechado o
ex-presidente do PT, José Genoino, que se recupera de uma grave cirurgia
cardíaca. Genoino, como foi dito por todos os ministros do Supremo
Tribunal Federal na última quinta-feira, deveria ter sido preso em
regime semiaberto. A lei determina ainda que isso ocorra na cidade onde o
indivíduo trabalha e o perto de sua família, ou seja, em São Paulo.
No entanto, Barbosa decidiu prendê-lo em regime fechado, determinou
sua transferência a Brasília, o que ele fez com que ele pegasse o
primeiro voo desde a cirurgia, onde passou mal, tendo um pico de pressão
- a viagem, além de onerosa para os cofres públicos, foi também
desnecessária, uma vez que, em breve, todos os réus voltarão para as
cidades onde residem. Na Papuda, Genoíno fez um desabafo, registrado
pelo jornalista Paulo Moreira Leite. "Estamos presos em regime fechado,
sendo que fui condenado ao semiaberto. Isso é uma grande e grave
arbitrariedade, mais uma na farsa surreal que é todo esse processo, no
qual fui condenado sem qualquer prova, sem um indício sequer. Sou preso
politico e estou muito doente. Se morrer aqui, o povo livre deste pais
que ajudamos a construir saberá apontar os meus algozes!", afirmou.
Abaixo, o texto postado por Paulo Moreira Leite em seu blog na revista Istoé:
"Sou preso político e estou muito doente"
Na Papuda, a saúde de José Genoino é a preocupação principal dos prisioneiros da ação penal 470
"Estamos presos em regime fechado, sendo que fui condenado ao
semiaberto. Isso é uma grande e grave arbitrariedade, mais uma na farsa
surreal que é todo esse processo, no qual fui condenado sem qualquer
prova, sem um indício sequer. Sou preso politico e estou muito doente.
Se morrer aqui, o povo livre deste pais que ajudamos a construir saberá
apontar os meus algozes!" (José Genoíno, 16/11/2013) Presos há 72 horas
na Papuda, em Brasília, a grande preocupação entre os condenados da ação
penal 470 envolve a saúde de José Genoíno. Reunindo laudos assinados
pelos médicos que atenderam Genoíno no Sírio Libanês, seus advogados já
entregaram ao STF um pedido para que ele possa cumprir pena em prisão
domiciliar.
O argumento a favor de Genoíno é que ele teve alta hospitalar, mas
nunca terá alta clínica e passará o resto de seus dias sob cuidados
médicos permanentes.Genoíno havia sido aconselhado pelos médicos a não
viajar de avião em função da pressão da cabine sobre um coração
fragilizado, onde os médicos substituíram a aorta ascendente por um
tubo.Mas acabou embarcando no jato da Polícia Federal, após um exame
médico no aeroporto. Foi sua primeira viagem de avião desde que foi
operado. Genoíno passou mal na escala em Belo Horizonte e apresentava
palpitações e dores no peito durante a viagem, conforme relatou ao
cardiologista Daniel França, chamado pela família para que fosse
examinado, por volta de 1 da manhã, quando já se encontrava na Papuda.No
laudo feito após o exame do paciente, o doutor Daniel registra um
diagnóstico de cinco pontos. Explica, entre outras coisas, que Genoíno
enfrenta dificuldades “para o controle adequado da pressão arterial.”
Também observa que tem problemas de coagulação, motivo de grande
preocupação entre familiares. Conforme o laudo médico, essa situação
pode produzir “sangramentos,” em determinados casos, e “trombose,” em
outros.Outra questão envolve o regime semiaberto para aqueles
prisioneiros que têm esse direito, como José Dirceu e Delúbio Soares,
além do próprio Genoíno. Eles se encontram na Custódia Federal da
Papuda. A custodia, como o próprio nome diz, destina-se a guardar presos
cujo destino ainda não está definido. Já os presos com direito ao
regime semiaberto são encaminhados para o Centro de Progressão da Pena,
uma das diversas áreas do presídio, que se assemelha a um albergue mais
protegido e guardado.A primeira explicação para essa situação é que os
mandados de prisão foram expedidos sem que todas as formalidades
tivessem sido cumpridas. Isso facilitou o esforço de fazer prisões num
15 de novembro, aniversário da Republica. Mas não ajudou a preparar toda
a documentação necessária para definir o regime prisional de cada
condenado. Os prisioneiros chegaram a Papuda sem uma carta de sentença,
necessária para definir exatamente a situação de cada um. Já havia
passado da meia noite quando foi possível acomodá-los nas celas
disponíveis. “A volúpia de fazer as prisões de qualquer maneira
prejudicou os condenados até na burocracia,” afirma o advogado Hélio
Madalena, um dos defensores de José Dirceu.Acredita-se que a partir
desta segunda-feira será possível que os presos sejam encaminhados para
o lugar adequado mas isso não quer dizer que tão depressa poderão
usufruir da principal vantagem do sistema semiaberto, que é sair do
presídio para trabalhar. Isso porque o prisioneiro precisa demonstrar
que vai pegar no batente, se possível com registro em carteira assinada e
demais formalidades. No caso de José Dirceu, que tem escritório,
domicílio e família em São Paulo, Brasília é hoje um local de descanso e
conversas políticas – mas nada que possa ser chamado de
trabalho.Encarregado de administrar a execução das penas, o juiz Ademar
Silva Vasconcelos terá um trabalho menos relevante do que ocorre em
outros casos. Utilizando uma prerrogativa reservada ao Supremo, mas
raras vezes empregada, Joaquim Barbosa manteve sob seus cuidados as
principais deliberações a respeito do futuro de cada prisioneiro da ação
penal 470.O juiz Ademar Silva ficará responsável por decisões de
caráter administrativo e, mesmo assim, cada deliberação deverá ser
avalizada pelo presidente do Supremo. As decisões mais importantes, no
entanto, serão do próprio Joaquim Barbosa. Os pedidos de transferência,
as solicitações de redução da pena e outras decisões que envolvem um
julgamento de mérito de cada prisioneiro vão depender dele.
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