Os tucanos são livres para roubar:
Depoimento do engenheiro
Nelson Branco Marchetti, ex-diretor técnico da Divisão de Transportes
da Siemens, à Polícia Federal revela que em 2008 o então governador José
Serra (PSDB) pressionou pessoalmente a multinacional alemã a desistir
de uma licitação na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Objetivo era permitir que a empresa espanhola CAF saísse vitoriosa em
certame para a aquisição de 320 vagões. A Siemens teve de retirar
recurso administrativo e medidas judiciais que questionavam a escolha da
concorrente, que não tinha as qualificações necessárias. A denúncia é
do jornal O Estado de S. Paulo.
Marchetti relatou um
encontro que teve com Serra e o secretário estadual dos Transportes
Metropolitanos na época, José Luiz Portella, "em meio a esse período de
pressão", durante evento em Amsterdã da International Union of Railways
(UIC). "Aproveitei para dizer que entendia que minha empresa estava
certa e que não tinha intenção de desistir de recorrer." Em resposta,
assegurou, "foi informado por Serra que, se a CAF fosse desqualificada
em razão do mandado de segurança impetrado pela Siemens, o governo iria
cancelar a licitação ".
Segundo Marchetti, que
assinou acordo de leniência com o Conselho Administrativo de Defesa
Econômica (CADE) para revelar a ação de carteis no setor
metroferroviário paulista, no edital havia exigência de um capital
social integralizado que a CAF não possuía. “Mesmo assim, o então
governador do Estado (Serra) e seus secretários fizeram de tudo para
defender a CAF", afirma o ex-executivo da Siemens. O depoimento de 5 de
novembro.
Para demover a Siemens
do plano de contestar a qualificação da CAF, segundo o relato de
Marchetti, Portella sugeriu que a multi deveria fazer um contrato de
subfornecimento.
Marchetti reforçou que
houve sim uma "tentativa de formação de cartel com a Alstom". Revelou
combinações de preços, ajustes prévios, reuniões reservadas, além de
grande empenho de autoridades do governo paulista, na ocasião, em fechar
contrato com a CAF. Alega ter explicado a Portella que a Siemens tinha
condições de prosseguir sozinha no projeto, não tinha motivos para
desistir da licitação. "A CAF foi qualificada e a Siemens apresentou
recurso administrativo, que foi negado."
Em um depoimento de seis
páginas, Marchetti diz que ocupou o cargo na Siemens entre fevereiro de
2007 e dezembro de 2008. Que era encarregado de manter contato com
agentes públicos. Tinha encontros frequentes com Portella e seu vice,
João Paulo de Jesus Lopes. Na CPTM, tinha acesso direto ao então
presidente, Sérgio Avelleda, que depois se tornou presidente do Metrô,
bem como com diretores da CPTM.Brasil-247
Nenhum comentário:
Postar um comentário