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sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Governo Federal propõe modelo de UPP´s cariocas em favela paulista

Polícia Militar na Favela do Paraisópolis. Foto: Apu Gomes / Folhapress  

 

Brasil de Fato

Da mesma forma que foi feito no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, em 2010, a medida de intervenção é feita em parceria com as Forças Armadas, Força Nacional de Segurança Pública, PM e tropas de elite

 José Francisco Neto da Redação
 
 


Nesta semana, cerca de 600 policiais militares invadiram as favelas de Paraisópolis (zona sul), Funerária (zona norte) e São Remo (zona oeste). O objetivo da ação, segundo a polícia, é prender assassinos de policiais, apreender drogas e conter a onda de violência nas periferias de São Paulo.
 
Diante desse cenário, o governo federal se propôs a auxiliar o estado no “combate ao crime” na favela do Paraisópolis. O modelo de intervenção proposto pela secretária Nacional de Segurança Pública, Regina Miki, é o mesmo utilizado nos morros cariocas: as UPP´s (Unidades de Polícia Pacificadora). Da mesma forma que foi feito no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, em 2010, a medida de intervenção é feita em parceria com as Forças Armadas, Força Nacional de Segurança Pública, PM e tropas de elite.
O objetivo seria conter a onda de violência e garantir um trabalho integrado de inteligência no combate ao tráfico e às organizações criminosas. Já o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Antônio Ferreira Pinto, disse que a medida do governo federal é risível e sem sentido. 
Para a pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP, Camila Nunes, essa medida não é a solução correta, pois ela não se apresenta como alternativa às políticas de segurança paulista.
“Não ha uma política pública digna desse nome para a área da segurança. Então, resta apenas a necessidade de apagar 'incêndios' em situações críticas como essa. Passando o contexto dessa crise, tudo volta a ser como antes, sem qualquer preocupação do governo (federal ou estadual) de pensar em estratégias que visem alcançar resultados no médio e longo prazo”, afirma.
Camila Nunes reforça ainda que não adianta apenas prender assassinos de policiais sem investigar quem são os autores das chacinas que vitimam moradores das periferias paulistas.
“O que quero dizer é que o governo precisa dar uma resposta à sociedade sobre a suspeita de envolvimento de PMs nas execuções de civis que têm ocorrido em São Paulo. Precisa mostrar o que está sendo feito para apurar isso”, ressalta.
No mês de outubro, a capital paulista registrou 153 homicídios – contando os nove da última quarta-feira (31) – segundo dados do Sistema de Informações Criminais (Infocrim). Um crescimento de 86% em relação ao mesmo mês do ano passado, que teve 78 ocorrências. Só neste ano, 88 policiais foram mortos no estado de São Paulo.

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