Durante a última campanha eleitoral, estive em 3 comícios. Menos por
entender que minha presença faria a diferença e mais para rever a
militância, sentir a vibração “offline” da campanha de Haddad pelas ruas
de São Paulo. Aventura que remeteu-me aos idos anos 80, quando o PT
ainda cheirava leite.
Naquela época éramos, idealistas e apaixonados por uma causa que só se
concretizaria em 2002. Embora houvessem muitas subdivisões e linhas de
pensamento na esquerda – desde os que participaram da luta armada contra
o regime militar até os estudantes de classe média da USP – naquele
momento, todos convergeram à ideia central, a construção e o
fortalecimento do Partido dos Trabalhadores.
Talvez o PT tenha sido o único partido que foi construído por uma ampla
maioria de forças populares em torno das quais gravitaram outras forças
menores, não menos importantes. O partido definiu-se a partir de um
amplo debate, reunindo as melhores cabeças da esquerda, lideranças
sindicais de todas as categorias de trabalhadores, políticos, artistas,
intelectuais, educadores etc. Mas, essencialmente, o PT seguiria sua
vocação para ser um partido de massas. E Lula era o líder, o candidato
natural para disputar eleições.
De lá para cá, a história do partido coleciona muitas vitórias e algumas
derrotas, muitos acertos e alguns erros e, mais do que tudo, é uma
história de crescimento em tamanho e importância tanto no Brasil, como
em toda a América do Sul.
A militância que encontrei nos comícios não é mais a mesma que conheci
na minha juventude. O PT não tem mais a cara da USP, dos artistas, dos
intelectuais e dos sindicalistas do ABC. Não vi nenhum “curioso”, o tipo
que não sabe o que está acontecendo ao redor, mas entra no “clima da
festa”.
O PT de hoje, tem a cara do povão. O que vi nos comícios eram pessoas
que estavam lá marcando seu território, ocupando o espaço e mostrando ao
palco que a platéia é o verdadeiro centro do poder. Gente que descobriu
sua cidadania e agarrou-se a ela com unhas e dentes e, por isso mesmo,
têm muito a perder. E essas pessoas amam Lula. Festejaram muito as
vitórias do PT em todo o Brasil, embora o PiG tenha escondido sua
alegria.
Os golpistas estão aí, conspirando no subsolo fedorento das redações do
PiG e da bancada do Jornal Nacional, transformando o STF na casa da mãe
Joana do anti-petismo.
Deram com os burros n’água na campanha “mensalão na eleição” e ainda não
foi dessa vez que o PT foi apagado do mapa. Ao contrário, foi campeão
nas urnas, como se viu. Mas parece que isso não abalou o projeto dos
barões da mídia. O golpe é um só: destruir o mito. Sem isso, sem chance.
Vão tomar um vareio a cada dois anos.
O julgamento da 470 foi só o primeiro passo. Para chegar até Lula,
precisam condenar Dirceu e Genoino e dar ares lógicos ao delírio que
tentam vender à opinião pública. Para condená-los é preciso rasgar a
Constituição. E para rasgar a Constituição, é preciso combinar com Deus –
o único que não deve satisfações a ninguém sobre suas decisões. Neste
caso, Deus é o STF – que “condena certo por suposições tortas”.
A pena de Marcos Valério somou 40 anos de cadeia – embora, na prática, a
Constituição determine que, seja lá qual for o crime, não ultrapasse 30
anos, com direito a sair por bom comportamento depois de cumprir 1/6 da
pena (se é justo ou não, são outros quinhentos). Mesmo assim, a
sentença de Valério é mais severa, por exemplo, que a do casal Nardoni
que pegou 26 anos de cadeia por ter jogado a filha pela janela do
apartamento ou a da moça Richthofen, que pegou 39 anos pela encomenda do
assassinato a pauladas dos próprios pais. A intenção aí é de
superfaturar a condenação de Valério. Fazer seu crime parecer mais grave
que os mais hediondos.
Mesmo tendo sido condenado, Marcos Valério está sofrendo tortura
psicológica. Está sendo coagido a atender às exigências dos golpistas e
trazer Lula para a cena de um crime que não se provou. Usam de ameaças
de morte, bloqueio dos bens de toda a família, multa de quase 1 milhão
de reais… É o pau de arara do século 21. Se ele ceder, fazem-no assinar
um documento acusando Lula e dão um sumiço nele no programa de proteção
às testemunhas.
Mas pelo que vi nos comícios e pelo sentimento geral da maioria do povo
brasileiro expresso seguidamente nas Urnas e nas pesquisas de
popularidade de Lula e Dilma, é melhor pensarem mil vezes antes de darem
esse bote traiçoeiro. Porque o efeito pode ser devastador para o país.
Com STF e tudo!
Mais uma vez: o Brasil não é Paraguai, Honduras ou Venezuela (com todo respeito a seus povos).
Blogueiro do esgoto do PiG xingar políticos do PT e internautas
petistas, é normal. Também é xingado por todos eles. Jornal mentir,
manipular e atacar o PT, é normal. São desmentidos na hora por mídias
alternativas que assistem de camarote à sua decadência moral e
financeira.
Agora, vá o Reinaldo Azevedo à Zona Leste, chamar aquela gente de
petralha e falar mal de Lula. Vá até a periferia, avisar que pretendem
prender Lula. Experimentem fazer isso, Augusto Nunes, Noblat, Merval,
Kamel, Policarpo Jr e espécies similares. Entrem na quadra lotada da
Gaviões da Fiel e gritem “viva o Palmeiras”.
Precisa desenhar?
Torcendo aqui para que os capas-pretas desembarquem dessa canoa que
segue perigosamente em direção ao precipício da convulsão social.
Acreditem: se tocarem no Lula, sob qualquer pretexto, (não sou eu quem
ameaça) o povo não assistirá calado. Não dessa vez. Eu vi em seus olhos.
Fonte:O que será que me dá?
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