A mediação pedagógica em Emília Ferreiro, Vygotsk, Freinet, Paulo Freire, Gardner no processo de alfabetização.
Fui coordenador de creches e no curso de pedagogia aprofundei estudos
sobre psicologia da aprendizagem e na especialização aprofundei estudos,
principalmente sobre Vygotsky, Freinet, Paulo Freire, Emília Ferreiro e
as inteligências múltiplas de Gardner.
Entendo que o processo de alfabetização precisa ter uma linha de
alfabetização libertadora, construindo o ser crítico, participante,
consciente politicamente, formando o aluno leitor de mundo. Que o aluno
tenha gosto pela leitura e escrita, contribuindo para o sucesso de todas
as crianças, num processo de crescente desenvolvimento.
Nesse sentido, é preciso ter claro uma proposta pedagógica,
referenciada aos autores citados acima, que atividades desafiadoras e
contextualizadas, provocando mudanças significativas na educação, onde
os alunos se sintam engajados em uma atividade prazerosa, significativa.
Logo é preciso desenvolver um ambiente de aprendizagem que estimule a
interação entre criança-criança, a discussão, o trabalho em equipe para
trocarem descobertas e experiências (Vygotsky).
Nessa caminhada, as contribuições de Piaget, Freinet, Vygotsky e
Ferreiro são fundamentais para que professores caminhem juntos com suas
crianças nas descobertas com a leitura e escrita. Para isso é
fundamental que os professores, segundo Ferreiro, trabalhem com textos,
antes mesmos da competência alfabética das crianças. O paradigma
tradicional da soletração, letra, sílaba, palavra, texto, não é mais
aconselhado pela sua contradição, pois para Ferreiro não existe letra
sem texto e nem contexto para a criança. de leituras, produção de textos
orais, estudo, pesquisa ou outras atividades.
Sintetizando, o que foi exposto acima, Ferreiro e sua colega de
pesquisas, Ana Teberosky, consideram que as crianças constróem seus
próprios conhecimentos no processo da leitura e escrita vivendo e
passando por conflitos cognitivos continuamente elaborando e
reelaborando, até chegar ao sistema alfabético. Enfatizam ainda, que as
crianças aprendem ler e escrever porque trabalham cognitivamente com o
que o meio lhes oferece.
Nessa visão construtivista, o aluno (criança) que escreve BETA e ler
BOR – BO – LE – TA está dentro de uma lógica de formulação de hipóteses
do nível silábico. Portanto é fundamental aos professores terem esses
conhecimentos científicos, terem noções do construtivismo e de como
atuar nas hipóteses das crianças.
Nesse sentido, uma atividade prática vivenciada por mim foi o trabalho
com fichas de leituras na perspectiva de Zona de Desenvolvimento
Proximal
As crianças foram divididas por sexo, formando o grupo das meninas e
dos meninos, para que ele trabalhasse palavras relacionadas ao tema -
tema: alimentos.
Apresentando as fichas para os meninos, pedimos para que eles lessem e
assim procedíamos para as meninas e a cada resposta certa pedia palmas
para eles.
Quando as crianças não conseguiam ler a ficha contendo a palavra,
apresentávamos outra contendo além da palavra uma figura
correspondente.Por exemplo: a palavra era beterraba, se a criança não
conseguisse ler, apresentávamos outra ficha contendo a figura da
beterraba. Esse recurso nos reportou a Vygotsky em sua teoria da ZDP,
quando ele diz que o professor através de sua mediação pode soltar
algumas pistas para que a criança chegue à resposta. Esta atividade, por
meio de competição entre meninas e meninos para ver quem acertava mais,
obteve uma boa participação e, no final com muita habilidade, cuidamos
para que o placar de acertos fosse igual entre ambos os grupos para que
todos saíssem vitoriosos, pois a finalidade principal era que todos
conseguissem ler as palavras.
Em outra atividade, usando a figura do Zé Gotinha, fizemos vários
questionamentos sobre a importância da vacina (as crianças falavam sobre
suas experiências e construções sobre “vacina”.
Depois apresentamos um cartaz contendo uma figura de um médico
vacinando crianças, o qual foi explorado, onde as crianças iam formando
várias palavras relacionadas ao desenho que foram: vacina, doente,
menino, menina, médico, amigo, ajudando, feliz. A partir daí com as
crianças sentadas ao chão, elas formaram uma pequena estorinha e depois
criaram o tema que foi o seguinte: menina foi ao médico tomar vacina
para não ficar doente. Ela levou o irmão. Os dois ficaram felizes e
tiveram boa saúde.
Nessa atividade, observamos a boa participação das crianças, cada uma querendo colocar suas ideias na estorinha.
Em seguida, fizemos a exploração do dicionário, contendo em cada página
as letras do alfabeto e um desenho correspondendo a letra. A letra a
ser trabalhada naquele dia foi a letra g.
Para isso, perguntamos para aàs crianças quais as palavras que
começavam com a letra g. Imediatamente elas começaram a dizer muitas
palavras do seu contexto sócio-cultural que conheciam.
A partir daí, elas começaram a escrever as palavras no dicionário que
iam formando como forma de melhorar a escrita e o próprio aumento dos
vocabulários. No pequeno dicionário, por exemplo, correspondendo a letra
G, havia um desenho de um gato, A partir deste desenho, as crianças
criaram outras palavras começadas com a letra G.
Nessa atividade, podemos ver que a maior parte das palavras que elas
estavam tentando escrever são conhecidas e significativas como: <
font Observamos que todas as crianças utilizavam letras de formas para
escrever e que muitas estavam em níveis diferentes: umas no
pré-silábico; outras, no silábico alfabeto e sabíamos, portanto, como
atuar na ZDP para que as crianças avançassem na resolução dos problemas
propostos.
Observações reflexivas destas atividades:
Observamos, ainda, que o processo da leitura e escrita é adquirido por
um processo de auto-construção, no confronto e na interação da criança
com seu meio. Isso nos remete e já foi citado em outros capítulos que
cada criança tem sua história individual, um processo pessoal de
auto-construção que altera, a cada momento, o caminho a ser trilhado.
Nesse linha de pensamento, procuramos atuar como mediando na ZDP entre a
aprendizagem e os alunos, sobretudo concentrando nossa atenção sobre os
que tinham maiores dificuldades de aprendizagem, fato que consideramos
relevante, já que é necessário auxiliar o processo de construção da
aprendizagem dos alunos. Isso nos reporta como se dá a aprendizagem que é
o resultado de uma interação, onde estão implícitos elementos
fundamentais, que são a construção dos significados pelas crianças, e a
atuação do professor como mediador entre o conteúdo a aprender e o
aluno.
Os conteúdos da alfabetização devem partir da realidade da criança,
incorporando o saber que ela traz ao ingressar na escola, incluindo a
família e a própria comunidade
Nesse aspecto, as atividades propostas de leitura e escrita devem estar
articuladas com a realidade dos alunos, na medida em que as atividades
desenvolvidas estavam no contexto das crianças como por exemplo o tema
que foi trabalhado Saúde e Alimentação, sempre voltado para a realidade
da criança, diferenciando os alimentos bons dos ruins e, no final,
pedindo para que as crianças ensinassem para seus pais quais os
alimentos que fazem bem a saúde.
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