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sábado, 3 de julho de 2010

Que os anjos nos abençõe para 2014.

Quando menino tive oportunidades de ler sobre a história das copas, principalmente sobre os títulos de de 1958, 1962 e 1970. Em casa não faltavam livros e para mim até hoje intriga estes fatos. Éramos uma família de nove pessoas vinda do interior da Jaguaruana, família humilde e com muita luta de meus pais para nos dar melhor sorte na vida.

Lembro-me muito bem como o meu pai era e ainda é apaixonado por futebol, torcedor do Ceará como eu agora também sou. Na verdade cresci apaixonado pelos times alvi-negros como Santos de Pelé e Botafogo de Garrincha. 

Tentei ser jogador de futebol, fui de certa forma um ponta esquerda com muito drible, velocidade e resistência física, mas era um tempo de muitos craques pelo país a fora. 
Hoje tenho filhos e sobrinhos torcedores do flamengo, mas vejo que o futebol brasileiro está escravo de um sistema e dominado por uma emissora de televisão para defender os seus interesses diversos. 

No entanto, a despeito da tristeza da perda da copa, da forma como o futebol é jogado, da escravidão dos jogadores para este sistema, é imperativo revisitar os nossos grandes craques - o anjo das pernas tortas.



“Se há um deus que regula o futebol, esse deus é sobretudo irónico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios. Mas, como é também um deus cruel, tirou do estonteante Garrincha a faculdade de perceber sua condição de agente divino. Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho”. Carlos Drummond de Andrade 

O anjo de pernas tortas. - Vinicíus de Moraes

A um passe de Didi, Garrincha avança
Colado o couro aos pés, o olhar atento
Dribla um, dribla dois, depois descansa
Como a medir o lance do momento.
Vem-lhe o pressentimento; ele se lança
Mais rápido que o próprio pensamento,
Dribla mais um, mais dois; a bola trança
Feliz, entre seus pés – um pé de vento!
Num só transporte, a multidão contrita
Em ato de morte se levanta e grita
Seu uníssono canto de esperança.
Garrincha, o anjo, escuta e atende: Gooooool!
É pura imagem: um G que chuta um O
Dentro da meta, um L. É pura dança!

Hoje o futebol brasileiro está de luto, não pela derrota, mas pela forma como joga a seleção brasileira. Não podemos perder nossas raízes, nosso futebol-samba. É preciso aliar o jogo tático de marcação, mas sem esquecer de nossa imaginanção criadora, do futebol arte.  Que os anjos nos abençõe para 2014.

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