Carissimos,
Nunca vi uma pessoa tão simulada, cínica que muda o discurso conforme a situação, a ocasião e até a região, ou cidade deste país.
Muito cuidado com José Serra!
A eleição não vai ser fácil e parece que todos os instrumento serão utilizados, talvez até os ilícitos.
por Alan Souza * –
Boa parte do tempo dos apoiadores de José Serra na internet é dedicado a tachar sua adversária Dilma Rousseff de mentirosa. A estratégia chegou ao ponto de se montar um blog apócrifo (mas comprovadamente mantido por tucanos), chamado “Gente que mente”, e que resultou numa multa aplicada pelo Tribunal Superior Eleitoral ao PSDB.
Hoje penso que essa estratégia definida pelo PSDB serve para encobrir na verdade as falsidades do próprio candidato tucano. Somente na semana que passou dois episódios emblemáticos mostraram como José Serra pode usar um peso e duas medidas, quando isso lhe convém. O primeiro caso diz respeito aos programas de governo dos candidatos. A mídia coordenou um grande esquema de ataques a Dilma Rousseff, batendo no programa de governo da petista e focando especialmente no fato de que o PT modificou o programa originariamente apresentado ao TSE. Esse esquema de ataques repercutiu principalmente as críticas de José Serra ao programa de governo petista e ao fato do mesmo ter sido modificado.
Ocorre que o noticiário começou escondendo o fato de que José Serra apresentou ao TSE, a título de programa, dois discursos que proferira. Descoberta a fraqueza do “programa” tucano, muito aguado para ser chamado assim, o próprio PSDB apressou-se em dizer que também vai mudar seu programa. Ou seja, Serra criticou Dilma por algo que vai repetir – e que, no caso específico dele, obviamente ele acha perfeitamente normal…
A iniciativa de Serra tem até um site próprio na internet, destinado a “receber colaborações” de eleitores para o futuro programa do candidato, naquilo que pretende ser um “programa de governo colaborativo”.
A segunda falácia tucana caiu por obra e graça de seus aliados do PPS – Partido Popular Socialista. José Serra vem alardeando que foi o autor da emenda constitucional que criou o seguro-desemprego e do projeto de lei que criou o FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador. Logo seus aliados socialistas penduraram em seu site supostas informações da Câmara dos Deputados que comprovariam isso.
Ocorre que um olhar atento no material do CEDI – Centro de Documentação e Informação da Câmara dos Deputados, apontado pelos socialistas como fonte das informações, revela outras coisas: Serra apenas “apresentou emendas” ao art. 239 da Constituição (o do seguro-desemprego), mas não o redigiu. O material do CEDI não explicita quais foram essas emendas de Serra. Ademais, o seguro-desemprego existe desde 1986. O art. 239 da Constituição de 1988 apenas assegurou verbas específicas do orçamento para essa finalidade.
Sobre a criação do FAT, o PPS escondeu uma informação essencial: o projeto de lei que resultou na criação do FAT foi de autoria do deputado federal Jorge Uequed (PMDB/RS). Trata-se do PL nº 991, apresentado em 1988. Serra apresentou outro PL, o 2.250, em 1989, com teor similar ao de Uequed. A tramitação do PL de Serra diz que ele foi “prejudicado” pelo projeto anterior, do deputado gaúcho.
As centrais sindicais que apóiam Dilma Rousseff trataram de desancar Serra numa nota conjunta, chamando-o de mentiroso. O fato opõe milhões de trabalhadores vinculados a cinco centrais sindicais à verborragia solitária de Serra e do PPS, um embate no qual o tucano só tem a perder. Ou seja, os aliados do PPS ajudaram a colocar Serra numa fria. Não seria a primeira vez, aliás. Enquanto Serra jura de pés juntos que vai manter e ampliar o Bolsa-Família, o presidente do PPS, deputado Roberto Freire, fez questão de dizer numa entrevista que o programa é “eleitoreiro” e que devia ter vida apenas em situações “emergenciais”.
Muito cuidado, portanto, com Serra, principalmente quando ele apresenta uma atitude que diz condenar nos outros políticos.
Pobre Serra…
Às vezes chego a ter pena de José Serra. Sua campanha montou um grupo de internautas para atacar Dilma Rousseff, Lula e o PT, grupo esse coordenado por Eduardo Graeff, que foi Secretário-Geral da Presidência da República no governo FHC (Graeff é o responsável pelo “Gente que mente”). Serra conta com o apoio amplo da mídia, capitaneada pelo jornal Folha de São Paulo e pela revista Veja (e com adesão recente e fortíssima da Época). Mas o que fez sucesso na internet mesmo foi um videozinho tosco, de um rapaz que defende Dilma Rousseff, usando uma paródia que mistura Lady Gaga com a música “Rebolation”, do grupo Parangolé. Confira aqui o vídeo amador que derrubou o poderoso e profissional esquema tucano de ataques e baixarias na internet.
Sobre o esquema de baixarias na internet, é espantoso como, na medida em que Dilma Rousseff sobe nas pesquisas, ele ganha mais adeptos e torna-se mais virulento e vulgar a cada dia. Até blogueiros tidos como sérios estão se rendendo à grosseria, como é o caso do Josias de Souza, da Folha/UOL, que publicou uma charge em seu blog, comparando Dilma com uma prostituta, num post intitulado “Candidata de programa”. Há algum tempo atrás Luis Nassif mostrou que os apoiadores de Serra na internet estão partindo para a agressão pura e simples no Twitter, como você vê aqui, usando e abusando de palavrões e expressões chulas.
Marina Silva: aos amigos tudo, aos inimigos a lei
Marina Silva, a candidata a presidente do PV, anda meio atarantada. Seu vice, o empresário Guilherme Leal, foi pilhado num pecado grave para uma candidatura com pretensões ambientalistas: descobriu-se que ele está construindo uma mansão na Bahia em uma área de proteção ambiental (o que é proibido por lei), e para tanto desmatou uma área de mata nativa ilegalmente. O vice da candidata verde foi alvo de uma ação do Ibama, autarquia federal capitaneada justamente pelo Ministério do Meio Ambiente, que foi dirigido por Marina Silva. Na última quinta-feira (15/07) a candidata partiu para o ataque contra o Ibama. Disse que a ação do órgão era “jogo da política” e a classificou como “vale tudo”.
É uma estratégia tão velha quanto a própria política que um político, pilhado em alguma ilegalidade ou malfeito, não se defenda e nem comprove sua inocência, mas antes atribua tudo à “intriga da oposição”. O que é novidade é que Marina Silva, que diz ser a alternativa do eleitor aos políticos tradicionais, venha a agir exatamente como estes. A candidata, que se propõe a ser o oposto de “isso que está aí”, vai cada vez mais ficando parecida como o “isso”, tanto nas suas práticas políticas como nas suas ideias.
* Alan Souza, Brasília-DF. Blog: prof.alan.blog.uol.com.br.
http://www.amalgama.blog.br/07/2010/cuidado-com-jose-serra/
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