Excelente entrevista do economista Paulo Nogueira Batista Júnior, do qual este blogueiro acompanha há um certo tempo, principalmente como entrevistado em programas da TV Cultura.
Na verdade é gostoso ler o poscionamento do economista pela forma como o Brasil vem superando os desafios desta primeira década do século XXI, quebrando paradigmas e principalmente dógmas dos economistas que ajudaram a quebrar um país do potencial que o Brasil tem, com imensos recursos naturais e humanos.
Aliás, há um bom tempo atrás Rui Barbosa já dizia que este país não tinha problemas, mas potencialidades adiadas. E com um pouco de gestão pública e políticas públicas de melhoramento da renda do trabalhador brasileiro este país desmonta como uma das grandes nações deste século.
Importante também o que está em jogo nesta eleições é o país que queremos, é o modelo de Gestão Pública, de Naçao soberana e independente que queremos construir.
Vamos jogar fora o estigma de país de segunda classe, o qual não tinha projeto de desenvolvimento para o seu povo.
Hoje, o Brasil tem um norte, de ser uma das maiores nações do século XXI, mas com justiça social e desenvolvimento de todo o povo brasileirro.
Importante notar como o povo não fala mais em fora FMI, importante notar que não temos mais pessoas do FMI e de organizações internacionais dizendo o que devemos fazer. Importante notar que depois de sete anos de goveno Lula ninguém nem sabe mais o que é ALCA, dívida externa, dependência política e econômica de pessoas de fora deste país.
Agora temos sim, as viúvas do tempo em que o país era dependente do capital especulativo, das privatizações, da entrega do patrimôminio público e de privilégios de empresas americanas nos negócios brasileiros.
Temos agora um olhar para dentro deste país e não para fora. Aqui estão as melhores oportunidades para o povo brasileiro, que precisa agora se preparar, buscar o autodesenvolvimento, planejar suas carreiras profissionais porque o Brasil encontrou o seu caminho.
“Brasil abandonou as ilusões da globalização”, diz diretor do FMI
“Qual a avaliação sobre o desempenho dos países em desenvolvimento na crise financeira mundial, iniciada em 2008?
Foi uma grande surpresa. Os países em desenvolvimento, em sua maioria, enfrentaram a crise razoavelmente bem. O Brasil se destacou nesse particular. Muito do prestigio atual do país se deve à percepção de que o Brasil soube lidar bem com os choques externos em 2008 e 2009. Houve a maior crise desde a Grande Depressão dos anos 1930, e o Brasil não só não teve grandes problemas em suas contas externas, como virou credor do FMI! Quem diria!
Que significado tem dentro e fora do FMI a mudança de posição do Brasil de devedor para credor externo?
Hoje a nossa posição é outra. A influência do Brasil no exterior, inclusive no FMI, G20, é crescente. O Brasil tem demonstrado capacidade de atuar de forma independente. Nem todos os emergentes têm essa capacidade. Houve, acredito, uma mudança enorme na posição internacional do país. Temos que trabalhar para manter e consolidar essa posição mais forte. Para isso, é importante, entre outras coisas, manter as contas em ordem e evitar a dependência de capitais externos.
Quais vantagens competitivas o senhor vê no Brasil em relação aos outros países?
O Brasil é um país-continente. É um dos maiores do mundo em termos de PIB [Produto Interno Bruto], população e extensão geográfica. Tem recursos naturais abundantes. Uma população ativa e criativa. Sempre acreditei, mesmo nos piores momentos durante os anos 1980 e 1990, no futuro do país e no seu potencial. Passamos por muito sofrimento, muita decepção, mas agora tomamos o rumo do desenvolvimento com independência. “A independência é para os povos, o que a liberdade é para o individuo”, dizia De Gaullle. Depois de muita cabeçada, parece que finalmente o Brasil encontrou o seu caminho, abandonando as ilusões sobre “globalização”, fim do Estado nacional e outras que nos seduziram na década de 1990.
O Brasil pode se tornar a 5ª maior economia do mundo, como algums preveem? É difícil prever. Mas o Brasil deve continuar crescendo mais do que a média mundial. Para continuar crescendo, é importante manter políticas econômicas sólidas, estimular o investimento e não se deixar inibir pelas estimativas pessimistas que muitos economistas fazem sobre o nosso “crescimento potencial”. Essas estimativas são mais incertas do que se imagina. Não me parece exagerado buscar metas de crescimento ambiciosas, digamos, de 6% ao ano nos próximos anos.
Como o senhor vê os recentes desdobramentos da crise mundial na União Europeia e sobretudo os riscos para países em desenvolvimento?
A crise europeia não está resolvida. A tensão diminuiu, mas o quadro é de fragilidade. A perspectiva é de estagnação ou crescimento lento. Como ela representa mais de 20% do PIB mundial, um efeito adverso no resto do mundo é inevitável. Para o Brasil, o mercado europeu é importante e, portanto, a crise afeta as nossas exportações e provavelmente os preços das commodities (soja, minério de ferro) exportadas pelo país. Mas a posição brasileira é bastante boa. Temos reservas altas, contas razoavelmente sólidas, crescimento econômico robusto. A imagem do Brasil no exterior é muito favorável. A principal fragilidade, a meu ver, é o desequilíbrio crescente das contas externas correntes. Isso resulta da combinação de crescimento rápido e moeda valorizada. O Brasil está crescendo bem mais do que a maioria das principais economias. E os nossos juros são muito mais altos do que os praticados pelos principais bancos centrais do mundo.
Como andam as discussões para reformar o sistema financeiro internacional e até mesmo o FMI?
As reformas do FMI estão caminhando. A grande resistência é dos europeus, que estão super-representados na instituição e relutam muito em ceder espaço. Muito dinheiro foi e está sendo colocado no FMI desde a crise global. A briga interna, a disputa pelo poder dentro da instituição, se intensificou. Quanto à reforma financeira, houve progresso, mas não tanto quanto se poderia esperar. Afinal, as deficiências do sistema financeiro, da sua regulação e supervisão, tanto nos EUA como na Europa, provocaram uma crise fenomenal. O problema é que a influência dos lobbies financeiros é enorme. Os governos, pressionados pela opinião publica, estão enfrentando esses lobbies, com maior ou menor sucesso, mas a batalha é dura.
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