Amigos(as)
Sobre
visões de mundo e educação, entendo que estamos presos ao
paradigma reducionista, mas o conhecimento esta entrelaçado e por
isso a dificuldade de entender as questões urgentes de nosso tempo.
Por
exemplo, como entender as questões ambientais, se não entendermos
as questões sociais? A degradação ambiental está relacionada com
a questão social. Como impedir que o ser humano desmate e queime a
mata, quando ele tem renda para manter a sua família?
Por
exemplo, o discurso ambientalista unicamente "verdista" não
da conta para o entendimento do conceito de desenvolvimento
sustentável que está fundamentado no tripé: SOCIAL, NATURAL e
ECONOMICO. E por isso, que a interdisciplinaridade é
fundamental para compreender uma realidade complexa e multidimensional.
E como funciona a interdisciplinaridade nas
atividades pedagógicas? Seria a interdisciplinaridade melhor pensada
e trabalhada em projetos? E como seria o tema gerador?
O
fato é que vivemos uma cegueira na "tal sociedade do
conhecimento". Como está complicado contextualizar ou
descontextualizar uma informação que nos chega ideologicamente
pinçada de um contexto. E como é complicado processar informação
e produzir conhecimento.
Na
verdade, as pessoas estão replicando teses e ideologias porque
perderam a capacidade de processar informação(manipulação
mental).
Tudo
"virou verdade", quando já nos alertava a filosofia que a
"verdade não está no homem, mas entre homens", o que já
apontava uma necessidade do ser humano desenvolver o pensamento
complexo e capacidade investigativa e do questionamento.
E
na escola abordagem pedagógica interdisciplinar ainda não se
desenvolveu, salvo casos raros, onde se desenvolve o currículo por
resolução de problemas, de onde a pedagogia é problematizadora e
dialógica (Paulo Freire) e o entendimento do ensino e aprendizagem é
um entendimento sociointeracionista (Vigotsky).
O
professor no entendimento desta concepção de educação atua na
Zona de Desenvolvimento Proximal dos alunos, onde a pista, a
pedagogia da pergunta desafiam aos alunos para resolução do
problema proposto.
Cegos e presos ao paradigma reducionista e por isso nos
apegamos às teses rapidamente, sem analisá-las, sem entendê-las.
Como
tão bem fala Galeano, (1990) assim estamos: cegos de nós,
cegos do mundo. Desde que nascemos, somos treinados para não ver
mais que pedacinhos. A cultura dominante, cultura do desvínculo,
quebra a história passada como quebra a realidade presente; e proíbe
que o quebra-cabeças seja armado.
E
por isso, que entendo que abordagem interdisciplinar por projetos é
que une professores e alunos numa parceria de descobrimento, entre
ensinar e aprender. E o autor do texto em análise, aponta que
projetos podem ser usados para trabalhar questões ambientais
globais.
A
orientação é que o trabalho com projeto possa articular a produção
do conhecimento com a formação humana e a disseminação das
informações produzidas.
Em
síntese, a característica fundamental no trabalho com projetos é a
interdisciplinaridade na produção de conhecimento, a interação
entre conteúdos que os alunos querem aprender e os conteúdos que o
professor planejou para os alunos aprenderem.
Ou seja, pensa-se em
projeto na forma de dimensão estratégica no trabalho com um tema
gerador, por exemplo, mudanças ambientais globais.
Bem,
estamos desenvolvendo o pensamento para transformar as nossas
práticas de ensino porque a própria realidade é multidimensional e
os problemas têm múltiplas causas, o que exige um pensamento
interdisciplinar.
Vejamos
uma tema que nos deixa inquieto neste momento porque estamos vivendo
isso na prática: A SECA? Como se poderia trabalhar este tema em uma
visão interdisciplinar?
Qual
a importância do tema gerador na interdisciplinaridade? E como
trabalhar o tema SECA na visão interdisciplinar?
Qual
seria a contribuição da geografia para a compreensão da seca no
semiárido ? Numa perspectiva de geografia física, mas considerando
os elementos humanos e sociais? Os estudantes seriam levados a
entender a seca, não como ausência de água, mas sua má
distribuição ao longo do ano no semiárido nordestino.
Como
a SECA é mais uma questão social, econômica e política do que
natural, a sociologia, a história e filologia buscariam realizar um
debate sobre as causas da falta de água, da miséria e de outros
elementos que estão entranhados nos efeitos da seca no sertão
nordestino, por quê? Porque entende-se que a seca na região
nordestina revela que as pessoas não estão preparadas para a
convivência com o semiárido, que falta politicas para o
abastecimento humano, etc.
E
que a seca é mais uma questão sociológica do que natural, posto
que a economia primária é grande observadora de mão-de-obra de um
lado. De outro, historicamente é preciso discutir a concentração
de terra nas mãos de poucos. Nesse sentido, as ciências humanas,
sociais seriam necessárias para explicar como se deu a concentração
da terra, a capturação do Estado nas mãos de poucos, a figura dos
coronéis do sertão que controlavam terras e açudes, etc.
Como
a SECA está presente no imaginário como um problema NATURAL, é
preciso ampliar o entendimento para as causalidades do fenômeno SECA
para além das questões naturais e da geografia porque a grande
escassez na região do semi-árido nordestino não foi apenas água,
mas principalmente a escassez de políticas públicas e tecnologias
sociais para a convivência com o semiárido.
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