Do Estadão
Além da presidente do Brasil, Obama, Raúl Castro, o sul-africano Jacob Zuma e líderes de Namíbia e Índia falarão na despedida
Andrei Netto e Rafael Moraes Moura, enviados especiais a Johannesburgo
JOHANNESBURGO - Em uma homenagem
histórica a um dos maiores líderes políticos do século 20, a presidente
Dilma Rousseff será um dos seis chefes de Estado a discursar na
terça-feira, 10, na missa fúnebre do líder sul-africano Nelson Mandela,
morto aos 95 anos, na última quinta-feira.
Seguindo o espírito
conciliador de Mandela, a homenagem terá entre os oradores figuras
antagônicas, como o presidente dos EUA, Barack Obama, e o de Cuba, Raúl
Castro.
O convite para Dilma ser uma das
oradoras foi visto pelo Itamaraty como uma deferência ao Brasil e à
presidente, que convidou os antecessores - José Sarney, Fernando Collor,
Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva - para
acompanhá-la em comitiva. Todos eles aceitaram.
"O Estado brasileiro se une para honrar
Mandela, exemplo que guiará todos aqueles que lutam pela justiça social e
pela paz", escreveu Dilma, em sua conta pessoal no microblog Twitter.
"É uma honra poder reunir todos os ex-presidentes num objetivo comum. É
uma demonstração de que as eventuais divergências no dia a dia não
contaminam as posições do Estado brasileiro."
A iniciativa de levar uma comitiva com
antecessores às cerimônias fúnebres não é exclusiva do governo
brasileiro. Obama irá a Johannesburgo acompanhado de seu predecessor na
Casa Branca, George W. Bush. Bill Clinton e Jimmy Carter também são
esperados. François Hollande, presidente da França, levará - em avião
separado - Nicolas Sarkozy, seu antecessor no Palácio do Eliseu. David
Cameron, primeiro-ministro britânico, deve ser acompanhado do príncipe
Charles.
Além de Dilma, Obama e Raúl, discursarão
os presidentes da África do Sul, Jacob Zuma, da Índia, Pranab Kumar
Mukherjee, e da Namíbia, Hifikepunye Pohamba. O critério para definição
dos oradores não foi informado pelo protocolo sul-africano.
O roteiro prevê ainda um tributo do
secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que definiu o
ex-presidente como "um gigante da Justiça", ao visitar ontem a Fundação
Nelson Mandela, e homenagens de líderes políticos como Hassan Rohani,
presidente do Irã, que também estará presente.
Autoridades da África do Sul estimam que
cerca de 90 chefes de Estado compareçam à solenidade, que deve se
tornar a maior cerimônia não esportiva da história do país. "Noventa e
um chefes de Estado e de governo em exercício, 10 ex-dirigentes, 86
chefes de delegação e 75 personalidades eminentes confirmaram presença",
informou ontem Clayson Monyela, porta-voz da ministra sul-africana das
Relações Exteriores.
Um total de 126 embaixadas da África do
Sul abriram as portas no fim de semana e ainda enfrentavam ontem forte
demanda por vistos. Em Johannesburgo, filas de até 5 horas tomaram o
centro de imprensa, onde entre 2,5 mil e 3 mil jornalistas já se
credenciaram.
Além da solenidade de hoje, no estádio
Soccer City - nas imediações de Soweto -, duas cerimônias estão
previstas. Nos próximos três dias, o corpo do ex-presidente será velado
no Union Buildings, sede do governo, em Pretória, local do célebre
pronunciamento de posse de 1994. No domingo, ocorrerá o sepultamento em
Qunu, terra de seus ancestrais. O lugar fica a 23 quilômetros de Mvezo,
onde Mandela nasceu, no leste da África do Sul.
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