Amigos, abaixo, coloquei dois textos para análise. O primeiro de Martinho Costa, o segundo de Jorge Serrão publicados no grupo de amigos do Franklin.
O primeiro faz considerações sobre a afirmação de Jorge Serrão que afirma: o Brasil tem tudo para perder a soberania sobre ricas áreas na Amazônia. Vocês concordam?
Apenas vejo que falta uma politica de desenvolvimento da Amazônia e o recente plebiscito sobre a divisão do Pará, onde se jogou milhões na lata do lixo, provou que o Brasil não pensou estrategicamente como desenvolver e integrar a Amzônia ao território brasileiro.
Martinho Costa
O jornalista Jorge Serrão começa sua digressão abordando a assinatura de um acordo sobre negociações entre entidades indígenas, órgão estadual e empresa estrangeira, para operações empresariais em determinadas terras indígenas da Amazônia. Mas sobre a possibilidade de algum risco para o Brasil, do tal Memorando de Entendimento, nada de concreto foi mostrado.
Quase todas as principais informações prestadas por ele já são do conhecimento geral e, vez por outra, dados de igual teor circulam pela Internet. Nada obstante, não deixa de ser positivo todo posicionamento tomado em defesa da soberania brasileira sobre o território amazônico. Isso reforça a parcela dos brasileiros que estão atentos ao problema e lhes confere mais ânimo e força. Entretanto, em certa altura do texto, Jorge Serrão, numa atitude bastante suspeitável, pespegou esta expressiva declaração de pensamento político fortemente conservador, radicalmente intolerante e de intenção abertamente difamante:
"A base para o Projeto de Nação para o Brasil está escrita nos velhos manuais da Escola Superior de Guerra - a ESG, que o Governo do Crime Organizado quer transformar em uma faculdadezinha de quinta categoria".
Ora, a transformação pretendida pelo governo, para a ESG, visa a aliviá-la do peso de décadas de alinhamento a teses políticas emanadas do Pentágono (1), e que vigoram desde a fundação daquela escola militar. De lá vieram, como orientação imposta e aceita pelo governo militar iniciado em 1964, a doutrina de segurança nacional, o ideal de alinhamento automático do Brasil aos EUA, a estratégia de tropa de ocupação adotada pelas nossas Forças Armadas em todo o território nacional, dentre outras medidas pouco promissoras para um país que se dizia soberano e democrático.
De qualquer modo, nada impede que o jornalista defensor do tal "Projeto de Nação" divulgue o inteiro teor desse documento (ou o conteúdo mais importante, caso tenha ele uma vasta extensão), a fim de que os brasileiros possam avaliá-lo e, caso o aprovem, passem a exigir do governo o necessário cumprimento. Se esse plano estiver condizente com o atual pensamento da imensa maioria dos brasileiros, certamente terá saído de novos e arejados compêndios e não de velhos manuais contaminados pelo mofo antidemocrático.
A outra face da moeda jogada à nossa mesa por Jorge Serrão revela-o como praticante do reacionarismo típico de pessoas intolerantes ao modo do deputado Jair Bolsonaro. Quando denomina o Executivo atual como "Governo do Crime Organizado", não o atinge, pois trata-se de governo nacionalista, legalista, que busca o desenvolvimento com justiça social e a solidez para nossa recém-descoberta soberania. Tudo isso deve estar causando forte urticária no senhor Serrão.
Fico a pensar se a verdadeira intenção do jornalista, na sua mensagem - desacreditada pelo próprio rompante de radicalismo político -, era advertir-nos do perigo que corre a Amazônia, ou semear alarmismo para desgastar a credibilidade do governo junto à opinião pública, a fim de tornar possível a assunção dos entreguistas ao poder.
(1) - "...Naquela altura [momento da crise política que redundou no suicídio de Vargas, em 24/08/1954, o qual afastou o golpe militar iminente], o Frankenstein da Segunda Guerra Mundial de Vargas levantou-se novamente [o levante anterior derrubara Getúlio em 30/10/1945, com a ajuda do embaixador americano Adolf Berle]. Veteranos da Força Expedicionária Brasileira que haviam lutado sob comando americano na Itália tinham muitos seguidores no Exército, Marinha e Aeronáutica graças à ajuda militar americana.
Estes oficiais adquiriram prestígio adicional quando o Pentágono os ajudou a estabelecer uma réplica da Escola Nacional de Guerra dos EUA, a Escola Superior de Guerra (ESG). Em 1949 [no governo Dutra], os militares brasileiros estabeleceram um protocolo militar secreto com o Pentágono (...) Vargas conseguiu adiar a implantação deste pacto até 1953 e evitar que os militares mandassem uma divisão de infantaria para a Coréia, como Truman pedira..." [da obra de Gerard Colby e Charlotte Dennett, "Seja Feita a Vossa Vontade", p. 297/8]. Martinho
Por Jorge Serrão
Apesar do recorrente discurso militar de que “está protegida por nós”, o Brasil tem tudo para perder a soberania sobre ricas áreas na Amazônia.
No dia 29 de agosto, a Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind) do Governo do Amazonas assinou um “Memorando de Entendimento” com representantes indígenas do Alto Rio Negro e a mineradora canadense Cosigo Resources Ltda, para a aprovação do “Projeto de Extrativismo Mineral no Estado do Amazonas”. A mídia amestrada tupiniquim praticamente se cala sobre este importante assunto.
O documento prevê que as partes se comprometem em constituir, junto às comunidades indígenas, organizações e lideranças, a “Anuência Prévia e Consentimento Esclarecido” para realização de inventário das potencialidades por perfuração e viabilidades econômicas das terras indígenas dos rios Içana e Tiquié, no Alto Rio Negro, e Apaporis, no rio Japurá.
O assunto amazônico foi discutido, mundialmente, entre os dias 26 e 29 de junho deste ano, em Niagara Falls, na Província de Ontario, no Canadá, durante a Reunião Internacional de Cúpula Indígena sobre Energia e Mineração.
Agora, a próxima tática da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas do Amazonas e de seus parceiros transnacionais é fazer “um seminário regional, em São Gabriel, para sensibilizar o poder público e o Exército”.
O resultado das discussões e os projetos pilotos elaborados serão apresentados no dia 27 de outubro, na Feira Internacional da Amazônia (Fiam), em Manaus. O evento terá a participação da presidenta Dilma Roussef. Está tudo claramente divulgado no Portal Oficial do Governo do Amazonas. Tudo escancarado.
Assinaram o recente acordo, Paulo Cristiano Dessano, da Vila José Mormes, na comunidade indígena de Japurá; Irineu Lauriano Baniwa, liderança de Jandu Cachoeira; Pedro Machado Tukano, de Pari-Cachoeira (todos em São Gabriel da Cachoeira), além do secretário da Seind, Bonifácio José Baniwa, e o vice-presidente Cosigo, Andy Rendle. A Cosigo é uma empresa de mineração canadense que já possui nove propriedades requeridas no município de Japurá (a 1.498 km de Manaus) para trabalhar na exploração de ouro e alumínio. Andy Rendle revela que a meta é promover grandes projetos de mineração em terras indígenas que beneficiem diretamente a essas populações no Amazonas e não causem impacto ao meio ambiente.
Pelo menos quatro projetos já estão em andamento: o projeto Lapidart, em São Gabriel, com apoio no arranjo produtivo; a cerâmica artesanal, que envolve todas as comunidades indígenas; o geoturismo, que transforma São Gabriel em um grande geoparque, que une a compra das jóias a um roteiro turístico até o Pico da Neblina; e a geração de energia. O esquema tem o apoio da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) e da Fundação Nacional do Índio (Funai).
O entreguismo amazônico se torna fatal porque a região é mal ocupada e ignorada pela grande maioria dos brasileiros. Nela, ONGs com bandeiras dos EUA, Inglaterra, Canadá, Bélgica, Holanda, Alemanha, França, Itália, Suíça, Japão e Indonésia fornecem recursos humanos e financeiros para elaboração e execução de programas e projetos focados no suposto “desenvolvimento integrado sustentável” em ecoturismo, extrativismo e “educação”.
Na prática, as ONGs que “adotam os povos da floresta abandonados pelo Poder Público brasileiro” são pontas de lança da Oligarquia Financeira Transnacional para preparar a região, na prática, para ter micro-nações independentes do Brasil, operando conforme o esquema globalitário.
Na verdade, as ONGs funcionam como verdadeiras centrais de inteligência para agências de estudos geopolíticos transnacionais. Geralmente administradas por antigos ou recém saídos diretores de estatais, organismos ministeriais e instituições públicas dos estados e municípios da Amazônia, as ONGs contam com financiamentos de bancos e agências do capital financeiro mundial.
O nome das principais? Anotem: Amigos da Terra (Friends of the Earth); Fundação Mundial para a Natureza (Word Wide Fund for Nature – WWF); Canadense para o Desenvolvimento Internacional (CIDA); Fundação Ford; Club 1001; Both Ends; Survival International; Conservation International; Fundação Interamericana (IAF); Fundação MacArthur; Fundação Rockefeller; Fundação W. Alton Jones; Instituto Summer de Lingüística (SIL); National Wildlife Federation – NWF The Nature Conservation – TNC; Grupo de Trabalho Europeu para a Amazônia; União Internacional para a Conservação da Natureza (UNIC) e o World Resource Institute – WRI.
Quase todas as ONGs agem com o maior profissionalismo possível. Seus projetos e planos de trabalho dão resultados. As populações locais atendidas por eles se beneficiam. Logicamente, percebem que o governo brasileiro não liga para elas.Pragmaticamente, as ONGs se legitimam. E, assim que houver condições geopolíticas, daqui a uns 20 ou 30 anos (dependendo, até menos), as reservas extrativistas, indígenas ou ecoturísticas poderão se transformar em territórios globais, com autonomia e independência, fora do controle do governo brasileiro que, na prática, intencionalmente ou por incompetência, não lhes dá a devida importância.
Se a coisa continuar assim, a Amazônia pertencerá, de fato e de direito, aos laranjas da Oligarquia Financeira Transnacional.Como bem chama atenção economista Adriano Benayon, autor do livro “Globalização Versus Desenvolvimento”, devemos ficar atentos. Segundo Banayon, “qualquer causa, mesmo que justa (como direitos humanos, direitos dos indígenas, conservação do meio-ambiente) costuma ser desvirtuada pelos dirigentes da tirania mundial, disfarçados de humanitários.
Em seu livro, Benayon comprova como os globalitários agem, através de ONGs, para manipular, no interesse deles, os enganados das periferias, como o Brasil, o país mais sugado do planeta e mantido no subdesenvolvimento sob a direção dos imperiais. Bemayon demonstra que os controladores apenas desejam conservar o Brasil (principalmente a Amazônia) como fonte inesgotável de recursos naturais, daqui retirados, muitas vezes por preços que nem de longe custeiam o valor real dos bens, sem falar nos desgastes ambientais.
Por tudo isto, os segmentos esclarecidos da sociedade brasileira precisam acordar e agir contra nossa perda de soberania. Precisamos, urgentemente, propor um Projeto de Nação para o Brasil, com base em uma leitura atualizada e sem frescuras ideocráticas da Doutrina de Segurança Nacional – alvo dos ignorantes ou criminosos ataques ideológicos. E tal missão não é (apenas) para os militares – a quem muitos acomodados preferem delegar poderes divinos. É trabalho para cada um de nós, patriotas, que têm consciência de amor ao Brasil, para desenvolvê-lo de verdade, e não apenas fazê-lo crescer.
A base para o Projeto de Nação para o Brasil está escrita nos velhos manuais da Escola Superior de Guerra – a ESG, que o Governo do Crime Organizado quer transformar em uma faculdadezinha de quinta categoria. Temos de realizar os Objetivos Nacionais Permanentes a serem alcançados e mantidos: Democracia, Paz Social, Soberania, Integridade do Território Nacional, Integração Nacional e Progresso. Isto só vai ser possível através do fortalecimento das Expressões do Poder Nacional: Política, Econômica, Ambiental, Psicossocial, Militar e Científico-Tecnológica.
Vamos formular e colocar em prática o Projeto de Nação para o Brasil? Temos de agir, depressa, como militares em guerra. Do contrário, os militantes-meliantes farão triunfar a vontade deles e seus parceiros transnacionais. Nada de: “Bunda Aos Transnacionais”. O lema é:Brasil Acima de Tudo!
© Jorge Serrão 2006-2011. Edição do Blog Alerta Total de 11 de Setembro de 2011. A transcrição ou copia deste texto é livre. Em nome da ética democrática, solicitamos que a origem e a data original da publicação sejam identificadas.
Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. Editor-chefe do blog e podcast Alerta Total: www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário